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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.4 Dificuldades e Limitações

A fim de entender as dificuldades e limitações relatadas pelos responsáveis pela implementação/concretização do PGRSS nos Hospitais analisados, procedeu-se o estudo das falas dos entrevistados, considerando as seguintes categorias: conscientização dos funcionários e a segregação dos RSS; participação dos funcionários nas capacitações; sobrecarga de trabalho e a implementação/concretização do PGRSS; aquisição de material e o gerenciamento dos RSS; aspectos técnico-operacionais e o gerenciamento dos RSS. A entrevista foi realizada com cinco profissionais, sendo quatro enfermeiras e uma formada em Relações Públicas, todas do sexo feminino. Quanto ao tempo de trabalho na atividade atual, duas relataram possuir 10 anos na função, enquanto as outras três apresentaram menos de cinco anos na atividade atual.

a) Conscientização dos funcionários e a segregação dos RSS

Todos os envolvidos no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde devem ter conhecimento e habilidade para lidar com os procedimentos do manejo, a fim de possibilitar a minimização dos resíduos e assegurar um encaminhamento seguro aos mesmos. Caso todo o pessoal não esteja totalmente integrado ao sistema de manuseio dos resíduos, o fator humano pode ser considerado uma das grandes limitações para implementação do gerenciamento dos RSS.

O desconhecimento e a falta de conscientização dos funcionários quanto à segregação dos resíduos foram um problema ressaltado por todas as responsáveis pela implementação/concretização dos PGRSS nos hospitais analisados:

Então a dificuldade maior é conscientizar onde realmente vai segregar (Alfa 01) As pessoas já deviam ter um conhecimento prévio de educação do descarte de materiais comuns e isso não ocorre. A conscientização é muito difícil das pessoas (Alfa 02).

A gente conseguiu junto com a LIMPURB uma caixa coletora compactadora, onde a gente coloca o lixo comum. Mas o que acontece de vez em quando é que alguns materiais são jogados na caixa, que não deveriam, por exemplo, material de manutenção. A gente fala e, por vezes, terminam jogando (Beta).

E hoje em dia a minha dificuldade ainda é de conscientizar as pessoas. Até tem gente que não sabe que o resíduo tem que ser separado (Gama).

Eu acho que a grande dificuldade é a falta de conhecimento das pessoas em segregar os resíduos, eu acho que a grande dificuldade é essa (Delta).

Os depoimentos demonstram que a segregação dos resíduos é uma preocupação comum a todas as responsáveis pela implementação/concretização dos PGRSS nos Hospitais. Essa preocupação pode estar relacionada à obrigatoriedade legal que determina a segregação na fonte e no momento da geração dos resíduos (OPAS, 1997; BRASIL, 2004; SCHNEIDER

et al., 2004; BRASIL,2005; BRASIL, 2006; CUSSIOL, 2008; EcoUrbis, 2011; COSTA,

2012). Se realizada corretamente, a segregação contribuiria para o melhor manejo dos resíduos, reduzindo os resíduos que necessitariam de tratamento, permitindo a implantação de um sistema de coleta seletiva efetivo e de reciclagem dos resíduos. Além disso, evitaria multa e sanções por parte dos órgãos fiscalizadores, em caso de auditorias. Estudo realizado por Oliveira (2002) também constatou problemas relacionados à conscientização de profissionais quanto à segregação dos resíduos.

A principal razão para as situações relatadas nos Hospitais pode ser atribuída à ausência de informações e objetivos, e parcial suficiência de procedimentos especificados na etapa de segregação nos PGRSSs. Como um instrumento que visa a orientar, descrevendo as ações relativas ao manejo dos RSS, o plano necessita apresentar informações suficientes e procedimentos adequados, a fim de alcançar os seus objetivos e manter todos os funcionários informados. Confirmando os depoimentos das entrevistadas, nesta pesquisa, foram verificados resíduos de diferentes grupos misturados em uma mesma lixeira, segregados, portanto, de maneira incorreta em todos os Hospitais, evidenciando a falta de conhecimento ou o descaso dos profissionais na segregação dos RSS. Fato semelhante foi constatado nos estudos realizados por Valadares (2009) e Orozco, Vieira e Trindade (2011), nos quais também verificaram a existência de grupos diferentes de resíduos em um mesmo coletor.

