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Aspectos legais e normativos referentes a resíduos gerados em Serviços de Saúde

4. FUNDAMENTOS TEÓRICOS

4.7 Aspectos legais e normativos referentes a resíduos gerados em Serviços de Saúde

No Brasil, há uma variedade de normas, resoluções, regulamentações e leis que versam sobre o assunto resíduos de serviços de saúde. A fim de demonstrar como se deu a evolução das exigências legais, este capítulo objetivaressaltar o arcabouço legal e normativo pertinente aos RSS. Para isso, será apresentado um breve histórico enfatizando as principais leis e normas que antecederam as publicações atualmente vigentes.

No final da década de 70, os resíduos gerados em Serviços de Saúde receberam atenção especial com a publicação, por meio do então Ministério do Interior, da Portaria MINTER n. 53/79 (BRASIL, 1979). A Portaria já sinalizava a importância dos resíduos sólidos, provenientes de todas as atividades humanas, como veículos de poluição do solo, do ar e das águas e obrigava a extinção dos lixões, vazadouros ou depósitos de lixo a céu aberto, em um menor prazo possível. No inciso VI, ela determina que:

Todos os resíduos sólidos portadores de agentes patogênicos, inclusive os de estabelecimentos hospitalares e congêneres, assim como alimentos e outros produtos de consumo humano condenados, deverão ser adequadamente acondicionados e conduzidos em transporte especial, nas condições estabelecidas pelo órgão estadual de controle da poluição ambiental, e, em seguida, obrigatoriamente incinerados (BRASIL, 1979, p. 02).

Essa Portaria, em seu inciso VII, trata das instalações dos incineradores, que deveriam estar em acordo com a Portaria nº 231, de 27 de março de 1976, do Ministério do Interior, que estabelece padrões de qualidade do ar a ser instalados por autoridades municipais para uso público, servindo à área de um ou mais municípios, de acordo com as possibilidades técnicas econômicas locais. A Portaria vetava a disposição de resíduos ou incineração à céu aberto, tolerando a acumulação temporária dos resíduos, em locais previamente aprovados pelas autoridades de controle de poluição e de preservação ambiental, desde que não oferecesse riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Em 31 de agosto de 1981, foi promulgada a Lei Federal nº 6.938 que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), cujo objetivo é a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Segundo Agra Filho (2014), a PNMA definiu uma nova fase de abordagem da gestão ambiental e enfatiza o reconhecimento da relação do desenvolvimento socioeconômico com a questão ambiental. Preconiza princípios e objetivos fundamentais como forma de promover um enfoque sistêmico no tratamento da

questão ambiental e estabelece uma nova estrutura institucional, criando o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). A Lei obriga o prévio licenciamento ambiental de órgão competente, para a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades, que utilizem recursos ambientais, considerados potencialmente poluidoras.

Os critérios gerais e requisitos básicos relativos ao gerenciamento de rejeitos radioativos são estabelecidos pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Em 1985, a CNEM editou a norma NE-6.05, que dispõe sobre o gerenciamento de rejeitos radioativos em instalações radioativas e define padrões de emissão, aprovada pela Resolução nº 19/85 da CNEM.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 23, inciso VI, determina que a proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer das suas formas, é de competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Nesse sentido, a Carta Maior concedeu um respaldo legal a todos os entes federativos para legislar sobre as questões ambientais. Ainda, em seu artigo 225, institui que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Levando em consideração a urgente necessidade de solucionar o problema da incineração a Resolução nº 06/91 do CONAMA desobrigou a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos resíduos, provenientes dos estabelecimentos de saúde, porto e aeroportos, estabelecendo prazo de 180 dias para, ouvidas as entidades representativas da comunidade, científica e técnica, elaborar proposta com normas mínimas a serem estabelecidas no tratamento dos resíduos.

Fundamentada nas diretrizes da Resolução nº 06/91 do CONAMA, em 1993, este órgão se manifestou e aprovou a Resolução nº 05/93, que dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde.

De acordo com Silva e Hoppe (2005), a gestão brasileira dos RSS teve como marco a Resolução nº 05/93 do CONAMA, pois além de atribuir responsabilidades específicas aos geradores, autoridades sanitárias e ambientais, também obrigou os geradores a apresentar o

Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS). Essa Resolução foi alterada, nas disposições que tratam de resíduos sólidos oriundos de saúde pela Resolução nº 358/05 do CONAMA.

A Resolução nº 237/97 do CONAMA, dispondo sobre Licenciamento Ambiental, estabelece em seu artigo 6º que compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local. Esta resolução obriga o licenciamento ambiental para empreendimentos responsáveis pelo tratamento e disposição final de resíduos especiais, incluindo nestes, os resíduos de serviços de saúde.

As sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente são regulamentadas pela Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Já o Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008, dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações.

Devido aos impactos negativos que o descarte inadequado de pilhas e baterias usadas podem causar ao meio ambiente, a Resolução nº 257 do CONAMA, de 30 de junho de 1999, estabeleceu um gerenciamento ambientalmente adequado a pilhas e baterias no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. Segundo a Resolução:

Art. 1o As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletroeletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada (BRASIL, 1999a, p. 01).

Para os Serviços de Saúde que utilizam diversos aparelhos, bem como produtos eletroeletrônicos contendo pilhas e baterias significou a necessidade de se adequar às novas exigências e dar um encaminhamento seguro e ambientalmente correto a esses resíduos.

Paralelamente às resoluções do CONAMA, a Lei nº 9782/99 criou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), inserindo o setor saúde no sistema regulamentador, controlador e fiscalizador, com publicações de normas e Resoluções referentes aos resíduos gerados em estabelecimentos de serviços de saúde. Segundo a Lei, à ANVISA cabe:

Art 6º - …promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionadas, bem como o controle de portos aeroportos e fronteiras. (BRASIL, 1999b, não paginado).

Em 2001 a Resolução nº 275 do CONAMA estabeleceu o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores bem como nas campanhas informativas para coleta seletiva. O referido código de cores ficou assim estabelecido: azul: papel/papelão; vermelho: plástico; verde: vidro; amarelo: metal; preto: madeira; laranja: resíduos perigosos; branco: resíduos ambulatórias e de serviços de saúde; roxo: resíduos radioativos; marrom: resíduos orgânicos e cinza: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado, não passível de separação (BRASIL, 2001).

A Resolução nº 283/01 do CONAMA, dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos de serviços de saúde, não contemplando mais os resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, aprimorando a Resolução nº 05/93 do CONAMA. Altera o termo Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos para Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Ela atribui ao responsável legal pelo estabelecimento de saúde a responsabilidade pelo gerenciamento de seus resíduos desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e da saúde pública e os obriga a elaborar e apresentar o PGRSS, para análise e aprovação, pelos órgãos de meio ambiente e da saúde.

Visando proporcionar condições de infraestrutura predial de coleta e tratamento para os resíduos sólidos, a ANVISA publicou a RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos assistenciais de saúde (BRASIL, 2002a). Isso significou a necessidade de estabelecimentos públicos e privados adequarem as suas condições físicas em caso de novas construções, ampliações ou reformas de EAS.

Ainda preocupados com a questão do tratamento dos resíduos e com os riscos que o tratamento térmico pode oferecer ao meio ambiente, o CONAMA publicou a Resolução nº 316 de 29 de outubro de 2002, que disciplina os processos de tratamento térmico de resíduos, estabelecendo procedimentos operacionais, limites de emissão e critérios de desempenho, controle, tratamento e disposição final de efluentes, com objetivo de minimizar o impacto ao meio ambiente e à saúde pública (BRASIL, 2002b).

Devido à ausência de uma legislação que abordasse, além dos riscos ao meio ambiente, os riscos aos trabalhadores e à saúde, a ANVISA, cumprindo o seu papel definido pela Lei nº 9.782/99, promulgou a Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 33 de 25 de fevereiro de 2003, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Esta resolução provocou polêmica e várias discussões à época, por apresentar contradições com as orientações estabelecidas pela Resolução nº 283/01 do CONAMA (SCHNEIDER et al., 2004).

A fim de chegar a um entendimento entre as duas regulamentações federais da área ambiental e da saúde, os dois órgãos buscaram uniformizá-las. O ajuste foi alcançado através de um processo de harmonização das regulamentações, resultando na publicação da RDC nº 306/04 da ANVISA, que revogou a RDC nº 33/03, e da revogação da Resolução nº 383/01 do CONAMA, após a publicação da Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005.

Ambas resoluções classificam os resíduos de serviços de saúde em cinco grupos: A – resíduo infectante; B- resíduo químico; C - rejeito radioativo D- resíduo comum; e E – resíduo perfurocortante. Porém os rejeitos radioativos (grupo C) devem obedecer às exigências definidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

A RDC nº 306/04 da ANVISA dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de RSS. Seu enfoque é centralizado nos procedimentos para o manejo interno dos resíduos, concentrando sua regulação no controle dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos. Estabelece procedimentos operacionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na inspeção dos serviços de saúde(BRASIL, 2006).

Além de apresentar a mesma classificação da RDC nº 306/04 da ANVISA, a Resolução nº 358/05 do CONAMA trata do gerenciamento sob a abordagem da preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. Sua abordagem tem enfoque nas etapas de tratamento e disposição final dos RSS, promovendo a competência dos órgãos ambientais estaduais e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental desses procedimentos.

