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O colaborador ALVARO NOVIS relata que os pagamentos efetuados a mando da FETRANSPOR para JORGE PICCIANI iniciaram na década de 90.

De fato, a postura da ALERJ de favorecer os negócios da FETRANSPOR é longínqua e encontra eco nas reportagens jornalísticas das três últimas décadas que se reportam à existência de uma “Caixinha”, a favorecer a uma suposta bancada da FETRANSPOR, o que à luz da delação premiada de NOVIS ganha credibilidade.

É bastante perceptível, nos registros extraídos dos discursos e votações das sessões, que o favorecimento é exercido, na maior parte das vezes, via resistência da quase totalidade dos deputados da ALERJ a modificações e alterações que possam prejudicar o setor

de ônibus vinculado a FETRANSPOR, tal como mencionado por MARCELO TRAÇA, em sua colaboração premiada. É isso que acontece nos Projetos de Lei de Biometria e da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, mais adiante tratadas.

Um dos maiores exemplos, no histórico de favorecimento ao setor de transporte público - de forma harmônica pelo legislativo e executivo – é a Lei nº 5628, de 29 de dezembro de 2009, que instituiu o bilhete único nos serviços de transporte coletivo intermunicipal de passageiros na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e deu outras providências.

Nesse ponto, muito contribui com a análise, o Relatório do Corpo Técnico do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, referente à Inspeção Especial realizada nos dias 13/10 e 14 a 21/11/14 para verificar os controles no repasse de valor subsidiado pelo Estado do Rio de Janeiro, no âmbito do benefício tarifário bilhete único.

Chama atenção, que, conquanto a Lei nº 5628/09, artigo 19, tenha estabelecido o prazo de validade de uso e de restituição dos valores dos bilhetes de passagem de 1 ano, a contar da sua aquisição, não normatizou sobre a destinação dos créditos expirados.

Em razão da lacuna legal, os créditos expirados permaneceram em poder da Rio Card-Fetranspor sem destinação legal.

Precisamente, por isso, o relatório do TCE, assinalou que a citada norma tem um potencial altamente lesivo ao usuário do serviço público de transportes, dando lugar a enriquecimento sem causa das concessionárias. Registrou, ainda, a existência do Projeto de Lei nº 2302/13, que suprimia o referido artigo 19 da Lei nº 5628/09 e indicou a seguinte justificativa:

“O presente projeto de lei pretende suprimir o artigo 19 e seus parágrafos 1º e 2º da Lei 5.628/09 que “Institui o Bilhete Único nos Serviços de Transporte Coletivo Intermunicipal de Passageiros na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.”

Trata-se de matéria inconstitucional, pois permite que as empresas se apropriem indevidamente de recursos de terceiros oriundos de créditos de compra pré-pagos e ainda não utilizada no período de um ano.”

Além disso, no relatório de TCE/RJ foi narrada a dificuldade de obter os dados da SETRANS para mensurar o total dos créditos expirados, que, posteriormente foi estabelecido em 90 milhões de reais28.

Claro, pela forma de atuação da SETRANS, da ALERJ e pelo lento trâmite do Projeto de Lei nº 2302/201329 - ficou paralisado por dois anos -, que a lacuna legislativa, a sonegação de informações e a falta de controle da bilhetagem eletrônica foram intencionais e, dentro do contexto hoje conhecido, não resta mais dúvida que a suspeita se concretizou. Vale dizer, trata-se de contrapartida da propina paga pela FETRANSPOR, caracterizando crime de corrupção.

Somente após ganharem os jornais as denúncias sobre o embolso pelas empresas de ônibus de 90 milhões de reais – referentes ao transporte intermunicipal -, que houve alteração do artigo 19 da Lei 5628/2009, pela Lei 7506, de 29/12/2016, para destinar os créditos expirados ao Fundo Estadual de Transporte, por meio do §3º, cujo veto do governador foi derrubado pela ALERJ, conforme DO II de 07/04/201730.

28 https://oglobo.globo.com/rio/em-cinco-anos-setor-de-onibus-ficou-com-90-milhoes-em-creditos-expirados- do-riocard-18054625

29 http://alerjln1.alerj rj.gov.br/scpro1115 nsf/0c5bf5cde95601f903256caa0023131b/41722debec1e650483257b 900045334e?OpenDocument&Highlight=0,2302

30http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/6071566a69d952508325809c0062e e95?OpenDocument

Art. 2º - O artigo 19 da Lei 5.628, de 29 de dezembro de 2009, fica acrescido do parágrafo terceiro e passa a vigorar com a

seguinte redação:

“Art. 19 - O Bilhete Único, o Vale-Transporte e qualquer outro bilhete de passagem, e os créditos armazenados na forma de valores monetários, emitidos sob qualquer forma, inclusive cartão eletrônico, utilizados nos serviços de transporte coletivo de passageiros, adquiridos antecipadamente ou não pelos usuários desses serviços de transporte concedido ou permitido, em todo o Estado do Rio de Janeiro, terão prazo de validade, de uso e de restituição dos valores de 1 (um) ano, a

contar da sua aquisição.

