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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.2 MÉTODOS DE ENSINO FAVORÁVEIS AO APRENDIZADO (SEGUNDO

4.2.2 Métodos de ensino preferidos

Depois de analisar os dados que foram enquadrados como competências de ensino, já se torna possível discutir acerca dos métodos de ensino que são percebidos pelos próprios alunos como eficazes para o aprendizado deles. Antes, contudo, se fez importante tratar dos princípios para que ficasse claro que os métodos são os meios adotados pelos professores para alcançar os seus objetivos, mas que precisam ser associados a princípios norteadores capazes de possibilitar um maior êxito nas escolhas pelos métodos a serem adotados. O método sozinho não pode garantir que uma aula seja avaliada como positiva, deve estar associado a outros pontos, tais como os princípios, que merecem uma grande atenção por parte dos docentes.

A partir da análise da categorização, fez-se necessário relacionar, também, como no tópico 4.1, os itens apontados pelos alunos com os métodos de ensino segundo o modelo de Libâneo (1994). Dessa forma foi possível fazer as seguintes inferências:

 Quando os alunos falam da prática do debate e do trabalho em grupo, pode-se entender que os dois caracterizam-se como o método de trabalho em grupo. É assim, porque primeiro o professor traz o tema para ser estudado pelos alunos, para que haja conhecimento do grupo acerca do assunto, para depois, em grupos de discussão, haver um debate com toda a turma. Libâneo (1994) diz que este método envolve a prática da coletividade. Também é muito comum a realização de seminários, prática de trabalho em grupo na qual os alunos apresentam de forma expositiva ou numa conversação didática um determinado assunto.

 Foi muito frequente nas entrevistas ouvir os alunos falarem do uso do datashow, mas ficou claro que este recurso é utilizado no método de exposição pelo professor. Neste método, de acordo com Libâneo (1994) o docente faz uma apresentação, geralmente por exposição verbal, de um

determinado assunto sem que o grupo de trabalho necessariamente o conheça. Os alunos devem ter uma postura receptiva, porém não quer dizer que precisam ser passivos em sala de aula.

 Também houve alunos que apontaram aprender com a realização de atividades/exercícios, que geralmente se enquadram no método de trabalho independente. Este tipo de trabalho para Libâneo (1994) consiste na realização de tarefas criadas pelos professores que possibilitam ao aluno criar respostas a partir do aprendizado que tiveram em sala. Este trabalho deve ser feito individualmente ou no máximo em duplas. O professor pode propor um estudo dirigido, exercícios de aprofundamento dos temas já tratados ou exercícios de preparação, que vão servir de introdução a um determinado assunto.

 Houve um grupo de respostas que apontou a visita técnica como um método de grande relevância. Neste caso temos as atividades especiais. Libâneo (1994) diz que os alunos fazem, neste caso, um estudo do meio, que acontece, nos casos citados nas entrevistas, com a realização de passeios e excursões.

 O único método que não foi identificado claramente foi o método de elaboração conjunta. Neste caso Libâneo (1994) afirma que deve existir uma conversação didática sobre um determinado tema, com orientação e controle do docente, mas que considera a opinião dos alunos. Neste método o educando precisa conhecer assunto para que seja possível haver um debate rico e com conteúdo. Este seria o caso de haver, por parte dos educandos, uma leitura sobre o tema, antes da aula.

4.2.2.1 Método de trabalho em grupo (debate e trabalho em grupo)

O método que teve maior frequência, como sendo um formato de aula que faz com que os alunos aprendam, foi o método de trabalho em grupo. Neste, há um trabalho coletivo. Os alunos podem debater, em grupos, determinados temas, aos quais foram apresentados no dia da aula e também em grupos podem apresentar seminários. Observa-se que este foi um dos formatos mais utilizados pelos professores da Faculdade Santa Helena e que aparece como sendo o mais interessante por parte dos alunos. Estes alunos dizem:

“É interessante quando divide a turma e assim cada turma fica com um tema e fica discutindo aquele tema, aí você vai expor para os outros grupos o que o seu tema aborda.” (aluna S.K., 22 anos)

“Eu acho que os slides são muito cansativos, eu acho que com mais dinamismo a gente absorve mais. A professora fazia um círculo para a gente se apresentar, dava um tema pra gente falar.” (aluna J.L. 19 anos)

“Eu tenho mais facilidade de aprender as coisas lendo. Eu prefiro bem esse estilo do que chegar simplesmente e colocar lá na lousa o assunto e explicar, explicar, explicar. É melhor debatendo, com debate de caso.” (aluna S.F., 21 anos)

Em todos os depoimentos, observa-se que os alunos destacam que o trabalho em grupo é importante para que eles aprendam mais. Neste método eles têm a chance de se expor, falar a percepção deles sobre o tema. Também se pode inferir que os alunos acham que trabalhar em grupo é menos cansativo.

4.2.2.2 Método de exposição pelo professor (datashow)

Os alunos falaram do datashow para retratar uma aula expositiva. Vale ressaltar, também, que este recurso, é normalmente utilizado por grande parte dos professores, conforme já foi apontado neste trabalho. Nesta pesquisa a sua utilização chegou a receber críticas negativas em vários depoimentos, como sendo sinônimo de uma aula “chata”. No entanto, também foi colocado como sendo importante para ensino, como método positivo. Alguns depoimentos merecem destaque.

