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Abordar o tema educação em um país como o Brasil é sempre um desafio. É verdade que por não ser uma profissão reconhecida, como deveria, pela sociedade, muitos que têm vocação para a área deixam de lado este chamado para ingressar em outras carreiras. Também é uma profissão cercada de preconceitos. Gauthier (2005) afirma que os professores sofrem com algumas opiniões da sociedade, muito comuns, como imaginar que para dar aula basta saber do conteúdo, ou que só precisa ter talento, ter intuição para docência, que ter experiência é suficiente ou que uma base cultural já é aceitável para a formação de um professor. Esquece-se que é uma profissão de importância ímpar para o desenvolvimento de uma sociedade e se banaliza o trabalho do docente através de um senso comum.

Vê-se, então, assumirem o espaço da sala de aula profissionais que não possuem uma formação adequada para transmitir conhecimento. Estes professores já são, em vários casos, acostumados a repassar o conhecimento, sem se preocupar com a forma pela qual seus alunos aprendem. Há um trabalho de memorização e não de compreensão. (KARWOSKI, 2012). No entanto, observa-se também que as instituições de ensino básico deixam de lado a preocupação com a formação da criança e do adolescente para focar os resultados em boas notas no vestibular. Neste processo o aluno aprende a não aprender. O importante é decorar. Este sistemas segue do ensino básico para o superior.

O parágrafo anterior é importante para que todos possam entender os desafios e as barreiras que se devem transpor para modificar esta cultura do mero repasse de informações. De acordo com Amaral (2010, p.28):

Mas, o que se espera de um professor universitário, além de uma orientação para a pesquisa, é que ele seja também capaz de auxiliar os alunos na transformação das informações em conhecimento. Embora hoje se fale muito em rede, em substituição aos pré-requisitos para o conhecimento, uma importante tarefa do professor é auxiliar na estruturação dos campos teóricos. Infelizmente, há “exposições” e “exposições”, “professores” e “professores”...

Principalmente entre o universo do ensino superior os novos professores já são fruto de uma geração que não compreende a importância da pedagogia e o real papel docente na formação dos educandos. Deve-se planejar uma mudança para que realmente se veja o resultado esperado: alunos capazes de aprender constantemente sem se tornarem escravos do

crivo dos seus professores. É importante que os professores saibam ensinar para que os alunos possam aprender. (DANTAS, 2012)

É preciso entender que uma instituição de ensino não pode ter a filosofia de que os professores devem ser máquinas de dar aula, seguindo modelos prontos de outros docentes ou repetindo assuntos que foram ministrados em semestres anteriores. Cabe à instituição de ensino criar, de maneira controlada, uma mudança de cultura no seu corpo de professores. É importante compreender que dar aula é um compromisso que precisa estar fundamentado no aprendizado e não na repetição de ideias de autores. (MORAN, 2007)

Pensa-se que quanto mais assunto for repassado para o aluno, mais este professor cumpriu com sua obrigação. E o pior, os estudantes, muitas vezes, cobram quantidade de assunto e não qualidade. Muitos deles questionam quando precisam construir conhecimento e se acham inaptos para isso. O professor não deve aceitar essa situação. Cabe a ele transformar seu encontro com os alunos em um momento de reconstrução de conhecimento. É preciso que eles aprendam a aprender, a pensar criticamente, a produzir a partir do que lhes foi transmitido em forma de leitura ou pesquisa. Um professor que tenha esta mentalidade será um grande diferencial no mercado. (DEMO, 2004)

É muito mais fácil “enrolar” os alunos com aulas “shows” do que conduzi-los ao caminho do conhecimento. Demo (2004, p. 677) afirma que:

A aula foi, com o tempo, também cada vez mais “enfeitada”, entretanto na pedagogia como peça chave da aprendizagem. A mídia tem contribuído enormemente para “enfeitar” a aula, através de todos os truques motivadores e atrativos, sem perceber que está “enfeitando defunto”.

Tornar a aula de fato produtiva exige que o professor seja um pesquisador incansável, capaz de buscar novidades e fazer com que os seus alunos tenham este interesse. É preciso despertar neles o desejo pelo aprendizado. De nada adianta repetir para seus alunos assuntos que foram retirados de livros, pois o conhecimento não pode ser reproduzido, mas sim reconstruído. O ser humano ao entrar no processo de aprendizagem faz relações com aquilo que ele já conhece, ou seja, ele reconstrói o seu conhecimento baseado em novas ideias. Este é um processo que se dá de dentro para fora. Nota-se que por vezes o aluno deixa de ser o centro das atenções, dando lugar à aula sem nenhuma preocupação com o aprendizado, e sim com o mero repasse de informações. (FREIRE, 1996)

De acordo com Demo (2004) é mais interessante um docente deixar de repassar todo o assunto de uma ementa do que abordá-lo apenas como informações, sem nenhuma preocupação com a construção do conhecimento. É importante que o aluno realmente aprenda algo de forma mais aprofundada e a partir desta experiência saiba como também buscar o conhecimento de temas que não puderam ser bem explorados em sala. Assim, o aluno será estimulado a pensar e somente as sociedades pensantes têm condições de um desenvolvimento mais equilibrado.

Nesse sentido, prega-se uma mudança de paradigmas. A aula não pode ser colocada como didática central, tampouco como instrumento meramente reprodutivo. Podem- se aproveitar os encontros com os alunos para fazê-los realmente aprenderem. Para isso, faz- se mister o planejamento detalhado de uma aula, a fim de que este momento seja aproveitado não para o professor demonstrar que tem conhecimento, mas para que o aluno tenha a oportunidade de reconstruir aquilo que já sabe (MASETTO, 2010).

Enfim, a aula precisa ser encarada como um momento de integração, de troca, na qual o aluno é o protagonista do processo e merece destaque. O professor conduz o grupo, leva-o à discussão, ao aprendizado.

O momento aula é sumamente precioso pelo encontro entre professores e alunos, quando ambos trazendo suas colaborações criam condições de troca de pesquisa, de estudo, de debate, de perguntas e apresentação de dúvidas, de solução de problemas. (MASETTO, 2010, p. 20)

É necessário, assim, que os professores mudem um pouco o conceito de que sua tarefa é dar aulas para entender que seu trabalho é fazer com que seus alunos aprendam. Para que se aprenda, é preciso investir em métodos capazes de fazer o aluno pensar, construir e reconstruir conhecimento. Os métodos de ensino são condição fundamental para que os objetivos da instituição, da disciplina e como consequência dos professores, sejam alcançados. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer o que são métodos de ensino e quais são aqueles que podem ser utilizados pelos docentes em suas aulas.