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TV por assinatura no Brasil

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1. Programação e gêneros da televisão no Brasil: panorama histórico

1.7 TV por assinatura no Brasil

O país pioneiro no conceito de TV por assinatura foi os Estados Unidos, onde no final da década de 1940 foi criada a operação denominada de Antena Comunitária de Televisão

(CATV10), cujo objetivo era de retransmitir um sinal de canal aberto, que não era bem recebido em alguns pontos das cidades por limitações técnicas.

A história da televisão por assinatura no Brasil começou com experimentos isolados. Um dos exemplos mais antigos ocorreu na cidade de “Petrópolis, no Rio de Janeiro, que desde 1958 tinha um sistema de cabo instalado para acessar os canais de emissoras de sinal aberto, que tinham a recepção dificultada pelas condições topográficas da cidade” (GOMES, 1998, p. 71-72).

Em 1988, a televisão por assinatura foi regulamentada no Brasil: “O presidente José Sarney criou a TV por assinatura (STV) por meio de um decreto publicado em 23 de fevereiro no Diário Oficial da União” (DUARTE, 1996, p. 94). Assim, concessões de STV foram distribuídas inicialmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Vitória.

O primeiro canal por assinatura oficial no País foi o Canal+, que a partir de 1989 passou a ter o seu sinal transmitido no sistema UHF11 de forma codificada, ou seja, somente quem tivesse um equipamento de decodificação poderia receber as imagens.

No ano seguinte, “três novos canais foram somados às operações do Canal+, transformando-o no primeiro sistema MMDS do Brasil” (DUARTE, 1996. p. 97). Além de UHF codificado e MMDS12 (via micro-ondas), há outros dois sistemas de transmissão de sinais de TV por assinatura no Brasil: o cabo (por meio de fibras ópticas e cabos coaxiais) e o

10 CATV: sigla do termo em inglês community antenna television.

11 UHF: sigla do termo em inglês ultra high frequency, isto é, frequências ultra altas.

12MMDS: sigla do termo em inglês multipoint multichannel distribution service, que significa serviço de

distribuição multiponto multicanal. Neste sistema, a programadora transmite o sinal via satélite para a operadora, que por sua vez, envia a programação dos canais aos assinantes, via micro-ondas.

DHT13, que é uma transmissão via satélite. Este último teve suas transmissões iniciadas em 1991 com a Globosat, empresa pertencente ao mesmo grupo da Rede Globo de Televisão.

Com a criação da Globosat em 1991, foram lançados quatro canais do grupo: GNT, de notícias em geral, que tinha agências internacionais como fontes e âncoras brasileiros; Top Sport, com cobertura de campeonatos de modalidades de esporte comuns no Brasil e também outras competições de inverno; Multishow, um canal de variedades com filmes antigos, séries estrangeiras, desenhos animados e programas de entretenimento; e Telecine, que exibia 24 horas de filmes de grandes distribuidoras mundiais.

Em 1992, a programação da Globosat atingia 16 mil assinantes (Iori, 1992 apud DUARTE, 1996, p. 175). Em 2012, os 39 canais pertencentes ao grupo atingiam mais de 30 milhões de pessoas (PORTIFÓLIO..., on-line). Em 2007, foi lançado o canal Globosat HD, o primeiro no País a ter programação em alta definição.

Para Ana Maria Gemignani (MERMELSTEIN; LAUTERJUNG, 2013, p. 17), diretora de marketing da Globosat, “a estratégia da Globosat é mapear todos os nichos a atendê-los no conjunto de canais. ‘Não vemos, hoje, um nicho relevante que não seja abrigado em nossos canais’ diz”.

A variedade de canais segmentados na TV por assinatura no Brasil é vasto. Além da Globosat, outros grupos de canais se firmaram no País como os norte-americanos Fox, Sony e Turner. Grupos de comunicação brasileiros também lançaram seus canais na TV por assinatura como a Fundação Padre Anchieta, com a TV Rá-Tim-Bum e o Grupo Bandeirantes de Comunicação, com os canais BandNews, BandSports, Sim TV, Terra Viva e Arte 1.

Em 2011, foi sancionada a Lei 12.485, que tem como objetivo “aumentar a produção e a circulação de conteúdo audiovisual brasileiro, diversificado e de qualidade, gerando emprego, renda, royalties, mais profissionalismo e o fortalecimento da cultura nacional” (NOVA..., 2012). Assim, mais canais brasileiros devem fazer parte do pacote das programadoras, e produtos audiovisuais brasileiros e independentes cumprem uma cota na programação dos canais.

Em junho de 2013, em uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o número de assinantes de TV por assinatura no Brasil era de 16.960.993, o que representa quase 30% dos domicílios brasileiros. Deste total, mais de 60% utilizam a tecnologia por satélite e cerca de 38% fazem uso do cabo (AGÊNCIA..., on-line). Nelson Hoineff (1996, p. 125-126) aponta que

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DHT: sigla do termo em inglês direct to home. Neste sistema, a programadora transmite o sinal para o assinante diretamente via satélite.

em 1993, a penetração da TV por assinatura no Brasil era de 0,8%, contra cerca de 28% na Argentina, por exemplo. Um ano depois, os números já haviam se alterado consideravelmente. A penetração atingia 2,3%, representando setecentos mil assinantes. [...] Na passagem para 1996, os assinantes brasileiros de TV já se aproximavam do 1,5 milhão.

Mesmo com crescimento, o setor de TV paga no País, com uma fatia de pouco mais de 4% do bolo publicitário, está muito atrás da TV aberta, a qual detém cerca de 65% (MERMELSTEIN; LAUTERJUNG, 2013, p. 12).

Com o crescimento da base de assinantes, que são originalmente um público da TV aberta, a tendência é que os canais pagos passem a se assemelhar mais aos canais abertos:

Os canais pagos vêm usando dois recursos importantes para conquistar a audiência. O primeiro é o próprio conteúdo. Nos últimos anos percebeu-se um ‘achatamento’ na segmentação dos canais, com vários canais antes de nicho passando a apresentar programas de interesse mais genérico. [...] O outro recurso é a programação (MERMELSTEIN; LAUTERJUNG, 2013, p. 15).

Com esse cenário, é possível afirmar que a TV por assinatura no Brasil cada vez mais faz parte do cotidiano do brasileiro e, assim como a TV aberta, reflete a realidade da sociedade.

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