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Avaliação da interdependência da estratégia empresarial com a gestão financeira

CONCORRÊNCIA (Objectivos de participação no

6. modelos que relacionam os preços com as decisões individuais

2.4 Avaliação da interdependência da estratégia empresarial com a gestão financeira

Numa perspectiva sistémica, a análise duma organização tem de ponderar as interacções entre os factores externos e os factores internos que podem condicionar e potenciar o planeamento estratégico. a fase de concepção implica portanto, um conhecimento das ameaças e oportunidades por um lado e dos pontos fortes e fracos, por outro, só depois se poderá efectuar uma escolha da estratégia a seguir.

Assim, para ser eficaz, o processo estratégico deve ser lógico e sequencial. A estratégia tem pois que: explicitar a indústria e os segmentos onde se vai dirigir; conhecer os FCS em cada segmento escolhido; estabelecer quais as áreas e actividades críticas; delinear qual a melhor estratégia; verificar como se podem utilizar os sistemas de informação (SI) e as tecnologias de informação (TI) para melhor se diferenciar e ganhar vantagem competitiva; confirmar a implementação da estratégia através da verificação da performance conseguida pela empresa no alcance dos objectivos estabelecidos.

Como se antevê é difícil ter certezas. Mas também só a capacidade de conhecermos melhor a concorrência e a nossa própria organização, nos permitirá definir mais racionalmente o futuro da nossa organização/empresa/indústria, nunca esquecendo a sua função, como tão bem definiu Ribeiro (1985): A empresa é um agrupamento humano hierarquizado que põe a funcionar meios intelectuais, físicos, financeiros, para extrair, transformar e distribuir riquezas ou produzir serviços, em conformidade com os objectivos definidos por uma direcção, pessoal ou colectiva, fazendo intervir a diversos níveis as motivações do lucro e da utilidade social.

A formulação de uma estratégia empresarial deve estar vinculada, segundo Johnson e Scholes (1996), à performance organizativa, respeitando critérios lógicos, adequados à realidade cultural com evidências de investigação, e, sobretudo, respeitar os interesses e as expectativas dos stakeholders. Para tal a rentabilidade e o risco devem ser avaliados para se aferir da validade da opção estratégica.

A rentabilidade enfoca principalmente nos rendimentos que irá gerar, período de retorno do capital investido na implementação da estratégia e cashs-flows previstos.

A análise de sensibilidade, bem como a projecção de rácios económico- financeiros são ferramentas úteis de valorização do risco durante a avaliação estratégica. Citando Chiavenato (1987) que, apoiando-se em cinco variáveis básicas de gestão ao longo do tempo, anteriormente referidas: ênfase nas tarefas e na tecnologia (Taylor, 1911), ênfase na estrutura organizacional (Fayol, 1916), ênfase nas pessoas (Mayo, 1933) e ênfase no ambiente, afirma que a gestão deve ter um comportamento, sistémico e correlacionado, pois só uma adequada gestão financeira poderá avaliar a exequibilidade da estratégia formulada.

A Gestão Financeira, de acordo com Menezes (1988), concentra-se sobre o estudo das decisões financeiras assumidas na empresa.

O elemento humano configura-se como o substrato da empresa, revelando-se a detenção do poder de decisão na empresa, muitas vezes, através de vínculos e de relações informais que têm mais a ver com as características psicológicas dos indivíduos de que com as suas posições hierárquicas.

Para Wilson (1990) a Gestão Financeira abrange o conjunto de técnicas cujos objectivos principais consistem na obtenção regular e oportuna dos recursos financeiros necessários ao funcionamento e desenvolvimento da empresa, ao menor custo possível e sem alienação da sua independência e, também, ao estudo e controlo da rendibilidade de todas as aplicações a que são afectos esses recursos.

Para este autor os objectivos da Gestão Financeira estendem-se essencialmente às seguintes áreas:

• Estudo das decisões de investimento em capital fixo e em capital circulante permanente e selecção das respectivas fontes de financiamento;

• Negociação de financiamentos;

• Gestão da tesouraria: decisões financeiras a curto prazo, visando a maximização do cash-flow;

• Controlo da rendibilidade de todas as aplicações efectuadas na empresa; • Controlo do equilíbrio financeiro estrutural;

• Análise dos documentos financeiros mais importantes;

• Elaboração de informações financeiras para fins internos e externos; • Estudo das políticas de amortização e reintegração do imobilizado;

• Estudo das políticas de constituição de provisões para depreciação do capital circulante e para cobertura de outros riscos e encargos;

• Estudo das políticas de distribuição dos resultados.

Ao traçarem-se os objectivos da Gestão Financeira, haverá que distinguir da Gestão Financeira, em sentido lato, que engloba a Análise Financeira, da Gestão Financeira em sentido restrito, objecto do presente estudo.