De acordo com Nóbrega, Pimentel e Costa (2008), além do conhecimento dos profissionais de limpeza, deve haver a cooperação dos profissionais de enfermagem e do corpo médico, pelo menos com a correta segregação. Afinal, esses são os geradores potenciais, uma vez que procedimentos médico-hospitalares são da competência deles. Nesse sentido, Schneider et al. (2004) destacam a importância positiva dos programas educacionais para a melhoria da prática de segregação.

b) Participação dos funcionários nas capacitações

A capacitação dos funcionários é um fator imprescindível para se atingir a excelência no gerenciamento dos RSS. Isso porque, se as pessoas que estão gerando os resíduos estiverem bem qualificadas para avaliar os riscos associados a eles, as ações do gerenciamento serão bem melhor efetuadas (SCHNEIDER et al., 2004). A falta de funcionários nas capacitações foi uma limitação identificada pela maioria das entrevistadas dos Hospitais analisados. Quando questionadas sobre a capacitação dos funcionários elas responderam:

As pessoas não comparecem. Efetivamente quem mais comparece é a enfermagem, mas os outros profissionais têm dificuldades terríveis em comparecer, principalmente os médicos. (Alfa 1)

Eu sei que é necessário para toda unidade, inclusive para o corpo médico, que é um pessoal mais difícil da gente contar com a presença deles. (Gama)

Os grandes (a Direção) daqui não querem. O grande problema daqui, e não só daqui como em vários lugares, é que médicos, diretores... (não comparecem). Nessas reuniões era pra ter diretores. Diretor não vai pra nada disso. Ele delega outra pessoa (Gama)

Evidencia-se, nos depoimentos das entrevistadas, a falta de interesse por parte de algumas categorias profissionais das instituições Alfa e Gama em participar de cursos de capacitação proporcionados pelos hospitais. A principal justificativa para explicar a baixa participação dos médicos e outros profissionais em capacitações neste estudo é que eles sempre estão ocupados com muitas atividades relacionadas ao atendimento de pacientes e não têm tempo para as capacitações e treinamento realizados nas unidades. Além disso, como os médicos, na maioria das vezes, trabalham em regime de plantão, precisam sair às pressas para cumprir horário em outro lugar, não se envolvendo com as questões referentes aos RSS nos Hospitais.

As responsáveis pela implementação/concretização dos PGRSSs têm consciência da importância das capacitações nas unidades e de que a ausência dos funcionários prejudica

todo o processo de gerenciamento, já que o conhecimento é fundamental para alcançar a sua suficiência. Em uma pesquisa realizada por Doi e Moura (2011), em um hospital também se notou a falta de interesse dos profissionais, que utilizaram argumentos como falta de tempo para justificar a não realização de capacitações sobre RSS.

A ausência de informações, procedimentos e objetivos para as capacitações nos PGRSS dos Hospitais Alfa e Gama reflete no absenteísmo de funcionários nas capacitações. É necessário que nos planos tenham diretrizes estabelecidas, a fim de estruturar os treinamentos e motivar a participação de todos os envolvidos no processo de geração de resíduos. Como consequência da falta de funcionários nas capacitações, contatou-se, durante as visitas “in

loco”, o insatisfatório contexto das ações do gerenciamento dos RSS nesses Hospitais,

refletindo a necessidade de capacitação para aprimoramento do conhecimento sobre os resíduos. Portanto, pode-se afirmar que a parcial suficiência de informações e procedimentos nos PGRSS dos Hospitais Alfa e Gama, quanto às capacitações, interferem diretamente nas ações de gerenciamento de RSS nesses Hospitais.

Diante disso, pode-se inferir que, como a prioridade dos profissionais dos hospitais é centrada na assistência à saúde, as questões ambientais são deixadas em segundo plano, não sendo o foco das atividades, mantendo uma relação de distanciamento entre o trabalhador dos hospitais e o problema ambiental.

Outro fator que prejudica a capacitação dos funcionários para o gerenciamento de RSS é a rotatividade dos funcionários. O modelo de terceirização prejudica o processo de treinamento e educação continuada, pois, constantemente, ocorre mudança no quadro dos funcionários, obrigando novas capacitações, nem sempre possíveis por falta de tempo (RICHTER et al., 2012). Uma entrevistada, quando questionada sobre a percepção das atividades pelos funcionários, esclarece que “Essa grande rotatividade é um fator que atrapalha” (Alfa 2).

