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Avaliação externa: as matrizes de referência, os descritores e a escala de proficiência

2 AVALIAÇÃO MATEMÁTICA EM LARGA ESCALA: DESAFIOS E

2.3 Avaliação externa: as matrizes de referência, os descritores e a escala de proficiência

A avaliação externa do Saeb expõe uma série de critérios para avaliar o conhecimento assimilado pelos estudantes. Neste sentido, os PCNs, como observado na seção 1.5 dessa pesquisa, teve uma grande importância para o desenvolvimento das matrizes de referência da Prova Brasil, ao elencar uma lista de habilidades e competências na qual o aluno precisa assimilar nos respectivos ciclos da educação básica.

Em 2007 o Governo Federal lança o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com o objetivo de melhorar o ensino ofertado aos educandos por meio de uma pedagogia equitativa e de boa qualidade (BRASIL, 2008). O objetivo desse documento era ampliar as discussões acerca da avaliação externa de larga escala com todos os profissionais da educação

e sociedade. Isso possibilitaria uma maior visibilidade do tema, com reconhecimento dos pressupostos que o embasam e uma melhor análise do resultado de desempenho dos alunos.

Isso possibilitou a construção de um instrumento que identificasse as redes de ensino que apresentasse maiores debilidades no desempenho escolar. Nesta perspectiva, o MEC utilizou-se do IDEB para reconhecer esses sistemas de ensinos e, de certa forma, esse mecanismo ajudou no desenvolvimento de uma política de apoio técnico e financeiro do órgão aos municípios e estados.

O sistema avaliativo de larga escala procurou compreender e trabalhar, na medida do possível, as especificidades de cada rede de ensino a fim de demonstrar a sua efetividade enquanto instrumento de mensuração. Mas, para isso seria necessária a elaboração de uma ferramenta que pudesse auxiliar todo esse processo assegurando a sua transparência e coerência. A matriz de referência, portanto, se apresentava como parte integradora dessa metodologia ao possibilitar aos professores e gestores maior clareza do que estava sendo avaliado e quais competências e habilidades esperadas dos educandos (BRASIL, 2008).

Contudo, vale ressaltar que elas, intrinsecamente, não compreendem todo o currículo escolar, uma vez que não há possibilidades de contemplar todo esse conteúdo nos itens da prova. Por isso, é realizada uma seleção do que é possível aferir nesse tipo de avaliação.

Os conteúdos das matrizes de referências da Prova Brasil, de Língua Portuguesa e Matemática, como já dito, estão associados a um conjunto de competências e habilidades esperada pelo aluno ao longo de todos os anos de sua escolarização. Essa organização se desenvolve por meio de descritores que representam a “associação entre os conteúdos curriculares e as operações mentais desenvolvidas pelos alunos” (BRASIL, 2008, p. 18).

Segundo o documento publicado pelo MEC (BRASIL, 2008), as matrizes de referência de Matemática têm sua essência estruturada na resolução de problemas. Esse entendimento se baseia na concepção do PCN de Matemática em que “problema matemático é uma situação que demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para obter um resultado” (BRASIL, 1997b, p. 33). Ou seja, são situações desafiadoras, mediadas pelo professor, nas quais o aluno desenvolve, a partir de estratégias próprias de resolução, a compreensão do conhecimento da área por meio da observação, argumentação, capacidade de fazer estimativa e do raciocínio lógico.

Vale ressaltar que a matriz de referência de Matemática não é um substituto do currículo, pois diferentemente deste, não traz qualquer orientação ou recomendação de como trabalhar esses conteúdos dentro da sala de aula Além de não contemplar todos os conhecimentos matemáticos necessários no decorrer do período de escolarização.

As matrizes de referência de Matemática, assim como no PCN, estão organizadas em quatro grandes temas:

I – Espaço e Forma; II – Grandezas e medidas;

III – Números e operações / Álgebra e funções; IV – Tratamento da informação.

Dentro desses campos, subdivididos em partes menores, estão os descritores que indicam as competências e habilidades esperada do aluno ao final de cada ciclo da educação básica (Ensino Fundamental anos iniciais e finais; Ensino Médio). Ao todo são vinte e oito descritores que ajudam a compor os itens da avaliação ao especificar a implicação de cada habilidade em cada tópico.

Faltava agora, para compor toda a estrutura avaliativa, a construção de um mecanismo que pudesse mensurar, por meio de representatividade, os resultados dos conceitos e conhecimentos obtidos pelo aluno na prova. Nesse caso, a escala de proficiência se apresentou como um modelo adequado de medida representativa a partir dos padrões estabelecidos pelos itens da avaliação e do método TRI9empregado para calcular o nível proficiência.

A escala de proficiência de Matemática do quinto ano do Ensino Fundamental apresenta dez níveis. Em cada nível é apresentado um escore das habilidades esperada dos estudantes, como se pode observar no anexo 7. Essa escala possibilita a interpretação dos resultados do traço latente do educando, ou seja, medir a sua habilidade em termo cognitivo e educacional. Contudo, é importante ressaltar que esse instrumento auxilia o trabalho do professor, agregando-se ao conjunto de saberes vivenciado por este profissional, com os limites mensuráveis que esse tipo de avaliação apresenta. Em outras palavras, a avaliação de larga escala tem suas moderações, pois não consegue aferir muitas das atividades que acontecem na sala de aula, mas ainda assim, se apresenta como uma importante ferramenta que fornece um conjunto de informações que ajudam a compreender os hiatos de aprendizagem dos conteúdos matemáticos.

9 TRI: Teoria de Resposta ao Item é um modelo estatístico criada para aferir a proficiência do aluno por meio do traço latente acumulativo. Ou seja, o parâmetro de dificuldade é medido por meio da escala de proficiência o que permite a comparabilidade entre os resultados e a sua quantificação mais próxima da realidade. Fonte: INEP/MEC. Nota Técnica: Teoria de Resposta ao Item. Disponível em:

http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/nota_tecnica/2011/nota_tecnica_tri_enem_18012012.pdf. Acesso em: 1 de jun. de 2020.