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A avaliação do ecocampus e parâmetros de avaliação: aplicação ao Campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A AVALIAÇÃO DO ECOCAMPUS E PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO

APLICAÇÃO AO CAMPUS DA UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista

Diana Carina Cabeleira de Carvalho

Orientador – Professora Doutora Laura Roldão Costa

Co-Orientador – Professor Doutor Frederico Meireles Rodrigues

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i

Dissertação de Mestrado apresentada para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Arquitetura Paisagista, de acordo com o disposto no Decreto de Lei n.° 216/92, de 13 de Maio

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ii

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iii

AGRADECIMENTOS

Todos os percursos são feitos de altos e baixos e quando, finalmente, estes são ultrapassados é essencial agradecer a todos aqueles que nos acompanharam e foram essenciais.

À minha orientadora, Professora Doutora Laura Roldão Costa, por todo o apoio, incentivo, disponibilidade e aprendizagem que sempre me transmitiu, não só no decorrer da elaboração da presente dissertação mas também ao longo de todo o curso, agradeço profundamente.

Ao meu co-orientador, Professor Doutor Frederico Meireles Rodrigues, por toda a disponibilidade, aprendizagem, transmissão de conhecimentos e incentivo, não só nesta etapa final mas também ao longo de todo o curso.

Ao professor Doutor Amadeu Borges, pela disponibilidade, transmissão de conhecimentos e informação essenciais para o desenvolvimento da presente dissertação.

À minha mãe, o meu exemplo de força, por todo o esforço e dedicação, por ser o pilar de toda a minha vida e formação. E ainda à minha querida avó, tios e primas, por todo o apoio e amor.

Às minhas amigas, de sempre e para sempre, que estando longe, fizeram questão de se fazerem sentir sempre bem perto, nunca permitindo que a fraqueza me invadisse: Ana A., Ana X., Helóisa, Joana, Marta e Rute.

Aos meus amigos e também colegas de curso, que fizeram esta caminhada universitária a meu lado, sempre com espírito de companheirismo e animação, do qual irei sentir muitas saudades: Carla, Guilherme, Joana, Luciana, Max, Patrícia, Pedro e Zé.

Por último, e por ser de caráter particular, o meu enorme agradecimento ao Pedro. Por todas as horas, dias, semanas e meses a prestar apoio e força para chegar ao fim desta importante etapa. Por todo o amor e amizade, bem como paciência e dedicação. Uma simples palavra poderá soar a pouco mas está carregada de agradecimento profundo: obrigada.

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RESUMO

Desde há muito tempo que a preocupação com o meio ambiente passou a integrar os espaços físicos, programas pedagógicos e espaços de investigação das universidades. As preocupações foram progressivamente dando lugar à implementação de modelos de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA), o que implicou maior consciência e controle das atividades e práticas ambientais nos campi universitários.

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância que os espaços exteriores dos campi universitários têm na implementação de um SGA com o fim de obter a certificação ambiental. Para melhor compreensão do estudo, fez-se a aplicação de SGA usando-se como caso de estudo o campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Concluiu-se que os espaços exteriores do campus da UTAD cumprem grande parte dos parâmetros definidos pelos SGA estudados podendo vir a obter certificações, bastando o reajustamento de alguns parâmetros e a elaboração de relatórios ambientais e planos de gestão do espaço exterior. Juntando a estes parâmetros de avaliação dos espaços exteriores os que existem para outros setores, poderia ser uma realidade a obtenção de uma certificação ambiental por parte da instituição a curto prazo.

PALAVRAS-CHAVE:

Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável, Campi Universitários, Sistemas de Gestão Ambiental, Espaços Exteriores

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ABSTRACT

For a long time that environmental concerns have been part of physical spaces, school programmes and research departments at universities all around the globe.

These environmental concerns were gradually giving way to the implementation of models of Environmental Management Systems (EMS), generating bigger awareness and control of environmental practices across the university campi.

This dissertation aims to demonstrate the benefits of EMS when implemented in order to receive environmental certification. For a better understanding of this study we used as case of study Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro's campus.

It was concluded that most of the UTAD's outdoor areas would be complying with the majority of EMS regulations to obtain certifications after some readjustments on some parameters with longer term as well as the creation of environmental and management reports on the outdoor areas.

Joining to these evaluation parameters for outdoor areas another sector's parameters it could be a reality obtaining an environmental certification by the institution in a short-term time.

KEYWORDS:

Environment, Sustainable Development, University Campus, Environmental Management Systems, Outdoors

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ………..………..………...III RESUMO ……….………..…...IV ABSTRACT ……….………..V ÍNDICE GERAL ……….………..…VI

INTRODUÇÃO ... 13

OBJETIVOS ... 14

METODOLOGIA E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 15

2. OS CAMPI: CONCEITOS E EVOLUÇÃO ... 17

2.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES ... 17

2.2. ORIGEM DOS CAMPI E SUA EVOLUÇÃO ... 18

2.3. O DESENHO DOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS NA EUROPA E ESTADOS UNIDOS ... 20

2.3.1. AS ACADEMIC VILLAGES ... 25

2.3.2. O PITORESCO ... 27

2.3.3. O MOVIMENTO CITY BEAUTIFUL ... 30

2.3.4. A ERA DO MODERNISMO ... 31

2.3.5. O PÓS-GUERRA ... 33

2.3.6. O CAMPUS CONTEMPORÂNEO ... 36

3. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E OS CAMPI ... 39

3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 40

3.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NOS CAMPI ... 42

3.2.1. EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUA RELAÇÃO COM AS UNIVERSIDADES .... 44

3.3. O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NAS UNIVERSIDADES ... 48

3.3.1. O SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ... 48

3.3.1.1. ISO 14001 ... 52

3.3.1.2. EMAS (Eco-Management and Audit Scheme) ... 55

3.3.1.3. ISO 50001 ... 59

3.3.2. OUTROS PROGRAMAS DE SGA ... 59

3.3.2.1. PROGRAMA ECOCAMPUS ... 60

3.3.2.2. PROGRAMA GREEN LEAGUE ... 62

3.3.2.3. PROGRAMA GREEN CAMPUS ... 64

3.4. A ADOÇÃO DOS SGA PELAS UNIVERSIDADES ... 66

3.5. A APLICAÇÃO DOS SGA’S NO ESPAÇOS EXTERIORES ... 71

4. CASOS DE ESTUDO ... 73

4.1. KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 74

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4.3. UNIVERSITÄT BREMEN ... 85

4.4. FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA ... 89

5. A UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO ... 95

5.1. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO ... 96

5.2. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPUS DA UTAD ... 97

5.2.1. CARATERIZAÇÃO DO CAMPUS ... 97

5.2.2. JARDIM BOTÂNICO DA UTAD ... 100

5.2.3. PRÉ-ESCARPA E ESCARPA ... 101

5.2.4. CAMPOS EXPERIMENTAIS... 102

5.2.5. OUTROS ESPAÇOS EXTERIORES ... 102

5.3. O CAMPUS DA UTAD E OS PROGRAMAS DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ... 103

5.3.1. AVALIAÇÃO DE COMPONENTES ASSOCIADAS A SGA PRESENTES NA UTAD ... 104

5.4. PROPOSTA A DESENVOLVER PARA OS ESPAÇOS EXTERIORES DA UTAD VISANDO O DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE SGA ... 118

5.4.1. FUNÇÕES – ÁREAS DE OPORTUNIDADE ... 123

5.4.1.1. EFICIENCIA ENERGÉTICA ... 124

5.4.1.2. PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, CONSERVAÇÃO DE SOLOS, CONSERVAÇÃO DA ÁGUA ... 124

5.4.1.4. REDUÇÃO NA PRODUÇÃO DE RESIDUOS E PROMOÇÃO DA RECICLAGEM ... 125

5.4.1.5. PROMOVER O ESTILO DE VIDA ATIVO E SAUDÁVEL ATRAVÉS DE ATIVIDADES AO AR LIVRE ... 125

5.5. APLICAÇÃO DAS MEDIDAS DOS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL AOS ESPAÇOS EXTERIORES DO CAMPUS DA UTAD ... 132

CONCLUSÕES ... 135

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 139

ANEXOS ... 145

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 1–METODOLOGIA DO TRABALHO ... 15

