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3 REPENSANDO A TRAJETÓRIA SÓCIO-HISTÓRICA DE CONSTITUIÇÃO DO

4.1 Caracterização do lócus da pesquisa

Num contexto de expansão do ensino superior, iniciado em 2003, predominantemente no âmbito privado e, diante de reivindicações pela ampliação do ensino superior público, em 27 de julho de 2005, foi anunciado o atendimento desta demanda popular no Rio Grande do Sul. Em 22 de novembro de 2005 foi firmado o Consórcio Universitário da Metade Sul, responsável, num primeiro momento, pela implementação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa, foco principal deste trabalho), passando a funcionar com dez campi. Tratou-se de um Acordo de Cooperação Técnica entre o Ministério da Educação e as Universidades Federais de Santa Maria (UFSM) e de Pelotas (UFPel).

Assim, iniciando as atividades em 2006, a UFPel responsabilizou-se pela implantação dos campi de Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Jaguarão e Santana do Livramento, iniciando as atividades em setembro de 2006; já a UFSM ficou responsável pela implantação dos campi de Alegrete, Itaqui, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana, cujas atividades iniciaram em outubro do mesmo ano.

Em março de 2007, instituiu-se a comissão de implantação da Unipampa, cujos esforços buscaram constituir a identidade desta nova universidade, considerando suas especificidades. Mediante a implementação do REUNI, o Governo Federal iniciou, no ano de 2007, a criação de diversas novas universidades, além da ampliação e reestruturação de instituições já consolidadas na oferta de educação superior no Brasil. Para tanto, somou esforços com autoridades municipais, estaduais e federais, bem como com lideranças locais

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(nos municípios sede), a fim de ouvir suas reais expectativas acerca do projeto institucional de futuro que a Universidade representava para as comunidades. Em meio a diversas articulações e trâmites sociais e políticos (locais, regionais e/ou nacionais), a Universidade Federal do Pampa – Unipampa, foi legalmente instituída pela Lei 11.640, somente em 11 de janeiro de 2008.

Dotada de autonomia didático-científica, a Unipampa é, segundo o Art. 3º de seu Estatuto, instituição social comprometida com a ética e baseada na liberdade e no respeito à diferença e à solidariedade. Dentre os princípios que norteiam sua atuação, destacam-se o compromisso com o desenvolvimento regional por meio da formação e da produção de conhecimento que visem à construção de uma sociedade justa e democrática; à valorização dos saberes e conhecimentos locais e regionais; e à equidade no acesso e continuidade (permanência) dos estudos (Unipampa, 2009).

Na definição da sua missão a Universidade demonstra novamente a intenção e o comprometimento em trabalhar em prol do desenvolvimento local e regional, propondo-se a buscar, por meio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, formar sujeitos críticos e comprometidos com este desenvolvimento.

À época da criação a Universidade contava com 27 cursos de graduação, 2.320 alunos, 180 docentes e 167 técnico-administrativos em educação. Ainda em janeiro de 2008 foi empossada a primeira reitoria, na condição pro tempore. No final deste ano foram eleitos os primeiros diretores dos campi, deixando estes de ter administração temporária/indicada, para iniciar o primeiro mandato de quatro anos de duração, com entes eleitos pela comunidade acadêmica.

No ano de 2010 foi eleito o Conselho Universitário, que passou a trabalhar com dedicação à estruturação normativa da Instituição. Dentro deste rol, em poucos meses, este colegiado conseguiu elaborar e aprovar diversas normativas, tais como:

[...] as Resoluções que regulamentam o desenvolvimento de pessoal; os afastamentos para a pós-graduação; os estágios; os concursos docentes; a distribuição de pessoal docente; a prestação de serviços; o uso de veículos; as gratificações relativas a cursos e concursos; as eleições universitárias; a colação de grau; o funcionamento das Comissões Superiores e da Comissão Própria de Avaliação (Unipampa, 2014a, p. 14).

