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Módulo 6 (40h) A Tecnologia na Educação do

2.4 Programa Escola Ativa em Buriti (MA)

2.4.1 Formação Continuada de Professores em Buriti (MA)

Podem ser mencionados vários projetos, iniciativas governamentais e não governamentais para que “esta” educação fosse garantida e respeitada, o que de certa forma é observada em vários Estados, especificamente no Estado do Maranhão, o que é confirmado também com a necessidade de propiciar uma alternativa, de Políticas Públicas para o campo no referido Estado. Este possui um número elevado de escolas com turmas multisseriadas.

No Programa Escola Ativa, várias lutas dos movimentos da educação de base, das Conferências, da sociedade civil estiveram envolvidas, contribuindo para que a Educação do Campo estivesse de acordo com as peculiaridades e especificidades campesinas, como a Pedagogia da Alternância, na qual os alunos participam do tempo Escola e tempo Comunidade, aprendem a teoria e praticam os saberes tradicionais e adquiridos em suas comunidades e na escola, por meio dos Centro de Formação por Alternância (CEFA), Casas Familiares Rurais (CFR), Escolas Familiares Agrícolas (EFA’s) dentre outros, que foram pioneiros em motivar o fortalecimento da Educação do Campo também no Estado do Maranhão.

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municípios, segundo informação da Secretaria de Estado da Educação do Maranhão (SEDUC-MA). Os municípios contemplados pelo Programa de Bequimão, São João Batista e Viana, implantado em 11 escolas, com 22 professores e 780 alunos. Em Buriti (MA), a adesão foi a partir de 2002, em apenas 05 escolas e com 05 professores, segundo (SEDUC/MA), porém foi efetivamente implementado, após reestruturação metodológica, em 2009, período em que a SEMED retomou as atividades do Programa até o presente momento. No município de Buriti (MA) há a adesão do Programa em 51 escolas, com 88 professores e 2460 alunos que vivenciam uma sistemática diferenciada da Educação do Campo, em classes multisseriadas(SOARES; COSTA, 2012).

Considerando-se o que é mais específico para o campo, as classes multisseriadas, que se constituem como uma especificidade da realidade educacional do campo e apresenta-se como estratégia de organização do trabalho do professor e das escolas com classes multisseriadas, tem também fundamentos e princípios da Educação do Campo (BRASIL, 2010).

A implementação da Coordenação Geral de Educação do Campo foi uma das iniciativas do MEC, como setor responsável para formular e coordenar a Política Nacional de Educação do Campo. A Coordenação por sua vez, incentivou criação de Comitês e Fóruns de Educação no âmbito dos estados nos quais houve a participação dos movimentos sociais do campo, assim, elaborando dispositivos legais para amparar ações educacionais específicas para realidade campesina.

O Decreto Nº 7.352, de 4 de novembro de 2010, DOU 05.11.2010, em seu Art. 1º estabelece que a Educação do Campo "destina-se ao atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de produção da vida-agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros” sendo as diretrizes complementares, os princípios e as normas, apontadas pela Coordenação Geral para a de Políticas Públicas para Educação Básica do Campo. (BRASIL, 2010)

No município de Buriti (MA), oficialmente, a implementação de Políticas para a Educação do Campo tem ocorrido timidamente há apenas uma década. Nesse intervalo de tempo houve uma concentração do maior número de alunos e escolas, no campo. E conforme dados da Secretaria Municipal de Educação, o aumento significativo de escolas em 2011 – que ao todo totalizam no município 67 escolas sendo que destas 58 localizam-se na Zona rural e 09 na Zona Urbana, dentre as quais 51 delas são de classes multisseriadas.

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Nota-se também que as competências para oferta de ensino têm gerado documentos, diretrizes, a própria legislação LDB Nº 9.394/96 e a Constituição Federal em seu Art. 211 que determina a competência de cada ente federado em matéria de educação, ficando para os municípios a competência de ofertar, manter, organizar e desenvolver órgãos e instituições oficiais em suas organizações de ensino a Educação Básica, que integralize as Políticas e Planos, que se referem à educação da União e dos Estados.

Dentre as ações da SEMED, foram feitas adesões a programas como a Casa Familiar Rural8; o Programa Nacional de Alimentação Escolar9; Adequação da Infraestrutura das Escolas; aumento de Supervisores no campo; Coordenação Pedagógica para zona rural; Transporte Público garantido; Conselho Municipal de Educação; ao Programa Saúde na Escola (PSE); Formação Continuada para Professores; e o Programa Escola Ativa, principal tema deste trabalho (SOARES; COSTA, 2012).

As Políticas para Educação do Campo, em Buriti (MA),alcançaram ao longo destes dois últimos anos, algumas metas. Conforme proposto pelo Plano de Ações Articuladas (PAR) e Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) que juntos organizam as ações voltadas para esta e outras modalidades, sobretudo, pelo que tem sido discutido na seguinte perspectiva:

A Educação do Campo seja assumida como política pública de maneira mais explícita que as Secretarias de Educação que têm escolas no campo sejam apoiadas em seus esforços. Que os órgãos públicos responsáveis pela educação em nosso país se façam mais presentes, reconhecendo a dívida social, cultural e educativa que têm para com os diversos sujeitos que trabalham e vivem no campo e na floresta [...] Que seja reconhecida a especificidade dos povos do campo e de suas formas de viver e de ser. De formar-se, de socializar-se, aprender, de produzir e relacionar-se com o conhecimento, com as ciências e as tecnologias, com os valores e a cultura. Enfim, com os processos educativos. Reconhecidas essas especificidades, sejam elaboradas políticas públicas específicas e estratégias específicas de sua eficaz implementação [...] Se propõe acelerar o processo que vem acontecendo de reconhecimento da urgência de que a Educação do Campo seja assumida em uma Política Pública construída em diálogo com o Estado, as diversas esferas do governo e os movimentos sociais do campo (BRASIL, 2004, p. 4).

