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u r rc até mesmo ter cogitado Asinius Gallus para seu sucessor,

No documento História da Astrologia (páginas 55-88)

pniem, no final, tomaria outra decisão.

Augusto (63 a.C .-14 d.C.) foi o primeiro imperador romano a IRoldar expressamente a sua política por critérios astrológicos. Seu Miilversário era em 23 de setembro (o equinócio do outono), por isso *r m i editava que ele havia sido concebido no solstício de inverno do

m i mi de 64, ou seja, no signo de Capricórnio. Eis a razão para o desta-

Cuidava-se para que o horóscopo do imperador chegasse ao conhci i mento do povo e para que o Capricórnio aparecesse em todos os lugn

res nas moedas, junto com a famosa Gemma Augustea. Augusto aind.i

encontrou respaldo para a sua ânsia de poder no Sidus Iulium, cn|>i

interpretação ligada a César ele apoiou completamente, bem como em outras aparições dos anos seguintes. O então triúnviro tinha ev! dentemente de associar as profecias acerca de um novo Eon, sobre tudo as de Virgílio, à sua própria família, de forma que muitos nasci mentos aconteceram nesse período.

O seu enteado Tibério, em particular, nascido em novembro di 42 (e mais tarde adotado por ele), desempenhou aqui um papel impoi tante, visível na política matrimonial do imperador. Ele forçou Tibério a desistir do seu casamento aparentemente feliz com Vipsania Agn pina para casar com a filha viúva do imperador, Júlia. Tibério ficou profundamente magoado quando Augusto ainda resolveu casar a r\ esposa com Asinius Gallus e passou a nutrir um ódio pelo portador das profecias de Virgílio que influenciaria toda a sua vida. Tibério queriíi deixar a política — e também o seu segundo casamento — , de manei ra que conseguiu com muito esforço obter de Augusto a autorizaçiio para se mudar, no ano 6 a.C., para Rodes. Nessa ilha ficava a famos.i escola de astrologia onde Poseidônio de Apameia (século li) já havi.i

lecionado. Também o estóico Geminos, conhecido por sua Introdução

às aparições celestes, atuava em Rodes. A estada de Tibério ocorreu entre os períodos em que essas duas grandezas lecionavam na ilha.

Lá Tibério conheceu Cláudio Thrasyllus de Alexandria, outro grande astrólogo e professor, que viria a ganhar toda sua confiança Em muitos documentos antigos, exalta-se a amizade entre ambos

(por ex., em Tácito, Annales IV, 21). Quando Augusto ofereceu a co

regência a seu enteado no ano 13 d.C., o astrólogo acompanhou o futuro imperador a Roma. Thrasyllus esteve a serviço da corte de 23 a 36 e morreu poucos meses antes de Tibério.

Tibério aplicou de forma conseqüente em sua política o que tinha aprendido em Roma. Mesmo a sua entronização já foi encenada com elementos astrológicos, pois importava legitimar o seu vínculo com

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| JçAmhusIo perante os olhos do público e exibi-lo como vontade dos

I I

lM's. Assim, foram cunhadas moedas com a imagem de ambos e

ii estrela; além disso, uma conjunção de Júpiter e Saturno no signo l.lhra, iniciada no ano 13, pôde ser interpretada como uma bri- lilr afirmação da aliança entre Augusto e Tibério. E claro que o

0 imperador tinha de livrar-se daquele que era seu inimigo e ao «mo tempo o portador das profecias de Virgílio. Tratou de fazê-lo lorina decisiva, impulsionado, naturalmente, por um desejo pes- 1 de ngança, já que culpava o rival pelo fracasso do seu primeiro mnento. De resto, pode-se notar pela política de Tibério que uma nação pessoal em astrologia não impedia de modo algum os impe- urrs romanos tratarem com rigidez os astrólogos do Império. Ao Inlrio: justamente a convicção a respeito da procedência da astro-

a séria e controlada pelo Estado levava não raro a ver a astrologia

luar” e, principalmente, não controlada, como ameaça e a tentar rcendê-la. E por esse prisma que se pode explicar o apoio de

io a uma deliberação do Senado datada do ano 16 que bania e apropriava “matemáticos, caldeus, adivinhos e todos os demais 1 pratiquem algo semelhante”, chegando a decretar até mesmo a

...i de morte para estrangeiros (Pauli sententiaeV, 21, 3).