FIGURA 2-CENTRO DA UNIVERSIDADE DE BERKELEY 1903 ... 20

FIGURA 3-UNIVERSIDADE DA VIRGÍNIA 1856 ... 20

FIGURA 4-COLÉGIO DE OXFORD,LONDRES 1264... 20

FIGURA 5-ILUSTRAÇÃO DE AULAS DE LEITURA EM CASAS ALUGADAS OU IGREJAS ... 21

FIGURA 6-PÁTIO DO PALAZZO DELL’ARCHIGINNASIO ... 21

FIGURA 7-MERTON COLLEGE,OXFORD 1675 ... 23

FIGURA 8-PLANO DE MERTON COLLEGE,OXFORD 1266 ... 23

FIGURA 9-TRINITY COLLEGE,CAMBRIDGE 1690 ... 24

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ix

FIGURA 11-ILUSTRAÇÃO DE HARVARD UNIVERSITY,1767 ... 25

FIGURA 12-PLANO ORIGINAL DE UNIVERSITY OF VIRGINIA,1822 ... 26

FIGURA 13-ILUSTRAÇÃO DE UNIVERSITY OF VIRGINA,1856 ... 27

FIGURA 14-ILUSTRAÇÃO DE PRINCETON UNIVERSITY,1870... 27

FIGURA 15-PLANO ORIGINAL DE STANFORD UNIVERSITY,1886 ... 28

FIGURA 16-ILUSTRAÇÃO DE STANFORD UNIVERSITY,1891 ... 28

FIGURA 17-PLANO DE OLMSTED PARA O CAMPUS DE BERKELEY DA UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA,1865 ... 29

FIGURA 18-RICE UNIVERSITY... 31

FIGURA 19-UNIVERSITY OF MARYLAND ... 31

FIGURA 20-COLUMBIA UNIVERSITY ... 31

FIGURA 21-PLANO GERAL DE ILLINOIS INSTITUTE OF TECHNOLOGY,MIES VAN DER ROHE,1942 ... 32

FIGURA 22-EDIFÍCIO PRINCIPAL DE ILLINOIS INSTITUE OF TECHNOLOGY,MIES VAN DER ROHE,1956 ... 32

FIGURA 23-PLANO GERAL ORIGINAL DE FLORIDA SOUTHERN COLLEGE,FRANK LLOYD WRIGHT,1938 ... 33

FIGURA 24-YORK UNIVERSITY,1965 ... 34

FIGURA 25- VISTA DA CIDADE UNIVERSITÁRIA,UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO,1954... 35

FIGURA 26–BIBLIOTECA CENTRAL,UNIVERSIDAD NACIONAL AUTÓNOMA DE MÉXICO,1954 ... 35

FIGURA 27-O ANTES E DEPOIS DE INTERVENÇÃO EM ALGUNS ESPAÇOS EXTERIORES NA UNIVERSIDADE DE BROWN ... 36

FIGURA 28-OS SISTEMAS BASE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 41

FIGURA 29-A INFLUÊNCIA DA UNIVERSIDADE NA SOCIEDADE... 43

FIGURA 30–ELEMENTOS PARA A GESTÃO DE UM CAMPUS ... 47

FIGURA 31-CICLO DE DEMING ... 50

FIGURA 32-A FUNÇÃO DE CADA UMA DAS FASES DO CICLO DE DEMING APLICADAS A UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ... 51

FIGURA 33-LOGÓTIPO DA ISO ... 52

FIGURA 34-NÚMERO DE ORGANIZAÇÕES EUROPEIAS CERTIFICADAS PELA NORMA ISO14001 ... 54

FIGURA 35-IMPLEMENTAÇÃO DO SGAEMAS ... 56

FIGURA 36-LOGÓTIPO DO ECOCAMPUS ... 60

FIGURA 37-O CICLO CONTÍNUO DE MELHORIA DO ECOCAMPUS ... 61

FIGURA 38-LOGÓTIPO DA PEOPLE&PLANET UNIVERSITY LEAGUE ... 62

FIGURA 39-KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 64

FIGURA 40-GREEN LIGHTHOUSE ... 64

FIGURA 41-PROPOSTA DE ABORDAGEM A TER PARA IMPLEMENTAR UM CAMPUS SUSTENTÁVEL ... 68

FIGURA 42- LOCALIZAÇÃO DE COPENHAGA ... 74

FIGURA 43- MAPA DE LOCALIZAÇÃO DOS CAMPI DE KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 74

FIGURA 44- JARDIM BOTÂNICO DA KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 74

FIGURA 45- MUSEU GEOLÓGICO DA KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 74

FIGURA 46- SOUTH CAMPUS DA KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 75

FIGURA 47-NORTH CAMPUS DA KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 76

FIGURA 48-JARDIM BOTÂNICO DA KØBENHAVNS UNIVERSITET ... 78

FIGURA 49-LOCALIZAÇÃO DE MANCHESTER ... 79

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FIGURA 51- MAPA DO CAMPUS DE CHESHIRE ... 80