Diante disso, percebe-se, nos Hospitais Alfa e Gama, que a baixa participação de médicos e demais funcionários nas capacitações sobre os RSS é um entrave ao manuseio adequado dos resíduos. Outros estudos também evidenciaram a baixa participação dos médicos em programas e treinamento de capacitações e problemas no gerenciamento de seus resíduos (NÓBREGA; PIMENTEL; COSTA, 2008; OROZCO; VIEIRA; TRINDADE 2011; RICHTER et al., 2012). Como a capacitação é um instrumento importante para uma eficiente

segregação e, consequentemente, para a minimização da geração dos resíduos, é imprescindível que soluções sejam tomadas para dirimir essas dificuldades. Nesses Hospitais, sugere-se, portanto, a realização de rodas de conversas no próprio setor, no horário de trabalho dos funcionários. A ausência de funcionários nas capacitações não foi um problema relatado pelas entrevistadas dos Hospitais Beta e Delta.

c) Sobrecarga de trabalho e a implementação/concretização do PGRSS

A Lei Estadual nº 10.431/06 estabelece que deverá ser constituída Comissão Técnica de Garantia Ambiental nas instituições públicas e privadas, a fim de coordenar e executar o controle ambiental bem como avaliar e acompanhar, dentre outros instrumentos, os planos. Neste estudo verificou-se que existem comissões ambientais planejadas para o gerenciamento ambiental nos Hospitais. Entretanto, em dois deles (Beta e Gama) foi constatado que a comissão não está em funcionamento. Nestes casos, as atividades relativas aos resíduos e questões ambientais são desempenhadas por outro setor já existente na estrutura organizacional da Instituição.

Para alguns responsáveis pelo gerenciamento de RSS dos Hospitais estudados, a ausência de um setor traz como consequência a sobrecarga de trabalho. O acúmulo de funções foi um problema identificado pela maioria das entrevistadas, como pode ser verificado a seguir:

Eu não tenho um setor específico para o Plano de Gerenciamento, sou eu e essa outra colega que eu citei. No dia que a gente tem um tempo a gente vai e alimenta o sistema. Então, teria que ter um setor específico para o PGRSS andar. (Alfa 1) Eu acho que a gente não tem a pessoa trabalhando necessariamente com isso, … eu, no caso, coordenadora de um setor que não está ligado necessariamente à parte da higienização, que faço parte de uma comissão, né? é que alguém tem que ser presidente dessa comissão e responsável técnica. Mas a pessoa tem outras atribuições e outras atividades que são inerentes ao cargo principal, à função principal. Então, se isso não for encarado como um setor de responsabilidade, fica complicado, porque é o tempo que sobra pra poder tá fazendo isso aí, estudando. Não é a pessoa dedicada aquilo (Alfa 2).

A gente chegou até fazer umas reuniões com alguns membros (da comissão), mas, infelizmente por questão de tempo, as pessoas apareciam em reunião e em outras não, a gente tinha um quantitativo e depois apareceram dois, três, então realmente se tornou difícil por conta disso. (Beta)

Isso demonstra a necessidade de reorganizar a gestão ambiental, tendo em vista que a sobrecarga de trabalho é um fator limitante para o planejamento e a operacionalização das atividades relacionadas ao meio ambiente, como pôde ser constatado nos Planos e nos

aspectos do gerenciamento de RSS nesses Hospitais. O acúmulo de funções e as tarefas diárias acabam por sobrecarregar os funcionários, atribuindo uma importância secundária às questões ambientais. Portanto, são consideradas prioritárias as demandas originárias de cada setor já formalmente institucionalizado, em detrimento aos aspectos ambientais.

Teria que ter uma outra comissão que tratasse dessa questão de reciclar, em prol de alguma coisa para os pacientes mesmos, entendeu? (Gama)

(Seria necessária) a criação desse setor para se ter uma visão melhor, pois se você tem o setor, as pessoas ficam mais bem informadas do que uma comissão fazendo aquele processo. Um setor onde as pessoas possam estar tirando as dúvidas em relação a isso, que você possa planejar melhor as ações, ter controle de todo esse resíduo gerado, de ter gráficos, ter controle dos riscos com perfurocortantes. Ter tudo isso lá, né, nesse setor específico (Alfa 1)

