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3 REPENSANDO A TRAJETÓRIA SÓCIO-HISTÓRICA DE CONSTITUIÇÃO DO

4.2 A Assistência Estudantil na Unipampa

4.2.7 Auditorias na Assistência Estudantil da Unipampa

A Auditoria Interna (AUDIN) da Unipampa trabalhou, em 2014, na assistência estudantil, ao final da qual constataram-se como pontos positivos a qualificação e

comprometimento da equipe, os mecanismos de divulgação dos editais e normativas, a aprovação da resolução enquanto normativa local de AE, a presença de profissionais de AE em todos os campi, aplicação de pesquisa de satisfação nos RUs. Como pontos a melhorar, indicou: ocorrência de inconsistências em avaliações socioeconômicas de alguns campi, falha no arquivamento de alguns documentos em casos analisados, duplicidade de acessos nos RUs, inconsistências nos relatórios de acesso aos RUs e nos de pagamento pela Coordenadoria de Contabilidade e Finanças (CCF), da Unipampa, dentre outras. Para todos os apontamentos negativos, foi elaborado e proposto pela PRAEC, um Plano de Providências, analisado e aprovado pela AUDIN, para execução em curto, médio e longo prazos.

Já na auditoria interna realizada em 2016, o foco principal foram os processos seletivos dos editais do Plano de Permanência (PP), os processos de reavaliação socioeconômica e de avaliação acadêmica (ambos pré-requisitos para a manutenção da condição de beneficiário do PP), o acompanhamento pedagógico (especialmente o fato da ausência de previsões em normativas para manutenção de benefícios em casos de reincidente desempenho acadêmico abaixo dos percentuais exigidos como condicionalidade do PP), o cadastro único, a transparência e a segurança das informações. O Quadro 15, apresenta as principais constatações das auditorias internas, bem como da auditoria externa realizada pela CGU-RS em meados de 2017, com base no exercício 2015. Dentre estes pontos, destaca-se os mais relevantes, por processo de auditoria.

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Quadro 14 – Síntese das constatações das auditorias realizadas na PRAEC/Unipampa AUDIN 2014/2016

POTENCIALIZADORES LIMITADORES

*Reavaliação Socioeconômica amplamente divulgada no site da Instituição, com os formulários disponíveis para download. *Publicação no site da PRAEC, do Informativo

“PRAEC Informa”, através do qual fez divulgação para a comunidade universitária dos serviços e do desenvolvimento de ações da Pró-

Reitoria (2014/2015).

*Regulamentação de todos os Programas de Assistência Estudantil no âmbito da Universidade, por meio da aprovação da

Resolução 84/2014.

*Equipe atual (2014/2015) da PRAEC qualificada e comprometida.

*Presença de profissionais ligados à Assistência Social em todas as Unidades.

*Utilização de pesquisa de satisfação aplicada aos usuários dos Restaurantes Universitários,

semestralmente, para avaliar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas contratadas.

*Dificuldades na operacionalização de análises socioeconômicas e na conferência de agravantes em situações que assim preveem.

*Falhas no arquivamento de documentos dos processos de reavaliação socioeconômica e de seleção aos benefícios do Plano de Permanência; *Falhas no sistema de controle de refeições nos

Restaurantes Universitários;

*Inconsistências na renda bruta informada pelos alunos na solicitação dos benefícios; *Ausência ou inconsistência de documentos

previstos em edital;

*Inconsistência no cálculo de renda bruta familiar; *Dificuldades na realização de análise socioeconômica padronizada nos dez campi; *Inexistência de regimento interno dos NuDEs, a fim de estabelecer minimamente as competências profissionais e as interfaces do setor e de seus profissionais;*Inexistência de cadastro único dos

alunos em sistema informatizado, a partir de sua matrícula na Unipampa;

*Necessidade de melhorias no sistema de comunicação oficial com os usuários e cidadãos em geral, visando maior transparência nas ações

realizadas (2016). CGU-RS

POTENCIALIZADORES LIMITADORES

*Uso de sistema informatizado para lançamentos de informações de AE (inscrição e seleção aos

editais, reavaliações socioeconômicas e avaliações acadêmicas, controle de refeições nos

RU, recebimento de bolsas/auxílios, etc); *Controles nos processos seletivos; *Áreas de atuação em consonância com o

Decreto 7.234/2010.