Em seu artigo 3º, determina ao gerador de resíduos de serviço de saúde e ao responsável legal, a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos, desde a geração até a

disposição final (BRASIL, 2005). Logo, cabe ao diretor do serviço de saúde a responsabilidade do manuseio interno e externo dos resíduos, desde o momento de sua geração até a disposição final.

O Artigo 14 estabelece que é obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento de sua geração, de acordo com suas características, a fim de reduzir os volumes dos resíduos a serem tarados e dispostos no ambiente, garantindo a proteção da saúde e ambiental (BRASIL, 2005).

Em 05 de janeiro de 2007, foi publicada a Lei Federal nº 11.445, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico, considerando os componentes de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos, realizados de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente.

Porém, a gestão dos resíduos sólidos ganhou força com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, já discutida anteriormente. Esta lei foi regulamentada pelo Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que também cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa (BRASIL, 2010a, 2010b).

Outra questão ambiental relacionada aos resíduos é abordada pela Resolução CONAMA nº 430/11. Ela dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes. Em seu art. 3º, a Resolução estabelece que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões e exigências dispostos nesta Resolução e em outras normas aplicáveis (BRASIL, 2011a).

O art. 4º, inciso V, define efluente como “termo usado para caracterizar os despojos líquidos provenientes de diversas atividade ou processos” (BRASIL, 2011a, p. 02). Em seu art. 16º, a Resolução estabelece que a obediência de condições e padrões previstos é condição

sine qua non para o lançamento direto de efluentes no corpo receptor. Para os Serviços de

Saúde representou a necessidade de se organizarem para que os seus efluentes atendessem aos padrões definidos antes de serem descartados.

A Lei Complementar n. 140/11 concede aos municípios, observadas as atribuições dos demais entes federativos, promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos que causem ou possam causar impacto ambiental local, conforme tipologia definidas pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade (BRASIL, 2011b).

 Legislação do Estado da Bahia e do município do Salvador referente a

Resíduos Sólidos

De acordo com a Resolução n.º 4.318/13, o Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM é:

Art 1º - […] órgão superior do Sistema Estadual do Meio Ambiente - SISEMA, com funções de natureza consultiva, normativa, deliberativa e recursal, tem por finalidade apoiar o planejamento e acompanhamento da Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção da Biodiversidade e das diretrizes governamentais voltadas para o meio ambiente, a biodiversidade e a definição de normas e padrões relacionados à preservação e conservação dos recursos naturais (BAHIA, 2013, p. 02).

Em 1995, a Resolução nº 1.050 do CEPRAM aprovou a Norma Administrativa NA- 001/95 e seus anexos que dispõe sobre a criação da Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA) para as empresas e instituições com atividades sujeitas ao Licenciamento Ambiental no estado da Bahia. Segundo a Resolução, a CTGA tem por objetivo básico avaliar, acompanhar e promover o autocontrole ambiental das atividades, para o melhoramento contínuo de sua qualidade (BAHIA, 1995).

O Decreto Estadual nº 7.967/01, regulamentou a Lei nº 7.799/01, que instituiu a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais. Este Decreto estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos enfatizando a prevenção da Poluição do solo e do subsolo (BAHIA, 2001).

A Lei nº 10.431/06 dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e institui princípios, objetivos e diretrizes a fim de assegurar o desenvolvimento sustentável e a manutenção do ambiente propício à vida. Estabeleceu a obrigatoriedade da constituição da CTGA em instituições públicas e privadas, com objetivo de coordenar e executar o autocontrole ambiental, bem como avaliar, acompanhar, apoiar e pronunciar-se sobre os programas, planos projetos e licenciamento

ambiental de empreendimentos e atividades. A Lei foi alterada pela Lei nº 12.377, de dezembro de 2011, que ratificou a obrigatoriedade da CTGA.

Em seu artigo 31, a Lei nº 10.431/06 estabelece que as fontes geradoras de resíduos sólidos, quando for exigido, devem elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, contendo a estratégia geral adotada para o gerenciamento de resíduos, abrangendo todas as etapas, inclusive as referentes à minimização da geração, reutilização e reciclagem, especificando às ações a serem implementadas com vistas à conservação e recuperação de recursos naturais (BAHIA, 2006).