Assim, nos Hospitais Alfa, Beta e Gama, corroborando estudo realizados por Richter

et al. (2012), faz-se necessário a centralização das funções voltadas à questão ambiental, com

a criação de um setor específico para tratar de assuntos relacionados à gestão ambiental, uma vez que o acúmulo de funções resulta em sobrecarga de trabalho, comprometendo o desenvolvimento eficaz e eficiente das atividades relacionadas ao meio ambiente por partes de seus responsáveis.

d) Aquisição de material e o gerenciamento dos RSS

Outro aspecto relevante apontado pelas entrevistadas foi a dificuldade na compra de materiais necessários ao gerenciamento de RSS por parte da Administração. Nos Hospitais estudados nesta pesquisa, pôde-se constatar, durante as visitas de observação “in loco” e nas entrevistas, a falta de alguns materiais necessários ao gerenciamento de resíduos, como sacos plásticos, lixeiras e adesivos de identificação para os resíduos, como se constata nas falas de algumas entrevistadas:

A gente tem essa dificuldade na compra, na aquisição de equipamentos. Então assim, é uma luta constante, diária. As lixeiras também quebram muito. Tem dificuldade na compra (Alfa 1)

A dificuldade na compra de lixeiras, você tem que tá licitando, demora um tempo enorme. Dificuldade de sinalização. De todo suporte econômico, que precisa para efetivar o plano em si. (Alfa 2)

Faltam materiais necessários para execução de um trabalho correto. Por exemplo, eu tenho falta de sacos de lixos. Ás vezes eu só tenho de um tipo e aí eu tenho que usar aquele tipo pra segregar o lixo e quando a gente faz a coleta ás vezes se mistura, aí termina o lixo infectante indo parar no lixo comum. É o meu grande problema é realmente em relação a falta de material. (Beta).

A dificuldade na aquisição de material é atribuída à ausência de prioridade, pela gestão dos hospitais, para as questões voltadas ao meio ambiente. Nesse sentido a gestão ambiental

fica prejudicada, pois para o adequado planejamento e a correta execução das atividades do gerenciamento dos resíduos é necessária a disponibilização de materiais e equipamentos que permitam a segurança do manejo dos resíduos.

Embora tenha sido relatada por apenas uma das entrevistadas (Alfa 2), o fato de os Hospitais Alfa e Beta pertencerem ao poder público compromete a compra de material, pois, para isso acontecer, é necessário haver um processo licitatório em obediência aos princípios da Administração Pública, processo que, na maioria das vezes, é demorado e burocrático, dificultando o processo de compra de materiais.

A falta de material em decorrência da dificuldade na compra foi verificada, durante a visita de observação, em quase todos os hospitais estudados. Apesar de não ter sido relatada por todas as entrevistadas, verificou-se que a improvisação de sacos é procedimento recorrente nos Hospitais Alfa, Beta e Gama.

A gestão diferenciada do Hospital Delta (parceria público-privado) provavelmente contribui para uma maior facilidade na aquisição de materiais, quando comparada a dos outros Hospitais.

e) Aspectos técnico-operacionais e o gerenciamento do RSS

O armazenamento dos resíduos foi outro fator relatado pelas entrevistadas nos Hospitais Alfa e Beta como prejudiciais ao gerenciamento dos RSS. Fato semelhante foi descrito por Silva, Sperling e Barros (2014), que verificaram em seu estudo local inadequado para o armazenamento dos resíduos. Em relação ao armazenamento dos resíduos foi relatado que:

A questão do espaço físico é muito complicada, do (abrigo) temporário que a gente não tem hoje. O abrigo externo precisa de reforma estrutural urgente. (Alfa 1). A parte física, a estrutura física do hospital dificulta muito. Nós não temos abrigo temporário (Alfa 2)

O abrigo de resíduos está completamente inapropriado pra a gente poder fazer o abrigo externo dos resíduos. Então, assim, começou uma obra que foi inacabada e eu não consigo manter o resíduo comum fechado, então é um monte de complicações que realmente a gente tem. (Beta).

Os depoimentos das entrevistadas demonstram a consciência e preocupação diante da impossibilidade de assegurarem um local adequado ao armazenamento dos resíduos. Este fato está descrito no PGRSS do Hospital Alfa, o que reflete a insatisfatoriedade da situação.

