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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

INTRODUÇÃO

A comunicação desde os primórdios é essen- cial ao ser humano, não apenas para a interação so- cial, como também para que ele possa sobreviver. A sociedade evoluiu e sofreu alterações em sua estru- tura. As novas tecnologias surgiram e com elas novas formas de comunicação entre os sujeitos. Significati- vo exemplo é a Internet, utilizada, atualmente, como ferramenta por parte da população para facilitar o contato entre as pessoas, além da troca de informa- ções dos mais variados aspectos.

O “conectar-se” ou “estar conectado” transfor- mou-se em algo do cotidiano da sociedade. Vemos constantemente em alguns locais, pessoas das mais diversas faixas etárias, comunicando-se por meio de redes sociais. Com os idosos não poderia ser dife- rente, ainda que exista certa resistência por parte da chamada “terceira idade” quanto às Novas Tecnolo- gias da Informação e Comunicação (NTIC’s). E apesar desse estranhamento quanto ao uso dos computa- dores “tem-se testemunhado um número crescente, tanto em nível mundial quanto em nível nacional, de idosos que se interessam de forma mais acentuada pelo mundo cibernético” (NUNES, apud KREIS et al, 2007, p. 154). Esse interesse nos direciona a encon-

trar meios que possibilitem a inclusão dessa classe, que possui uma importante significância para a so- ciedade, ao que se denomina de “mundo digital”.

As mudanças que ocorreram nas NTIC’s têm o seu lado significativo quando se trata de agilidade nos meios de produção, facilidade ao acesso de informações, entre tantos outros, todavia também possui o seu lado negativo “as pessoas, atualmente, vivem agrupadas em uma sociedade, no entanto, não se comunicam entre si, o que acaba por transportá- las a uma imensa solidão” (AYALA, apud KREIS et al, 2007, p. 157).

Tais acontecimentos, comumente, lan- çam o ser humano, em especial o idoso, em uma carência afetiva e emocional, podendo acarretar uma diminuição das atividades e, por conseguinte, bai- xa autoestima, desmotivação, autodes- valorização, solidão, isolamento social, doenças físicas e mentais, ou mesmo de- pressão (MOURA, PASSOS, CAMARGOS, apud KREIS et al, 2007, p. 157- 158).

Estudos revelam que o acesso à tecnologia con- tribui significativamente “na redução do isolamento, na estimulação mental e, finalmente, no bem-estar da pessoa idosa” (KACHAR, apud KREIS et al, 2007, p. 158). Isso ocorre porque a internet facilita a comu- nicação entre os idosos, seus parentes e amigos, ao

estimular e reatar as relações interpessoais, tendo em vista a necessidade, a carência que o idoso tem de se comunicar.

Portanto, é necessário “entendermos o idoso em toda a sua complexidade, seja ela física, cogniti- va e emocional” (KREIS et al, 2007, p. 163). Observar o comportamento e a atuação do idoso na sociedade é fundamental. A autora (2007, p. 163) ressalta ainda que desta forma “acabamos por compreender me- lhor a relação do idoso e a informática, e o impacto que esta última pode ocasionar”. Levando em con- sideração que “a pessoa idosa não vive mais, neces- sariamente, recolhida e recordando lembranças do passado, mas pode ser ativa, produtiva e participati- va” (KACHAR, apud KREIS et al, 2007, p. 158).

Precisa-se considerar que a sociedade está ficando cada vez mais dependente de recursos ele- trônicos e tecnológicos. Sendo que, a inclusão digital para a terceira idade tem sido vista principalmente como uma possibilidade de convivência com o mun- do contemporâneo e tudo o que ele pode oferecer, fa- vorecendo as relações familiares, sociais, comerciais e tantas outras (BIZELLI et al, 2009).

O projeto de extensão intitulado “Inclusão Di- gital na Melhor Idade” é ofertado a pessoas com ida-

de superior a 50 anos com a intenção de inseri-las e de promover o acesso ao mundo digital, com a fina- lidade de enriquecer seus conhecimentos em Infor- mática. O intuito é promover melhorias na condição de vida, cooperando para a acessibilidade cultural digital, o aumento da autoestima, autoconfiança, e encorajá-las a prosseguirem de modo atuante em nossa sociedade. Por meio deste projeto, elas podem adquirir o conhecimento necessário para utilizar o computador e, com isso, ter o acesso às informações de que necessitam no seu cotidiano. Uma ação como essa possibilita um debate significativo a respeito da aprendizagem digital na terceira idade, permite a esse público ter acesso a novas possiblidades de co- municação e interação social. Além disso, cabe des- tacar a presente proposta de inclusão digital numa perspectiva de educação comunitária para cidada- nia e melhoria da qualidade de vida dos sujeitos en- volvidos. Para Gadotti (2005, p. 11):

A educação comunitária, como uma expressão da educação popular, preo- cupa-se específica, mas não exclusiva- mente, com os setores excluídos da so- ciedade – principalmente excluídos do sistema econômico – não produtores e não-consumidores – na busca de me- lhoria da qualidade de vida.