FIGURA 52- VISTA AÉREA DO CAMPUS DE CHESHIRE ... 80

FIGURA 53-CAMPUS DE MANCHESTER ... 80

FIGURA 54-EDIFÍCIO BIRLEY NO CAMPUS DE MANCHESTER... 80

FIGURA 55-CAMPUS DE CHESHIRE ... 80

FIGURA 56-JARDIM COMUNITÁRIO NA MMU, CRIADO PELA MANCHESTER METROPOLITAN URBAN GARDENING SOCIETY ... 82

FIGURA 57-ESPAÇOS VERDES DE RECREIO DO CAMPUS DE MANCHESTER ... 83

FIGURA 58-LOCALIZAÇÃO DE BREMEN ... 85

FIGURA 59-MAPA DO CAMPUS DA UNIVERSITÄT BREMEN ... 85

FIGURA 60-CAMPUS DA UNIVERSITÄT BREMEN ... 86

FIGURA 61-UNIVERSUM SCIENCE CENTER DA UNIVERSITÄT BREMEN ... 86

FIGURA 62-ESPAÇO VERDE DE ENQUADRAMENTO DO CAMPUS ... 87

FIGURA 63-ESPAÇOS VERDES DE RECREIO DO CAMPUS ... 88

FIGURA 64-LOCALIZAÇÃO DE LISBOA ... 89

FIGURA 65- MAPA DO CAMPUS DA FCT-UNL ... 89

FIGURA 66- BIBLIOTECA DA FCT-UNL ... 90

FIGURA 67-VISTA AÉRA DO CAMPUS ... 90

FIGURA 68-FCT-UNL ... 91

FIGURA 69-ZONA CENTRAL DO CAMPUS DA UTAD ... 95

FIGURA 70-LOCALIZAÇÃO DE VILA REAL ... 97

FIGURA 71-VISTA AÉREA DO CAMPUS DA UTAD ... 98

FIGURA 72-ESPAÇO VERDE COM ACESSO À REITORIA ... 99

FIGURA 73-ENTRADA DO EDIFÍCIO GEOCIÊNCIAS ... 98

FIGURA 74-ESPAÇO VERDE DE ENQUADRAMENTO DO EDIFÍCIO DO COMPLEXO PEDAGÓGICO ... 99

FIGURA 75-LOGÓTIPO DO JBUTAD ... 100

FIGURA 76–HOMENAGEM AO CRIADOR DO JARDIM BOTÂNICO DA UTAD ... 100

FIGURA 77-COLEÇÃO DAS RESINOSAS ORNAMENTAIS ... 101

FIGURA 78-CARTA DE MOBILIDADE RODOVIÁRIA -ACESSOS RODOVIÁRIOS E ESTACIONAMENTO ... 105

FIGURA 79-CARTA DE MOBILIDADE RODOVIÁRIA -SENTIDOS DE TRÂNSITO ... 106

FIGURA 80-CARTA DE MOBILIDADE RODOVIÁRIA -TRANSPORTE PÚBLICO E PARAGENS ... 107

FIGURA 81-CARTA DE MOBILIDADE PEDONAL –HIERARQUIA ... 108

FIGURA 82-CARTA DE MOBILIDADE PEDONAL –ACESSIBILIDADE... 109

FIGURA 83-CARTA DE USO DOS SOLOS ... 113

FIGURA 84-CARTA DE CONDICIONANTES ... 114

FIGURA 85–PROPOSTA DE NOVOS USOS DO SOLO E FUNÇÕES DO ESPAÇO ... 119

FIGURA 86-PROPOSTA DE MOBILIDADE NO CAMPUS ... 121

FIGURA 87–INDICAÇÃO DAS IMAGENS ILUSTRATIVAS E CORTES ... 126

FIGURA 88-A:IMAGEM ILUSTRATIVA DA ZONA DE RECEÇÃO DA UNIVERSIDADE. ... 127

FIGURA 89-F:IMAGEM ILUSTRATIVA DO ACESSO PARA O AUTOCARRO E VIA PEDONAIS. ... 127

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xi

FIGURA 91–E:IMAGEM ILUSTRATIVA DE UM DOS ACESSOS ALTERNATIVOS À UNIVERSIDADE NA ZONA DA PRÉ-ESCARPA ... 128

FIGURA 92–C:IMAGEM ILUSTRATIVA DOS CAMPOS AGRÍCOLAS DE CULTIVO E PASTO ... 129

FIGURA 93-CORTE TIPO A-A''.VIA RODOVIÁRIA COM DOIS SENTIDOS E VIAS PEDONAIS………...129

FIGURA 94–CORTE TIPO A-A''.VIA RODOVIÁRIA COM DOIS SENTIDOS E VIAS PEDONAIS………130

FIGURA 95–CORTE TIPO B-B''.VIA DE AUTOCARRO COM UM SENTIDO , CICLOVIA E ZONA DE PRAÇA………130

FIGURA 96–CORTE TIPO C-C''.VIA RODOVIÁRIA COM DOIS SENTIDOS, CICLOVIA E VIAS PEDONAIS……….…..131

FIGURA 97–CORTE TIPO D-D''.VIA PEDONAL E CICLOVIA……….131

ÍNDICE

DE

TABELAS

TABELA 1-QUADRO SÍNTESE DAS DATAS MAIS IMPORTANTES NA EVOLUÇÃO DA ABORDAGEM DAS UNIVERSIDADES AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 45

TABELA 2-PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A IMPLEMENTAÇÃO DO EMAS E DA NORMA ISO14001 ... 57

TABELA 3-PRINCIPAIS INDICADORES DO GREEN LEAGUE ... 63

TABELA 4-O CAMINHO PARA A SUSTENTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES... 70

TABELA 5-PRINCIPAIS COMPONENTES DOS SGA EM RELAÇÃO AOS ESPAÇOS EXTERIORES DOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS ... 71

TABELA 6–COMPONENTES DOS PROGRAMAS ESTUDADOS QUE A UTAD CUMPRE ATUALMENTE ... 115

TABELA 7–COMPONENTES DOS PROGRAMAS ESTUDADOS QUE A UTAD CUMPRIRIA APÓS A IMPLEMENTAÇÃO DA PROPOSTA PARA OS ESPAÇOS EXTERIORES DO CAMPUS. ... 132

LISTA DE ABREVIATURAS

EMAS – Eco-Management and Audit Scheme

FCT-UNL – Faculdade de Ciencias e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa ISO – International Standardization Organization

JBUTAD – Jardim Botânico da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro MMU – Manchester Metropolitan University

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

UNAM – Universidad Nacional Autónoma de México UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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(14)

13

CAPÍTULO

1

INTRODUÇÃO

A constante degradação do ambiente provocada pelo crescimento das sociedades e economias tem despertado diversas preocupações ambientais relacionadas com a proteção e conservação dos recursos naturais e funcionamento dos ecossistemas.

Visando encontrar solução para esta problemática, os líderes das mais diversas organizações mundiais têm ao longo das últimas décadas reunido de forma a encontrar princípios e conceitos, podendo-se dar como exemplos: sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e gestão ambiental. Nestas últimas décadas estes vocábulos e conceitos ambientais passaram a integrar os diversos setores de atividade.

O setor da educação, que se considera ser dos mais importantes, acolhe também esta preocupação destacando-se as universidades, que sendo instituições com elevada importância no papel que assumem na formação de futuros líderes, técnicos qualificados e formadores assumem uma responsabilidade e consciencialização social, tal como têm o dever de dar o exemplo neste contexto ambiental. Considerando este contexto, surgiram nas últimas décadas Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) caraterísticos para os campi universitários, que abrangem desde o setor energético até aos espaços exteriores. A arquitetura paisagista assume neste âmbito um importante papel no desenho e gestão dos espaços exteriores tornando-os mais sustentáveis e ecológicos, pois existe uma série de parâmetros que devem ser cumpridos e que permitem a obtenção de uma certificação ambiental.

(15)

14

Ao longo da presente dissertação será abordada a evolução dos campi universitários e o aparecimento da preocupação ambiental no contexto universitário. Serão ainda analisados os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) mais usados nos campi universitários.

Após a compreensão de todos estes elementos, pretende-se obter uma síntese dos parâmetros dos Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) estudados e que se aplicam ao contexto dos espaços exteriores.

Por fim, será efetuado o estudo da situação do campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) no que diz respeito ao seu cumprimento de parâmetros de Gestão Ambiental. O campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro localiza-se a nordeste de Portugal, na cidade de Vila Real.

A relevância dos SGA enquanto instrumentos que permitem a prática e investigação da arquitetura paisagista em estabelecimentos de ensino deve-se ao fato de que a arquitetura paisagista é importante para o desenho, gestão e manutenção dos espaços exteriores e assume um papel relevante neste setor, quando em conjunto com os restantes setores de avaliação, pois poderá ser um ponto forte para a tomada de decisão de uma certificação ambiental. A arquitetura paisagista ao explorar e gerir todos os recursos e oportunidades dos espaços exteriores de um campus universitário permite o seu melhor aproveitamento tornando o campus num espaço mais sustentável e harmonioso.

OBJETIVOS

O trabalho pretende cumprir um conjunto de objetivos que se estabelecem ao longo de diferentes fases. Numa primeira fase tem-se por objetivo compreender em que consistem os SGA, quais os que são mais usados nos campi universitários, bem como os parâmetros de aplicação nos espaços exteriores. Após esta análise pretende-se reunir informação suficiente para elaborar um quadro síntese com todos os parâmetros de avaliação dos espaços exteriores dos diferentes SGA abordados anteriormente.

Segue-se outra fase em que se tem como objetivo realizar a análise do caso de estudo do campus da UTAD – espaços exteriores e compreender através da análise quais os parâmetros de espaço exterior que cumprem/não cumprem em relação aos SGA.

Tendo em consideração estas análises, e por objetivo último, pretende-se desenvolver uma proposta para o campus da UTAD em que se pretende dar melhor cumprimento aos parâmetros dos SGA sintetizados anteriormente.

(16)

15

METODOLOGIA E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A metodologia da presente dissertação tem como base três fases:

Figura 1 – Metodologia do trabalho

Na primeira fase do trabalho realizou-se uma pesquisa com base em artigos, estudos e livros sobre os temas da história dos campi, desenvolvimento sustentável e sistemas de gestão ambiental aplicados a universidades. Esta pesquisa tinha por objetivo compreender a evolução do tema geral bem como demonstrar o impacto que os campi têm no contexto ambiental. Fez-se também nesta fase um levantamento de campo do caso de estudo bem como se analisaram elementos de cartografia e fotografia aérea para compreender de forma mais clara todo o tipo de usos do solo do local. Foi ainda importante a realização de uma entrevista a um perito porque permitiu compreender de que forma é que a instituição UTAD está a responder a todas as problemáticas ambientais, nomeadamente nos setores que estão diretamente ligados aos espaços exteriores.

Após a recolha de todos os dados, prosseguiu-se para a segunda fase de trabalho, na qual se elaborou um quadro síntese de avaliação resultante do estudo dos diversos sistemas de gestão ambiental existentes com aplicação a campi universitários. De seguida foi feita uma caraterização e análise dos casos de estudo selecionados e do caso de estudo específico da UTAD.

Por fim, a terceira fase consiste na elaboração da proposta de ordenamento do campus da UTAD de modo a que os espaços exteriores cumpram com o maior número de parâmetros de avaliação presentes no quadro síntese anteriormente elaborado.

Quanto à organização da dissertação, encontra-se estruturada em seis capítulos. No capítulo 1 é feita uma pequena abordagem ao tema e objetivos a alcançar. Estes elementos são ainda acompanhados da metodologia de forma a compreender o processo de trabalho e de um resumo sobre a estrutura da dissertação.

CONSULTA E

RECOLHA DE DADOS

- Consulta de fontes bibliográficas - Levantamento de campo - Cartografia - Fotografia aérea - Entrevista a peritos

ANÁLISE E

DIAGNÓSTICO

- Elaboração de quadro síntese de avaliação - Caraterização e análise de casos de estudo - Caraterízação e análise da área de intervenção - Realização de cartas síntese

PROPOSTA

- Definição da proposta de ordenamento do espaço (mobilidade e uso do solo) com base no quadro síntese

(17)

16

No capítulo 2 é apresentam-se de forma sucinta algumas definições de conceitos. Porém, este capítulo destaca-se pelo estudo da evolução histórica dos campi universitários, compreendendo-se assim o tipo de preocupação e necessidades que surgiram ao longo dos tempos.

