• Nenhum resultado encontrado

Conforme Berbert e Carvalho (2002) os administradores e manejadores de áreas protegidas e seus financiadores vêm despertando para a Educação Ambiental nas florestas, como uma ferramenta eficaz na solução e prevenção de conflitos sociedade-ambiente e chave- mestre dos programas de uso sustentado de recursos naturais.

Neste item será abordada a utilização das florestas urbanas como ferramenta de ensino e de preservação ambiental, e será exemplificado por meio de um caso bem-sucedido de Educação Ambiental como ferramenta para a proteção de florestas urbanas, ocorrido na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro.

2.10.1 Educando com a arborização urbana

A Educação Ambiental pode ser definida como um conjunto de ações educativas voltadas à compreensão da dinâmica dos ecossistemas, considerando efeitos da relação do homem com o meio, a determinação social e a evolução histórica dessa relação.

Assim, a Educação Ambiental, visa a preparar o indivíduo para integrar-se criticamente ao meio, questionando a sociedade junto à sua tecnologia, seus valores e até o seu cotidiano de consumo, de maneira a ampliar a sua visão de mundo em uma perspectiva de integração do homem com a natureza.

Para Guimarães (2003), o despertar da consciência ecológica - princípio e fim de uma educação ambiental - é substanciada por uma razão crítica, que percebe as relações de poder de caráter dominador e explorador, que desestruturam e que degradam homem e natureza. É uma Educação Ambiental do “saber cuidar” como uma “ética do humano de compaixão pela Terra” (BOFF, 1999), que visa à sustentabilidade da vida do planeta, a partir de um novo paradigma. Dessa forma, o meio ambiente e sua problemática são os conteúdos básicos da Educação Ambiental, e a interdisciplinaridade se apresenta como um dos tratamentos adequados ao seu processo pedagógico, que busca se aproximar mais adequadamente de uma realidade complexa.

Na vivência de um processo interdisciplinar em sua integralidade, em que novos conhecimentos vão sendo construídos e que novos valores e atitudes podem ser gerados, resultando em práticas sociais diferenciadas, essas possibilidades de transformação são propícias ao processo educativo que objetiva a formação da cidadania, mas uma cidadania em que seu exercício seja resultado de práticas criticas e criativas de sujeitos aptos a atuarem nessa sociedade mundializada. O atual cidadão necessita dessa compreensão de totalidade para se situar e ser eminentemente um agente social nesse mundo globalizado e complexificado. (GUIMARÃES, 2000 apud GUIMARÃES, 2003, p. 99).

Assim, de acordo com o mesmo autor, o sentido de educar ambientalmente hoje vai além de sensibilizar a população para o problema. Não basta apenas saber o que é certo ou errado em relação ao meio ambiente, é preciso superar a noção de sensibilizar e incorporar razão e emoção à questão ambiental no cotidiano de nossa ação como prioridade, ou seja, é preciso, sobretudo, a mobilização, o pôr a ação em movimento. Assim, é preciso uma mudança de atitudes em uma ação solidária, pela conquista de um novo modelo de sociedade que preze a relação do equilíbrio com o meio ambiente, na construção de uma nova sociedade ambientalmente sustentável, por meio do exercício pleno de nossa cidadania em um processo de conscientização (consciência + ação).

A Constituição Brasileira , expressamente, estabelece que é uma obrigação do Estado a promoção da educação ambiental (CF, art.225 § 1°, VI) como forma de atuação com vistas à preservação ambiental. Este, de fato, é um dos mais importantes mecanismos que podem ser utilizados para a adequada proteção do meio ambiente, pois não se pode acreditar – ou mesmo desejar – que o Estado seja capaz de exercer controle absoluto sobre todas as atividades que, direta ou indiretamente, possam alterar a qualidade ambiental. A correta implementação de amplos processos de educação ambiental é a maneira mais eficiente e economicamente viável de evitar que sejam causados danos ao meio ambiente. (ANTUNES, 2001, p. 175).

A Lei n ° 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a Educação Ambiental e está dividida em quatro capítulos que se estendem em 22 artigos. O conceito normativo de educação ambiental está determinado no artigo 1° desta mesma Lei, conforme segue:

Art. 1° Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

2.10.2 Educação Ambiental como ferramenta para a proteção de Florestas

Urbanas: a Floresta da Tijuca – RJ e o Programa "Educação por Natureza"

O Maciço da Tijuca, no Rio de Janeiro, abriga uma das maiores florestas urbanas do mundo, a Floresta da Tijuca - uma floresta natural e preservada encravada no meio da cidade - cuja história se confunde com a da própria cidade.

A Floresta da Tijuca tem uma grande importância ambiental e cultural para a cidade do Rio de Janeiro. Ela ocupa uma área que até meados do século XVII permaneceu praticamente intocada, mas, a partir daí, passou a ser ocupado pela lavoura de cana-de-açúcar no século XVII e café nos séculos XVIII e XIX.

Assim, a floresta não é mais totalmente nativa, em sua maior parte ela foi reflorestada, sendo o primeiro exemplo de reflorestamento com espécies nativas. Muito da fauna e da flora original se perdeu. Muitas espécies foram introduzidas pelo homem, mas mesmo que tenha sido replantada no século XIX, ela continua mantendo os valiosos remanescentes de seus ecossistemas originais.

Conduzida à categoria de Parque Nacional, em 1967, a grande área da Floresta da Tijuca, com seus 33 Km², foi salva do desmatamento e hoje é considerada a maior floresta tropical em área urbana do mundo.

O Programa "Educação por Natureza", é um dos projetos que investe na proteção da Floresta da Tijuca, e foi implantado por meio de uma parceria, entre o Grupo Gerdau, Banco Real / ABN AMRO Bank , Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, Prefeitura do Rio de Janeiro, WWF, IBM e Fundação Roberto Marinho.

Conforme WWF (2003), o Programa "Educação por Natureza”, é uma parceria do Projeto “Educação por Natureza”, e visa a promover a educação ambiental, por meio da interação das escolas da cidade com o Parque Nacional da Tijuca. A expectativa é de que possa atender cerca de 20 escolas por mês, e que o local se consolide como um local de lazer

e de educação ambiental. Professores e jovens do entorno foram capacitados para receber os estudantes e as trilhas do Parque foram revitalizadas, sendo que duas delas têm uma sinalização especial, com dicas para ajudar os estudantes e visitantes a saberem mais sobre a Mata Atlântica, despertando a consciência pela preservação da floresta. O projeto capacitou jovens com idade média de 16 anos – que foram selecionados entre os moradores das comunidades do entorno - para serem condutores mirins de turismo ecológico, e multiplicadores da importância da floresta na sua própria vizinhança. No local há um Centro de Visitantes, em pleno funcionamento, onde devem ser instalados equipamentos multimídia que contarão com informações sobre a Mata Atlântica e o parque.

Enfim, o Projeto Educação por Natureza pretende não só colaborar para a conservação, mas, também, para a divulgação do Parque Nacional da Tijuca, e ao mesmo tempo se consolidar como um local de lazer e como área para o desenvolvimento de aulas livres de educação ambiental com as escolas da cidade.

Dessa forma, este projeto é um exemplo positivo quanto ao uso de uma reserva natural para a prática de Educação Ambiental, assim como uma ferramenta para a proteção de uma Floresta Urbana que é um dos principais tesouros naturais do Rio de Janeiro.

2.11 Conservação da Natureza: as Unidades de Conservação