No entanto, a União, os Estados e Municípios precisam garantir que os direitos e princípios dos campesinos, de fato aconteçam e sejam percebidos pela comunidade onde

8 A Casa Familiar Rural é um projeto do PRONAF- Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar com a

estrutura da pedagogia da alternância, método pedagógico que alterna tempos e espaços educativos na escola e no meio sócio-profissional (família, comunidade, instituições profissionais), combinando os instrumentos pedagógicos.

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se encontra para que não se torne utopia e que essa forma de viver de cada povo campesino venha ser contemplado nos projetos políticos pedagógicos (PPPs) e propostas pedagógicas (PPs) respectivamente.

No município de Buriti (MA) a partir da elaboração, PPPs e PPs, já estão em desenvolvimento, alcançando-se até o início desta pesquisa 12 escolas (que estão no campo) com início de elaboração de suas propostas pedagógicas e projeto político pedagógico. Isto com a participação das famílias, dos profissionais da educação, resultado alcançado também após formações e sensibilizações da necessidade destas ações para os envolvidos.

Embora o percentual de Escolas de Buriti (MA) possa ser considerando mínimo em relação ao quantitativo máximo, esse é um passo muito importante para assegurar os

objetivos de entender a Educação do Campo como ação político-social.

Destacam-se dentre os elementos metodológicos estruturantes que compõem o PEA, a Formação Continuada organizada, em módulos nas áreas de Metodologia do PEA; Alfabetização e letramento; Educação do Campo; Práticas Pedagógicas em Educação do Campo; Gestão do Campo, principalmente por que:

Nas práticas docentes estão contidos elementos extremamente importantes, como a problematização, a intencionalidade para encontrar soluções, a experimentação metodológica, o enfrentamento de situações de ensino complexas, as tentativas mais radicais, mais ricas e mais sugestivas de uma didática inovadora que ainda não está configurada teoricamente. (PIMENTA, 2007, p. 27)

A Formação de Professores em Buriti (MA) ganhou ênfase a partir das mudanças na legislação brasileira vigente e nos paradigmas no que se referem à percepção de às necessidades formativas, que segundo Marcelo (1992) compreende o conjunto de limitações, dificuldades e aspirações no processo educacional. Dentre estas, pode-se ressaltar a relação teoria e prática que promove o comprometimento do professor na busca pela melhoria constante do ensino. A LDB, enfatizada no artigo 67, inciso V;

Art. 67. Os sistemas de Ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público; [...]

V. Período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho (BRANDÃO, 2010, p. 146)

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No município de Buriti (MA), ao longo destes últimos anos, o perfil profissional, educacional e socioeconômico dos professores tem passado por diversas alterações positivas, sobretudo porque suas origens, as posições que ocupam na distribuição de renda, determinam as oportunidades e fortalecimento de suas profissões, portanto, de suas formações. Atualmente, a Rede Municipal de Ensino tem 74% dos seus professores já são graduados ou estão se graduando e 26% já cursaram ou estão cursando pós-graduação.

Dentre as formações existentes ressaltam-se algumas como: Formação do Programa Pró-Letramento (Alfabetização e Linguagem, Matemática para os professores que atuam nos anos iniciais); Programa Gestar II (Língua Portuguesa e Matemática para professores que atuam nos anos finais); Programa Escola Ativa (para professores dos anos iniciais que atuam em classes multisseriadas); Programa Brasil Alfabetizado, voltado para a modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Nesse sentido, como dissemos, anteriormente, a SEMED tem desenvolvido vários planos para a melhoria da educação, tais como cursos para Formação Continuada em serviço no início dos períodos letivos, onde os professores participavam da Semana Pedagógica, atividades de formação em áreas específicas de acordo com as solicitações do quadro de professores. Atualmente, há uma sistematização e organização das ações, as formações são feitas mediante as perspectivas dos Projetos e Programas aos quais a Rede de Ensino adere e de acordo com as demandas dispostas pelas escolas a partir da análise dos índices do município (SOARES; COSTA, 2012).

A Secretaria Municipal de Educação realiza, ainda, o Educacenso (censo escolar) anualmente e existe um departamento exclusivamente para tal atividade. Por meio do levantamento desses dados apresentam-se o número de alunos e professores, dentre outros, possibilitando a otimização dos resultados para análise e observação quantitativa e qualitativa.

O município desenvolve também o Projeto Presença que acompanha e orienta os beneficiários do Programa Bolsa Família sobre a frequência dos alunos à escola; a Inspeção escolar, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e Programa Saúde na Escola (PSE), Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Plano do Desenvolvimento da Escola (PDE), PDE Interativo, PDE Escola Acessível, PDDE Campo e o Mais Educação.

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Os programas acima citados também contribuem para que a transparência dos resultados e estatísticas sejam analisados e comparados com os anos anteriores além de incentivarem a comunidade a participar das decisões da escola.

O Projeto Político Pedagógico que é mais uma das ações do município, tem contemplado os profissionais da educação para que estejam motivados a entender a importância de desenvolver e fazer parte das Políticas Públicas dentro da escola. A iniciativa do PDE Interativo, planejamento da Gestão Escolar, que é um instrumento disponibilizado pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC), para todas as escolas públicas e que também monitora estas escolas, está ligado ao Plano de Ações Articuladas (PAR), que foi o norteador desta ação.

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2.5 Desenvolvimento Humano e Educação Escolar: A Teoria Bioecológica de