No capítulo 3 é abordado o conceito de desenvolvimento sustentável na educação, bem como o seu surgimento e evolução tal como das preocupações ambientais aos longos dos anos. Neste capítulo é ainda abordado o tema dos SGA, sendo analisados seis tipos de SGA distintos com aplicação a campi universitários. É ainda analisada a matéria da adoção dos SGA por parte das universidades, compreendendo assim as motivações e barreiras aquando da sua implementação. Por último, é na parte final que se aborda a aplicação dos SGA aos espaços exteriores, sendo apresentado um quadro síntese com os principais parâmetros dos SGA analisados em relação aos espaços exteriores dos campi universitários.

No capítulo 4 são analisados quatro casos de estudo de campi universitários que já implementaram um SGA: Københavns Universitet na Dinamarca; Manchester Metropolitan University no Reino Unido; Universität Bremen na Alemanha; e Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade Nova de Lisboa em Portugal.

No capítulo 5 é abordado o caso de estudo da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde após análise de todo o espaço é feita uma proposta de planeamento e ordenamento do espaço exterior com base no quadro síntese elaborado no capítulo 3. Através da proposta apresentada é possível compreender qual o SGA que mais se adequa ao caso dos espaços exteriores da universidade.

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17

CAPÍTULO

2

2.

OS CAMPI: CONCEITOS E EVOLUÇÃO

Neste capítulo pretende-se fazer uma breve abordagem sobre os conceitos e definições aplicados aos campi universitários tendo-se em consideração os princípios de sustentabilidade que serão posteriormente expostos.

2.1. CONCEITOSE DEFINIÇÕES

A palavra campus deriva do latim e significa campo tendo a sua aplicação a espaços de ensino ocorrido pela primeira vez nos Estados Unidos no ano de 1774, na universidade de Princeton passando a partir desta data a substituir o termo college grounds até então usado (Harper, 2010), passando a significar espaço aberto no qual estava situada uma faculdade ou universidade. Já no século XXI o campus passa a ser entendido como um sistema amplo e complexo de elementos interligados podendo ser construídos ou naturalizados (Humblet, et al., 2010), ou seja este conceito indica o conjunto dado pelo terreno e edifícios que ocupam a área pertencente a determinada instituição (Hoeger e Christiaanse, 2007).

Quanto ao termo universidade, deriva do latim universitas que é descrito como um todo, um universo e que combinado num só origina a palavra universidade. O termo foi usado pela primeira vez em Inglaterra por volta de 1300 e tomava como referência um corpo inteiro de professores e alunos reunidos num lugar para a prática do ensino superior. Tendo por base a definição atribuída ao termo universidade, deduz-se que a mais antiga instituição que funcionava deste modo era a Universidade de Bolonha, situada em Itália (Harper, 2010).

(19)

18

Atualmente este termo refere-se a uma academia de ensino superior que não só oferece programas educacionais como também dispõe de condutas de pesquisa científica (Heijer, 2011).

Existe ainda um outro termo que é facilmente confundido com o termo universidade, o termo colégio que deriva do latim collegium e que significa associação ou parceria sendo utilizado em Inglaterra desde o século XIV e corresponde a um corpo de colegas ou a uma assembleia. No contexto de uma instituição educacional, refere-se a uma cooperação com governação própria, uma sociedade dentro de uma universidade ou até um grupo de pessoas associados por um tipo de função comum. A título de exemplo temos o Colégio de Sorbonne na Universidade de Paris ou os colégios da Universidade de Oxford e de Cambridge (Harper, 2010). Sendo assim, pode-se dizer que a diferença entre colégio e universidade é que o primeira oferece uma graduação numa área específica enquanto a universidade é um conjunto de colégios no sentido de ser algo universal e que agrega as mais diversas áreas.

Por último, e não tendo menos importância, uma outra designação relacionada com espaços de ensino é a de campus universitário. Tendo surgido em 1774 introduz uma perspetiva mais ampla sendo definido como um espaço relacionado com os usos e funções da universidade. Temos como exemplo destes usos e funções, as residências dos estudantes, espaços destinados a negócios, atividades de lazer, entre outros. Estas funções são cruciais para o crescimento e dinamização da universidade, o que leva a concluir que os edifícios são também uma parte importante do espaço pois é neles que se faz uma gestão de todo o espaço (Heijer, 2011).

O campus universitário pode ainda ser interpretado de forma diferente sendo frequentemente, associado a um campus situado na periferia do espaço urbano ou mesmo ser um campus completamente isolado (podendo até ser fechado) em espaço rural ou florestal. É então definido, espacialmente, como um somatório de locais com funções predominantemente universitárias ou relacionadas com os estudantes universitários, no qual os edifícios formam o centro da “pequena cidade”, estando ainda relacionados com o espaço exterior do campus (Heijer, 2011).

2.2. ORIGEM DOS CAMPI E SUA EVOLUÇÃO

A história das universidades e dos seus respetivos campi remonta à época medieval tendo permanentemente evoluído e sendo capaz de acompanhar a sociedade, cultura, ciência e tecnologia (Coulson, et al., 2015). Têm assim os campi universitários vindo a ser agentes de mudança constituindo-se frequentemente como elementos catalisadores de ações sociais e políticas bem como de centros de conhecimento. As universidades que integram os campi não só educam a maioria dos líderes mundiais, decisores e professores em aspetos avançados do conhecimento, como também trabalhadores e consumidores de bens e serviços que

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têm um papel importante na economia nacional e global (Dave, et al., 2013). Os conteúdos formativos e de investigação devem por isso ser devidamente preparados e estruturados tal como a própria organização física dos campi deve ser planeada de modo a que o conjunto de edifícios, espaços verdes e infraestruturas funcionais possa oferecer o que de melhor cada sociedade tem em cada momento (Dober, 1996).

O desenho formal dos campi deverá expressar a qualidade da vida académica bem como o papel que desempenham na comunidade em que estão localizados. Os campi deverão desempenhar diversas funções - casa, museu, local de trabalho, centro social, parque, anfiteatro, fórum – onde as pessoas que trabalham, ensinam, vivem ou apenas os visitam se sintam representadas. O desenho formal dos campi deve ter em consideração que estas funções devem ser desenvolvidas e pensadas não apenas para o presente mas também para o futuro (Dober, 1996). Sendo a qualidade de vida académica fundamental a uma boa formação e para um bom relacionamento entre o homem e o espaço, é problemático não prestar os devidos cuidados e atenção ao espaço como um todo sendo tão relevante os edifícios quanto os espaços exteriores envolventes (Turner, 1984). O arquiteto paisagista norte-americano Arthur R. Nichols considera que “no processo de se implementarem edifícios num campus não se podem esquecer as alterações e relações que se provocam na paisagem, mas que neste processo se criam oportunidades para se implementarem espaços de recreio e se desenvolverem espaços de grande beleza e contato com a natureza” (cit.in Dober, 1996: pg.8).

Encontrando-se estabelecido o conceito de campus universitário, que verifica-se integrar elementos construídos e naturais que necessitam de planeamento rigoroso e esclarecido para responder a objetivos de bem-estar, formação dos que os frequentam e de respeito pelos valores naturais, considera-se ser necessário esclarecer quais devem ser os principais objetivos e diretrizes que devem orientar o planeamento dos campi e como decorreu o processo evolutivo do seu planeamento.

Ao longo de séculos foram construídos no mundo ocidental diferentes campi, podendo-se referir os pátios urbanos enclausurados de Oxford (figura 4) e Cambridge, a “aldeia académica” da Universidade de Jefferson na Virgínia (figura 3), os edifícios ad hoc no campus de Berkeley (figura 2), mega estruturas localizadas nos campus do Canadá, mas independentemente do modelo escolhido ou da localização do espaço, o planeamento de um campus será quase sempre focado no arranjo dos edifícios com espaços criados entre eles (Marcus e Wischermann, 1987).

