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5. A UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

5.3. O CAMPUS DA UTAD E OS PROGRAMAS DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

5.3.1. AVALIAÇÃO DE COMPONENTES ASSOCIADAS A SGA PRESENTES NA UTAD

No âmbito dos programas de SGA estudados são vários os componentes considerados e que se encontram sintetizados no quadro 5 do capítulo 3.

Na avaliação sobre quais os componentes que presentes no campus da UTAD podem ser considerados em programas de SGA, agruparam-se os componentes em três grandes áreas associadas a:

A – Mobilidade, ruído e produção de CO2;

B – Eficiência energética, produção de resíduos e consumos de água; C – Proteção dos solos, biodiversidade e produção de alimentos.

Segue-se uma reflexão sobre cada uma das áreas de componentes associadas caracterizando-se a situação atual do campus da UTAD.

A – Componentes de programas de SGA associados à Mobilidade, Ruido e Produção de CO2

No relatório

UTAD-EcoUniversidade-EcoCampus: Proposta de Candidatura ao Eixo Prioritário III do Programa ON2 Valorização do Espaço Regional” realizado em 2014 pela UTAD, são identificados os constrangimentos e potencialidades que o campus apresenta atualmente. De entre os constrangimentos, destacam-se o número excessivo de veículos presentes no campus em circulação e estacionados (figura 79) e as áreas e sentidos de circulação (figura 80). As vias destinadas à circulação rodoviária ocupam uma área considerável o que acaba por retirar um pouco da identidade de todo o espaço. O campus apresenta-se compartimentado pela presença automóvel, gerando assim um elevado impacto visual e ambiental.

105

Figura 78 - Carta de Mobilidade Rodoviária - Acessos Rodoviários e Estacionamento Fonte: UTAD (2014)

106 Figura 79 - Carta de Mobilidade Rodoviária - Sentidos de Trânsito Fonte: UTAD (2014)

Verifica-se que na área histórica/central do campus existe um elevado número de vias rodoviárias com dois sentidos, o que cria conflitos entre os peões e os veículos devido ao excesso de circulação automóvel. A falta de um sentido capaz de gerar uma circulação em circuito torna o trânsito menos fluído.

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Figura 80 - Carta de Mobilidade Rodoviária - Transporte Público e Paragens Fonte: UTAD (2014)

O transporte público é identificado através de todos os percursos e paragens na figura 80, revelando-se um importante meio de transporte que assume um circuito ao longo de todo o campus, capaz de responder às necessidades dos utilizadores da academia, sendo um potencial substituto do veículo para muitos utilizadores com viatura própria. De referir ainda a existência da linha de caminho-de-ferro desativada, que assume um eixo importante, numa zona periférica à confluência de veículos com as pessoas, e que poderá assumir um papel importante para a rotina da instituição no que diz respeito à mobilidade. No campus não existem faixas específicas de circulação para bicicletas.

108 Figura 81 - Carta de Mobilidade Pedonal – Hierarquia

109 Figura 82 - Carta de Mobilidade Pedonal – Acessibilidade Fonte: UTAD (2014)

A mobilidade pedonal ocupa uma importante parte do campus. Porém, após a análise da figura 81 e caracterização dos acessos pedonais compreende-se que os acessos pedonais apresentam menor importância que os acessos automóveis nomeadamente por falta de acessos a determinados locais do campus - campos agrícolas zona da pré-escarpa - e inadequado dimensionamento e implantação.

Ao se analisar de modo pormenorizado os acessos existentes verifica-se a ausência de percursos pedonais acessíveis para todos (figura 82), com as devidas condições de segurança. Esta questão torna-se

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preocupante na medida em que o campus universitário deveria cumprir os requisitos mínimos de acessibilidade para todos os utilizadores.

Verifica-se também que os percursos pedonais não se encontram devidamente dimensionados em função dos fluxos dos peões, não apresenta continuidade dos percursos e dos pavimentos, os pavimentos são poucos confortáveis no que diz respeito aos materiais utilizados e às condições climáticas, luminotécnicas e estético/sensoriais.

Quando analisado o ruído verifica-se que se faz sentir de modo mais permanente quando associado à circulação automóvel, e por isso ao longo das vias e mais intensamente durante o período de aulas. Também pontualmente se verificam níveis mais elevados de ruído em espaços onde se realizam atividades ruidosas como sejam oficinas e hangares e espaços com animais.

