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2.4 Florestas

2.4.6 A mata atlântica

De acordo com Dias (1983, apud ROCHA, 2002), a Mata Atlântica estende-se ao longo das encostas e serras atlânticas do sul da região nordeste à região sul do Brasil. A sua área original possuía uma extensão de 200.000 km2, a qual ficou reduzida a 8.000 km2 pela ação e invasão antrópica.

Para Rizzini (1979), a Mata Atlântica é uma floresta de altitude, e localiza-se sobre a imensa cadeia montanhosa litorânea, que corre, ao longo do Oceano Atlântico, desde o Rio Grande do Sul até o Nordeste; sendo que a sua área principal ou central reside nas grandes Serras do Mar e da Mantiqueira, abarcando os Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Assim, salienta-se que as maiores áreas preservadas estão na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira (SP, RJ, MG, ES), principalmente devido ao seu relevo acidentado e de difícil ocupação humana.

Pela Constituição Brasileira de 1988, a Mata Atlântica foi declarada como Patrimônio Nacional.

Struminski (2001) diz que, segundo muitos pesquisadores, entende-se como Floresta Atlântica a extensão de floresta que ocupava originalmente uma faixa relativamente estreita, paralela à costa leste brasileira, envolvendo desde planícies arenosas próximas ao mar até encostas e topos das serras subseqüentes, entre 7º e 30º de latitude sul, ou seja, do estado da

Paraíba até o extremo norte do Rio Grande do Sul. Esta formação – ao largo da cadeia de montanhas que segue a costa brasileira, permite que os ventos e massas de ar úmido, que vêm do Atlântico, subam ao encontrar esta barreira, condensando e precipitando-se sobre a região em forma de chuvas.

Segundo Klein (1979, apud CECCA, 1997), a elevada pluviosidade da região é que proporciona a umidade quase idêntica às florestas equatoriais (amazônica) por exemplo. Isso permite o desenvolvimento de uma floresta tropical mesmo em regiões subtropicais, ou seja, em latitudes mais ao sul do Trópico de Capricórnio – que atravessa o Brasil na altura de São Paulo. Nesse sentido, o nome Mata Atlântica, define bem e resumidamente esta floresta, assinalando a importância do Oceano Atlântico na sua formação, além de ser um bom referencial de sua distribuição.

Para Struminski (2001), a Floresta Atlântica possui grande biodiversidade relacionada à múltipla setorização altitudinal e latitudinal, e apresenta árvores de caules grossos e muito frondosos, em função do aproveitamento oferecido pelo relevo. Essas árvores apresentam folhas persistentes com adaptações para o clima extremamente chuvoso (folhas lisas com pontas em forma de goteira para o escoamento da água) ou para períodos de seca eventuais, como estruturas que acumulam água. A vegetação atlântica teria ainda a capacidade de se recuperar e se desenvolver rapidamente e ininterruptamente, através de espécies de rápido crescimento (pioneiras), o que, na verdade, pode ser aplicável apenas em caso de degradação mais amenos.

Assim, a Mata Atlântica compreende lugares muito úmidos, onde chove bastante durante todo o ano, e isto, garante um solo sempre abastecido de água, assim como, a permanência de rios e riachos e a manutenção de imensa variedade de espécies vegetais e animais, o que a torna uma das florestas mais ricas do planeta.

Com relação à sua considerável biodiversidade, calcula-se que as florestas úmidas, como a Mata Atlântica, são os maiores arsenais de vida silvestre do planeta. Milhares de espécies animais e vegetais são exclusivas desta mata brasileira, e muitas espécies da fauna brasileira em risco de extinção, vivem no que ainda resta da Mata Atlântica, como por exemplo, os macacos, as aves, as borboletas, os répteis e os anfíbios. Entre os primatas, convém citar o mico-leão-dourado, que estão entre os primatas mais raros do planeta, pois, somente são encontrados em pequenas áreas florestais do Rio de Janeiro, e que por isso, virou o símbolo da luta pela conservação desta floresta.