Tibério é um ótimo exemplo para a maneira como a astrologia se ? Ilil loduziu no pensamento dos soberanos no início do Império. A par- lll daí, as interpretações astrológicas influenciaram de modo decisivo E * política, a religião e a formação da opinião pública. Alguns aspectos ■ desse processo serão elucidados no próximo capítulo.

Astrólogos e im peradores, destin o e p olítica

Nos primeiros duzentos anos do Império Romano praticamente não liiinve um só soberano que não tenha confiado na ajuda da astrologia m puni dar forma à sua política. Como mostrou Frederick H. Cramer,

I

pode-se dizer que os astrólogos daquela época eram o “poder atrás do

Irooo" (cf. Cramer, 1954, 81-146). Nesse contexto, é preciso desta-

1 1 1 1 .i lamília do já mencionado Thrasyllus. Depois de o pai ter alcan­

çado um posto influente em Roma graças à sua amizade com Tibéii™ introduziu também o seu filho, Tibério Cláudio Balbillus (morto ■ m aprox. 81 d.C.), no mundo da corte. A filha de Thrasyllus casou « com um cavaleiro romano, da mesma forma que a sua neta Ermlii Thrasylla, cogitada até mesmo para esposa do imperador. Balbillim, um astrólogo altamente respeitado como o pai, tornou-se amigo pc» soai do imperador Cláudio, depois, conselheiro de Nero e, finalmcn te, astrólogo da corte de Vespasiano. Na geração seguinte, foi a filhii de Balbillus, Cláudia Capitolina, quem se casou com um pretendinlr

ao trono, Antiochus Epiphanes, filho de Antiochus IV' de Comagciu

Desse casamento nasceram dois filhos muito bem sucedidos: C. Juliic* Antiochus Epiphanes Philopappus, que se tornou cônsul sob Trajam) no ano de 109, e Júlia Balbilla, ligada, em torno de 130, por um.i estreita amizade à família imperial de Adriano.

Ao lado dessa dinastia de astrólogos, havia em Roma também outros conceituados intérpretes dos astros. Lembremos de Maniliii'., que dedicou o seu famoso “poema didático” astrológico a Tibério e |>.n ticipava das discussões intelectuais da corte. No entanto, chama .i atenção a grande lacuna que havia entre os círculos cultos da corte <• os astrólogos que praticavam a sua arte por todo o Império. O mais lar dar a partir de Tibério, um misticismo astral começou a difundir-se iu família imperial, que não foi de modo algum compartilhado por todos no país (supostamente, nem mesmo por Manilius). Interpretações con flitantes, em especial quando diziam respeito à vida do imperador e .i potenciais sucessores, eram radicalmente reprimidas pelo soberano Um monopólio de interpretação começou a se estabelecer acompa nhando a crescente concentração de poder na pessoa do imperador. As freqüentes expulsões e até execuções de astrólogos têm de ser vistas sob esse prisma. Era menos a astrologia que ocupava o banco dos réus

e muito mais a suposta “alta traição” (maiestas) dos astrólogos, que afe

tava a auto-imagem do imperador. Somente no século IV, a própria

astrologia começou a ser julgada como disciplina perigosa e “falsa”. Para ilustrar a força com que as profecias astrológicas marcaram ! a vida e a política dos imperadores da época, quero contar três histó-

a primeira é a do imperador Nero, que se tornou um joguete do II difícil horóscopo; a segunda, sobre a trágica vida e morte de Domi­

no; a terceira, sobre Adriano, um astrólogo no trono.

rt> ou com o tornar realidade um horóscopo difícil — Na Roma

* séculos I e II era comum mandar elaborar horóscopos por ocasião

nascimentos em famílias de prestígio para conhecer precisamente

lut uro da criança, suas chances de carreira, o desenrolar do casa-

c n to , possíveis doenças e também a duração da vida. Quando se NI uva de uma família de senadores, de nobres ou de outros círculos jüt* podiam representar uma ameaça à casa imperial, essas previsões Hliam de ser tratadas de maneira discreta, já que os imperadores, jUiumados, cuidavam para que horóscopos favoráveis de potenciais Ipositores não fossem postos em circulação. Tudo era bem diferente,

feluro, com relação aos nascimentos na própria família: cada posição ■lunetária que parecesse apontar para um grande futuro era levada a ínnhecimento do povo e dos concorrentes, a fim de ressaltar de ante-

