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Através disso foi trabalhos, também teve oficinas pra gente e teve

MODELO DE BROFENBRENNER PPCT

Sujeito 1: Através disso foi trabalhos, também teve oficinas pra gente e teve

vários cartazes que a gente fazia, que a gente... é pegava as vezes levava pras escola também que a gente fazia aqui, então esses trabalhos que a gente fazia era muito é totalmente diferente das outras que esses das outras escolas a gente não anda sentindo tanto assim capacitação como a escola ativa que foi diretamente então cada vez que aparecia capacitação a gente levava novos

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conhecimentos pra outras escolas através de trabalho, das oficinas muita coisa boa aqui dentro do educar muita coisa apareceu muito mesmo.

Como é possível observar pelo relato deste sujeito, as formações foram importantes tanto no trabalho com as aulas do programa Escola Ativa quanto em todas as outras atividades docentes deste profissional. Vale ressaltar também que as atividades são de cunho prático, envolvendo a vivência e didática destes profissionais. Outros sujeitos mostram também que os recursos da formação são muito bem explicitados pelos monitores que aplicam a formação.

Portanto, a partir das entrevistas é possível identificar a tentativa de inserção de atividades didáticas diferenciadas e o interesse dos docentes em tentar aplicar os instrumentos do Programa Escola Ativa nas escolas. As orientações metodológicas do PEA têm proporcionado espaços de aprendizagem, ações sociais e um conjunto de atividades envolvendo estes alunos e a comunidade em seu entorno (SOARES, 2012).

O interessante em meio a tudo isso é que o PEA gerou certa euforia entre seus participantes resultando, por consequência, o melhor empenho de professores no espaço da educação do município, mas, também, levando uma das professoras-multiplicadoras a expor uma das experiências numa das reuniões anuais da SBPC através da sessão de pôsteres da 63ª reunião que aconteceu na Universidade Federal de Goiânia.

Pode-se inferir que os resultados positivos incentivaram a produção científica e a motivaram a busca por mais estudo e consequentemente, conhecimento. Outro tema que se apresenta na análise é a avaliação dos tutores do quanto é significativa a mudança na postura do professor, para que ocorra mudanças na sala de aula. E é que esclarece o trecho abaixo, que compõe um dos relatórios.

No inicio de 2011 observaram-se os resultados alcançados nas classes multisseriadas em relação ao ano de 2010. Estes resultados foram analisados com base na aplicação da Provinha Brasil no início e no final do ano letivo. Na primeira aplicação foi observado que as escolas apresentavam baixo índice de rendimento concernente à leitura e produção textual. A partir das formações do Programa Escola Ativa com os professores observou-se que a maioria das escolas envolvidas obtiveram rendimentos satisfatórios, ou seja, conseguiram alcançar uma média elevada em relação a primeira aplicação. Estes resultados geraram um resumo que foi enviado e aprovado pelos assessores da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) que será apresentado foi apresentado na 63ª Reunião Anual da SBPC no período de 10 a 15 de julho de 2011 na Universidade Federal de Goiás (UFG) em Goiânia. (Relatório das atividades de Formação dos Módulos: III, IV, V e acompanhamento – 2011).

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Apesar do receio inicial em virtude da perspectiva de que nesses eventos somente são selecionados trabalhos de Mestres e Doutores para a apresentação, os mesmos despertaram o interesse de profissionais de diversas regiões do país, mas, sobretudo, do Ceará, Pernambuco e São Paulo, tornando-se referência para inúmeros educadores da Educação do Campo.

Há ainda, conforme os relatórios, vários elementos significativos em meio as formações e atividades do Programa Escola Ativa, tais como:

A implementação do PEA em 51 escolas que atendeu a 88 professores do campo;

Formações continuadas constantes para o exercício reflexivo dos professores;

Realização dos Microcentros, contemplando as diversas estruturas do programa;

Socialização da compreensão dos professores de acordo com sua realidade; O acompanhamento pedagógico e pontual em várias escolas;

Avaliação constante dos docentes das turmas multisseriadas para o destaque às mudanças;

O fortalecimento do Ensino Fundamental de nove anos; Publicação de resultados no evento e site da SBPC.

