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ASPECTOS OPERACIONAIS DO GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (*)

CONSERVADOR INOVADOR AVANÇADO Cobrança como forma de obter

8. ASPECTOS OPERACIONAIS DO GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS (*)

A implementação de uma política de gestão dos recursos hídricos concretiza-se por um conjunto de ações que, para facilitar a análise que se apresenta neste capítulo, são sistematizadas da seguinte forma:

- ações de planejamento, que visam estabelecer procedimentos organizados de escolha da melhor alternativa para otimizar a utilização dos recursos hídricos;

- ações de inventário e de balanço de recursos e necessidades de água, cuja realização está intimamente ligada com o planejamento, e que visam estabelecer comparação prospectiva entre a água disponível e a que é necessária para diversas utilizações;

- ações de elaboração, regulamentação e aplicação de leis, que objetivam criar os instrumentos legais necessários à execução da política de gestão das águas;

- ações de elaboração de projetos e de execução e exploração das obras necessárias para a concretização da política de gestão dos recursos hídricos;

- ações de incentivo econômico e de gestão financeira, que visam promover as formas mais econômicas de utilização da água e assegurar repartição eqüitativa dos custos e benefícios que a água representa para os vários utilizadores;

- ações de formação de pessoal, que buscam promover a formação dos técnicos necessários, em vários níveis, à realização das ações de gestão dos recursos hídricos;

- ações de investigação, que visam promover e coordenar a investigação científica e tecnológica relativamente aos problemas que condicionam a aplicação da política de gestão dos recursos hídricos;

- ações de informação, que visam recolher e difundir dados que interessam à gestão dos recursos hídricos e promover o esclarecimento e a participação da população;

- ações de cooperação internacional, que procuram prevenir e resolver conflitos entre Estados relativamente à utilização da água, promover a gestão integrada dos recursos hídricos internacionais e dinamizar a participação na atividade internacional de estudo e assistência técnica no domínio dos recursos hídricos.

8.1 Planejamento

O planejamento pode ser definido como procedimento organizado com vista a escolher a melhor alternativa para atingir determinado fim. Assim, pode-se considerar que o processo de planejamento, na sua acepção mais geral, se desenvolve através de uma seqüência de etapas, dentre as quais se distinguem a formulação de objetivos, diagnóstico, levantamento de dados, elaboração de planos alternativos, comparação de alternativas e, por fim, decisão, programação, implementação e controle.

No cumprimento dessas etapas pode-se considerar uma ótica territorial que distingue os níveis

nacional, regional e local, e uma ótica temporal que considera o curto, o médio e o longo prazo. Esses

aspectos serão, adiante, mais detidamente analisados.

Para que o processo seja eficiente, é necessário assegurar a clara definição da política a se aplicar em cada nível de decisão, garantir ampla e livre troca de idéias nos sentidos descendente e ascendente da hierarquia da administração pública e das várias entidades interessadas nas ações de planejamento dos recursos hídricos. Além disso, é importante estimular a circulação horizontal de propostas e contrapropostas entre os vários departamentos do Estado, procurando evitar a criação de compartimentos estanques apenas com ligações aos níveis hierárquicos mais elevados.

O planejamento econômico-social é imposto pela necessidade de orientar racionalmente as atividades nos âmbitos global, setorial e regional, organizando adequadamente o aproveitamento dos recursos existentes para alcançar os objetivos fixados. Tal necessidade faz-se sentir quanto mais importante e complexa for a atividade econômica a ser planejada, quanto mais fortes forem as ligações ou implicações com outras atividades, e quanto maiores forem os recursos humanos, técnicos e financeiros envolvidos.

Nesse contexto, não basta considerar o planejamento dos recursos hídricos como uma ação a levar a cabo apenas no âmbito da gestão dos recursos hídricos. É também necessário integrar o planejamento dos recursos hídricos com o planejamento do desenvolvimento econômico-social, de modo a intervir de forma adequada nos planejamentos global, setorial e regional, com os inevitáveis reflexos na política de ordenamento do território.

A consideração dos recursos hídricos no processo de planejamento econômico-social costuma fazer-se através do que por vezes se chama planejamento transversal, o qual deve ser levado a cabo em sobreposição coordenada com o planejamento setorial e o planejamento regional.

O planejamento setorial tem por fim elaborar, em cada setor da atividade econômica e social, planos que visam atingir objetivos setoriais estabelecidos, em correspondência com os objetivos globais nacionais. O planejamento regional, no seu sentido mais amplo, procura definir uma estratégia para o ordenamento físico do território nacional. Aponta critérios para a utilização do solo e dos recursos naturais, a distribuição territorial das pessoas e das atividades, a hierarquização dos centros urbanos, as redes de comunicações, a rede energética, etc. Finalmente, o planejamento transversal visa a correta atribuição daqueles recursos cuja disponibilidade não pode aumentar significativamente. Entre eles incluem-se os recursos humanos e os recursos naturais, como água, solo, florestas e ar.

O planejamento da utilização dos recursos hídricos é caso típico de planejamento transversal. Esse planejamento transversal tem função coordenadora, que resulta do reconhecimento da água como recurso indispensável à atividade da maioria dos setores que impulsionam o desenvolvimento econômico-social. Além disso, a execução das obras hidráulicas exige investimentos que devem ser considerados no âmbito do planejamento setorial. Por fim, são evidentes as implicações no âmbito regional, ditadas pela forma de distribuição dos recursos pelo território.

Em face das necessidades crescentes de água, verifica-se ser cada vez maior o número de países onde o planejamento dos recursos hídricos e a sua coordenação com o planejamento dos diversos setores da economia se incluem nas preocupações dos responsáveis ou já estão efetivamente sendo postos em prática. Descreve-se a seguir a metodologia de elaboração do planejamento dos recursos hídricos, cujas etapas estão indicadas no fluxograma da Figura 8.1.

Figura 8.1. Processo de planejamento dos recursos hídricos.

A primeira etapa, que é concretizada através de intervenção política, corresponde à definição

das necessidades sociais relacionadas com os problemas dos recursos hídricos, em termos de

eficiência econômica, distribuição rendimentos, auto-suficiência, segurança ou qualidade de vida.

INT E RVE N ÇÃO POLÍTICA DEFINIÇÃO DE NECESSIDADES SOCIAIS