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ATUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES NA REDE DE PROTEÇÃO Mírian Carvalho Lopes

Ocorrência das Síndromes

ATUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES NA REDE DE PROTEÇÃO Mírian Carvalho Lopes

Universidade Federal do Tocantins - UFT

Ana Cristina Serafim da Silva54 Universidade Federal do Tocantins - UFT

Eixo Temático de submissão: Temas Interdisciplinares Resumo

Pretendeu-se investigar a violência sexual contra crianças e adolescentes nas escolas e identificar as características desse fenômeno na cidade de Miracema do Tocantins; caracterizar os encaminhamentos e a atuação das escolas públicas no contexto da violência sexual contra crianças e adolescentes; caracterizar o suporte organizacional das escolas públicas para viabilizar a promoção dos direitos da criança e do adolescente. Para coleta de dados, foi aplicado um questionário. Para análise dos dados utilizou-se o Iramutec e também o SPSS. Conclui-se que muitos dos profissionais entrevistados não identificam sua instituição como parte da Rede, há um desconhecimento da legislação que protege esses sujeitos. Não há uma atuação em rede na cidade.

Palavras-chave: Direitos da criança. Rede de proteção. Violência sexual a crianças e

adolescentes.

1. Introdução

Este trabalho é fruto de uma pesquisa que busca entender o papel das Escolas na Rede de Proteção. Pretendeu-se, através dessa pesquisa, investigar a violência sexual contra crianças e adolescentes nas escolas e identificar as características desse fenômeno na cidade de Miracema do Tocantins; Caracterizar os encaminhamentos e a atuação das escolas públicas no contexto da violência sexual contra crianças e adolescentes; Caracterizar o suporte organizacional das escolas públicas para viabilizar a promoção dos direitos da criança e do adolescente com relação violência sexual.

53 Acadêmica do Curso de Psicologia, Universidade Federal do Tocantins – UFT, Campus de Miracema do Tocantins. PIVIC/UFT. E-mail: mirianatikum@gmail.com

54 Doutora (2016) e Mestra (2009) em Psicologia Social. Psicóloga pela Universidade Federal da Paraíba.

Professora Adjunta II da Universidade Federal do Tocantins – UFT, Campus de Miracema, Colegiado de Psicologia. Email:anacris_serafim@uft.edu.br

2. Fundamentação Teórica

Para fundamentar a discussão buscamos autores que trabalham com o tema e assim encontramos em Faleiros e Faleiros (2007) a classificação da violência sexual, os autores a dividem em duas categorias sendo: abuso sexual e exploração sexual comercial, e ainda classifica abuso sexual em: intra-familiar que é quando o agressor é um ente da família ou pessoa muito próxima em convivência; e extra-familiar que é quando pessoas sem vínculo parentesco ou proximidade afetiva cometem a violência. Irene Rizzini (2009) esclarece que a legislação nas primeiras décadas do Brasil Império estava em torno do “recolhimento das crianças órfãs e expostas” com medidas assistencialistas e pela iniciativa religiosa. A legislação dessa época reflete a associação entre as ações do governo e da igreja na esfera política e jurídica. Sendo a infância nitidamente “judicializada” (termo empregado pela autora) surge daí o termo “menor” sendo designado a crianças abandonadas, desvalidas, delinqüentes, viciosas, etc. Somente em 1990 cria-se o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente- oficializado que, dentre outras garantias, assegura a proteção contra o abuso e a exploração sexual.

Segundo Rocha, Lemos e Lirio (2011) a escola deve e pode ser uma parceira das pessoas comprometidas com a luta contra a violência sexual. Sua ação é uma grande vantagem para o movimento de prevenção e combate do problema ajudando as crianças e suas famílias a lidarem de forma consciente com a sexualidade, auxiliando quem sofre essas agressões, rompendo o pacto de silêncio que ronda os crimes sexuais. Nesse contexto compreentende-se que a Escola faz parte da Rede de Proteção, e por Rede de Proteção, a partir do conceito de Rizzini (2009, p. 112), entende-se que “as redes são formações dinâmicas e flexíveis, com continuada renovação dos participantes” ela ainda afirma que “a rede não tem dono”, pode-se ingressar a qualquer momento, bem como sair.

3. Metodologia do estudo

Para o desenvolvimento deste projeto de pesquisa, foi realizada leituras do corpus bibliográfico sobre a história da criança, especialmente no Brasil, a rede de proteção dos direitos da criança e do adolescente e, sobretudo a legislação referente à temática em questão. Foi realizado um mapeamento de todas as escolas públicas municipais da cidade de Miracema do

Tocantins, identificando 7 dentro do perímetro urbano. Houve uma comunicação prévia com os dirigentes dessas instituições e a solicitação para agendamento de entrevistas, sendo estas previamente autorizadas pela Secretária de Educação do município. Para coleta de dados, foi aplicado um questionário. Para análise dos dados utilizou-se o Iramutec, um software que permite e viabiliza fazer diferentes análises estatísticas sobre corpus textuais, o programa identifica e reformata as unidades de texto, a quantidade de palavras e suas frequências, identifica formas ativas e suplementares. Utilizou-se, também, o SPSS versão 20.0 para Windows, e é muito utilizado para realizar testes e análises de vários tipos.