No Decreto Estadual nº 14.024 de 06 de junho de 2012, que regulamenta a Lei nº 10.431/06, os resíduos sólidos são abordados no capítulo V – Das Normas, Diretrizes e Padrões de Emissão e de Qualidade Ambiental, Seção VII – Dos Resíduos Sólidos. Este capítulo ratifica os princípios e objetivos da PNRS e proíbe no artigo 80 formas inadequadas de destinação final de resíduos sólidos:

Art. 80 - São proibidas as seguintes formas de destinação final de resíduos sólidos: I - lançamento in natura a céu aberto tanto em áreas urbanas como rurais; II - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações ou equipamentos não adequados; III - lançamento em cursos d'água, lagoas, praias, mangues, poços e cacimbas, mesmo que abandonadas, e em áreas sujeitas à inundação; IV - lançamento em poços de visitas de redes de drenagem de águas pluviais, esgotos, eletricidade e telefone, bueiros e semelhantes; V - infiltração no solo sem prévia aprovação do órgão executor da Política Estadual de Meio Ambiente; VI - emprego de resíduos sólidos perigosos como matéria-prima e fonte de energia, bem como a sua incorporação em materiais, substâncias ou produtos, sem prévia aprovação do órgão ambiental licenciador; VII - utilização de resíduos sólidos in natura para alimentação de animais (BAHIA, 2012a, p. 26).

O Decreto Estadual nº 14.032/12 que altera o regulamento da lei 10.431/06, aprovado pelo Decreto Estadual nº 14.024/12, estabelece a necessidade de Licença Ambiental para incineradores e autoclave para resíduos de serviços de saúde que apresentam alto potencial de poluição,serviços de reciclagem de materiais metálicos, triagem de materiais recicláveis (que inclua pelo menos uma etapa do processo de industrialização), reciclagem de papel, papelão e similares, vidros e de materiais plásticos, serviços de tinturaria e lavanderia hospitalar e aterros sanitários (BAHIA, 2012a). Segundo a Resolução nº 4.327/13 do CEPRAM, que dispõe sobre as atividades de impacto ambiental local, à exceção de incineradores e autoclave para resíduos de serviços de saúde que apresentam alto potencial de poluição, a Licença Ambiental dos outros serviços é de competência dos municípios (BAHIA, 2013b).

Tomando como referência a Política Nacional de Resíduos Sólidos, o Estado da Bahia, promulgou a Lei nº 12.932, de 07 de janeiro de 2014, instituindo a Política Estadual de Resíduos Sólidos (PERS), que estabelece princípios, objetivos e instrumentos relativos à gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. A Política aborda aspectos envolvendo a responsabilidade compartilhada entre geradores, poder público e sociedade, adoção de tecnologias limpas, destaque para os catadores, educação ambiental, destinação e disposição ambientalmente adequadas. A PERS é a mais recente e abrangente legislação estadual que trata do assunto resíduos sólidos (BAHIA, 2014).

Em nível de município, o Decreto Municipal nº 12.066, de 07 de agosto de 1998, dispõe sobre o procedimento para acondicionamento dos diversos tipos de resíduos sólidos, no âmbito do município de Salvador. Dentre os resíduos, inclui os provenientes de Serviços de Saúde, destacando sua classificação, conforme a NBR 10004 da ABNT, e os procedimentos necessários a uma devida segregação dos resíduos na origem e acondicionamento adequado aos diferentes e tipos e quantidade de resíduos gerados no município (SALVADOR, 1988).

A Lei Orgânica do Município do Salvador, promulgada em 1990 e reformulada em 2006, em seu Capítulo V – Do Meio Ambiente, estabelece que compete ao Município proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. Em seu Art. 226, veda, em todo território municipal, o lançamento de resíduos hospitalares, industriais e de esgotos residenciais, sem tratamento, diretamente em praias, rios, lagos e demais cursos d‟água, além da incineração do lixo a céu aberto, em especial de resíduos hospitalares (SALVADOR, 2006).

A Lei n. 7.400/2008 que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município do Salvador – PDDU, estabelece em seu Capítulo II – Do Saneamento, seção V que a gestão da Limpeza Urbana/ Manejo dos resíduos sólidos será pautada nos princípios hierarquizados na seguinte ordem: minimização da geração; reutilização e reciclagem; e tratamento e disposição final de resíduos. Nesse sentido, as diretrizes apontam, dentre outros aspectos, para implantação de sistemas de manejo, tratamento e disposição final de resíduos sólidos de âmbito municipal, além de implantação do programa de separação na origem, visando a coleta seletiva, a reutilização e a reciclagem (SALVADOR, 2008).

Baseado na Lei de Saneamento Básico, na Política Nacional de Resíduos Sólidos, válida para todo o Brasil desde agosto de 2010, e fundamentado pela Lei Orgânica do Município, o Decreto Municipal nº 25.316, de 12 de setembro de 2014, obriga aos grandes geradores de resíduos, por meio de contrato de prestação de serviços com empresa contratada