Conforme CECCA (1997), destaca-se que mais de 50% de suas árvores são endêmicas, isto é, só ocorrem neste local. Assim, referente às espécies vegetais, de cada dois tipos de

árvores da floresta, um é nativo da Mata Atlântica e não se encontra em nenhum outro local do planeta. Por exemplo, a maioria das espécies de palmeira é exclusiva, mas o recorde fica por conta das bromélias, plantas epífitas, que se fixam nos galhos e troncos de árvores e chegam a compor 70% do total de variedade existentes na Mata Atlântica.

Para Rizzini (1979, apud GARAY & KINDEL, 2001), a Floresta Atlântica designa um complexo vegetacional que engloba vários tipos muito díspares, e do ponto de vista biogeográfico, esta diversidade fitofisionômica e de condições ambientais se traduz igualmente por diferenças na composição e na estrutura da vegetação.

Assim, a Floresta Atlântica não é uma floresta só, pois, reúne formações vegetais diversificadas e heterogêneas, o que demonstra que são florestas muito diferentes. São peculiares e numerosos os ambientes encontrados nessa região e todos têm, em comum, a proximidade com o oceano Atlântico e, por isso, recebem muita umidade e são influenciados uns pelos outros.

Estes ambientes podem ser: áreas de restingas e mangues do litoral, bem como enclaves de Cerrado, campos e campos de altitude, encerrados em três grupos florestais maiores que podem ser distinguidos à primeira vista: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Semideciduais ou Deciduais.

Estes três tipos principais de florestas e os ecossistemas associados, que compõem a Mata Atlântica, apresentam características diferentes tanto na sua composição, como nos seus aspectos florísticos. Porém, guardam diversos aspectos em comum, conforme se pode ver a seguir:

- Florestas Ombrófilas Densas - com ocorrência ao longo da costa; é uma mata perenifólia (sempre verde), com dossel (teto da floresta) de até 15m, com árvores emergentes de até 40m de altura. Densa vegetação arbustiva, composta por samambaias, bromélias e palmeiras. As trepadeiras e epífitas (bromélias, orquídeas, cactos e outras) também são muito abundantes.

- Florestas Ombrófilas Mistas – São as Florestas de Araucária do Sul do Brasil, ou Mata de Araucária, com os pinheiros do Paraná constituindo o andar superior da floresta, e com sub-bosque bastante denso. Antes da interferência antrópica, esta formação ocorria nas regiões de clima subtropical, principalmente nos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e em maciços descontínuos, nas partes mais elevadas de São Paulo e Rio de Janeiro (Serras da Paranapiacaba, da Mantiqueira e da Bocaina).

- Florestas Semideciduais e Deciduais - com ocorrência pelo interior do Nordeste, Sudeste, Sul e partes do Centro-Oeste. É uma mata com árvores de 25 a 30m, com presença de espécies decíduas (derrubam as folhas durante o inverno mais frio e seco), com considerável ocorrência de epífitas e samambaias nos locais mais úmidos e grandes quantidades de cipós. Antes da degradação provocada pelo homem, ocorriam à leste das florestas ombrófilas da encosta Atlântica, entrando pelo Planalto Brasileiro até as margens do Rio Paraná.

- Manguezal - Formação que ocorre ao longo dos estuários, em função da água salobra produzida pelo encontro da água doce dos rios com a do mar, constitui ambiente de grande valor, sendo berço de várias espécies animais que ali se reproduzem. Sua vegetação é muito característica e composta por apenas três tipos principais de árvores, que são presentes na nossa região.

- Restinga - Ocupa grandes extensões do litoral, sobre dunas e planícies costeiras. Inicia-se junto à praia, com gramíneas e vegetação rasteira, e torna-se gradativamente mais variada e desenvolvida, à medida que avança para o interior, apresentando muitos cactos, orquídeas e bromélias. Esta formação está hoje muito devastada pelo processo de urbanização.