Em 2011 foi eleito o primeiro grupo de servidores (técnicos e docentes) para compor a gestão superior da Universidade, a qual passou a trabalhar na consolidação da instituição junto à comunidade. Nesse sentido, foram feitos investimentos não só na materialização dos

espaços físicos institucionais, como também na ampliação de ações e de projetos de extensão e de pesquisa, tendo em vista, principalmente, o impacto que estas ações geram, enquanto espaços de inserção da Universidade na comunidade e vice-versa, bem como na concretização do papel social institucional (Unipampa, 2014a).

Em 2015, foi eleita a segunda reitoria da instituição, a qual assumiu em 2016. Estes gestores, dadas as condições econômicas e políticas do cenário nacional, vêm enfrentando algumas dificuldades, especialmente no que tange à questão orçamentário-financeira, tendo em vista os constantes contingenciamentos impostos pelo Governo Federal às IFES, desde 2015.

Segundo sua Carta de Serviços ao Cidadão, de 2017, o principal meio para ingresso na Unipampa é o Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Além do SiSU, de acordo com a Resolução Nº 29/2011 (Normas Básicas de Graduação), destacam-se ainda as formas de ingresso por Processo Seletivo Complementar, nas modalidades: Transferência, Reopção de Curso, Reingresso e/ou Portador de Diploma. Há, ainda, os editais para ingresso específico, destinados a prover vagas disponíveis a alunos indígenas aldeados, fronteiriços e/ou quilombolas.

Atualmente, a Universidade conta com 63 cursos de graduação presencial, um curso de graduação na modalidade à distância, 33 especializações, doze mestrados e dois doutorados. Seguem, abaixo relacionados, os cursos de graduação presenciais, cujos alunos são os principais beneficiários em potencial, da política de AE, de acordo com o disposto no Decreto 7.234/2010.

Quadro 3 – Cursos de Graduação Ofertados na Unipampa em 2017

Campus Curso de graduação Tipo

Alegrete Ciência da Computação Bacharelado Engenharia Agrícola Engenharia Civil Engenharia Elétrica Engenharia Mecânica Engenharia de Software Engenharia de Telecomunicações Bagé Engenharia de Alimentos Bacharelado Engenharia de Computação

Engenharia de Energias Renováveis e de Ambiente Engenharia de Produção

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Física

Licenciatura Letras – Línguas Adicionais Inglês, Espanhol e

Literaturas

Letras – Português e literaturas de língua portuguesa Matemática Música Química Caçapava do Sul

Ciências Exatas Licenciatura

Engenharia Ambiental e Sanitária Bacharelado

Geofísica Tecnológico Geologia Mineração Dom Pedrito Agronegócio Tecnológico Ciências da Natureza Licenciatura Educação do Campo Enologia Bacharelado Zootecnia Itaqui Agronomia Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia

Ciência e Tecnologia de Alimentos Engenharia de Agrimensura

Matemática Licenciatura

Nutrição Bacharelado

Jaguarão

Gestão de Turismo Tecnológico

História

Licenciatura Letras – Português (modalidade EaD)

Letras – Português, Espanhol e respectivas literaturas

Pedagogia

Produção e Política Cultural Bacharelado

Santana do Livramento Administração Bacharelado Ciências Econômicas Direito

Gestão Pública Tecnológico

Relações Internacionais Bacharelado

São Borja

Ciências Humanas Licenciatura

Ciências Sociais – Ciência Política

Bacharelado Comunicação Social – Hab. Jornalismo

Comunicação Social – Hab. Publicidade e Propaganda

Relações Públicas – ênfase em Produção Cultural Serviço Social

São Gabriel

Biotecnologia

Bacharelado Ciências Biológicas

Ciências Biológicas Licenciatura

Gestão Ambiental Uruguaiana Aquicultura Tecnológico Ciências da Natureza Licenciatura Educação Física Enfermagem Bacharelado Farmácia Fisioterapia Medicina Medicina Veterinária

Fonte: e-MEC e Sítio Oficial da Unipampa (2017).