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Figura 3 - Universidade da Virgínia 1856 Disponível em: http://faculty.virginia.edu Figura 4 - Colégio de Oxford, Londres 1264

Disponível em: http://www.oxforduniversityimages.com/results.asp?im

Figura 2 - Centro da Universidade de Berkeley 1903 Disponível em: http://bancroft.berkeley.edu/Exhibits/physics/checklist.html

2.3. O DESENHO DOS CAMPI UNIVERSITÁRIOS NA EUROPA E ESTADOS UNIDOS

Quando foi fundada a Universidade de Bolonha em 1088 não se imaginava o sucesso e as repercussões que viria a ter no futuro. Esta universidade medieval tornou-se um “fenómeno” europeu, que quando seguida por Paris e Oxford, originou o triumvirate1 que ditava o padrão do que deveria ser uma universidade europeia. Ao longo de dois séculos a universidade sofreu grande expansão, tornando-se na principal instituição responsável pela educação. Este modelo foi rapidamente adotado por toda a Itália e em Espanha onde surgiram as Universidades de Salamanca, Valladolid e Sevilha. Nos restantes países europeus surgiram muitas outras instituições, ainda hoje prestigiadas, tais como as Universidades de Cambridge, Coimbra, Praga, Viena e Leipzig (Coulson, et. al., 2015).

1 Derivada do latim triumvirātus, de três (três) + vir (homem), esta expressão carateriza um regime político dominado por três forças individuais, sendo cada uma delas um triumvir. Esta expressão foi aplicada em diversas áreas.

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Figura 6 - Pátio do Palazzo dell’Archiginnasio Disponível em: http://www.archiginnasio.it/cortile.html A universidade medieval era composta por mestres

e estudantes, que se reuniam para ter aulas tendo-se organizado mais tarde associações escolares que permitiam salvaguardar os seus interesses mútuos (figura 5) (Saviani, 1999) e que foram aprovadas por papas, abades e príncipes. Já em relação ao espaço físico que estas universidades ocupavam, apesar de se localizarem no centro de cidades prósperas, com baixo custo de vida e sustentadas pelo setor agrícola, a sua presença era muito pouco percetível pois as aulas tinham lugar em casas arrendadas e os exames e assembleias em igrejas ou conventos (Coulson, et. al., 2015).

Estes centros de aprendizagem tinham grande mobilidade, pois quando eram postos em causa os interesses e privilégios académicos dos mestres e estudantes rapidamente mudavam de cidade. Esta

migração tornou-se frequente e acabou por originar o nascimento de mais universidades, como por exemplo, a migração de Bolonha para Vicenza em 1205 e a de Oxford para Cambridge em 1209. Para além da facilidade em mudar a sede da universidade, também começou a surgir intercâmbio entre as universidades o que permitia que houvesse movimentação de professores entre as universidades e mais tarde de estudantes, criando-se assim maior dinâmica e troca de conhecimentos, como ocorreu, por exemplo, entre a Universidade de Bolonha e a de Paris (Saviani, 1999).

Dada a afluência e dinâmica entre universidades tornou-se necessário criar condições para toda a comunidade universitária, nomeadamente a nível organizacional e estrutural, demonstrando-se o poder que as instituições educacionais tinham atingido. Surgiram assim os primeiros edifícios das universidades, consideram-se ser o primeiro uma capela para a Universidade de Bolonha, aquando da sua vinculação ao município. Posteriormente, e

querendo criar um tipo de alojamento permanente e bem estruturado, em 1563 procedeu à construção do Palazzo dell’Archiginnasio (figura 6), que consistia num complexo de edifícios com sete salas de aula para

Figura 5 - Ilustração de aulas de leitura em casas alugadas ou igrejas

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lecionar direito, seis para artes e medicina e duas salas amplas para reuniões. Este complexo formava um quadrado localizando-se um pátio no seu centro sendo rodeado de claustros e com uma fachada principal imponente. Também muitas outras universidades optaram por um formato quadrangular, acabando por se tornar este no modelo europeu que rapidamente foi transportado para a América do Sul quando os colonizadores fundaram as primeiras universidades (Coulson, et. al., 2015).

O mesmo autor refere ainda que ao longo do período do Renascimento, foram inúmeras e importantes as manifestações físicas das universidades geradas um pouco por toda a Europa. A evolução de cada universidade veio demarcar o seu prestígio e o tipo de arquitetura aplicado nos edifícios construídos no centro das cidades.

Há dois exemplos que merecem maior destaque pela organização que demonstraram ter e que se descrevem com maior pormenor: as universidades de Oxford e Cambridge. O sistema colegial instaurado nestas universidades (cada universidade era constituída por vários colégios, distintos pela área de estudos) logo no século XI no Reino Unido marcou a evolução académica pela organização física, pedagógica, estrutura legal e forma de governação. Os seus colégios eram unidades relativamente autónomas que os tornavam independentes financeiramente, tendo assim maior poder de decisão e aquisição. O modo de vida que os colégios ofereciam, permitia que o aluno tivesse a sua instrução académica e ainda atividades extracurriculares, o que acabava por proporcionar um ambiente académico completo e, de certa forma, exigente. O espaço era organizado formalmente por edifícios intercalados por pátios delimitados por claustros, sendo que estes espaços serviam como espaços exteriores de recreio.

No séc. XII, a influência destas instituições inglesas, levou a que em Paris surgisse um modelo semelhante de organização, no Collège des Dixhuit, fundado em 1180 que integrava dormitórios para abrigar membros do clérigo que desejavam ter a oportunidade de passar mais tempo no local para frequentar as aulas e estudar. Embora a introdução dos dormitórios, atualmente designados de residências, tenha surgido em Paris, foi nas universidades inglesas que, mais tarde, começaram a ter sucesso.

O prestígio da Universidade de Oxford e de Cambridge vai influenciar a construção de outras universidades e consequentemente de mais colégios, pelo que se descreve com algum detalhe alguns desses colégios que surgiram no séc. XIII pertencentes à Universidade de Oxford como: University College (1249), Balliol (1263) e Merton (1264) (figura 7). Quando este último foi implementado ainda não havia um modelo de organização do espaço completamente definido. O que aconteceu neste caso foi que os edifícios foram dispostos num terreno de forma irregular mas criando uma linha que os unia, formando a forma quadrangular. Este quadrado caraterístico de Oxford tinha o propósito de manter os estudantes num meio mais intimista e seguro, o que tornava a formação e vivencia mais completa e de alto nível (figura 8) (Coulson, et. al., 2015).

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23 Figura 7 - Merton College, Oxford 1675

Disponível em: http://ja-va.livejournal.com/199764.html

Figura 8 - Plano de Merton College, Oxford 1266 Disponível em: http://www.british-history.ac.uk/vch/oxon/vol3/pp95-106

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24 Figura 9 - Trinity College, Cambridge 1690

Disponível em: http://www.isaacnewton.org.uk/cambridge/Trinity

Os colégios de Oxford e Cambridge (figura 8) pelo seu grande impacto influenciaram o aparecimento da primeira universidade dos Estados Unidos em 1636.

Situada em Massachusetts, a Universidade de Harvard (figuras 10 e 11) abriu as suas portas a toda uma comunidade académica (Coulson, et. al., 2015), baseada no sistema educativo de Inglaterra como referido tendo como intenção criar uma comunidade académica funcional capaz de servir o país inteiro. Ao longo dos anos, e até final do século XVIII aquando a Revolução Industrial, o número de instituições de ensino superior aumentou para nove mas quebrou-se o sistema educativo inglês, dado o setor da educação acabar por se distribuir por variadas e recentes universidades.

Figura 10 - Plano original de Harvard University Disponível em: http://www.artofanderson.com/harvard-univ-map/

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25 Figura 11 - Ilustração de Harvard University, 1767

Disponível em: https://rjosephhoffmann.wordpress.com/tag/skepticism/

Desde cedo verificou-se distanciamento das universidades americanas em relação à maioria dos elementos do sistema educativo inglês, tendo sido facilmente percetível este aspeto no modo como se organizavam os elementos físicos das universidades. Na américa os pátios fechados das universidades medievais europeias foram preteridos pois pretendia-se que a comunidade académica tivesse uma formação correta mas rodeada de novas tipologias de espaços exteriores, visto as universidades se situarem em paisagens rurais que proporcionavam vistas e o contato direto com a natureza. Esta nova abordagem permitiu aproveitar o impacto favorável da natureza sobre a comunidade dados os benefícios gerados na saúde física e mental (University of Cincinnati, 2008), tal como promoveu a realização de estudos que levou à nova organização espacial conduzindo à separação entre os edifícios com vegetação e implantação de espaços verdes amplos e acessíveis a toda a comunidade académica. Apesar de não terem sido criados modelos de planeamento definidores de tipologias de arquitetura, implantação de edifícios e espaços verdes, foram definidos nas universidades da América do Norte princípios gerais de composição resultantes da diversidade de planos e desenhos (Coulson, et. al., 2015).