Jllflo o direito ao poder. No entanto, os horóscopos nem sempre eram lAnl avoráveis para serem divulgados desse modo. Por ocasião do nas- tlmonto de Nero, em 15 de dezembro de 37 d.C., a maioria dos espe­ cialistas, entre eles o próprio Thrasyllus, logo concordou que se tra- lliva de um horóscopo emocionante e impulsivo, que preparava uma lliorme tragédia para o seu dono. No seguinte relato, Dio Cassius frícre-se provavelmente a Thrasyllus ou ao jovem Balbillus:

Um certo astrólogo fez ao mesmo tempo duas profecias que se relacio­ navam ao pequeno com base nesse fato [ou seja, no fato de o horósco­ po ser tão negativo] e no movimento dos astros e suas posições recípro­ cas naquele momento, primeiro, que ele se tornaria imperador e, depois, que mataria a mãe. Quando [sua mãe] Agripina ouviu falar disso, ficou por um momento tão transtornada que realmente exclamou: “Que ele me mate, desde que se tome imperador!”. Mais tarde, porém, deveria

A política de Nero — e também a sua mudança radical de vitlt», que chocou profundamente o seu professor, Sêneca — não foi ade quada para colocar em dúvida essas profecias mais tarde. Por meio <lc uma hábil política de sua mãe Agripina, Nero foi aceito como enti ii do por Cláudio, o que lhe preparou o caminho para o trono. Enquanto o novo imperador continuava a confiar nos serviços de Balbillus, tranm vam-se intrigas pelas suas costas. Poppaea Sabina, na opinião dos Im toriadores, a mulher mais bonita do Império Romano e, desde 58 d.( amante de Nero, não estava absolutamente satisfeita com o papel que lhe cabia e ansiava em tomar parte no poder imperial, com outras palil vras, em casar-se com o imperador. Utilizando-se de sua astuta influén cia sobre Nero, conseguiu convencê-lo da necessidade de liquidai Agripina. Assim, o imperador realizou também a segunda parte da anil ga profecia. Ao mesmo tempo, Poppaea já havia reunido em torno <l< si um círculo considerável de astrólogos, sobretudo para ter algo nu mãos contra o poderoso Balbillus. Tacitus escreve a respeito: “Muitos desses [astrólogos] participavam das reuniões secretas organizadas por Poppaea e atuaram como os piores instrumentos a serviço do

casamento imperial" (Historiae I, 22).

No ano de 62, Poppaea havia atingido o seu objetivo, todos os adversários tinham sido afastados e o casamento se realizou. Porém

os próximos anos não estavam prontos a trazer harmonia e paz, p o i s

Nero envolvia-se em dificuldades cada vez maiores que culminaram em 64 d.C., quando do devastador incêndio em Roma. Muitos acre ditavam que o próprio imperador teria ateado o fogo a fim de obtn espaço para suas grandiosas obras. Tais boatos ganharam ainda mais força quando “por volta do fim do ano apareceu um cometa, que

Nero tentava apaziguar com o sangue de nobres” (Tacitus, Annales

XV, 47). O que Tacitus menciona brevemente é relatado em mais detalhes por Suetônio:

Um cometa, cuja aparição na crença comum anuncia desgraça para o mais alto soberano, já havia se mostrado no céu por muitas noites seguidas. Inquieto, [Nero] consultou o astrólogo Ba[l]billus e ao rece

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ber dele a notícia de que os reis, via de regra, ao executar um certo

número de personalidades conhecidas poderiam desviar um mau sinal I de si para essa nobreza, [Nero] resolveu imediatamente assassinar

todas as pessoas distintas de Roma, ainda mais que a descoberta de

duas conspirações veio lhe proporcionar uma espécie de justificativa

para esse ato. (Nero, 36).

() incêndio em Roma, aliás, serviu de motivo para a perseguição niN cristãos, que, por sua vez, interpretaram tal sinal como anúncio lltrquívoco do fim dos tempos. Os judeus também se ocuparam com llilri pretações e é interessante que o historiador judeu e, mais tarde, Bünmandante romano na guerra dos judeus contra Roma, Flávio pjtisrlo, encontrava-se na capital na mesma época e travou conheci-

I liic1 11o com Poppaea.