Com relação à evolução dos cursos ofertados pela instituição desde sua constituição, pode-se perceber um aumento de 137% no número de cursos. Esse acréscimo provém da ampliação da estrutura de ensino superior brasileiro, por meio da criação de novas instituições e/ou de novos campi e cursos. Segundo dados da Secretaria da Educação Superior (SESu/MEC) houve um aumento de cerca de 40% no número de universidades e de cerca de 117% no número de campi entre 2003 e 2012, o que, obviamente, refletiu no crescimento da oferta de cursos de graduação (MEC, 2015).

No intuito de descrever mais especificamente o espaço (instituição) em que se realizou a presente pesquisa, passa-se a apresentar alguns dados históricos e informações institucionais relevantes, considerando que estes retratam aspectos locais, regionais e institucionais específicos que subsidiam a pesquisa.

Procurou-se pormenorizar ao máximo os dados disponíveis, definindo o ano de 2010 como ano-base, por conta deste ser o ano de publicação do Decreto 7.234/2010 (Decreto PNAES). Já o ano 'limite' será o ano de 2016, considerando a disponibilidade dos relatórios oficiais (publicizados).

O crescimento da instituição de ensino está, obviamente, atrelado aos cursos que esta oferta à população. Nesse sentido, a Unipampa ampliou de 27 cursos no início das atividades, para 64 cursos de graduação atualmente (já elencados). Houve, portanto, uma evolução de mais de 137% no número de cursos ofertados entre 2008 e 2016. A Tabela 4 demonstra a evolução anual da oferta de cursos na Instituição.

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Tabela 4 - Evolução do número de cursos de graduação da Unipampa 2010 – 2016

ANO Nº CURSOS AUMENTO %

2008 27 2009 36 33,3 2010 50 39 2011 53 6 2012 61 15,1 2013 60 1,6 2014 63 5 2015 64 1,6 2016 65 1,6

Fonte: INEP - Sinopse da Educação Superior (2010 a 2016).

Com a ampliação do número de cursos, aumentam as vagas ofertadas e, em geral, consequentemente, deveria aumentar também o número de matriculados. De acordo com o Gráfico 1, os anos de 2012/2013, refletiram nas matrículas, a criação dos novos cursos ocorrida em 2011/2012. Contudo, mesmo tendo havido acréscimo de cursos nos anos de 2014/2015, houve decréscimo no número de matrículas neste período.

Gráfico 1- Evolução do número anual de matriculados na Unipampa 2010 - 2016

Fonte: Relatórios de Gestão e Site Oficial da Unipampa

Como se pode verificar, o número de matriculados vinha numa linha ascendente até o ano de 2013, tendo passado por uma queda nos anos de 2014/2015 e voltado a crescer em 2016. O fato da universidade estar, até 2013, sob os efeitos de investimentos do REUNI, bem como da própria implantação, respaldadas por crescentes investimentos em assistência estudantil (tais como o próprio Programa de Bolsa Permanência/PBP-MEC), são hipóteses que podem vir a explicar esses dados de evolução. Esses fatores refletem-se em aspectos tais como a criação e a ampliação dos cursos de graduação, estruturação física e definição de vias de ingresso (tendo aderido 100% ao SiSU em 201026).

As políticas de democratização do acesso e assistência aos acadêmicos, além de gerar efeitos nos índices de matrículas, também deveriam refletir no percentual de alunos concluintes dos cursos de graduação. Contudo, verificando a Tabela 5, não é, necessariamente, o que se verifica na evolução desse segmento nos cursos de graduação da Unipampa.

