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4. CASOS DE ESTUDO

4.4. FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

Localização: Monte da Caparica - Portugal

Ano de fundação: 1977, tendo sido instalada no atual campus em 1985 Número de campi: 1

Número de estudantes: 7 500 Número de funcionários: 705

(professores incluídos)

Num campus universitário com uma área de 30ha e capacidade de expansão até 60ha, a Faculdade de Ciências e Tecnologia é uma das nove unidades da Universidade Nova de Lisboa - FCT-UNL (figura 64 e 65) e é composta por cerca de 14 departamentos e ainda por 16 centros de investigação.

Desde que foi criada estabeleceu prioridades não só relacionadas com o ensino mas também com a investigação, razão pela qual a instituição mantém ligações próximas com um considerável número de instituições nacionais e internacionais, de modo a promover e alargar horizontes no âmbito do ensino e investigação (FCT-UNL, 2015).

Figura 64 - Localização de Lisboa Fonte da autora

Figura 65 - Mapa do campus da FCT-UNL

Disponível em: http://cdn.fct.unl.pt/sites/default/files/imagens/faculdade/mapa- campus_2.jpg

90 PROBLEMAS IDENTIFICADOS

A problemática ambiental assumiu ao longo das últimas décadas contornos que afetam toda a sociedade e como as universidades não são exceção, a FCT-UNL (figura 66) tem a consciência de que a sua função é dar o exemplo e aplicar o contexto do desenvolvimento sustentável no ensino e investigação. Esta preocupação levou a Universidade Nova de Lisboa a subscrever a Carta das Universidades para o Desenvolvimento Sustentável (FCT-UNL, 2015).

Em 1998 arrancou o projeto Campus Verde para o campus universitário da FCT-UNL (figura 67), resultante da unidade curricular intitulada “Projecto de Auditoria e Ecogestão”.

Porém, só em 2000 é que o projeto obteve financiamento por parte da instituição, tendo sido elaborado um projeto de demonstração da implementação de um SGA em grande escala (FCT- UNL, 2015).

SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ADOTADO

O Sistema de Gestão Ambiental adotado para obter uma melhoria no desempenho ambiental foi a norma ISO 14001:2004, tendo o objetivo de alcançar a sua certificação.

A abordagem a este SGA está a ser feita de forma lenta e faseada para facilitar a tarefa de fazer uma correta implementação. As etapas para tal são:

1- “Lançamento” e sensibilização; 2- Diagnóstico ambiental ao campus;

3- Desenho e implementação do SGA e do Plano de Ações; 4- Preparação para a Auditoria e Certificação (FCT-UNL, 2015).

Figura 66 - Biblioteca da FCT-UNL Disponível em: http://www.biblioteca.fct.unl.pt/

Figura 67 - Vista aéra do campus

91 MEDIDAS TOMADAS

Após o lançamento e sensibilização a todos os membros da instituição para o processo que iria ocorrer e a ajuda que todos poderiam dar, as áreas de ação selecionadas foram:

- Água; - Resíduos; - Energia; - Qualidade do ar; - Ambiente sonoro; - Ecologia; - Segurança.

Já os principais objetivos do projeto Campus Verde (figura 68) na fase entre 2000 e 2003 foram:

- Conduzir um levantamento ambiental ao campus, identificando aspetos ambientais relevantes e quantificando os respetivos impactes ambientais;

- Estabelecer diretrizes para a implementação de um SGA no campus da Caparica de forma a potenciar melhores práticas de gestão e um melhor desempenho ambiental do campus;

- Encorajar a FCT-UNL a trabalhar no sentido da certificação ambiental (segundo as normas ISO 14001 e/ou o regulamento EMAS II);

- Realizar atividades com estudantes, docentes, outros funcionários e decisores da FCT-UNL, procurando uma implementação participativa do SGA;

- Prosseguir a investigação na temática da “gestão ambiental de universidades” (FCT-UNL, 2015).

Figura 68 - FCT-UNL

92 MELHORIAS CONSEGUIDAS ATÉ À ATUALIDADE

Desde 2000 que está a ser implementada a 1ª fase que visa a sensibilização de toda a comunidade académica, sendo que atualmente ainda decorre esta fase, pois é essencial que toda a academia colabore. Em relação à 2ª fase, ainda não está concluída na tua totalidade, e visa o diagnóstico ambiental do campus. Porém, a partir de relatórios e levantamento ambientais já elaborados foi possível dar início à 3ª fase tendo já alguns resultados.

Os levantamentos ambientais realizados em 1998 e 2000 foram essenciais para que todo o processo de

implementação tivesse início, pois o levantamento ambiental inicial constituiu um dos primeiros requisitos da implementação do SGA e é um instrumento de grande utilidade, permitindo criar uma correta organização do processo. Estes levantamentos ambientais caraterizaram também a situação ambiental do campus bem como quais as prioridades a ter a curto-prazo (cumprimento da legislação ambiental aplicável). Por fim, foi ainda possível delinear uma estratégia ambiental a médio-longo (implementação do SGA e certificação ambiental) (FCT-UNL, 2015).