Todas estas atividades listadas acima se constituem como um auxílio às ações em sala de aula – que é o espaço por excelência da ação didática – e se configura também como um acompanhamento muito necessário ao docente que por vezes se vê desamparado diante de alguns projetos que surgem. Segundo consta em relatório dos tutores, inovaram a formação desses professores em Buriti. Acrescenta-se que

A metodologia utilizada nos cursos de Formação Continuada geralmente abordam a respeito de “mudanças” o que nem todos estão propensos a fazerem. Nestas atividades de formação percebeu-se que a teoria e a prática eram realçadas em cada momento das atividades realizadas na sala de aula e quando os micro centros ocorriam, havendo uma sintonia e liberdade para expressar-se e compartilharem de suas dificuldades, assim também como de seus êxitos, na concepção pedagógica de educação do campo valorizou-se também o Construtivismo, paralelo a cada necessidade e peculiaridades encontradas. (SOARES, 2012, p.) grifo do autor

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Em dois meses consecutivos, finalizando as atividades de 2011, os tutores avaliam positivamente a implementação do programa, mas também retomam as dificuldades e limitações para o trabalho docente em sala de aula. Ressalta-se que dos relatos, no que é aqui destacado, fica evidente que as dificuldades, ainda estão relacionadas à Formação Continuada em aspectos específicos.

Um dos motivos apontados para que as dificuldades persistam, é o fato de haver “substituições” de professores. Ocorre que no município segundo os relatórios dos 33 professores que participaram ineteruptamente da Formação Continuada, 11 deles eram contratados, considerando esse fato, o fluxo de entrada e saída de professores e, consequentemente o fato de não participar das formações, interfere negativamente no processo de ensino e de aprendizagem. Como se observa:

Nota-se ainda uma grande dificuldade por parte de alguns professores na implantação dos elementos e instrumentos tais como: Comitês, colegiado estudantil ficha de acompanhamento de progresso do aluno (FAPs), projeto político pedagógico, proposta pedagógica, e até mesmo sentem dificuldades em utilizar os cadernos de ensino-aprendizagem, tendo em vista que alguns professores que estão atuando nestas turmas não foram capacitados, por ingressarem neste ano de 2011, por conta das substituições. (Relatório de Acompanhamento, Outubro, 2011).

Considerando o acima exposto, destaca-se que no contexto nacional político, econômico e social, mais especificamente, em torno das Políticas Públicas, os temas Educação e Campo tem ganhado ênfase, sobretudo no que se refere à função social da escola. Portanto, a avaliação, que não é apenas importante para o processo de ensino e de aprendizagem, mas também para melhorar o desempenho, nas Políticas Públicas, assume um papel de monitorar, como descrito anteriormente, no foco do tema pesquisado é,

[...] processo sistemático e periódico de análise da gestão, funcionamento e desempenho de programas e projetos. Tem como objetivo identificar desvios na execução das ações, entre o programado e o executado, diagnosticando suas causas e propondo ajustes operacionais, com vistas à adequação entre o plano e sua implementação. (CAVALCANTI, 2008, p. 8)

Segundo os relatórios a metodologia do Programa Escola Ativa contribui para a melhoria no processo educacional. Porém, há clareza nas declarações de que se precisa implementá-lo em sua totalidade. A demanda educacional está no centro das dificuldades sociais, geográficas e financeiras.

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De acordo com relatórios de acompanhamento pedagógico alguns elementos e instrumentos precisam ser implementados, embora alguns estejam em processo de implantação outros ainda não implantados. Percebe-se que muitas coisas precisam ser construídas, mas o PEA tem deixado marcas significativas no contexto educacional do município de Buriti, embora existam as dificuldades nas comunidades, nas escolas, precisa-se continuar com estas ações, pois trará resultados sempre bons. (RELATÓRIO, DEZ. 2011)

Os relatórios pesquisados como um instrumento avaliativo, de monitoramento não apresenta um paralelo com as outras esferas envolvidas no Programa em âmbito estadual e federal, fato que compromete o processo avaliativo, pois como afirma (CAVALCANTE, 2008) a avaliação é um “instrumento imprescindível para o conhecimento da viabilidade de programas e projetos, para o redirecionamento de seus objetivos quando necessário, ou mesmo para a reformulação de suas propostas e atividades”.

Em suma, as dificuldades na perspectiva da Formação Continuada dos Professores, o envolvimento no processo de ensino de aprendizagem da comunidade na qual a escola está inserida, a organização didática de turmas, alunos e conteúdos fazem parte do sistema de gestão, desse modo, entre a implantação e implementação, há um longo percurso a ser percorrido, que envolve desde o compromisso individual ao coletivo. E, embora haja uma compreensão de que o importante é que algo seja feito, o mais importante é fazer o que se propôs a fazer. Portanto, as instituições, comunidades, professores e alunos são todos responsáveis pelo cumprimento ou não do que se propôs a desenvolver.

O processo de aplicação do Programa Escola Ativa em todo o Brasil, e especialmente no lócus da pesquisa deste trabalho – Buriti (MA) desencadeia algumas reflexões acerca do sistema de ensino. Tais observações levam ao direcionamento de dois eixos para análise aqui propostos: Eixo 1 - Docência e desenvolvimento profissional e Eixo 2 – O “saber” dos professores para a Educação o Campo. Deste ponto em diante segue com as análises do material coletado nas entrevistas semi-estruturadas com os sujeitos da pesquisa.