B I )e qualquer forma, o casamento de Poppaea e Nero certamen-

I |r n.io tinha uma boa estrela. A ambiciosa imperatriz foi assassinada

I

|n ii seu próprio esposo. Nero a seguiu com o seu suicídio em 9 de

B junho de 68, acabando assim a dinastia dos Júlios-Cláudios e deixan- ilo o caminho livre para os Flávios. Os astrólogos devem ter tomado ■ imiliecimento, com silenciosa satisfação, que exatamente nessa época | Saturno, cujos aspectos eram tão difíceis no horóscopo de Nero, I iiimplctou o seu primeiro retorno, ativando a sua quadratura com o | S o l radical e com Marte radical — com todas as trágicas conseqüên-

i las inerentes.

I hmiiciano ou da im possibilidade de escapar ao destino — Domiciano uia nleu ao irmão Tito no trono em 81 d.C. Se Vespasiano e Tito sou- ■ Imam lidar com o fatalismo astrológico de forma surpreendentemen­

te soberana, seu sucessor agiu de maneira bem diferente. Os quinze iinos da sua regência estiveram desde o início sob a influência nega- i. I Iv a de uma antiga profecia astrológica. Suetônio conta:

I Ia muito tempo, [Domiciano] tinha o conhecimento certo do ano e dia <l.i sua morte, na verdade, até mesmo da hora e de como seria o seu fim. I m sua juventude, os caldeus lhe profetizaram tudo isso. [...] Mesmo

o seu pai zombou dele uma vez

à

mesa por ter se recusado a comer

cerlo',

cogumelos: “Ele não conhece bem melhor o destino que o aguarda? 1,1c deveria temer o ferro (e não cogumelos)”. (Suetônio, Domiciano 14,1) Domiciano temia ambos. Talvez se possa interpretar que a stm compreensão do destino não considerava que ele iria ocorrer sol)

quaisquer circunstâncias — uma crença que marcou o seu pai e seu irmão de modo inabalável — , mas que seria necessário ajudar a sorti' para ter parte em seu brilho. Assim, Domiciano não perdia uma opoi tunidade, apesar da crença temerosa na procedência da antiga prole cia, de afastar qualquer perigo do seu meio. Muitos que possuíam um horóscopo de soberano ou deixavam supor intenções nesse sentido foram brutalmente perseguidos pelo imperador e, em muitos casos, assassinados.

As reflexões astrológicas permeavam toda a sua política, o que se percebe sobretudo nas obras imponentes com as quais Domiciano que ria tornar visível a deificação do imperador. Nesse ponto, ele superou

até mesmo a famosa DomusAurea (“casa dourada”) que Nero fez cons

truir em Roma. A Domus Flavia (“casa dos Flávios”) foi construída,

como antes a casa de Augusto, sobre o Palatino e se elevava sobre as

casas dos Júlios e Cláudios e o Circus Maximus. A cúpula gigante que

cobria uma suntuosa sala de 1.200 metros quadrados era decorada com símbolos astrológicos, mostrando “as estrelas e a esfera celeste” sob ,i qual se encontrava o trono como se estivesse elevado da esfera terrcs

tre. E assim que Martial (Epigramme vil) descreve a construção, repre

sentando outros cronistas.

Todos esses esforços não puderam afastar de Domiciano a som bra da antiga profecia. Ao contrário: o imperador tentava histérica mente fugir ao seu destino. Devemos novamente a Suetônio um rela to detalhado:

A medida que o momento da perigosa ameaça se aproximava, ele se tornava cada dia mais preocupado. Mandou revestir todas as parede, dos quartos por onde costumava andar com pedras que emitiam refle xos para que pudesse ver pelo efeito de espelho tudo o que aconteci.i

em suas costas. Além disso, geralmente interrogava presos às escondi­ das e sozinho, segurando ele mesmo suas correntes com as mãos.

(Domiciano 14,4)

Isso não lhe serviria de nada. Sua própria mulher contratou os IMitssinos que viriam a realizar a profecia que determinava a morte dl' Domiciano para a quinta hora do dia 18 de setembro de 96. Um ilii antes, o imperador informou às pessoas de confiança que “no dia Í»*H‘ linte, a Lua em Aquário seria manchada de sangue e ocorreria um ||tt do qual os homens em todo o mundo falariam” (Suetônio,

miliciano 14,1). Domiciano tentou “desviar” esse presságio simples- PiniU' fazendo um corte em sua mão, esperando que isso bastasse |IMI(t realizar a profecia.