*Levantamento de demanda por assistência estudantil, realizada no ato da matrícula; *Facilidade na localização da página da PRAEC

na internet e no rol de informações que esta contém;

*Critérios de seleção aos editais de AE em consonância com as normativas internas e

externas;

*Instituição adota critérios de contrapartida previstos na normativa interna;

*Manual do discente e versão Android do guia do aluno, além de outros canais de acesso aos

estudantes.

*Recursos humanos ainda insuficientes para a demanda;

*Recursos Financeiros insuficientes. * Controles nos processos de pagamentos de

benefícios e auxílios.

*Conteúdos desatualizados, necessitando ser retirados e/ou atualizados com agilidade no site

institucional e outros meios de comunicação; *Inexistência de sistemática de monitoramento e

avaliação da política de AE na Instituição;

Pode-se verificar que algumas fragilidades elencadas pelas auditorias internas já haviam sido sanadas (senão por completo, ao menos em parte) no processo de 2017. Acredita- se pertinente comparar estas colocações sobre a AE da Unipampa com os fatores positivos e negativos, na condução e operacionalização da política de AE nas IFES brasileiras, constatados pela Controladoria Geral da União (CGU) e já discutido pelo Fonaprace, na tentativa de encaminhar providências a este respeito. Conforme o relatório da CGU, destaca- se na condução da AE das IFES brasileiras, o que segue no Quadro 16:

Quadro 15 – Constatações da CGU sobre execução da AE nas IFES brasileiras Constatações CGU uso do PNAES: Estrutura para

implementação do PNAES

Equipe qualificada Quantitativo de RH insuficiente Ausência de normas, controle e transparência

Sem estrutura física apropriada

Áreas de aplicação dos recursos

Áreas de atuação das IFES estão de acordo com decreto Falta regulamentação precisa para normatizar bolsas IFES não ouvem discentes para aplicação do recurso

Áreas do PNAES são tão amplas que invisibilizam desalinhamento no uso do recurso

Falta de transparência

Divulgação e Seleção dos Candidatos

Divulgação adequada Critérios de seleção adequados

Processo de seleção eficiente, mas sem instâncias de controle robustas

Exigência de Contrapartida dos

beneficiados

Não regulamentada, mas recomendada

IFES utilizam contrapartidas e elas não prejudicam objetivos do programa

Algumas com dificuldade de acompanhar contrapartidas Avaliação do

Programa

Raríssimas IFES avaliam suas políticas

Fonte: Relatório Parcial CGU/2017 sobre uso do PNAES nas IFES (elaboração própria)

Fazendo um comparativo com relação ao elencado em relação ao processo de execução da AE na Unipampa e o uso do PNAES nas IFES em geral, podemos perceber que estão num mesmo patamar/situação nos quesitos de potencialidades: atuam de acordo com as áreas definidas no Decreto 7.237/2010, utilizam critérios de seleção e de contrapartida, realizam a divulgação de seus programas e ações de modo adequado, possuem equipes qualificadas.

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acompanhamento/controle das contrapartidas, ampliar a transparência nas ações e na execução do orçamento, estabelecer sistemática de monitoramento e avaliação da política e ampliar recursos financeiros e humanos para atendimento de suas demandas.

Em algumas indicações, entretanto, a Unipampa está além do mensurado no contexto geral das IFES. Dentre estas, está a vigência de normativa institucional que organiza e rege a gestão e a execução da assistência estudantil no âmbito institucional (o que a maioria das IFES não possui); a escuta dos alunos na condução das ações, na Unipampa realizada por meio dos fóruns, de pesquisas com os ingressantes (para sondagem/(re)conhecimento de demandas de AE no ato da matrícula) e de apoio a eventos do movimento estudantil (EDIUNI

– Encontro dos Discentes da Unipampa); além disso, a Unipampa tem as contrapartidas exigidas dos beneficiários de programas seletivos normatizadas na Resolução da Política de AE (embora sua aplicação efetiva careça de alguns ajustes e de posicionamento firme na garantia da utilização responsável da verba pública), o que a respalda nessa exigência, uma vez que o Decreto 7.234/2010 prevê, mas não regulamenta.

Além dos programas auditados, considera-se pertinente destacar que ainda há necessidade de qualificar a promoção de ações nas áreas da saúde e de esportes, uma vez que estes segmentos têm sido relegados a segundo plano (tanto pela considerada essencialidade dos programas relativos à permanência, que se atrelam à satisfação de necessidades básicas dos alunos, quanto pela insuficiência de recursos destinados à AE nesta Universidade). Além disso, a carência de profissionais da saúde em cada um dos dez campi, limita as ações à execução mediante parcerias, o que nem sempre é concebível, considerando os compromissos destes profissionais em suas respectivas unidades de lotação nas Secretarias de Saúde e/ou unidades de atendimento.