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Tabela 5 – Evolução do número de concluintes dos cursos de graduação no período de 2010 – 2016

ANO Nº CONCLUINTES % EVOLUÇÃO

2010 496 2011 607 22,4 2012 661 9 2013 720 9 2014 822 14 2015 883 7,5 2016 1.012 23,2

Fonte: INEP/ Sinopses da Educação Superior (2017)

Como nota-se nos dados de evolução, o ano de 2011 teve um dos percentuais mais significativos na ampliação do número de concluintes. Contudo, a partir de 2012, os percentuais de ampliação se reduzem, apesar de ainda haver investimentos do REUNI (até 2013), da Universidade já ter aderido para ingresso totalmente via SiSU (desde 2010) e, também, de já haver repasse de orçamento específico para a assistência estudantil pelo PNAES (também desde 2010). Todos esses fatores deveriam facilitar o acesso e a permanência no ensino superior, ampliando, consequentemente, os índices de conclusão. No entanto, apesar de observar-se no ano de 2014 um pequeno aumento no contingente de concluintes, somente em 2016 houve melhora neste índice.

Destaca-se que estão sendo realizados estudos acerca da retenção e da evasão, por pesquisadores e setores da instituição, a fim de verificar as causas dessas ocorrências neste contexto. No entanto, ainda não há publicizado nenhum relatório conclusivo sobre o tema.

A comunidade acadêmica nas IFES, como se sabe, é composta basicamente por três segmentos de atores, quais sejam: os discentes, os docentes e os servidores técnicos administrativos em educação (TAE). A Tabela 6 mostra os dados da evolução do número de docentes e de TAE na Unipampa.

Tabela 6 – Evolução número de docentes da Unipampa no período de 2010 - 2016

ANO Nº DOCENTES % EVOLUÇÃO Nº TAE % EVOLUÇÃO

2010 452 - 480 2011 621 6,00 568 18,34 2012 681 15,10 551 -2,99 2013 855 -1,63 665 20,70 2014 718 5,00 814 22,40 2015 927 1,59 843 3,60 2016 996 1,563 877 4,04

Considerando o número de docentes, pode-se verificar que, a partir de 2010, a Unipampa teve um único ano com aumento expressivo, qual seja, no ano de 2012, exatamente o ano em que a Universidade ampliou em 15,1% o número de cursos ofertados, passando de 53 cursos em 2011, para 61 em 2012. Contudo, também é perceptível, que de 2014 em diante, essa ampliação tem índices bem mais baixos que os anos anteriores. Isto, provavelmente, se deve ao término do período de implantação da maioria dos cursos e serviços da Universidade. A partir de então, estabilizou-se a abertura de novos cursos e, nesse sentido, também a nomeação de novos servidores docentes.

Ao observar a situação dos TAE, a Universidade apresenta três picos de nomeação: em 2011, 2013 e 2014. Após este período, as nomeações foram bastante reduzidas, provavelmente em razão do provimento das vagas disponíveis para tal, como se pode verificar no quadro de referência de servidores técnicos administrativos, conforme Quadro 4.

Quadro 4 – Dados do Quadro de Referência dos Servidores TAE da Unipampa

Quadro de Referência dos Servidores Técnicos Administrativos - QRSTA27

Nível de Classificação Ocupados Vagos Total

C 0 0 0

D 507 20 527

E 370 18 388

TOTAL 877 38 915

Fonte: Página da PROGEPE - Site Oficial da Unipampa.

Verifica-se que o quadro de servidores está com cerca de 96% de provimento e, assim como se pode perceber na Tabela 4, que a Universidade, a partir de 2013, manteve estável o número de cursos de graduação, com pequenos incrementos. Pode-se, portanto, atribuir à efetivação destes padrões de referência o cenário de redução do percentual de ampliação do número de TAE e docentes na Unipampa, nos últimos anos.

Ao tomar como base o número de docentes e técnicos administrativos em educação (TAE) lotados à época da implantação da Unipampa (2008) e calcular o crescimento acumulado neste período, verifica-se um dado bastante significativo. Considerando o número de docentes no ano de 2008 (180), o aumento chegou a 453,4%, em 2016 (996). Já o aumento do número de TAE, atingiu mais de 425% nesse mesmo período, conforme os números de cada período (2008 - 167; 2016 - 877), enquanto o número total de matriculados não atinge os 75% e o aumento do número de cursos de graduação alcança a faixa de 30%.