Para Conso (1980), e Menezes (1988) enquanto a Análise Financeira compreende o conjunto de técnicas destinadas a estudar as situações económica e

financeira da empresa (situação de tesouraria e estrutura financeira), através dos

documentos contabilísticos e financeiros fundamentais e das demais informações disponíveis, com diversos objectivos, de entre os quais ressalta a concessão de crédito bancário; a Gestão Financeira, em sentido restrito, abrange essencialmente

o conjunto de técnicas que visam a melhoria das decisões financeiras assumidas no

interior da própria empresa e do respectivo controlo, socorrendo-se, naturalmente, dos estudos desenvolvidos na área da Análise Financeira.

Os objectivos da Gestão Financeira, versus objectivos específicos, baseando-nos em Chiavenato (1987) podem ser agrupados em quatro categorias:

• Lucro, considerado dentro da sua dupla óptica:

De retorno dos proprietários

Da economia da empresa • Expansão da empresa

Seja em relação a ela mesma

Seja em relação ao mercado em que participa • Segurança

Que corresponde ao desejo da empresa de assegurar o seu futuro e continuidade

• Autonomia ou independência

O lucro, a segurança e a autonomia são objectivos de sobrevivência da

empresa. A expansão é um objectivo de crescimento empresarial.

Para Drucker (1975), o lucro não é uma causa e sim uma consequência/resultado do desempenho da empresa em marketing, inovação e produtividade. O lucro é um teste de desempenho – o único teste eficaz.

O aprofundamento da gestão financeira será efectuada em anexo ao presente trabalho. Depois de sucintamente analisada a gestão financeira, apresentados conceitos e seus objectivos, julgamos ter estabelecido a sua relação com a evolução das teorias estratégicas empresariais e as suas diferentes fases que resumimos no quadro seguinte:

20

Matriz de Avaliação dos Factores Externos 21 Matriz de Avaliação dos Factores Internos

1-Fase de recolha de informação

2-Definição dos objectivos a atingir

3-Definição dos objectivos funcionais, opções e formulação estratégica 4-Avaliação e controle  Definição da missão e da visão da empresa  Objectivos gerais  Nova matriz de segmentação  Acção concreta a implementar  Avaliação da estratégia e controle  MAFE 20  Estratégias a implementar  Operacionalização dos objectivos

 Estreita ligação com

a auditoria de gestão

 MAFI 21  MQPE  Estreita ligação com a

gestão financeira Quadro 9 – Estratégia Empresarial

Fonte: Elaboração própria

Num trabalho de Estratégia Empresarial há, no entanto muitas interrogações, muitas dúvidas, cuja resolução se nos afigura problemática. Assim, entre muitas outras, podemos questionar: (i) Se o processo depende mais de visionários do que juízos formais, como reduzir o risco?; (ii) Se o mercado se comporta de forma descontinuada como analisar as tendências?; (iii) Se o meio ambiente é difícil de predizer, como analisar e avaliar a escolha de uma estratégia?; (iv) Se do mercado a informação não é fluida, como se pode avaliar a concorrência ou conhecer a sua verdadeira estrutura de custos? E a sua capacidade financeira?.

Os dias de hoje, como referem Wohlgezogen et al (2008), não se compadecem com estratégias de gestão que não contemplem estes períodos tão perturbantes. E os números são arrasadores: apenas 9% das empresas saem mais forte destes períodos recessivos.

Idealizam por isso quatro modelos de gestão os quais pretendem equilibrar movimentos ofensivos e defensivos, de acordo com uma situação concreta e não conceptual.

Apresentam quatro modelos: (i) preventivo & defensivo, focalizado no corte de custos e investimentos. O padrão tradicional em período de recessão e pessimismo;

(ii) expansionista & ofensivo, centrado na exploração de “pechinças” a todo o

custo, sem controlo do endividamento e da avaliação dos ganhos a longo prazo dos movimentos “ofensivos” realizados, alimenta um clima interno de optimismo ilusório;

(iii) pragmático, procura combinar, de um modo empírico, movimentos defensivos e

ofensivos, de acordo com a situação concreta; (iv) progressivo, procura optimizar a combinação que os pragmáticos praticam, mas de acordo com uma visão estratégica e apostando na eficiência operacional, moral interna elevada e criação de valor para o cliente.

O que se pretende com a inclusão destes modelos, desta temática da revisão bibliográfica, é evidenciar que gerir é, sobretudo, ter bom senso aplicando uma visão estratégica bem delineada, adaptada às situações concretas, dos quais os dias de hoje poderão constituir um novo paradigma na área de economia e finanças.