4. Resultados e discussões

Foram entrevistados 61 profissionais, entre professores, monitores, coordenadores, diretores e professores das salas de recurso. Predominou entre os entrevistados o sexo feminino, possuíam nível superior, com destaque de maior porcentagem para o curso de pedagogia. Com relação a formação para trabalhar com crianças e adolescentes a maioria dos entrevistados responderam que somente durante a graduação ou participação de palestras.

Com relação ao número de casos de violência no último ano na escola somente três afirmaram ter chegado até a escola, identificaram como abuso sexual intrafamiliar, sendo todas meninas, 85% dos entrevistados responderam que não teve nenhum caso. Considerando essa estatística alta questiona-se se realmente a Escola está tendo recursos para agir com essas demandas ou se a Escola está deixando de se envolver pelo pequeno baixo número de casos identificados.

Para caracterizar os encaminhamentos verificamos se a instituição se sentia na obrigação de participar da erradicação do problema e se no Brasil existe medidas para as crianças em situação de risco, 98% afirmaram que sim, se sentem nessa obrigação e tem conhecimento de que há medidas protetivas à criança, reforçando o que diz o Art. 86 do ECA que os órgãos dos Estados e também os órgãos não-governamentais estejam articulados para a proteção das crianças e adolescentes.

No que se refere ao lugar onde as medidas são solicitadas e qual o órgão responsável para receber as denúncias: a maioria dos entrevistados responderam ser no conselho tutelar, CRAS, polícia militar, promotoria da infância e juventude o disque 100, a assistência social municipal, delegacia da mulher e a escola. Corroborando com o Art. 86 do ECA que diz que “A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios”. Destaca-se que a Rede de Proteção desempenha seu trabalho em união com as Organizações que a constituem enquanto grupo de trabalho a fim de atender as demandas advindas desses órgãos que a concerne.

Sobre a escola ter procedimentos específicos para agir no caso de suspeita e/ou notificar a violência e quais informações prestar em uma denúncia: 67% afirmam positivamente que existe um procedimento específico os demais se dividem em não saber, não responder e afirmar que não existe. Dos que afirmam positivamente, 70% acionam o conselho tutelar; 20% declaram encaminhar ao órgão competente, porém não especifica qual órgão; 10% se dividem em não saber e não respondeu. Ao perguntarmos quem é responsável pelo acompanhamento da vítima somam-se 81% respectivamente: o conselho tutelar, a família, a escola, o psicólogo, assistente social e polícia, os demais se divide em não saber e não responder.

Ao se perguntar se existe um trabalho em rede no município, a maioria respondeu que não sabia, ou identificava o nome de uma instituição como sendo o trabalho em rede, conforme figura abaixo a palavra “não” é maior apontando uma frequência constante de respostas não respondidas e de pessoas que não sabia responder. O que vai contra o que Rizzini (2006) conceitua como rede onde “os grupos de facilitadores podem ser renovados” mas que “cada novo membro que chega é preparado para assumir suas funções, garantindo a continuidade das ações”.

Com relação ao suporte organizacional disponibilizado pelo estado, a maioria não respondeu, poucos dos que responderam afirmam que esse suporte tem atendido a demanda que chega as escolas. É um pouco equivocado já que a partir da pesquisa identificamos que poucos tem recebido alguma demanda.

5. Considerações finais

Conclui-se que há índices baixos de detecção de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes nas escolas municipais de Miracema do Tocantins. Nos poucos casos visíveis os profissionais envolvidos acionaram órgãos que pertencem à Rede de Proteção da criança e do Adolescente, e muitos deles não identificam sua instituição como parte da dessa Rede, percebe-se que esse desconhecimento é devido muito mais à falta de informação que falta de interesse desse profissional.

Referências

BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.

FALEIROS, Vicente de Paula; FALEIROS, Eva Silveira. Escola que protege: Enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2007.

RIZZINI, Irene. Crianças e menores – do pátrio poder ao pátrio dever. Um histórico da legislação para a infância no Brasil. In: RIZZINI, Irene e PILOTTI, Francisco (orgs.). A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2ª Ed. Ver. São Paulo: Cortez, 2009.

Fonte: Sistema Iramutec Figura: Núvem de Palavras

ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da, LEMOS, Flávia Cristina e LÍRIO Flávio Corsini, Cadernos de Educação: 259-287, Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes no Brasil: políticas públicas e o papel da escola, 2011. Disponível em https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/1550/0. Acesso em 27 de jan.2019.

SANTOS, Marco Antonio Cabral dos. Criança e criminalidade no início do século XX. In: DEL PRIORE, Mary (org.). Historia das crianças no Brasil. 3º ed. São Paulo: Contexto, 2002. VIODRES INOUE, Silvia Regina; RISTUM, Marilena. Violência sexual: caracterização e análise de casos revelados na escola. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 25, n. 1, p. 11- 21, mar. 2008. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 166X2008000100002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 27 jan. 2019.

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