Levantamento Ambiental 1998

Elaborado pelos estudantes e professor que criaram o projecto Campus Verde, este levantamento ambiental concluiu ser “urgente integrar a componente ambiental nas atividades de gestão da FCT-UNL e resolver os problemas ambientais do campus da FCT-UNL de uma forma integrada e com o envolvimento de todos os utilizadores do campus. A FCT-UNL está especialmente vocacionada para esta tarefa, uma vez que dispõe de recursos humanos, científicos e tecnológicos de excelência na área do ambiente, devendo portanto iniciar no campus a boa prática que ensina e desenvolve ao serviço da comunidade” (FCT-UNL, 2015)

Levantamento Ambiental 2000

O levantamento ambiental realizado ao campus da Caparica no ano 2000 já foi efetuado no âmbito do projeto Campus Verde com o objetivo de completar o levantamento ambiental realizado em 1998.

Este levantamento apresentou algumas particularidades face aos relatórios normalmente produzidos por equipas de consultoria ambiental. Ainda que se tratasse de uma ferramenta de apoio à decisão (especialmente dirigida à direção da FCT-UNL), apresentou algumas inovações científicas (como o cálculo do potencial de aquecimento global do campus) e sistematiza informação não-ambiental, antes dispersa, essencial para uma boa gestão do campus e da Faculdade (FCT-UNL, 2015).

Na mais recente fase do projeto Campus Verde (3ªfase) que se iniciou em 2006 com o objetivo de implementar e certificar um sistema de gestão ambiental no campus da FCT-UNL de acordo com a Norma NP EN ISO 14001:2004 foram obtidos alguns resultados, tais como:

93 - Água: redução de 7% do consumo total;

- Resíduos: realização de um Mapa Integrado de Registo de Resíduos, entrega de resíduos perigosos, limpeza do campus, campanhas de sensibilização e incremento da reciclagem;

- Energia: ligeira redução do consumo de electricidade e de gás, lançamento de campanhas que obtiveram uma redução geral da energia;

- Qualidade do ar: monitorização das fontes de emissão poluentes de 3 em 3 anos, restrições para fumadores;

- Ambiente sonoro: monitorização do ruído ambiente;

- Ecologia: criação de um bosque sumidouro de carbono através da plantação de cerca de 80 pinheiros em 400m2 numa fase inicial, sendo objetivo a expansão da áreas com a plantação de mais espécies;

- Segurança: criação de planos de emergência e base de dados de substâncias perigosas

É possível perceber que a escolha da norma ISO 14001 poderá não ter sido conduzida da forma mais correta, pois como já foi referido anteriormente, este SGA requer uma organização por parte da instituição devido ao fato de não ter um tipo de medidas particular, acabando por ser muito generalizado. Estas características do SGA não facilitaram o processo de organização o que provocou a falta de conclusão das fases já iniciadas pela FCT-UNL e assim não prosseguir para o processo de melhoria contínua.

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Após o estudo dos casos selecionados foi possível retirar algumas conclusões sobre a eficiência que os SGA têm nas universidades. Todos eles requerem que seja realizado um estudo aprofundado sobre o espaço de modo a se perceber quais as problemáticas/preocupações existentes e assim se proceder à elaboração de um relatório ambiental e, consequentemente, de um plano estratégico. Só desta forma será possível perceber qual o tipo de SGA a ser implementado, variando a escolha através das medidas que se pretendem aplicar.

Depois de escolhido o SGA é importante que todas as etapas sejam realizadas com o máximo detalhe de modo a que não se arrastem no tempo, podendo causar retrocessos ou pausas, como o caso da FCT-UNL que ao deixar acumular fases de implementação, acaba por deixar de conseguir dar foco a determinados detalhes que poderão fazer a diferença no futuro e tornar o processo demasiado moroso.

Já o caso da MMU transmite que mesmo com a implementação de um SGA nada impede que outro seja adotado e ambos sejam cumpridos faseadamente e com sucesso. Este tipo de posição permite que a instituição alargue a lista de objetivos a cumprir gerando assim um outro tipo de incentivo a toda a comunidade académica.

O caso de Bremen é o exemplo de que após o alcance da certificação de um SGA a luta pela constante melhoria do desempenho ambiental não chega a um fim, pois é necessário que a instituição faça a manutenção correta e assídua de todo o SGA implementado bem como que continue a promover algumas áreas indispensáveis.

Já em relação à universidade de Copenhaga a conclusão que é retirada é que a criação de um SGA de forma autónoma pode ter sucesso. Esta iniciativa torna possível que a instituição alcance a quantidade de objetivos necessários de forma muito detalhada e ambicionando sempre por mais e melhor. Acaba assim por cumprir o que outras universidades, como a MMU, cumprem mas sem recorrer a um conjunto de SGA internacionais ou nacionais.

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CAPÍTULO

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