Porém, nada consta sobre precariedade dos abrigos externos no PGRSS Hospital Beta. Ao contrário, tal descrição conferiu grau de suficiência aos procedimentos descritos nesse item. Entretanto, corroborando os depoimentos das entrevistadas, as observações realizadas nas duas Instituições (Alfa e Beta) mostraram as precárias condições físicas do abrigo externo e as insalubres condições de armazenamento externo dos RSS. A ausência de abrigo interno também foi uma dificuldade relata pelas entrevistadas do Hospital Alfa, refletindo a necessidade do mesmo para o bom andamento do gerenciamento dos RSS.

Os Hospitais Gama e Delta não relataram dificuldades nesta categoria, embora se tenha constatado problemas técnico-operacionais no gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde em ambos os Hospitais.

A não existência de um espaço físico foi considerada entrave para viabilizar o processo de reciclagem de papelão no Hospital Alfa:

A gente tem dificuldade no armazenamento do papelão. A gente entrou em contato com várias cooperativas e elas só podem passar uma semana naquele entorno. Teria que acondicionar durante uma semana, e não tem espaço físico para segurar esse papelão. Então é com muita dor que a gente, infelizmente, encaminha como resíduo comum (Alfa 1).

A ausência de um espaço físico adequado reflete a angústia diante da impotência de não assegurar ao resíduo reciclável um encaminhamento ambientalmente adequado. A quantidade de resíduo reciclável no Hospital Alfa é muito grande. Praticamente em todos os setores do Hospital gera-se resíduo reciclável e, com o seu encaminhamento para reciclagem, certamente a quantidade de resíduo disposto no ambiente iria reduzir bastante, prevenindo impactos ambientais e contribuindo para a vida útil do aterro sanitário.

Para Teixeira e Carvalho (2005), é necessário trabalhar a educação ambiental entre os administradores e todo o quadro de funcionários das unidades de saúde. Segundo os autores, o gerenciamento de resíduos recicláveis e demais grupos transcende a questão da obrigatoriedade legal. É uma questão de ética, de comprometimento como cidadãos e de responsabilidade social de qualquer estabelecimento.

Com base nos achados deste estudo, verifica-se que os responsáveis pela implementação/concretização enfrentam dificuldades relacionadas tanto com as questões técnico-operacionais como com as questões da gestão e de recursos humanos.

Apesar de, durante a vista de campo, outros problemas comuns terem sido constatados nos Hospitais analisados, verificou-se a não identificação desses problemas por parte dos responsáveis em implementar o PGRSS. Isso pode ser explicado devido à exposição dos entrevistados ao responder questões relacionadas a aspectos legais e institucionais, gerando insegurança perante a alta administração dos Hospitais.

6. CONCLUSÃO

De acordo com os objetivos propostos, e a partir dos resultados da pesquisa apresentados anteriormente, foi possível inferir as seguintes conclusões:

1. A não conformidade dos Planos com os dispositivos legais e normas vigentes representa indícios de graves ameaças ambientais e compromete os princípios e objetivos da PNRS.

2. A fragilidade e precariedade da qualidade das informações e dos procedimentos de gerenciamento especificados nos PGRSS comprometem a orientação do planejamento e a tomada de decisão para garantir a suficiência dos procedimentos.

3. A ausência de informações fundamentais prejudica a eficiência das ações dos Planos mesmo nos casos de procedimentos considerados suficientes.

4. O propósito dos planos de evitar o descarte de resíduos no aterro está sendo parcialmente cumprido nos Hospitais Beta e Delta, o que não foi constatado nos Hospitais Alfa e Gama.

5. A gestão ambiental praticada ainda não está adequada às questões ambientais dos Hospitais. A existência de Comissão de GRSS e de Gestão Ambiental nos Hospitais e de Licença Ambiental no Hospital Delta não garantiram a satisfatoriedade da elaboração e implementação/concretização dos PGRSSs.

6. A ausência de quantificação dos RSS gerados, a segregação deficiente dos resíduos e o armazenamento externo, principalmente devido às condições físicas do abrigo e da maneira precária como são realizados os armazenamentos, representam deficiências do gerenciamento que põem em risco tanto a saúde quanto o meio ambiente.

7. O tratamento dos resíduos pela empresa contratada gera gases com probabilidade de contaminação do ar, ainda que todo o equipamento de incineração tenha sido projetado para efetuar a limpeza dos gases gerados.

8. Os resultados da análise dos planos, as irregularidades constatadas nas visitas de observação e os depoimentos das entrevistadas refletem a vulnerabilidade da etapa de