Com base nos processos de auditorias acima mencionados, cujos resultados foram sintetizados nos Quadros 14 e 15, bem como na análise dos demais relatórios, documentos institucionais e observações, considerou-se pertinente elaborar uma síntese desses resultados, considerando as ocorrências nos relatórios das auditorias e os dados de execução da AE na Unipampa, verificados nesta pesquisa. Com esse intuito, apresenta-se a síntese desses elementos, no Quadro 16.

Quadro 16 - Síntese dos fatores potencializadores e limitadores da AE na realidade da Unipampa a partir da pesquisa

Assistência Estudantil Unipampa

POTENCIALIZADORES LIMITADORES

Apoio da gestão superior da Universidade na qualificação da política de AE

Dificuldades na fluência de informações entre as instâncias superiores e demais servidores atuantes

na política (multicampia)

Equipe qualificada e comprometida

Ausência de espaços e canais formais e sistemáticos de participação dos servidores nos

processos decisórios Melhor relação servidor X aluno entre as IFES da

região Necessidade de otimização recursos humanos Evolução Orçamentária Recursos financeiros ainda insuficientes e

necessidades de avaliar investimentos realizados Qualificação dos canais de divulgação dos

processos seletivos e ações de AE

Ausência da publicação de relatórios de planejamento e execução das ações de AE Existência de normativa institucional

específica para AE (Resolução 84/2014)

Dificuldades na padronização das atuações técnicas

Atendimento de todas as áreas do PNAES

Inexistência de espaços formalizados e sistemáticos de participação dos alunos nas

decisões Melhorias constantes no sistema

informatizado para a operacionalização de ações de AE

Sistema informatizado ainda restrito a algumas funcionalidades

Estrutura física em construção (RU e ME) Ausência de recursos para construção de ginásios e/ou espaços para práticas esportivas Estrutura organizacional prevê assessoria de

planejamento e avaliação

Inexistência de sistema e instrumentos próprios de monitoramento e avaliação

Fonte: Elaborado pela autora, com base nos dados de pesquisa documental (2017).

Comparando-se algumas hipóteses iniciais, já destacadas na introdução deste trabalho, acerca dos fatores que poderiam ser constatados pela pesquisa como potencializadores e/ou limitadores na materialização da AE na Unipampa, com a síntese do Quadro 17, pode-se verificar que as condições relativas à equipe, ao suporte da gestão superior (financeiro, principalmente) e à evolução orçamentária da política se confirmam enquanto fatores que potencializam a materialização da AE. Já o modelo de gestão adotado pela PRAEC, também indicado, hipoteticamente, como fator impulsionador da AE, não pode ser totalmente considerado como tal, uma vez que não se conseguiu depreender um modelo específico de gestão adotado (na prática) pelo setor, a partir dos dados levantados nesta pesquisa. Há ‘indícios’ de uma possível inclinação à Gestão Social (o que se considera positivos neste meio), contudo, sem a formalização dos espaços e meios para sua implementação.

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Quanto aos fatores limitadores conjecturados no princípio da pesquisa, se confirma: a necessidade de otimização dos recursos humanos, processo de informatização em curso (funcionalidades importantes ainda pendentes), pendência de avaliação do emprego do recurso financeiro nas ações desenvolvidas, de modo a mensurar a relação custo e benefício. Já a hipóteses de que a burocratização do acesso aos programas e ações, seja um elemento limitador da política, não apareceu nesta pesquisa. Se verifica, entretanto, a necessidade de acirrar os processos de orientação dos alunos para participação nos editais, os processos de reavaliação e os critérios para a manutenção dos auxílios.

4.3 Comparativo entre as ações de Assistência Estudantil da Unipampa e demais IFES da Metade Sul do Rio Grande do Sul

Elencadas as principais atividades exercidas pela PRAEC desde a sua criação na instituição, bem como da atuação dos NuDEs, passa-se a analisar as principais ações desenvolvidas pelas demais IFES da Metade Sul do RS. Cabe, entretanto, compreender quais os motivos de eleger esse parâmetro para o comparativo.

