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Abreviaturas utilizadas nesta tese

CURVA MOSTRANDO A VARIAÇÃO DO NÚMERO DE PROCESSOS DE CONSTRUÇÕES RESIDENCIAIS LEVANTADOS POR ANO NAS RUAS SORTEADAS DO GRUPO II / ZONA SUDOESTE/SUL

I. São Paulo nas primeiras décadas do século

I.2. Aspectos Urbanísticos

Como já dissemos anteriormente, a área urbana de São Paulo na primeira década do século XX apresentava-se fracionada em três blocos principais.Pela análise da cartografia 11

“/.../ pode-se perceber, com relativa facilidade, quais eram, por essa época, os rumos prováveis da expansão da cidade: na direção Oeste e de Noroeste, através da Avenida Água Branca e da rua Itapicurú (no trecho hoje denominado rua Turiaçú), até o bairro da Água Branca (de onde partia a estrada para a veneranda Freguesia do Ó) e à nascente Lapa; no rumo do Norte, através da rua dos Voluntários da Pátria, que ia ter ao pequenino núcleo de Sant’ Anna, à margem direita do Tietê; em direção do Leste, através da então Avenida da Intendência (atual Celso Garcia), em busca do isolado e pequeno núcleo da Penha; no rumo de Sudoeste, através de um simples caminho carroçável de que resultou a atual Avenida Rebouças, a qual alcançava a “Vila dos Pinheiros”. Já arruados, embora pouco habitados e ainda isolados da cidade, apareciam o Ipiranga e Vila Prudente.”

(PETRONE, 1955, p.138)

Além da diversidade econômica e funcional assumida pela capital paulista e do abrupto aumento de população, outro fator colaborou para a expansão horizontal de São Paulo no início do século XX : a implantação de várias linhas de bondes elétricos pela companhia Light & Power, ligando o centro a núcleos distantes da cidade e cortando áreas ainda não loteadas e desocupadas.

“/.../ a concessionária Light and Power não hesitou em estender suas linhas aos principais, dentre os bairros isolados mais afastados, atravessando grandes extensões ainda não urbanizadas e que por algum tempo ainda não poderiam garantir um transporte lindeiro. Assim, os elétricos atingiam, em 1914 : Santana, Penha de França, Ipiranga, Vila Prudente, Bosque da Saúde, Pinheiros e Lapa.” (LANGENBUCH,1971, p. 84)

A Planta da Cidade de S. Paulo elaborada em 1922 pela Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo mostra a tendência de expansão da cidade para leste, e mais

11 Ver : Planta da Cidade de São Paulo (1905) ; Planta Geral da Cidade de São Paulo (1914) ; Planta da Cidade de São Paulo

para o Indicador Prático (1922) ; Planta da Cidade de São Paulo mostrando todos os Arrabaldes e terrenos arruados (1924) ; Planta da Cidade de São Paulo e Municípios circunvizinhos (1926-1927) ; Mappa Topographico do Municipio de São Paulo (1930) .

FIGURA 4 : Bonde elétrico no centro de São

acentuadamente, para as regiões oeste, sudoeste e sul, com o surgimento de vários loteamentos e esboços de arruamentos nestas direções. Assim: entre Perdizes e Lapa nascem as Vilas Pompéia e Romana; entre Lapa e Vila Leopoldina surgem os loteamentos do Alto da Lapa e Bela Aliança; na área entre Pinheiros e Consolação e nos bairros do Pacaembu, Jardim América, Jardim Europa, Jardim Paulista e Alto da Moóca aparecem delineadas ruas novas. Cabe ressaltar aqui que a maioria das ruas abertas naquela época apresentava uma pequena densidade construtiva, característica esta que marcou o processo de urbanização da cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século XX.12

Na década de 20 já começa a ser verificado um processo de verticalização nas construções paulistanas, principalmente na área central. Ramiro de Almeida em seu artigo sobre “A Expansão Vertical e Latitudinal da cidade de S. Paulo” nos informa que

“/.../ o crescimento vertical de São Paulo, na expansão geral, em número de casas, póde ser

apreciado pelos dados seguintes : em 1910, a cidade possuia 32.914 edificações, com a porcentagem de 4,1, em casas assobradadas; essa porcentagem vem crescendo sempre, com maiores ou menores oscillações, até attingir, no anno de 1928, e num total de 99.247 edificações, a 35,2 %.” (ALMEIDA, 1929)

Por volta de 1925 a área urbana da capital paulista continuava a crescer para todas as direções, ampliando os seus limites suburbanos e mantendo a descontinuidade de ocupação.13 No segundo quartel do século XX a cidade de São Paulo estruturava-se em :

“a-) um bloco compactamente edificado, limitado ao Norte pelas vias férreas, a Leste pelo Vale do Anhangabaú, a Oeste pelo Vale do Pacaembu e ao Sul pelo espigão da Avenida Paulista;

b-) uma área compactamente edificada, a leste do Tamanduateí, compreendendo o Brás, a Moóca e o Belenzinho, a qual é cortada em três pontos por estradas de ferro;

c-) uma área pequena, porém populosa, situada na várzea, ao norte das linhas férreas, compreendendo o Bom Retiro, a Luz e a Baixa Casa Verde;

d-) uma área a oeste do Vale do Pacaembu, compreendendo Perdizes, Vila Pompéia, Água Branca, Lapa e o início do Alto da Lapa;

e-) uma zona de bairros novos, situados nas vizinhanças do Tietê (margem esquerda) e da colina da Penha;

12 Ver : LANGENBUCH, Juergen. Estruturação da Grande São Paulo. Estudo de Geografia Urbana ; AZEVEDO, Aroldo (org.) A

Cidade de São Paulo. Estudos de Geografia Urbana ; São Paulo (cidade). Estudo da Evolução Urbana da cidade de São Paulo – Análise da Expansão da Cidade de São Paulo a partir de uma Coleção de Plantas Históricas.

13 “A área total da cidade era submetida a uma tal prática especulativa, sem qualquer regulamentação, que, além de tolher a

ação administrativa da autoridade pública, /.../ tornava desconexos entre si os vários bairros e setores do município, ao mesmo tempo que centralizava o comércio e os serviços,criando dificuldades extremas de transportes e saturação dos fluxos, já por si agravados pela topografia acentuada, pelos rios, alagados e trilhos ferroviários.” In: SEVCENKO, Nicolau. Orfeu Extático na

f-) o Ipiranga, então bairro subúrbio, instalado parte na várzea e parte nas vertentes do Tamanduateí;

g-) uma zona irregular, nucleada pelo centro da cidade, entre o Vale do Anhangabaú e a Aclimação;

h-) a zona localizada a sudeste do espigão da Avenida Paulista, compreendendo Vila Cerqueira Cesar, Pinheiros, Vila América e Jardim América;

i-) uma zona situada ao sul da Avenida Paulista, constituída principalmente pela Vila Mariana; j-) uma pequena área ao norte do Tietê, com o antigo núcleo de Sant’Anna.”(PETRONE,

1955, p. 141)

PLANTA DA CIDADE DE SÃO PAULO (1928)