§1º - O prazo máximo de reembolso do valor das passagens é de 30 (trinta) dias, a contar do pedido formulado pelo titular do bilhete, comprovada a sua aquisição.

§2º - Se o bilhete houver sido adquirido a crédito, o reembolso, por qualquer motivo, somente será efetuado após a comprovada quitação do crédito.

Não obstante as aparente alterações promovidas favoráveis à sociedade, merece registro que a Lei 7506, de 29/12/2016, não fugiu a regra, e inovou de forma a favorecer a FETRANSPOR. Isso porque o artigo 19, com a nova redação dada pela Lei n°7.506/2016, expressamente, permite a expiração dos valores monetários armazenados nos cartões eletrônicos do “RioCard”.

Para evidenciar a alteração legislativa, efetuada nos últimos dias de 2016, pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, apresenta-se o quadro comparativo entre as redações do caput do art. 19, a anterior e a atual, produzida pela Lei Estadual nº 7.506/2016:

REDAÇÃO ORIGINAL REDAÇÃO ALTERADA PELO ART. Nº DA LEI Nº 7.506/2016

Art. 19. O Bilhete Único, o Vale-Transporte e qualquer outro bilhete de passagem, emitidos sob qualquer forma, inclusive cartão eletrônico, utilizados nos serviços de transporte coletivo de passageiros, adquiridos antecipadamente ou não pelos usuários desses serviços de transporte concedido ou permitido, em todo o Estado do Rio de Janeiro, terão prazo de validade, de uso e de restituição dos valores dos bilhetes de passagem de 1 (um) ano, a contar da sua aquisição.

Art. 19 - O Bilhete Único, o Vale-Transporte e qualquer outro bilhete de passagem, e os créditos armazenados na forma de valores monetários, emitidos sob qualquer forma, inclusive cartão eletrônico, utilizados nos serviços de transporte coletivo de passageiros, adquiridos antecipadamente ou não pelos usuários desses serviços de transporte concedido ou permitido, em todo o Estado do Rio de Janeiro, terão prazo de validade, de uso e de restituição dos valores de 1 (um) ano, a contar da sua aquisição.

Antes mesmo da mudança da lei, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, em conjunto, já haviam proposto Ação Civil Pública questionando a retenção dos referidos valores pela empresa “RioCard”, que operacionaliza o cartão eletrônico utilizado nos serviços de transporte coletivo de passageiros, este administrado pela * § 3° - Após o prazo de validade previsto no caput, os valores dos bilhetes de passagem e dos créditos armazenados serão destinados ao Fundo Estadual de Transporte, na forma do artigo 12 desta Lei. * Veto derrubado pela ALERJ. DO II de 07/04/2017”

FETRANSPOR. Essa retenção se baseava na antiga redação da lei, algo inadmissível, pois a norma não falava em expiração dos créditos armazenados em valores monetários, mas tão somente em bilhete de passagem.

Nesta Ação Civil Pública (processo n° 0036370-l4.2016.8.19.000l), foi deferida a liminar pelo juízo da 6ª Vara Empresarial da Capital, em fevereiro de 2016, para garantir o direito dos consumidores de não terem mais expirados e retidos os seus créditos armazenados no cartão eletrônico de transporte “RioCard”, além de determinar o reembolso daqueles créditos já retidos.

Tal decisão foi objeto de recurso de Agravo de Instrumento interposto pela Fetranpor e pelo Riocard, distribuído à 25ª Câmara Cível, tendo o Relator, Desembargador Jean Albert de Souza Saadi mantido, liminarmente, a impossibilidade de retenção dos créditos, devendo tais valores permanecerem sub judice, não podendo ser utilizados nem pelos usuários e nem pela empresa “RioCard”.

O referido Agravo de Instrumento (n° 0013471- 25.2016.8.19.0000) teve o seu mérito julgado no último dia 12 de abril de 2017, pela 25ª Câmara Cível do TJRJ e, por maioria (2x1), com base no voto do Desembargador Werson Rêgo, decidiu-se, em razão da referida alteração legislativa, embora houvesse controvérsia quanto à sua constitucionalidade, pela liberação dos valores que estavam bloqueados judicialmente.