O REUNI é uma estratégia de ampliação do sistema federal de ensino superior e, com isso, de propulsão do desenvolvimento regional, já que, segundo Oliveira et. al. (2014), as IFES são o principal meio de materialização do REUNI. Nessa perspectiva e, considerando que as universidades da Metade Sul do Rio Grande do Sul guardam proximidade geográfica com os

campi da Unipampa, além de representarem, em muitos âmbitos referências para a implantação

de políticas institucionais, considerou-se pertinente trazê-las para este comparativo.

Então, parte-se da conceituação de mesorregião que, segundo o IBGE (1990) são áreas individuais, cujas formas de organização do espaço geográfico estão calcadas em três dimensões, quais sejam: o papel social (determinante), o quadro natural (condicionante) e a rede de comunicação (articulação espacial). Essas dimensões dão contorno a uma realidade construída ao longo do tempo, que forma a identidade regional a partir das vivências da sociedade ali constituída.

Assim, compreendendo a Metade Sul como uma das mesorregiões definidas pelo Ministério da Integração Nacional e, com isso, coadunando com a ideia de identidade regional ali estabelecida pelas dimensões supracitadas, entende-se viável comparar, em que medida, as ações de AE das IFES dispostas neste espaço geográfico se aproximam ou não, tendo em vista

as semelhanças regionais e as congruências no perfil de seus alunos. Além da Unipampa e da FURG, neste recorte geográfico, é possível verificar as ações de AE desempenhadas pelas Instituições chamadas 'co-irmãs' da Unipampa, quais sejam UFSM e UFPel, cuja relevância na implantação desta Universidade já foram devidamente mencionadas no item anterior.

Nessa perspectiva, como as ações da Unipampa já foram elencadas anteriormente (sistematizadas no Quadro 10), apresenta-se, abaixo, a partir das áreas propostas pelo PNAES, as ações realizadas/executadas pelas demais IFES da metade sul do RS.

Quadro 17 – Ações de AE executadas pelas IFES da Metade Sul do RS (exceto Unipampa)

EIXO PNAES FURG UFPeL UFSM

I- Moradia Estudantil Vagas CEU e auxílios

Moradia Estudantil e

Auxílio moradia Moradia Estudantil II – Alimentação RU e auxílios RU e auxílio

alimentação

RU e bolsa alimentação

III – Transporte Transporte e auxílios

Auxílio Transporte e Auxílio Deslocamento

Bolsa transporte

IV – Atenção à saúde Acolhida e encaminhamentos Acolhida e encaminhamentos – UBS campus Encaminhamentos HUSM

V – Inclusão digital Projetos Formação

Ampliada --

Apoio Lab. Informática

VI – Cultura Coord. De Bem-

Viver Universitário --

Espaço Cinema e Casa de cultura

CEU II VII – Esporte Coord. De Bem-

Viver Universitário -- --

VIII – Creche Subprograma de

Assistência Básica Auxílio Pré-escolar Creche

IX – Apoio Pedagógico Programa de Acompanhamento e Apoio Pedagógico ao Estudante Auxílio Pedagógico e auxílio material odontológico Bolsa formação Estudantil; Bolsa material pedagógico; X – acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação Programa de Apoio a Estudantes com Necessidades Específicas – PAENE -- Bolsa acessibilidade

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Ao analisar esta sistematização e compará-la com as atividades da Unipampa, percebe- se que as ações são bastante semelhantes, uma vez que, além de estarem em conformidade com as demandas institucionais, estão com acordo com o Decreto PNAES. A Tabela 14 resume os percentuais do total do recurso PNAES gastos pelas IFES da Metade Sul do RS, em benefícios alimentação (incluindo auxílios e RU) e moradia (incluindo auxílios e moradia estudantil).

Tabela 14 – Percentual de recursos PNAES investidos em alimentação e moradia pelas IFES da Metade Sul do RS

INSTITUIÇÃO ALIMENTAÇÃO MORADIA

% Nº alunos % Nº alunos

FURG 37,10 2.202 13,7744 497

UFSM45 70,0046 -- 30,00 5.456

UFPEL 23,45 3.244 59,40 1.636

UNIPAMPA 66,08 8.85847 24,00 1.292

Fonte: Relatório PRAE/UFSM (site institucional) e informações via e-SIC

Conforme dados da Tabela 14, três entre as quatro instituições pesquisadas informaram que investem 25% ou mais em política de moradia estudantil, reforçando que a problemática da moradia durante a trajetória universitária, continua sendo, necessariamente, um dos principais eixos das políticas de AE nas instituições. Da mesma forma, com o restaurante universitário os gastos variam entre 25 e 30% do total de recursos PNAES.