2.3.1. AS ACADEMIC VILLAGES

No início do séc. XIX os princípios presentes nestes campi universitários baseavam-se na ligação entre o planeamento do campus e o ensino/formação da sociedade, aspetos que se consideram terem sido comprovados na construção da Universidade de Virgínia (figura 12). O presidente dos Estados Unidos Thomas

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Jefferson, em 1819 promoveu um diferente tipo de abordagem ao ensino superior onde se pretendia criar relações mais claras e informais entre o aluno e o professor, num espaço físico mais organizado e que incentivasse toda a comunidade a aceder ao ensino e investigação. Este modo de entender o ensino e a universidade permitiu o aparecimento das “Academic Villages” (Turner, 1984).

As “Academic Villages” (figura 12), de estilo neoclássico davam grande importância ao ambiente e à influência que este tinha no contexto educativo. Tendo sido o próprio do Thomas Jefferson a desenhar o campus, baseou-se em modelos europeus de hospitais e de zonas industriais que considerou serem modelos de organização espacial padrão para estruturas que tinham por objetivo receber um elevado número de pessoas (Jefferson, 1805).

O desenho da “Academic Village” caracterizava-se por um eixo central arborizado segundo linhas retas que acompanhava dez pavilhões individuais (cinco em cada lateral). Na parte exterior à zona centro, as vistas desenvolviam-se sobre uma série de plantações. Na zona centro um elemento central captava as atenções - o edifício “Rotunda Library”. A zona centro

deste complexo de edifícios

destinados a residências e salas de aula era um extenso relvado ladeado por árvores que tinha por função ser uma área de recreio cujo objetivo principal para além do ponto focal era

a ocorrência de atividades sociais. Pretendia-se com este tipo de campus - “Academic Village” - gerar um ambiente académico saudável e descontraído na visão de Thomas Jefferson, em que grande peso era dado às relações pessoais no ensino, sendo que estas só seriam possíveis caso houvesse um ambiente construído com um tipo de desenho e organização que o permitisse (Coulson, et. al., 2015).

Figura 12 - Plano original de University of Virginia, 1822 Disponível em: http://xroads.virginia.edu/~cap/jeff/jeffarch.html

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27 Figura 14 - Ilustração de Princeton University, 1870

Disponível em: http://www.princeton.edu/campusplan/archive/campus-evolution/past/1897-campus-view-1906.html

Figura 13 - Ilustração de University of Virgina, 1856 Disponível em: http://faculty.virginia.edu/villagespaces/

2.3.2. O PITORESCO

Á medida que o século XIX avançava, o pitoresco começou a ganhar maior importância nos campi americanos apesar de não ser um assunto consensual. Após diversos debates sobre a localização das universidades, uns defendiam que estas se deveriam manter em meio rural para manter um contato direto com a natureza, enquanto outros defendiam que este tipo de localização era demasiado

isolada em relação às

necessidades de um centro urbano. Por resultado tem-se alguns campi desenhados para zonas urbanas mas onde o estilo pitoresco era marcante pois considerava-se ser uma forma de manterem a tão desejada natureza “ideal” dentro dos limites do campus, tornando assim a universidade um meio aprazível para toda a comunidade académica (Coulson, et. al., 2015). Esta abordagem à natureza começou a ganhar expressão nas universidades americanas. Locais com pontos

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estratégicos de visibilidade para lagos serpenteantes, com uma localização mais elevada criando uma sensação de estar numa montanha, construção de caminhos sinuosos, relvados ondulantes são alguns dos exemplos de elementos procurados pelas universidades.

Este tipo de relação com o meio natural, até então nunca usado nas universidades europeias, criava uma distinção notável entre os campi dos dois continentes. O movimento do pitoresco nas universidades americanas teve ainda mais visibilidade quando foram associados os colégios de agricultura (Coulson, et. al., 2015). Em 1862 foi adotado o acordo “Morril Land Grant Act” que promovia as áreas de ensino da agricultura, ciência e engenharia, acordo que criou um incentivo para a aproximação entre instituições de ensino superior de modo a criar uma maior oportunidade de estudos para todo o tipo de classes sociais (Turner, 1984). Por exemplo, em 1870, a Universidade de Princeton (figura 14) iniciou uma fase de renovação para conseguir aceitar mais alunos e ter instalações para abranger mais áreas de estudo, neste caso, áreas da agricultura. Em relação aos espaços exteriores, a universidade abandonou as linhas simétricas e optou por linhas mais naturalizadas que incluíam áreas agrícolas.

Nesta fase a natureza assumia um importante papel, pois começavam-se a descobrir os benefícios que trazia para o bem-estar, socialização, ambiente e embelezamento, sendo fortemente motivadora do desenho dos campi universitários nomeadamente para Frederick Law Olmsted, reputado arquiteto paisagista norte-americano (1822-1903), responsável pelo desenho de parques, como o do conceituado Central Park em Nova Iorque e ainda de campi universitários, como o de Stanford University (figura 15 e 16), que é ainda hoje uma referência do desenho de espaço exterior pela sua inovação, qualidade de relação com os elementos presentes na paisagem e definição de espaços de recreio.

Figura 15 - Plano original de Stanford University, 1886 Disponível em: https://lbre.stanford.edu/architect/campus_master_plan

Figura 16 - Ilustração de Stanford University, 1891

Disponível em: http://library.stanford.edu/collections/stanford-university-map-collection

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Em pleno século XIX, época em que a expansão urbana e industrial se encontravam em ritmo acelerado, Olmsted com o objetivo de reduzir o impacto que estes fatores de crescimento causavam, começou a usar a vegetação e o poder da natureza em todos os seus projetos de parques e campi para amenizar o ambiente poluente e pouco natural que estas expansões provocavam. No contexto dos campi universitários desenhados por Frederick Law Olmsted ressalva-se o da Universidade de Berkeley, na Califórnia (figura 17) de 1864, que apesar de nunca ter sido concretizado considera-se ser inovador por no seu planeamento propor uma distribuição irregular dos edifícios num tipo de arranjo pitoresco, no qual todos os caminhos eram naturalizados seguindo as linhas naturais do terreno e as estradas meandrizadas de modo a que todo o desenho se adaptasse às condições naturais do terreno. Olmsted defendia que a localização e a forma como o campus era concebido, seriam os elementos chave para obter um ambiente académico que incentivasse o ensino superior. Entre 1860 e 1890, Olmsted chefiou equipas de variados campi que aderiram ao seu conceito de desenho, como por exemplo: Cornell University, Stanford University e Vassar College (Coulson, et. al., 2015).

Figura 17 - Plano de Olmsted para o campus de Berkeley da Universidade da Califórnia, 1865 Disponível em: http://www.cp.berkeley.edu/lhp/significance/history.html

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30 2.3.3. O MOVIMENTO CITY BEAUTIFUL

Ainda ao longo do século XIX outros movimentos surgiram na comunidade do ensino. O sistema americano de ensino superior começou a distanciar-se da ideia de ter instituições independentes e decidiu aderir ao que já se via na Europa, a universidade como um centro de faculdades e departamentos. Surgiu então um sistema democrático onde várias áreas se uniam para oferecer o melhor à comunidade académica. O que antes era conhecido como “vila”, com a nova visão de universidade passou a ser “cidade” (Turner, 1984).

Alguns movimentos rejeitavam o idealismo natural e davam maior importância ao padrão e espaço urbano destacando-se entre 1890 e 1900 o movimento City Beautiful. Os princípios deste movimento, City Beautiful, foram apresentados na “World’s Columbian Exposition” que decorreu em Chicago em 1893 encontrando-se definida a organização monumental, a forte simetria no desenho dos espaços exteriores, os alinhamentos axiais que asseguram a ligação entre edifícios permitindo criar pontos de referencia nos edifícios monumentais e tendo ao centro um espaço verde de recreio principal. A circulação era disposta de forma hierárquica, tendo maior exposição as vias principais em relação às secundárias (University of Cincinnati, 2008).