Como já mencionado, a quantia girava, ao início do processo, em torno de R$ 90.000.000,00 (noventa milhões de reais), que consistiam em créditos depositados pelos consumidores em, seus cartões “RioCard” e que teriam expirado - na visão do Ministério Público e da Defensoria Pública, autores da ação, de forma inconstitucional - em favor da FETRANSPOR.

Segundo o Desembargador condutor do voto da maioria, não existiam mais razões que justificassem a manutenção do bloqueio, decidindo por dar provimento ao recurso da FETRANSPOR.

O Ministério Púbico do estado do Rio de Janeiro propôs a ação de inconstitucionalidade da lei justamente em razão da inclusão no texto normativo da expressão “e os créditos armazenados na forma de valores, monetários”, cuja aplicação já estava sendo discutida no âmbito da Ação Civil Pública.

Os argumentos principais do Ministério Púbico, em sede constitucional, consistem na impossibilidade da lei estadual regulamentar a perda de direito de utilização de créditos monetários, matéria de direito civil, além de criar regras sobre o Vale-Transporte, matéria de direito do trabalho, que apenas podem ser disciplinadas por lei federal.

Além disso, o Ministério Púbico Estadual sustenta que a norma viola o direito de propriedade dos usuários dos serviços de transporte, o dever constitucional do Estado de proteção dos consumidores e ainda ofende o direito do usuário à eficaz prestação do serviço público e ao transporte público adequado.

Considerando a gravidade dos fatos, o Ministério Público requereu ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro fosse concedida medida cautelar para imediata suspensão da norma, em razão dos “prejuízos irreversíveis que a alteração legislativa, realizada de 2016, já vem causando aos usuários que foram e estão sendo lesados economicamente, ao possibilitar a retenção dos créditos excedentes do sistema de “bolsa de crédito”, cartão “RioCard”, sendo que a cada dia novos consumidores ficam sujeitos a ter sua propriedade confiscada. A situação ainda é mais grave quando se sabe que a questão atinge pessoas desfavorecidas economicamente e refere-se a direitos fundamentais garantidos constitucionalmente”.

Enfim, a alteração legislativa teve repercussão favorável à FETRANSPOR em ação judicial que discutia exatamente os 90 milhões que ela se apossou indevidamente.

Merece registro, por fim, que ao longo das apurações do TCE/RJ e constatações de seu corpo técnico abaixo enumeradas, as vantagens concedidas ao setor de transporte

público no âmbito do estado do Rio de Janeiro, seguiram firmes, como são exemplos as Leis nº 7020, de 11/06/201531, nº 7054, de 28/08/201532 e nº 7116, de 26/11/201533.

“Como resultados dos trabalhos, as equipes obtiveram os seguintes achados de auditoria:

1. Insuficiência do controle sobre os dados da bilhetagem eletrônica. 2. Inação no combate a fraudes no programa Bilhete Único Intermunicipal. 3. Regulamentação irregular da utilização do Bilhete Único Intermunicipal. 4. Ausência de normatização sobre destinação de créditos expirados.

5. Omissão na apuração e resolução das queixas e reclamações dos usuários.

6. Inobservância à regra de manutenção do poder de compra. 7. Utilização do Bilhete Único por usuário diferente do cadastrado.

8. Detro não dispõe de informações necessárias ao cumprimento de sua missão.

9. Viagens subsidiadas que não têm lastro de saldo nos cartões dos usuários.

10. Falta de transparência no acesso às informações referentes ao Bilhete Único.

31 http://alerjln1.alerj rj.gov.br/CONTLEI.NSF/b24a2da5a077847c032564f4005d4bf2/937fd310735e1d788325 7e650063df07?OpenDocument

32 http://alerjln1.alerj rj.gov.br/CONTLEI.NSF/c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/598db003b83daf1a83257e b30066abb1?OpenDocument

Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar Termo de Ajuste de Conduta Tributária com contribuinte do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) que não cumpriu adequadamente a legislação por conta de divergência interpretativa ou erro operacional na apuração das obrigações tributárias atinentes ao imposto, objeto de litígio judicial ou administrativo, observadas as condições previstas nesta lei, bem como os princípios contidos no artigo 37, caput, da Constituição Federal.

* Nova redação dada pela Lei 7054/2015.