Vale salientar que a comunidade na qual a instituição está inserida é uma região segregada da cidade de Natal, conhecida, popularmente, como lu- gar do “outro lado do Rio Potengi”. Tal região pos- sui restritas possiblidades de atender uma demanda de inclusão digital para a população idosa, bastante crescente na localidade. Desse modo, o projeto reali- zado caracteriza-se como uma proposta de educação comunitária baseada numa perspectiva de trans- formação da realidade de exclusão digital e consti- tuição de uma identidade local voltada ao universo tecnológico em população específica idosa. Formu- lou-se um projeto educativo, centrado numa pers- pectiva de contribuição à inclusão social do idoso no mundo tecnológico digital em que muitos se encon- tram excluídos em dada comunidade. A concepção da proposta: “Trata-se de um projeto educativo que se assente não apenas na escola e no sistema educa- tivo, mas sim na célula comunitária como estamento social com capacidade para gerar e concretizar um projeto histórico-nacional” (GUTIÉRREZ, 2005, p. 29).

Essa região onde o curso foi ofertado, consti- tuiu-se, no final dos anos de 1970, e início dos anos de 1980, de um intenso processo de urbanização devido ao êxodo rural vivenciado no Estado do Rio Grande do Norte/RN. Historicamente, essa região

recebe ao longo dos anos restrita atenção no que se refere a atendimentos sociais básicos de habitação, saúde, segurança, educacional dentre outros. É rele- vante dizer que:

A região que fica a margem direita do Rio Potengi e que aprendemos a cha- mar de “Zona Norte” passou quase que despercebida pelo processo de desen- volvimento de Natal, recebendo pouca atenção no processo de expansão da cidade até a segunda metade do século XX (CAPISTRANO et al., 2013, p. 21).

Ao saber que a realidade social do Rio Gran- de do Norte é marcada com intensas desigualdades, inclusive com intensas diferenciações entre suas re- giões. Observa-se que a busca de respostas para re- duzir as desigualdades que caracterizam o Brasil, e que se aguçam no Nordeste e retratam o Rio Gran- de do Norte, muitas vezes, culmina com programas assistencialistas que perpetuam os problemas. E no sistema educacional público refletem-se as conse- quências dessa situação (ALMEIDA et al., 2006).

Nessa perspectiva, o gráfico abaixo mostra um comparativo do Índice de Desenvolvimento da Edu- cação – IDEB em âmbito nacional, regional e local. Dentre esses âmbitos, é notório que o Rio Grande do Norte possui as menores médias entre 3 e 4 nas mo-

dalidades de ensino apresentadas. Historicamente, os dados do IDEB são desanimadores na Região Nor- deste com repercussões que reverberam nas escolas do RN e particularmente na Zona Norte de Natal.

Gráfico 1: Dados do IDEB do estado do Rio Grande do Norte.

Fonte: Dados obtidos por meio do 2° Congresso todos pela Educação. Disponível em: <http://www.todospelaeducacao.org.

br/educacao-no-brasil/numeros-do-brasil/dados por-estado/ rio-grande-do-norte>. Acesso em: setembro, 2016.

O presente artigo procura tratar sobre as ati- vidades de iniciação à docência da disciplina Meto- dologia do Ensino de Informática I, do 5º Período do Curso de Licenciatura em Informática, realizado no Campus Natal – Zona Norte do IFRN. O projeto de ex- tensão citado anteriormente, voltado a aulas de In- formática para idosos, tem por finalidade inserir o licenciando em sala de aula e aplicar de modo signi-

ficativo os conteúdos ministrados, sob a orientação dos professores dessa disciplina. Oportunizou a al- guns idosos aprenderem alguns conceitos de infor- mática básica, a manusear o computador, utilizar as redes sociais e a Internet por meio de metodologias específicas para essa faixa etária indicando as pos- sibilidades, vantagens e os cuidados em utilizar as tecnologias digitais, sobretudo, o computador.

EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS NA