( Hitro acontecimento desse dia deve tê-lo levado à beira do deses- Jtciu () imperador mandou convocar um astrólogo culpado de alta IfMl^rto, supostamente por ter calculado o dia da morte do soberano

(Vn ('ramer, 1954, 143s.). À ardilosa pergunta sobre se seria capaz,

flin io astrólogo, de prever o seu próprio destino, aquele Ascletarius fPNpondeu que em breve seria retalhado por cães. Para provar que ele pnliiv.i errado, o desesperado Domiciano ordenou, então, que o matas- Inn de imediato e o sepultassem cuidadosamente. Mas aconteceu «IkikIiI erente. Uma tempestade repentina apagou o fogo sepulcral e yili|uanlo os responsáveis pela incineração buscavam abrigo, uma Hiiililha atacou o cadáver e o retalhou. O imperador soube disso na Hnile do dia 17 de setembro, reagindo com pânico.

N o dito 18 de setembro, Domiciano tentou evitar todos os peri-

Jpi» ( 'liegada a hora da sesta, retirou-se para os seus aposentos. C os­

tum ava deixar uma espada sob o travesseiro. Porém, Parthenius, um

tliiii tra id o re s, a havia afastado deixando apenas a bainha, o que

|)unií( iano n ão percebeu. Ele queria apenas esperar a quinta hora Mhiii que tudo fosse superado. Após uma espera quase interminável, Nci^unlou pela hora e recebeu a falsa resposta de que a quinta hora jri Imvia passado. Toda a tensão experimentada por Domiciano desfez-se

um dos traidores, se ele poderia lhe trazer pessoalmente uma impor tante notícia, respondeu que sim. Stephanus apunhalou o imperador antes de os outros traidores se juntarem a ele para desferir o golpe de misericórdia. O próprio Stephanus foi em seguida abatido por ade|) tos de Domiciano.

Nesse episódio, o trágico para Domiciano é o fato de que a dalu da sua morte, calculada astrologicamente, era conhecida por todos <• mesmo os assassinos contratados por sua mulher devem ter se senli do em harmonia com os ritmos cósmicos. Eles apenas concretizaram o que, de qualquer forma, já estava predeterminado. Ao mesmo tempo, o momento certo do atentado garantiu o seu sucesso.

Com o fim da dinastia flaviana, o ápice da influência dos astró logos na corte imperial havia ficado para trás. No entanto, o direcio­ namento da política por critérios astrológicos continuaria a existir, em especial com Adriano.

Adriano ou um astrólogo torna-se im perador — Após o assassinato de Domiciano, iniciou-se um novo capítulo na história romana. Agoi.i eram os Antoninos que regiam os destinos do país, primeiro, na pes soa do septuagenário Nerva, e logo deveriam conduzir Roma a um novo florescimento político e cultural. Nerva foi bastante esperlo nomeando imediatamente, quando subiu ao trono no ano de 96, um sucessor de 43 anos, Trajano, que, de fato, assumiria o poder apenas catorze meses mais tarde (98). Trajano ficou famoso sobretudo por seus êxitos militares e por suas obras imperiais em Roma, o que lhe

trouxe o título de Optimus Princeps, "melhor dos soberanos”. Em

117, no fim de sua regência, o Império Romano havia conquistado uma extensão inimaginável, o mar Mediterrâneo havia se transforma do em águas continentais romanas e o poder central em Roma se via cada vez mais confrontado com a tarefa (no fundo, insolúvel) de tra zer as províncias, cultural e religiosamente díspares, para uma linha uniforme.

Adriano, o sucessor de Trajano, levou adiante a política do seu padrasto, porém, o seu foco principal deslocou-se do campo mililai

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jtitia a cultura e a educação. Nesse sentido, a astrologia desempe-

E p l i m i um importante papel (minuciosamente em Cramer 1954, 162- H | ), Adriano, proveniente da Espanha como Trajano, nasceu numa í ftiuilia que já dispunha de uma considerável tradição astrológica. Seu ■ iH iv ô , Aelius Adrianus, era tido como especialista na área, e tam- | l^iii o pai, P. Aelius Afer, conhecia bem o seu futuro graças à elabo-

■Mvrto d e um horóscopo natal. Por uma feliz circunstância, esse horós-

H fip o para o dia 5 abril de 40 d.C. foi identificado há pouco tempo. Etym tulo em 24 de janeiro de 76 d.C. a mulher de P. Aelius Afer, B u in ilia Paulina, deu à luz um menino, providenciou-se também um

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