Já no que diz respeito à Produção de CO2, deve-se essencialmente à circulação rodoviária, sendo ainda parte da sua origem devido ao aquecimento a gás e à produção pecuária. Porém, a instituição está na fase final de desenvolvimento de um sistema de monitorização da qualidade do ar que em breve será lançado. Numa fase inicial este sistema será instalado em seis áreas do campus e abrange a análise de temperatura, CO2, vento, chuva, entre outros.

Em resumo, no que diz respeito às componentes associadas à Mobilidade, Ruido e Produção de CO2 presentes na UTAD e quando entendidas na perspetiva dos programas de SGA estudados, pode-se considerar que a situação da UTAD é pouco adequada requerendo um melhor planeamento estratégico.

B – Componentes de programas de SGA associados à Eficiência energética, Produção de Resíduos e Consumos de Água

Tendo por base os dados fornecidos pelo

UTAD-EcoUniversidade-EcoCampus: Proposta de Candidatura ao Eixo Prioritário III do Programa ON2 Valorização do Espaço Regional” produzido pela UTAD, entrevistas realizadas ao professor Doutor Amadeu Borges em Maio de 2015 e funcionários da instituição e ainda através da observação da situação atual pode-se dizer que:

Quando analisadas as questões de eficiência energética em espaço exterior, os principais problemas detetados na UTAD prendem-se com o sistema de iluminação. Este apresenta, essencialmente, dois tipos de problemas que levam a um deficiente e inadequado tipo de iluminação e que provoca ainda um excessivo gasto energético, sendo eles:

111 - Mau estado de conservação dos aparelhos de iluminação;

- Aparelhos de iluminação que não direcionam a luz correctamente, dificultando a mobilidade.

Tem-se na UTAD uma ineficiente iluminação, verificando-se a necessidade da sua remodelação.

Já no que diz respeito aos Resíduos produzidos nos espaços exteriores, a UTAD procede de modo distinto em função do tipo de resíduos.

Vidro

É efetuada separação e armazenamento do vidro visando a sua reutilização. O vidro que não é reutilizável é enviado para o lixo comum.

Plástico

Não é feita qualquer tipo de reciclagem em relação ao plástico, sendo todo o plástico direcionado para o lixo comum que posteriormente é recolhido por uma empresa externa.

Papel

Tendo uma produção média de 2 a 5 toneladas por mês (provenientes das secretarias, centro de cópias e trabalhos gerais), todo o papel é valorizado e vendido a empresas exteriores que asseguram a sua reciclagem. O único papel que é diretamente reciclado na UTAD é o que resulta do destruidor de papel sendo o papel destruído utilizado nas camas de animais e maternidades.

Em salas de aulas e bares não é feita qualquer tipo de reciclagem indo todo o papel para o lixo comum.

Domésticos (RSU)

A recolha é feita por uma empresa exterior, ficando a cargo da mesma a compostagem ou outro tipo de ação com a matéria recolhida. Porém, a uma menor escala, já é feita alguma compostagem dentro do campus que posteriormente é usada no jardim.

Produtos Tóxicos

É feita a recolha de todos os produtos tóxicos resultantes, nomeadamente, dos laboratórios através de uma empresa exterior devidamente certificada para este tipo de trabalho.

Animais

É usado um sistema de decantação constituído por duas lagoas, sendo separados os resíduos sólidos dos líquidos. Os líquidos, que ficam nas lagoas, são usados para a rega de terrenos agrícolas.

112 Adubos

O uso de adubos não é muito elevado pelo que exercem pouca influência sob o meio ambiente.De notar que no presente ano de 2015, se erradicou o uso de qualquer tipo de herbicida.

Águas Residuais / Saneamento

É feita recolha e tratamento por serviços municipais. Em relação aos resíduos são vários os destinos havendo os que sofrem tratamento interno (lagoas de decantação) ou municipal acarretando custos, tendo a instituição como objetivo a longo prazo implementar a sua própria ETAR ou reutilização nos próprios processos de manutenção de instalações e os que têm tratamento externo por obrigarem a reciclagem por empresas especializadas ou creditadas.

É ainda de referir que no que diz respeito aos consumos de água que a UTAD tem tido desde sempre grande cuidado com os consumos, tendo desenvolvido propostas de uso para os seus espaços exteriores que atenderam à preservação dos seus recursos hídricos (poços, minas, reservatórios, tanques), tal como tiveram em consideração o clima e disponibilidades hídricas de cada microsítio, entendendo-se estes como a combinação de linhas de água, exposição solar, topografia e espécies que definem sistemas capazes de reduzir os consumos de água. Atualmente já é possível verificar-se uma redução na quantidade de água utilizada e no consumo de energia para o transporte da água dado se ter instalado um sistema eficiente de transporte.