Esta nova forma de desenhar o espaço influenciou fortemente o planeamento da Universidade de Virgínia, elaborado por Thomas Jefferson que sofreu adaptações para que se adaptasse à realidade vivida, sendo necessária a construção de um maior número de edifícios para as mais variadas funções, requerendo assim a implementação de mais alinhamentos e acessos (Coulson, et. al., 2015). Surgiu então a necessidade de criar um desenho do espaço que organizasse de forma clara a quantidade de elementos existentes. Foram criados espaços principais e secundários que se tornaram distintos pela disposição no campus. Os edifícios foram construídos formando um “U”, definindo eixos precisos e criando um espaço central que seria o principal espaço verde de recreio e de acessos da instituição. Para os edifícios colocados em segundo plano, foram também criados espaços verdes, mas secundários, que formavam locais de utilização social mais sossegados ou de mero acesso (Dober, 2000).

Este modelo foi adotado por um elevado número de universidades por todo o país, sendo algumas delas: University of California – Berkeley, Rice University (figura 19), University of Maryland (figura 18), entre outras. Este movimento foi ainda além-fronteiras, como por exemplo, até à China (Coulson, et. al., 2015).

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31 2.3.4. A ERA DO MODERNISMO

Com a chegada do século XX, as universidades tornaram-se cada vez mais idênticas ao ambiente urbano. Tinham chegado a uma fase em que o número de docentes e alunos aumentava constantemente, originando assim alguns problemas dentro dos campi. Estes tinham congestionamento de tráfego e conflitos sobre o uso dos terrenos devido a diferentes interesses entre a comunidade académica. A juntar-se a esta problemática surgiram também alterações nos estilos e filosofias da arquitetura, o que acabou por influenciar a forma de desenvolvimento dos campi.

A arquitetura moderna começou a ganhar terreno dentro do meio universitário e um bom exemplo disso é o Illinois Institute of Technology (figura 21 e 22). Situado em Chicago, foi o primeiro campus nos Estados Unidos a usar o estilo modernista. Desenhado por Mies van der Rohe foi um plano aplaudido na medida em que foi mantido, de forma subtil, o desenho convencional usado até à data. Os edifícios foram colocados alinhadamente de modo a criar um quadrado central e ainda uma série de estruturas secundárias.

Figura 19 - University of Maryland

Disponível em: Coulson, Roberts e Taylor 2015, pg. 22 Figura 20 - Columbia University Disponível em: http://www.learn.columbia.edu/hispanic/essays/beaux-arts.php Figura 18 - Rice University

Disponível em: http://www.conferenceusa.com/schools/rice/c-usa-rice-body.html

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Figura 21 - Plano geral de Illinois Institute of Technology, Mies van der Rohe, 1942 Disponível em: http://www.moma.org/collection/object.php?object_id=114438

Figura 22 - Edifício principal de Illinois Institue of Technology, Mies van der Rohe, 1956 Disponível em: http://arch.iit.edu/about/sr-crown-hall

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33 Ainda neste período, Frank

Lloyd Wright desenhou o campus do Florida Southern College (figura 23), um campus dotado de um fluxo livre, sem linhas clássicas nem simetria. A forma de desenho de Wright expressou uma natureza orgânica, tendo o próprio afirmado que que era possível separar os elementos, sendo o edificado

independente dos espaços

exteriores. Esta ideologia foi apoiada por mais pessoas, que

defendiam o edifício como um elemento sem ligação ao espaço envolvente, sendo este tipo de ideologia importante para se obter planeamento do espaço mais coerente, pois a implementação dos edifícios em nada poderia alterar o planeamento do espaço exterior (University of Cincinnati, 2008).

A arquitetura moderna não se refere apenas a todos os edifícios da nova era, mas também, de uma forma mais consciente, a uma arquitetura com noção da sua própria geração (Coulson, et. al., 2015).

2.3.5. O PÓS-GUERRA

Terminada a 2ª Guerra Mundial a população que frequenta a academia aumenta, provocando mudanças nos campi universitários a nível institucional, social e ainda na abordagem ambiental. O número de estudantes no ensino superior aumentou consideravelmente na europa principalmente em países como Alemanha, França e Inglaterra verificando-se o mesmo incremento nos Estados Unidos. Este fenómeno repetir-se-ia novamente da década de 60 como consequência do conhecido “baby boom”. Em resposta a este aumento de alunos, tornou-se necessário alterar a oferta de áreas de estudo bem como das condições físicas para tal, pois o território começou a ter condicionantes de ocupação face ao planeamento, o que provocou o crescimento dos edifícios na vertical em detrimento do crescimento na horizontal. Algumas das instituições educativas tornaram-se em “mini cidades”, o que originou alguns problemas a nível funcional, pois a circulação pedonal e rodoviária bem como a distribuição dos elementos do campus acabou por ser afetada. Do ponto de vista social a comunidade académica entendeu ser necessário alargar a oferta educativa às classes sociais mais baixas, tendo gerado alguma controvérsia, pois esta mudança iria encaminhar a universidade para o mundo onde perderia o seu característico elitismo (Coulson, et. al., 2015).

Figura 23 - Plano geral original de Florida Southern College, Frank Lloyd Wright, 1938

Disponível em: http://www.newyorksocialdiary.com/across-the-nationacross-the-world/2009/the-frank-lloyd-wright-campus

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34 Este conjunto de fatores provocou

uma expansão global do ensino superior, o que resultou num aumento do número e da variedade de campi universitários. Exemplo de uma instituição que marcou a transição do convencional para o moderno, é o Kresge College.

Esta mudança atingiu

especialmente, países como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos.

A transição do modelo de ensino foi marcante em Inglaterra, país que tendo

sempre seguido os modelos tradicionais de Oxford e Cambridge, só na década de 60 faz alterações, sendo exemplos os campi de: York (1963) (figura 24), Lancaster (1964), Warwick (1965) e Kent (1965) começando a ser percetível a mudança de ideologia.

Foram neste período construídas instituições de ensino em campi verdes, longe dos constrangimentos urbanos e de escala considerável, que passaram a ser denominadas de “New Universities”, pois tinham uma abordagem diferente, acabando por atrair a atenção de muitos arquitetos (Coulson, et. al., 2015).

Um exemplo destes novos campi que pela sua dimensão em área e número de alunos e que rapidamente se tornam em cidades é a UNAM – Universidade Nacional Autónoma do México (figura 25) que em 1954 construiu o seu campus na região sul da Cidade do México segundo os princípios modernistas internacionais, mas que pretendia integrar o caráter da arquitetura mexicana, os elementos da paisagem de El Pedregal (dos quais se destaca o carácter vulcânico), a carga histórica da vizinha área pré-hispânica de Cuicuilco e ainda a influência das tradições artísticas. Os arquitetos Mario Pani, Enrique del Moral e Domingo García Ramos desenharam uma cidade universitária com mais de 3 milhões de metros quadrados, cerca de mil edifícios dos quais 138 são bibliotecas, uma sala de concertos chamada Nezahualcóyotl, uma biblioteca central e outra nacional, um estádio olímpico com capacidade para mais de 68 mil pessoas. Espaços verdes e arte é pública são elementos obrigatórios do campus, estando disponíveis a todos os que frequentam o ensino público em murais, como por exemplo, no Estádio Olímpico murais de Diego Rivera, na Biblioteca Central murais de Juan O’Gorman (figura 26) e na Torre Central de Rectoria murais de David Alfaro Siqueiros (UNAM, 2015).

Figura 24 - York University, 1965

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Figura 26 – Biblioteca Central, Universidad Nacional Autónoma de México, 1954 Disponível em: http://thinkgeoenergy.com/getimage/?id=2476&t=article

Figura 25 - vista da Cidade Universitária, Universidad Nacional Autónoma de México, 1954 Disponível em: https://www.flickr.com/photos/guseher/2758088357/in/photostream/

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36 2.3.6. O CAMPUS CONTEMPORÂNEO

No final do séc. XX e início do séc. XXI o desenho dos espaços verdes criou desafios para chegar a novas formas de envolver todo o espaço do campus. Os desenhos dos campi começaram a dar maior importância aos espaços exteriores desenvolvendo dessa forma planos que contemplaram a plantação de um elevado número de árvores e que usassem o espaço de modo funcional para toda a academia e com variadas funções (University of Cincinnati, 2008).

Um correto planeamento e desenho contribuem para concretização da missão da instituição, para a melhoria das suas operações e reputação e ainda para aumentar o sentido de lugar, como por exemplo, localizar soluções eficazes para a circulação, estacionamento e edificado. As áreas de espaço exterior funcionais, tais como campos de jogos, jardins e arboretos são concebidas e colocadas atendendo a questões de manutenção e de valor estético. Já em relação à seleção e localização de mobiliário de exterior, sistemas de iluminação, trabalhos de arte ou uma simples ponte eram utilizados de modo a que pudessem contribuir para uma melhor definição do local. Um campus é bem desenhado quando existe articulação consciente entre a área do campus e a comunidade académica, e quando é dada atenção à sequência visual de experiência, que orientam e guiam as pessoas desde os arredores até ao acesso principal do campus e seus destinos interiores. Bons e maus edifícios tornam-se mais marcantes no contexto do desenho arquitetónico quando todos os aspetos da sua envolvente ambiental foram conscientemente desenhados, pois um campus é em muito o resultado da presença de paisagens devidamente planeadas e desenhadas (Dober, 1996).