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Quanto aos recursos financeiros do orçamento da Unipampa, segundo dados do Relatório de Gestão 2015, estes provêm, principalmente, do Orçamento Geral da União. No entanto, além desta proveniência, há ainda recursos advindos de receitas próprias e patrimoniais, bem como de emendas parlamentares, dentre outros. A partir dos dados orçamentários da instituição, pode-se observar que, mesmo com o contingenciamento que vem atingindo a educação superior desde 2014, o montante total tem aumentado gradativamente durante o período de 2010 a 2016, na Unipampa.

Neste sentido, um grande volume de recursos tem sido lançado na economia dos municípios em que a instituição está instalada, como é o caso dos recursos destinados à folha de pagamento de servidores, bolsas e auxílios, bem como o destinado ao pagamento das despesas com trabalhadores terceirizados. Verifica-se, no Gráfico 2, o orçamento geral da instituição, com base nos dados do Painel do Orçamento, disponível no Site do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPOG).

Gráfico 2 – Evolução do orçamento anual da Unipampa 2010 – 2016

Fonte: Painel do Orçamento Federal28.

O Gráfico 2 demonstra a relativa linearidade na destinação de recursos à instituição, até o ano de 2016. Há, sem dúvidas, alguns decréscimos de capital, visíveis desde 2012, que oscilam entre 2014 e 2016, tendo em vista, provavelmente, as necessidades de conclusões de

28Disponível em:

https://www1.siop.planejamento.gov.br/QvAJAXZfc/opendoc.htm?document=IAS%2FExecucao_Orcamentaria. qvw&host=QVS%40pqlk04&anonymous=true>. Acesso em 12 de agosto de 2017.

obras das instalações físicas da Instituição; já a redução dos recursos de custeio, somente se visualizam no ano de 2016, quando, ao que tudo indica, refletiu severamente o contingenciamento realizado pelo Governo Federal em função da grave crise política, econômica e fiscal por que atravessa o país, desde 2014, principalmente.

Ao relacionar os índices orçamentários com o número de matrículas nos mesmos períodos, é perceptível que o orçamento geral da Instituição aumentou mais de 152% no período em questão, enquanto o número de matrículas cresceu pouco mais de 74%. Contudo, é necessário ponderar que, os altos valores do orçamento total, em muito estão atrelados ao capital e ao pagamento da folha de salários. Neste período, por exemplo, em média 26% do orçamento foi destinado a ‘investimentos’ (capital), tendo em vista a necessidade de finalização das obras e aquisição de equipamentos para estruturação física da instituição, que ainda está em andamento. Além disso, destaca-se que, de acordo com os demonstrativos constantes nos Relatórios de Gestão e no Painel do Orçamento Federal, em média 59,2% dos recursos de custeio são investidos no pagamento de salários e encargos de pessoal.

A Figura 2, relaciona as obras em andamento na Unipampa, segundo atualizações do mês de agosto do corrente ano. Pode-se constatar a construção de laboratórios específicos, prédios para salas de aulas, prédio para utilização como moradia estudantil, planetário (obra entregue) e núcleos de estudos. Muitas dessas obras já deveriam ter sido concluídas; contudo, os contingenciamentos de recursos financeiros afetaram significativamente o andamento das mesmas, acarretando, em alguns casos, o adiamento do término/entrega dos prédios. No ano de 2017, por exemplo, segundo anúncios do Ministério da Educação, o orçamento da Unipampa pode ter um corte de mais de 20% na matriz de custeio e capital, o que, sem dúvidas afetará diversas áreas na instituição.