Em resumo, no que diz respeito às componentes associados à Eficiência energética, Produção de resíduos e Consumos de água na UTAD, quando entendidas na perspetiva dos programas de SGA estudados, a situação da UTAD pode ser consideradapouco adequada, requerendo um melhor planeamento estratégico.

C – Componentes de programas de SGA associados à Proteção dos Solos, Biodiversidade e Produção de Alimentos

A figura 84, também presente no relatório

UTAD-EcoUniversidade-EcoCampus: Proposta de Candidatura ao Eixo Prioritário III do Programa ON2 Valorização do Espaço Regional” apresenta a diversidade de usos que o solo da UTAD apresenta, não sendo apenas identificadora do cuidado tido com os aspetos biofísicos mas também com as necessidades formativas, de investigação e do campus como um laboratório vivo. As questões relacionadas com os aspetos biofísicos são possíveis de observar na figura 85, na carta de condicionantes, com informações fornecidas pela carta de condicionantes do PDM de Vila Real publicado em Decreto-Lei nº7317/2011. Diário da República – 2ª série – nº57. 22 de Março de 2011, às quais se acrescentam as linhas de drenagem natural da UTAD e topografia.

113 Figura 83 - Carta de Uso dos Solos

114 Figura 84 - Carta de Condicionantes

Fonte: PDM da CM de Vila Real

Verifica-se que a UTAD apresenta áreas de proteção (REN) em áreas possíveis de serem inundáveis e sujeitas a erosão, fazendo-se assim a proteção dos solos de áreas florestais e matas em áreas de declives acentuados. As áreas com solos de melhor qualidade são ocupadas com áreas agrícolas/vinhas. Todos os aspetos relacionados com solos são entendidos e atendidos na UTAD (figura 83).

A biodiversidade é outro dos aspetos presentes em todo o campus ressalvando-se as áreas de proteção da REN. Ainda relacionados com a biodiversidade tem-se o banco de genes e as coleções temáticas integrando- se neste contexto: o jardim botânico, algumas das áreas agrícolas e de vinhas.

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Quanto às áreas destinadas à produção de alimentos tem-se pomares, soutos, vinhas e campos agrícolas.

As áreas florestais também têm uma forte representatividade no campus, sendo que estas complementam os espaços sem edifícios na zona mais central do campus, formando um importante contínuo verde quando observadas em conjunto com as coleções do JBUTAD.

Das áreas ocupadas por animais destaca-se o túnel de voo, onde se recuperam aves selvagens que posteriormente são devolvidas ao seu habitat natural e os pastos.

Todas as restantes áreas verdes de plantação ou de enquadramento são também importantes quando interligadas com áreas anteriormente referidas e permitem que os edifícios sejam envolvidos por espaços verdes.

É de referir, que no mês de Março de 2015, a instituição procedeu à plantação de 30 a 40 árvores. Este tipo de ações é importante na medida em que a plantação de árvores é uma mais-valia, não só no que diz respeito às componentes estéticas como também na biodiversidade e captação de CO2.

Em resumo, no que diz respeito às componentes associados à Proteção dos solos, Biodiversidade e Produção de alimentos na UTAD quando entendidas na perspetiva dos programas de SGA estudados, a situação da UTAD pode ser considerada pouco adequada, requerendo uma melhoria contínua.

Em conclusão e tendo por objetivo relacionar as componentes presentes em programas de SGA e as que se encontram na UTAD apresenta-se a tabela 6:

Tabela 6 – Componentes dos programas estudados que a UTAD cumpre atualmente (à data de Maio de 2015)

COMPONENTES DE ESPAÇO EXTERIOR

INTEGRADAS EM PROGRAMAS DE SGA - GERAL

COMPONENTES DE ESPAÇO EXTERIOR INTEGRADAS EM PROGRAMAS DE SGA – UTAD

IS

O

14

00

1

- Combate à contaminação dos solos e águas - Conservação da biodiversidade

- Plantação de árvores (importantes na captação de CO2)

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo CUMPRE CUMPRE

IS

O

50

00

1

116

EM

AS

- Combate à contaminação dos solos - Redução da produção de ruído - Redução dos consumos de água - Redução da produção de resíduos

- Eficiência energética do sistema de iluminação - Mobilidade sustentável6

- Produção de alimentos orgânicos

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo NÃO CUMPRE – Possível implementação a médioprazo NÃO CUMPRE – Implementação de longo prazo CUMPRE