33 http://alerjln1.alerj rj.gov.br/CONTLEI.NSF/f25edae7e64db53b032564fe005262ef/d6128a0acc9687a983257 f0e00617771?OpenDocument

Art. 1º - Fica concedida a redução das multas e dos juros, bem como parcelamentos, relativamente aos débitos do Imposto

sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS administrados pela Secretaria de Estado da Fazenda e de quaisquer débitos tributários e não tributários inscritos em Dívida Ativa, inclusive os oriundos de autarquias, ajuizados ou não, que tenham por vencimento original até o dia 31 de outubro de 2015, observadas a forma e condições previstas nesta Lei, e

11. Inexistência de fiscalização de valores pagos a maior pelo usuário.”

Foram justamente essas razões, sobretudo a necessidade de dar transparência às informações referentes ao Bilhete Único, que motivaram a Emenda Aditiva 188 ao Projeto de Lei 322/2015, do Deputado Marcelo Freixo, que sofreu rejeição, como costuma acontecer, sem a necessária discussão, conforme registros da sessão adiante reproduzidos:

Projeto de lei 322/2015 Mensagem 11/2015 - LDO

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/taqalerj.nsf/8b99ca38e07826db032565300046f df1/45dd9890289f73d283257e660065804e?

OpenDocument&Highlight=0,fetranspor (link da sessão)

Há sobre a mesa Requerimento de Destaque:

Lendo) “Requeiro nos termos regimentais, destaque para votação em separado para aprovação da Emenda Aditiva 188 ao Projeto de Lei 322/2015, do Poder Executivo. Autor: Deputado Marcelo Freixo.” (Conclui a leitura)

Para discutir, tem a palavra o Deputado Eliomar Coelho, que dispõe de sete minutos e meio.

O SR. ELIOMAR COELHO (Para discutir a matéria) - Sr. Presidente desta Sessão, …

O SR. PRESIDENTE (André Ceciliano) – Deputado Zaqueu Teixeira, voto “sim”, meu voto também “sim”.

O SR. ELIOMAR COELHO (Para discutir a matéria) – Nobre Deputado André Ceciliano, Sras. Deputadas presentes, Srs. Deputados presentes, funcionários, imprensa, companheiro que ocupam as galerias, aqueles que nos assistem pela TV Alerj e que os acompanham também pelas redes sociais, a Emenda que estamos apresentando é para incluir, onde couber, um inciso ao Art. 19º com a seguinte redação: “Demonstrativo dos desembolsos à empresa RioCard a cargo do Fundo Estadual de Transportes, descriminando os valores recebidos por concessionária e por tipo de despesa, tarifa social, subsídio ao Bilhete Único e outros tipos especificar.” Quer dizer, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, quando chega ao Legislativo, o processo legislativo encaminha toda uma discussão cujo objetivo é a participação efetiva dos Parlamentares para aperfeiçoamento da matéria que está sendo tratada.

A questão dos transportes no Rio de Janeiro, sabemos como funciona, quer dizer praticamente há uma ausência total do Estado. Esta ausência total do Estado se dá muito por conta de leis aprovadas por esta Casa Legislativa, leis essas que distorcem e deformam totalmente aquilo que consideramos uma política pública de importância fundamental para a vida do Estado: é a Lei 4.291/2004, que institui o vale-transporte, a bilhetagem eletrônica e o bilhete único; também tem uma outra lei, a Lei 5.628/2009, que implanta o bilhete único estadual e o Fundo Estadual de Transportes.

Essas leis praticamente passam para as mãos de entes privados o comando da política de transporte do Estado do Rio de Janeiro. Até agora, as verificações e análises têm sido um desastre para o Estado do Rio de Janeiro. Para se ter noção, sabemos que o marco institucional de transportes apresenta duas categorias de empresas: as operadoras de transporte público, que são as permissionárias e concessionárias que atuam nos diferentes modais em linhas urbanas e regionais; e as empresas que constituem o grupo RioCard.

Essas empresas – Rio Participações S.A., RioCard Administradora de Cartões e Benefícios S.A., RioCard TI, Rio Terminais e SPDA – são responsáveis pela gestão de todo o sistema de bilhetagem eletrônica, entre outros serviços, arrecadando recursos e emitindo os bilhetes: Vale Transporte, Bilhete Único Carioca, Bilhete Único Estadual, cartões unitários e cartões múltiplos das concessionárias MetroRio, SuperVia e Barcas S.A., gratuidades e outras modalidades.

Há um volume de recursos que, gerido por essas empresas, não tem o menor controle do Estado. Isso é inadmissível.