É possível verificar ainda que Unipampa e UFPel têm gastos relevantes com moradia e alimentação (percentuais inversos, apenas), principalmente se comparados aos números da FURG. Obviamente, são números proporcionais ao número de alunos atendidos em cada política, resguardados os valores pagos em auxílios e aluguéis ou manutenção das residências em cada município sede destas instituições. Contudo, nota-se uma disparidade muito grande entre o valor investido pela FURG (para 388 vagas e 109 auxílios) e pela UFPel (123 vagas); bastante alto nesta e bastante reduzido naquela (que beneficia quatro vezes o número de alunos em relação aos beneficiados pela UFPel).

A Tabela 15 mostra a relação entre o número de alunos matriculados e o número de vagas nas moradias estudantis, bem como o percentual de alunos (do universo de

44 Há complemento pelas instituições, cujo valor não foi declarado.

45 Dados Referência 2016 – Relatório Geral de Atividades PRAE, disponível em

https://www.4shared.com/office/bfNN_cqYce/Relatrio_2016_PRAE.html.

46 Dados da UFSM são aproximados, pois não tem exata descrição de contrapartida financeira da instituição no

Relatório disponibilizado.

matriculados) atendidos por estas vagas. Percebe-se que a UFPel é a instituição com maior número de alunos por vaga, ou seja, é a que tem o menor número de vagas em moradias estudantis e, por isso, paga mais auxílios moradia, o que, provavelmente, tem encarecido a política e consumido parte significativa de seus recursos PNAES.

Tabela 15 – Relação entre o número de matriculados em cursos de graduação, o número de vagas nas moradias estudantis e o percentual de alunos atendidos pelas vagas nas IFES da Metade Sul do RS INSTITUIÇÃO TOTAL MATRICULADOS GRADUAÇÃO Nº VAGAS NA MORADIA RELAÇÃO ALUNOS/VAGA PERCENTUAL DE ALUNOS ATENDIDOS UNIPAMPA 11.483 900* 12,75/1 7,83 FURG 12.432 388 32/1 3,12 UFPEL 16.000 123 130/1 0,76 UFSM 23.599 2047 11,52/1 8,67

Fonte: E-SIC e Relatórios Institucionais.

*Nota: Cerca de 900, tendo em vista que Santana do Livramento tem menos vagas que as demais, por ser um imóvel alugado e que, portanto, foge ao projeto institucional.

Segundo a última pesquisa do Perfil Discente realizada pelo Fonaprace (2014), dos alunos residentes em moradias estudantis, mais de 88% declararam renda familiar média de até um salário mínimo. Outro dado a destacar é que, no contexto nacional, o percentual de alunos atendidos pelas vagas de moradias estudantis é de pouco menos de 15% (ANDIFES/Fonaprace, 2014), dado ainda superior ao das IFES da Metade Sul do Rio Grande do Sul, que ainda investem mais em auxílios moradia do que no atendimento desta demanda com vagas em instalações para este fim.

Outra observação que se considera importante na comparação entre as ações implementadas pela Unipampa e as IFES da Metade Sul do Rio Grande do Sul, diz respeito ao tempo de atuação destas Universidades, que têm em média mais de cinquenta anos de criação/funcionamento, em comparação com os dez anos da Unipampa. Por este fator, poder- se-ia aferir que esta conta com a política de AE satisfatoriamente estruturada. Por outro lado, pode-se questionar sobre a possibilidade de um certo “descompasso” entre o planejamento e a execução das ações de grande abrangência/dimensão de investimentos na Unipampa, em tão curto espaço de tempo. Implementar dez RU’s e dez moradias estudantis (com cerca de noventa vagas cada uma), pode representar uma estratégia arriscada de gestão, uma vez que os impactos gerados pela sua implementação, a médio e longo prazo podem ser mais onerosos do que vantajosos em termos de custos.

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Sinteticamente, os dados permitem considerar que a assistência estudantil prestada pela Unipampa, abrange cerca de 16,5% do total de matriculados com as modalidades do Plano de Permanência (conforme mencionado, programa cujo viés de seletividade considera critérios socioeconômicos para a concessão). Ademais, tem uma relação de menos de 180 alunos por servidor lotado no setor de AE, realidade bastante positiva quando comparada às demais IFES da região. Ocorreu também uma ampliação de mais de 200% nos recursos destinados à política pelo PNAES, após a publicação do decreto 7.234/2010, o que possibilitou a qualificação e a ampliação das ações implementadas em 50,8%, comparando o número de atendidos em 2010 e 2017.