GRE

EN CA

M

PUS

- Combate à contaminação dos solos - Redução da produção de resíduos

- Redução das emissões de CO2 dos veículos - Redução dos consumos de água

- Conservação da água da chuva

- Eficiência energética do sistema de iluminação - Conceção de locais de drenagem da água da chuva - Conceção de espaços verdes urbanos

- Promover a segurança dentro do campus, nomeadamente para peões e ciclistas

- Fazer do campus um laboratório vivo

- Produção de alimentos para consumo próprio da instituição (plantação de hortas com frutas e vegetais, poupar água e energia nas plantações)

- Promover a ecologia urbana - Promover a paisagem sustentável

- Promover o estilo de vida ativo e saudável através de atividades ao ar livre

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

CUMPRE

NÃO CUMPRE - Implementação a longo prazo

NÃO CUMPRE – Possível implementação a médio prazo CUMPRE

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Implementação a longo prazo

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

NÃO CUMPRE - Possível implementação a curto-médio prazo

6 A mobilidade sustentável é a capacidade de dar resposta às necessidades da sociedade sem interferir com os valores humanos e

ecológicos no presente e no futuro. Esta deve ser feita de modo a contribuir para a redução do consumo de combustíveis fósseis, emissões de CO2 e tempo de espera.

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GRE

EN LEAGUE

- Redução dos consumos de água - Reduzir impactos na natureza - Redução do trânsito

- Promover e proteger a biodiversidade

- Mobilidade sustentável (pontos de carregamento de carros elétricos, reabilitação das estradas, facilidades para os ciclistas e criação de passeios seguros para os peões)

- Desenvolvimento de um sistema inteligente para o transporte

- Produção de alimentos para consumo próprio da instituição (plantação de hortas com frutas e vegetais, poupar água e energia nas plantações)

- Promover o estilo de vida ativo e saudável através de atividades ao ar livre

CUMPRE CUMPRE

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Implementação de longo prazo

NÃO CUMPRE – Implementação de longo prazo NÃO CUMPRE – Implementação a longo prazo

CUMPRE

ECOCA

M

PUS

- Conservação da água da chuva - Redução dos consumos de água

- Plantação de árvores (importantes na captação de CO2)

- Plano de mobilidade do campus

- Criar as devidas condições aos peões e ciclistas - Revisão anual do Plano de Gestão da Paisagem - Promover e proteger a biodiversidade

- Conservação dos recursos naturais - Fazer do campus um laboratório vivo - Criação de corredores verdes

- Produção de alimentos para consumo próprio da instituição (plantação de hortas com frutas e vegetais, poupar água e energia nas plantações)

NÃO CUMPRE - Implementação a longo prazo CUMPRE

CUMPRE

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto-médio prazo

NÃO CUMPRE – Possível implementação a curto prazo NÃO CUMPRE - Implementação a longo prazo CUMPRE

CUMPRE CUMPRE CUMPRE

NÃO CUMPRE – Implementação a longo prazo

Programas como Ecocampus ou Green Campus parecem ser possíveis de implementar na UTAD num curto prazo de tempo considerando as caraterísticas dos seus espaços exteriores. Estes programas podem ser

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passos intermédios importantes para se alcançarem programas mais exigentes como o EMAS e a classificação da norma ISO 14001.

Ao analisar a tabela 6 ressalta o fato de que o campus da UTAD teria as devidas condições para cumprir as medidas dos SGA estudados, à parte de medidas pontuais que requerem uma fase mais avançada de implementação dos SGA.

Como já se tinha sido referido anteriormente, o SGA ISO 14001 e 50001 contemplam poucas componentes dos espaços exteriores visto serem mais focados em edifícios e energia pelo que se considera não serem os SGA mais aconselhados de serem aplicados à UTAD.

Os restantes SGA envolvem medidas que se aplicam ao campus da UTAD porém, tendo em conta as funções, a mobilidade e o ordenamento que foram propostos, o SGA que melhor aplicação poderia ter atualmente no campus da UTAD era o EcoCampus, isto porque as medidas que contempla para os espaços exteriores são coincidentes com o que se poderia promover, criar e alterar num curto espaço de tempo no campus da UTAD. É ainda de referir que não se indicou a medida “revisão anual do Plano de Gestão da Paisagem” porque a instituição ainda não elaborou nenhum tipo de relatório ambiental que permitisse verificar quais as medidas a ter em conta para a criação de uma gestão da paisagem e respetivo plano.

Os restantes SGA podem vir a ser uma realidade de implementação no campus da UTAD mas a médio e longo prazo, pois já envolvem questões relacionadas com sistemas inteligentes de transporte e com conceitos de mobilidade sustentável.