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Figura 2 – Relatório do andamento de obras na Unipampa – Agosto/2017

Fonte: Site da Pró-reitoria de Planejamento (PROPLAN) da Unipampa.

A partir deste relatório de obras em andamento, optou-se por ilustrar estas ações, visto que têm relação direta ou indireta com a AE, tema central deste trabalho. Então, a seguir, pode- se visualizar algumas fotos de obras da Unipampa, quais sejam: o planetário (em obras e finalizado), algumas das moradias estudantis (ao centro a imagem em 3D do projeto arquitetônico), o Restaurante Universitário do campus Itaqui, bem como a ampliação do campus Santana do Livramento (descrito como ‘Anexo’, na Figura 2).

Figura 3 – Imagens de obras da Unipampa

Fonte: Portal Institucional

Além dos números de matriculados, de docentes e TAEs, bem como investimentos orçamentários, outro fator considerado relevante na caracterização da instituição é a produção acadêmico-científica, tendo em vista que esta representa a inserção e as contribuições efetivas da IFES com a comunidade na qual está implantada. No caso da Unipampa, consta no Art. 4º da Lei de criação “[...] desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão universitária, caracterizando sua inserção regional, mediante atuação multicampi na mesorregião Metade Sul do Rio Grande do Sul” (Lei 11.640/2008). A Figura 4 apresenta os dados da produção científica da Unipampa entre os anos de 2010 e 2016.

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Figura 4 – Produção Científica da Unipampa no período de 2010 - 2016

Fonte: PROPPI – Site Oficial da Unipampa (2017).

Percebe-se que os números relativos à produção científica são relativamente baixos, considerando a relação entre a produção total anual e o número de docentes lotados na instituição. Embora o percentual de aumento da produção científica total tenha sido sempre superior ao crescimento do quadro de docentes (como consta na Tabela 6), a relação de trabalhos científicos por docente manteve-se, não passando de 3,95 (2012) produções por ano. Nesse mesmo ano (2012), quando se tem o dado mais alto de produção por docente, foi o período em que houve um acréscimo de cerca de 15,1% nos cursos ofertados, de mais de 15% no número de docentes e de mais de 17% no número de matriculados. Ou seja, houve aumento, em potencial, do qual se poderia esperar, ao menos, a equiparação dos percentuais (em torno de 15%) na produção científica. No entanto, a relação produção/docente não atingiu mais do que 8,2, em média, nos três anos subsequentes. Se fizermos a relação entre produção/número de matriculados, o dado fica em torno de 0,24 trabalho por aluno. Percebe- se, então, que as mencionadas ampliações do ano de 2012 não se refletiram na produção científica dos próximos anos, tendo em vista que mesmo em 2016, quando o quantitativo total

da produção voltou a crescer, a média atinge pouco mais de três trabalhos por docente. O resumo dessa evolução, consta na Tabela 7.

Tabela 7 – Relação entre ampliação corpo docente e produção científica total na Unipampa no período de 2010 – 2016 ANO AMPLIAÇÃO DOCENTES PROD. CIENTÍFICA TOTAL (PCT) EVOLUÇÃO PCT % 2010 0 291 2011 6 556 91,07 2012 15,1 2300 313,7 2013 -1,63 2190 4,78 2014 5 1994 8,94 2015 1,59 1780 10,7 2016 1,56 2767 55,5

Fonte: Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação – PROPPPI (2017).

Em relação aos projetos de pesquisa na Instituição, de acordo com relatório de dados, emitido pela PROPPI, em 2016 foram cerca de 240 bolsas concedidas com recursos de editais internos e externos. Dentre os principais programas/agências de incentivo, destacam-se: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC; Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica nas Ações Afirmativas – PIBIC-AF; Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – PIBITI (estes todos financiados pelo CNPq29), bem como os financiados pela FAPERGS30, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica - PROBIC e Programa de Bolsas de Iniciação Tecnológica e Inovação - PROBITI.

A extensão é fomentada internamente com a publicação de editais, tais como constam