Cada vez mais universidades concluem que, de fato, a importância dos espaços verdes de um campus é determinante para a imagem que se quer transmitir ao público, para além dos fatores do âmbito físico e de benefícios para o bem-estar que proporcionam.

A organização, sendo um aspeto importante no planeamento dos campi, é atingida com a ligação entre o espaço exterior e os edifícios, conferindo um aspeto credível ao conjunto. Na figura 25 podemos notar que após intervenção nos espaços exteriores, todo o espaço se tornou coerente e aprazível esteticamente.

Figura 27 - O antes e depois de intervenção em alguns espaços exteriores na Universidade de Brown Disponível em: Dober (2000)

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Segundo Abu-Ghazzeh (1999), existem três componentes importantes relativos à qualidade dos espaços verdes em campi universitários:

- Qualidade física e ecológica que suporta as caraterísticas naturais do ambiente.

- Qualidade funcional e comportamental que suporta as interações entre o comportamento humano e a configuração física do campus. Compreende a densidade ou sensação de conforto de um local de estadia, a disponibilidade de bens básicos, como comida ou bebida, e o grau de interação que existe com os edifícios ou espaços adjacentes.

- Qualidade estética e visual que está associada ao facto de que a preferência visual é baseada na sensação visual, ou seja, este é o aspeto mais importante da estética, pois é nela que conseguimos atingir a qualidade visual dos espaços verdes.

Os campi universitários sofreram grandes mudanças ao longo dos anos. As influências de cada estilo, movimento ou tendência à medida que foram surgindo afetaram as universidades, provocando alterações no desenho dos espaços exteriores. Porém, mais recentemente, para além da questão do mero desenho formal impôs-se a questão da funcionalidade, o que causou uma alteração no tipo de abordagem feita ao espaço exterior, começando assim um tipo de planeamento mais pensado nas funções do espaço e no bem-estar dos utilizadores, aliado ao ordenamento de todos os elementos físicos do campus. Nos últimos anos a acrescer a este novo tipo de abordagem surgiu a preocupação ambiental, iniciando-se assim a fase de pensar nos campi de uma outra forma para além da funcional e de bem-estar.

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CAPÍTULO

3

O desenho e planeamento dos campi universitários nos últimos anos tem vindo a dar cada vez maior relevância aos aspetos relacionados com o contexto físico em que se inserem, relação com a comunidade e custos de construção e exploração, ou seja preocupações associadas à sustentabilidade. Atualmente um dos maiores desafios das universidades é a qualidade do meio ambiente em que se inserem os seus campi. Esta preocupação alterou a forma como as universidades olham não só para a eficiência dos espaços interiores, como também para a dos espaços exteriores.

São inúmeras as instituições que já aderiram a acordos e tomaram medidas para combater os problemas ambientais do planeta, tendo este processo influenciado as universidades a todos os níveis, como se poderá verificar no presente capítulo.

3. O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E OS CAMPI

“O mundo está a enfrentar uma enorme crise. Nos últimos anos experienciamos uma combinação de crise financeira global, crise de alimentos, preços de petróleo voláteis, degradação acelerada dos ecossistemas e um número cada vez mais elevado de condições climatéricas extremas influenciadas pela mudança no clima. Estas crises múltiplas e inter-relacionadas põem em causa questões como a capacidade da população humana viver pacificamente e de forma sustentável no planeta, o que requer uma atenção urgente dos governos e cidadãos de todo o mundo.” (Stakeholder Forum for a Sustainable Future, 2011, cit. in Disterheft, 2011: pg.5).

Esta crise também se fez refletir sobre o setor do ensino devendo as universidades ser das principais instituições a refletir sobre as causas e consequências, desenvolver investigação e formação e aplicar medidas,

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nomeadamente no que diz respeito às questões ambientais, constituindo-se como exemplos para a sociedade. Infelizmente o processo não tem sido imediato nem fácil estando as universidades ainda longe de chegar a campi sustentáveis.

“A complexidade das questões ambientais está a tornar-se elevada, multidimensional e interconetada com a sustentabilidade ambiental, que pela sua própria natureza, requer um tipo de abordagem mais integrada e sistemática na hora de tomar decisões, de fazer investimentos e de gestão. Há então necessidade de uma abordagem de gestão ambiental profissional com sistema de redução de recursos e impactos negativos das diversas operações do campus e ainda com um sistema de promoção da sustentabilidade do campus. Infelizmente, este tipo de abordagem escasseia nas universidades, o que torna a tarefa de alcançar a sustentabilidade mais complicada.” (Elizabete, 2005, cit. in Alshuwaikhat e Abubakar, 2008: pg.2).

As preocupações com as questões ambientais não surgiram nos últimos anos podendo-se entender ao longo deste capítulo a luta e preocupação que o mundo tem vindo a combater há décadas. Alertadas para o problema da sustentabilidade, as universidades devem e têm de assumir um importante papel na implementação da sustentabilidade ambiental, surgiu assim a necessidade de fazer uma correta gestão ambiental dos campi e que rapidamente se tornou uma obrigação para as empresas, por exemplo.

3.1. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

São várias as definições de “sustentabilidade” e de “desenvolvimento sustentável” que se encontram, no entanto, em comum todas envolvem interligação entre objetivos económicos e ambientais (Dave et al, 2013).

Ao longo do séc. XX as abordagens integradas no planeamento, projeto e gestão foram-se tornando mais complicadas dada a necessidade de se encontrarem novos modos para lidar com questões complexas derivadas do aumento da população mundial, do esgotamento dos recursos e da diminuição da qualidade do habitat humano. O paradigma da sustentabilidade surgiu a partir de abordagens globais, tendo o termo sustentabilidade sido usado pela primeira vez em 1980 no relatório World Conservation Strategy elaborado pela International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN) (Disterheft, 2011). Neste relatório a sustentabilidade era entendida como uma aproximação estratégica à integração da conservação e ao desenvolvimento coerente com os objetivos da manutenção do ecossistema, preservação da diversidade genética e utilização sustentável dos recursos.

Tendo por objetivo alcançar a sustentabilidade realizaram-se reuniões internacionais tendo sido utilizado em 1987 a expressão “desenvolvimento sustentável” que foi apresentado no relatório “O nosso futuro comum” publicado pela “World Commission on Environment and Development”, da comissão das Nações Unidas e chefiada pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, sendo este o motivo pelo qual o ficou conhecido como o relatório de Brundtland e que define desenvolvimento sustentável como “(...) desenvolvimento

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que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades" (Brundtland, 1987, cit. in Dave et al., 2013: pg.5).

Entende-se neste documento que o “desenvolvimento sustentável” é a forma de responder às necessidades de gestão dos recursos naturais, e apresenta uma crítica explícita ao modelo de desenvolvimento que foi adotado pelos países industrializados. Uma nova visão da relação entre o homem e meio ambiente é então apresentada, indicando-se que não existe apenas um limite mínimo para o bem-estar da sociedade, mas também um limite máximo para a utilização dos recursos naturais, para que estes sejam corretamente preservados (Dave et al., 2013). Os mesmos autores (2013: pg.5) consideram que a noção de desenvolvimento sustentável tem implícito um “compromisso de solidariedade com as gerações do futuro”, no sentido de assegurar a transmissão do “património” capaz de satisfazer as suas necessidades. Este desenvolvimento implica a integração equilibrada dos sistemas: económico, social e ambiental, sem nunca esquecer os aspetos institucionais relacionados com a forma de governar de modo a que todos os sistemas entrem em equilíbrio e atinjam a meta da sustentabilidade (figura 28).

Figura 28 - Os sistemas base do desenvolvimento sustentável Disponível em: (Dave et al., 2013, pg 7)

O desenvolvimento sustentável pressupõe um processo de mudança que tem por essência um equilíbrio favorável entre a exploração de recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional. Este equilíbrio não só melhorará o potencial atual como tem em atenção as necessidades e aspirações futuras (Brundtland, 1987, cit. in Dave et al., 2013). Este é o meio pelo qual os

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