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4. ANÁLISE DOS DADOS

4.2 MÉTODOS DE ENSINO FAVORÁVEIS AO APRENDIZADO (SEGUNDO

4.2.1 Competências para o ensino

4.2.1.1 Competência da comunicação (dinamismo/interação)

Inicialmente já merece destaque a categoria da competência da comunicação (dinamismo/interação). Estes dois itens, dinamismo e interação, aparecem juntos por que quando os entrevistados falavam de dinamismo, faziam referência à interação, ou seja, a comunicação entre professor e aluno em sala e aula. Esta interação pode fazer parte de qualquer um dos métodos de ensino, sendo na realidade uma condição para que funcionem adequadamente. De acordo com Medeiros (2007) há uma relação entre comunicação e conhecimento, uma vez que o aluno só consegue perceber o grau de conhecimento de um professor a partir de sua habilidade de comunicação. E é na interação que a comunicação acontece de forma eficaz.

Os métodos só vão funcionar se o professor conhecer o grupo com o qual ele vai trabalhar. Em suma, a comunicação é essencial para todo o processo educativo. Por isso, acredita-se que este item teve destaque por parte dos alunos. Quando o professor apenas fala, sem que haja uma interação, ou um maior dinamismo, o encontro se torna cansativo, pois o personagem principal do processo deixa de ser o aluno e se torna o professor.

“Eu gosto quando sai dessa coisa, porque quando fica lá na frente, passa, passa, passa slide e ele fica só falando, falando, falando. É interessante quando divide a turma e assim cada turma fica com um tema e fica discutindo aquele tema, aí você vai expor para os outros grupos o que o seu tema aborda. Com professor que se destaca porque sabe passar bem a informação. Interessa a forma como ele explica, assim, meio que o diálogo dele.” (aluna S.K., 23 anos)

“As aulas poderiam ser ministradas de forma mais dinâmica, porque puxa o aluno para participar mais, interagindo junto com o professor e não daquela forma de só falar, falar, falar, porque a aula fica monótona.” (aluno R.F., 26 anos)

O diálogo que o professor estabelece com o seu grupo de trabalho faz com que todos se tornem protagonistas do processo de aprendizado, podendo expor suas ideias e entender a opinião de outros colegas de turma. É uma troca de conhecimento. Com base nas ideias de Torre (2008. p.9):

O papel do docente em lugar de centrar-se na explicação de conteúdo assume o caráter de estimulador, mediador e criador de cenários e ambientes [...] O docente não determina mais a aprendizagem (mudanças), mas as sugere, estimula, incentiva, cria condições e meios para que seja o próprio aluno que as construa.

O diálogo assume um papel fundamental no processo de aprendizagem, propiciando uma interação maior e, por conseguinte, uma aprendizagem mais efetiva, construída pelo próprio aluno. O discurso do aluno R.L. merece menção.

“Eu acho assim que o diálogo no início da aula, até pra saber alguma coisa que foi dada no dia anterior, depois começar um novo assunto com os slides mostrados e sempre abrindo parêntesis para que hajam argumentos relacionados ao assunto porque isso faz com que o nosso poder argumentativo melhore bastante. E no final da aula concluir e sempre abrir um espaço para que a gente discuta as situações de acordo com o assunto. Isso fixa muito na cabeça do aluno, quando ele expõe a realidade dele em relação aquilo que ele está estudando. A interação com os professores é importante, muitas vezes a gente quer expor algo e não encontra espaço.” (aluno R.L., 21 anos)

Este diálogo ajuda, conforme relato do aluno R.L., na organização das ideias e melhor compreensão dos assuntos. Além disso, o próprio aluno disse que o poder argumentativo melhora, uma vez que possuem mais espaço para verbalizar seus pensamentos. É interessante que no discurso do aluno há uma necessidade por interação no início, meio e fim das aulas, ou seja, em todos os momentos o diálogo é condição importante para o aprendizado. De acordo com Masetto (2010, p. 12):

[...] sala de aula é espaço e tempo no qual e durante o qual os sujeitos de um processo de aprendizagem (professor e alunos) se encontram para juntos, ora professor e alunos, ora alunos e alunos, ora alunos individualmente realizarem uma série de atividades (na verdade, interatividades).

Essas interatividades dão condição de aprendizado, uma vez que o aluno é parte fundamental do processo de aprendizagem. Sendo assim, a interação acontece com professores, outros alunos e entre eles mesmos (o aluno consigo mesmo), considerando o conhecimento que já possuem, ou seja, suas experiências.

4.2.1.2 Competência do domínio da área do conhecimento (relação entre teoria e prática)

Outro aspecto de grande relevância é a importância que os alunos dão aos professores que fazem relação entre teoria e prática. Estes conseguem maior interação com a turma. Este fato pode acontecer porque, uma vez que o docente tem a vivência sobre determinado tema, consegue ilustrar com mais detalhes, para seus alunos, os assuntos a serem trabalhados. Isso acaba propiciando uma maior interação. O estudante sente muita necessidade de entender a teoria relacionando-a com a prática. Buscam saber qual a aplicabilidade do que estão aprendendo e, quando o professor consegue demonstrar a relação teoria e prática, o assunto torna-se mais interessante. Os trechos seguintes retratam a opinião de dois entrevistados sobre o assunto.

“Professor que o que ele aplicava ele explicava o cotidiano, aí ficava bem mais fácil pra você compreender o que ele falava. Ele dava exemplos, algo assim do nosso cotidiano que realmente facilitava o aprendizado [sic].” (aluna S.C., 25 anos).

“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio, como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática mesmo.” (aluno L.P. 22 anos).

Mais do que uma interação apenas com o mercado de trabalho, é fundamental conseguir relacionar o assunto, também, com o universo do aluno, para que ele possa compreender melhor através da possibilidade de contextualizar o que está aprendendo. A tarefa do aprendizado torna-se mais interessante e menos distante, pois se aproxima do universo conceitual do aluno. Em outra entrevista é retratada mais uma vez a relevância da junção entre teoria e prática.

“A relação da teoria com a prática, principalmente e a forma também de trabalhar. Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica também pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a teoria.” (aluna A.B., 21 anos)

O aluno valoriza o seu professor quando observa que ele fala de algo que conhece, não apenas nos livros, mas em sua vivência. Infere-se que este aspecto dá maior segurança ao educando e maior credibilidade ao educador. Cria-se uma relação de confiança que, por sua vez, facilita o processo de ensino-aprendizagem.