Sabemos que, pela Constituição Federal, art. 70, e a Constituição Estadual, art. 122, estabelecem que a fiscalização é de responsabilidade do Legislativo. Portanto, cabe-nos fazer com que as diretrizes para a realização de uma Lei Orçamentária, automaticamente privilegiem o que nos é muito caro: a transparência. O que se quer é que haja transparência. O Art. 15 da Lei que implementa o Bilhete Único estadual estabelece que o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Fazenda, manterá, na conta do fundo, valor suficiente. O que é um valor suficiente? Quais são os valores suficientes? Não há valor suficiente previamente comunicado pela Secretaria de Estado de Transportes para que, a cada mês, seja depositado o valor referente ao pagamento do subsídio. Não se sabe o que é isso.

Sabe-se que a soma deles é uma quantidade enorme e é um absurdo o Estado não ter o mínimo controle em relação a esses recursos administrados tanto por entes privados como por entes públicos.

É esta a Emenda que apresentamos. Achamos que ela aperfeiçoa o que estamos aprovando e solicito aos Senhores Deputados que votem favoravelmente a essa matéria.

Quem não votar favorável, automaticamente estará votando a favor dos empresários de transportes e contra a população usuária do sistema de transportes do Estado do Rio de Janeiro.

Peço verificação logo que terminar a minha fala. Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (André Ceciliano) – Não havendo quem queira contraditar, encerrada a discussão.

Em votação. Os Srs. Deputados que aprovam a matéria permaneçam como estão. (Pausa)

Rejeitada.

A Emenda diz o seguinte, no art. 19: “A lei do orçamento anual incluirá, dentre os seguintes demonstrativos, a seguinte redação: demonstrativo dos desembolsos à Empresa RioCard a cargo do Fundo Estadual de Transporte, discriminando os valores recebidos por concessionária e por tipo de despesa, tarifa social, subsídio ao Bilhete Único e outros tipos”.

A pergunta que devemos fazer é por que os Deputados votam contra para que seja transparente na Lei Orçamentária o valor que o Governo do Estado está gastando para passar para as empresas de ônibus e demais concessionárias do poder público? Votamos “sim” com convicção, com orgulho e essa é uma cobrança que vamos fazer, porque hoje o tempo médio de deslocamento no Estado do Rio de Janeiro é o mais demorado do Brasil, porque dentre outras coisas temos um transporte público que não funciona, monopolizado pela Fetranspor e controlado por poucos grupos econômicos. Essa é uma batalha que se quer fazer e o primeiro passo para se dar é ter transparência e, infelizmente, hoje os Deputados desta Casa abriram mão de que seja público o mínimo, que é a planilha de desembolsos dos gastos que o Governo do Estado já está fazendo.

O domínio da Fetranspor, sem oposição do governo e do Colégio de Líderes da ALERJ, é também objeto da irresignação do deputado Marcelo Freixo, na Sessão Extraordinária, relativa ao Projeto de Lei 2248/2016. Veja-se:

ANUNCIA-SE A VOTAÇÃO, EM DISCUSSÃO ÚNICA, EM REGIME DE URGÊNCIA, DO PROJETO DE LEI 2248/2016 , DE AUTORIA DO PODER EXECUTIVO (MENSAGEM 49/2016), QUE ACRESCENTA DISPOSIVOS À LEI 5628, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2009, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/taqalerj.nsf/8b99ca38e07826db032565300046 fdf1/aa4629d619ba446c8325808300560acc?

OpenDocument&Highlight=0,fetranspor,riocard

Deputado Marcelo Freixo.

O SR. MARCELO FREIXO (Para declaração de voto) – Sr. Presidente, é preciso dizer que o tempo da fala é mais tranquilo porque não há a segunda Sessão, a Ordinária. Temos até as 18 horas para que todos possam ter a tranquilidade da fala.

Sr. Presidente, Deputados e Deputadas, no dia de hoje tivemos uma grande vitória e uma grande derrota. A grande vitória diz respeito ao Programa Renda Melhor, que conseguimos derrotar.

O Governo vai continuar pagando o complemento do Bolsa Família. O Renda Melhor é isso, um complemento do pagamento do Bolsa Família por uma razão única: o custo de vida no Rio de Janeiro é maior. É necessário o complemento do Bolsa Família para a população que vive na linha da pobreza ou abaixo dela. Era muito importante que esse projeto da extinção do Renda Melhor fosse derrotado aqui. É importante essa vitória da sociedade, a vitória do Parlamento.

Tivemos também uma grande derrota, Sr. Presidente: o retorno do Projeto