“Uma aula, ela sendo feita dessa forma, com a apresentação de slides, com material, com xerox pra gente acompanhar mais detalhado, é bem proveitoso.” (aluno J.P., 20 anos)

“Usa slide e brincando mesmo, brincando com o aluno, passa e fixa melhor.” (aluno L.P., 22 anos)

“Mas eu gosto muito de recursos, quando o professor bota um vídeo ou um slide, um coisa assim, eu prefiro que seja com recurso. Mas a maioria dos professores

trabalha assim. A gente não tem muito tempo pra ler, não para pra ler um livro ou pra fixar algum assunto. Eu gosto de associar o assunto a uma imagem, sabe? Tipo uma foto.” (aluna T.C., 20 anos)

É preciso observar que nestes discursos o uso do datashow, ou slides, não são vinculados a experiências negativas em sala de aula. A percepção destes alunos mostra que é possível trabalhar o assunto, de forma expositiva, e conseguir despertar o real interesse por parte deles.

Nota-se que o uso do datashow, numa aula expositiva, pode ser explorado pelos professores, de acordo com a aluna T.C., através de vídeos, imagens, ou seja, não é apenas utilizar este recurso com textos, mas sim aproveitar as suas possibilidades. Ressalta-se que o método de exposição pode ser trabalhado através da exposição verbal, da ilustração, da exemplificação ou de demonstração, inclusive essas formas podem ser utilizadas em conjunto (LIBÂNEO, 1994).

Também o discurso do aluno L.P. mostra que é possível dinamizar a aula com o método de exposição, sem torná-la chata. A aula pode ser expositiva e interativa. Apesar da aula expositiva pressupor a postura receptiva por parte do aluno, não quer dizer que estes precisam ser passivos. Também vale fazer uma referência ao que o aluno J.P. falou, pois mostra que além do datashow é importante que haja material de apoio, como textos ou fotocópias dos próprios slides para que os alunos acompanhem e façam suas observações. 4.2.2.3 Método de trabalho independente (atividades/exercícios)

Com menos frequência do que os métodos anteriores, alguns entrevistados expuseram a importância da realização de exercícios para o fortalecimento do aprendizado, ou seja, apontaram o uso do método de trabalho independente. Observou-se que este método reforça o conteúdo que foi trabalhado pelo professor, em método expositivo, por exemplo, fazendo com que o aluno apreenda o assunto. Para Libâneo (1994) este é um método de trabalho independente porque o estudante tem a liberdade de expor suas impressões sobre um determinado tema, conforme o que assimilou sobre a matéria ensinada.

A importância deste método teve destaque nas seguintes entrevistas.

“Aula bastante dinâmica, tinha bastante dinâmica, sempre tinha provas, debates.” (aluno E.A., 24 anos)

“Ao mesmo tempo em que ele passava o conteúdo ele pedia para a gente fazer algum trabalho, alguma dinâmica em grupo pra que a gente desenvolvesse aquilo que a gente aprendeu.” (aluna A.B., 20 anos)

“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio, como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática mesmo.” (aluno L.P. 22 anos)

“Atividade em grupo, exercícios, leitura, uma interação mais em conjunto. Escrita ou participativa.” (aluna R.S., 21 anos)

Nota-se que os exercícios compõem, para estes alunos, o processo de aprendizagem. Fazem parte do processo, não como atividade isolada, mas dentro de um contexto no qual outros métodos são aparentes, como por exemplo, o método de trabalho em grupo, como pode ser observado no discurso do aluno E.A., quando diz que sempre tem provas, debates. Infere-se que são exercícios de avaliação e debates sobre os assuntos trabalhados pelos professores, sendo que este último diz respeito ao método de trabalho em grupo.

Para Rangel (2007, p. 23) este tipo de método possibilita ao aluno:

“aprender a agir; exercitar formas de agir; optar por tipos de atividades e possibilidades de ação; fortalecer a disposição de agir; desenvolver possibilidades de elaboração e estruturação do conhecimento, com pouca interferência do professor; desenvolver confiança em sua capacidade de aprendizagem; exercitar a predisposição ao trabalho de estudar/aprender.” Enfim, é um método capaz de fazer com que o aluno precise se concentrar para obter resultados. Cada um vai trabalhar da maneira que é melhor para o seu aprendizado, buscando a compreensão do assunto ao seu modo de aprender.

4.2.2.4 Atividades especiais (visita técnica)

Também houve frequência de menções nas entrevistas, como sendo um método favorável ao aprendizado a realização de visitas técnicas, que de acordo com Libâneo (1994) se encaixa nas atividades especiais.

“Tentar mostrar o conteúdo não só em aula, mas em prática do dia-a-dia. Fazer visitas técnicas.” (aluno R.F., 26 anos)

“E quando fazem pesquisas fora, externas também eu acho bem interessante, aí todo mundo fica junto, eu gosto.” (aluna V.N., 26 anos)

“Eu preferia a gente saindo para pesquisar em locais diferentes, não ficar só na sala de aula, porque a sala de aula é bom pra aprender também mas é bom a gente sair pra pesquisar e tal.” (aluno A.S., 23 anos)

“Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica também pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a teoria.” (aluno J.P., 20 anos)

Verifica-se que a visita técnica tem o efeito de fazer com que estes alunos observem na prática a teoria que é debatida em sala de aula. É uma maneira diferente, segundo os próprios entrevistados, de aprender. Assim é possível até mesmo, segundo a aluna V.N., unir a turma, aproximar as pessoas. A visita técnica é uma forma de sair da rotina de aulas que acontecem dentro do espaço físico da instituição de ensino e passar a ter aulas em espaços externos, relacionados aos assuntos existentes nas ementas das disciplinas do curso. Em específico, o curso de turismo possui diversas disciplinas de cunho prático que podem ser enriquecidas através das visitas orientadas pelos professores.