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Avaliação Integrada da Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar

1. Agronegócio de Base Econômica Familiar

1.5. Avaliação Integrada da Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar

1.5. AVALIAÇÃO INTEGRADA DA CADEIA LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR

Figueiredo et al. (2007) propõem um modelo de avaliação que leva em consideração diversos aspectos, entre eles a confiança, na rede social da cadeia logística. Trata-se da avaliação integrada da organização da produção, essencial para o monitoramento dos contratos entre clientes e fornecedores - internos e externos à cadeia - e que compreende a verificação da qualidade dos produtos e serviços negociados e a satisfação do consumidor final.

Uma avaliação integrada da cadeia consiste em manter a visão da cadeia integrada também no momento da avaliação do seu desempenho, isto é, o resultado do desempenho de uma cadeia será mais coerente se ele permitir uma análise também integrada dos seus indicadores de desempenho.

Esse modelo de avaliação serviu de base para o desenvolvimento do software AGROLOG7, capaz de avaliar o nível de integração da cadeia de abastecimento do setor hortícola, e um dos produtos do projeto Plataforma de Agricultura Familiar8. Esse projeto teve como um de seus objetivos o desenvolvimento de um modelo de gestão que permitisse a plena execução de ações conjuntas e articuladas, visando à maior eficácia de toda a cadeia.

As avaliações das cadeias segundo o modelo deverão, portanto, ser realizadas em períodos de tempo definidos com todos os integrantes: produtores, representantes das organizações de produtores, representantes do mercado varejista e consumidores finais. Os parâmetros para avaliação referem-se: ao planejamento da produção; à qualidade e eficiência dos processos; ao volume; à variedade e aos preços dos produtos ofertados, assim como aos prazos para disponibilizá-los aos segmentos intermediários. Além desses, também fazem parte do processo as avaliações qualitativas: os processos de aprendizagem, formação de redes sociais e empreendedorismo também devem ser considerados quando se deseja realizar uma avaliação sistêmica da evolução da cadeia.

O resultado final da avaliação apontará se a Cadeia está ou não integrada, pois não existe a hipótese de ela estar parcialmente integrada. No caso da não-integração, será possível a identificação de quais são os segmentos mais críticos para tal integração, e de quais processos estão comprometendo o desempenho global da cadeia, tanto no que se refere à qualidade, confiabilidade e relacionamento, quanto aos custos (FIGUEIREDO et al., 2007)

Figueiredo et al. (2007) afirma que já se sabe que a falta de confiança entre os segmentos da cadeia acaba resultando em custos logísticos maiores. Desse modo, é fundamental analisar os resultados da avaliação qualitativa e de custos, buscando verificar os processos qualitativos avaliados que podem estar gerando custos adicionais ou mesmo as informações que serão necessárias para avaliar os custos do segmento. É importante destacar que custos adicionais desnecessários acabam impactando a rentabilidade da cadeia como um todo, e que um fator fundamental relacionado à confiabilidade da cadeia é a capacidade de seus integrantes manterem níveis de disponibilidade de estoque e de desempenho operacional dentro do planejado, de forma a atender à demanda com qualidade e rapidez.

Echeverria (2002) reforça a idéia ao afirmar que todas as relações sociais não fundamentadas na força se sustentam pela confiança. Ela é o elemento unificador básico,

7 www.pyinf.com/sislog/

8 Edital Nº 4/2001 (Pesquisa e Desenvolvimento - Agricultura Familiar) Conselho Nacional de Desenvolvimento

agindo como o “cimento” da relação. Se não há confiança, é difícil conceber uma relação entre o pai e o filho, entre um casal, entre mestre e o aluno, entre amigos, entre médico e paciente, entre membros de uma mesma equipe de trabalho etc. Sem confiança, as relações se vêem comprometidas e tenderão a se dissolver.

Portanto, é fundamental conhecer como se formam as redes sociais da Cadeia Logística Integrada, pois a falta de confiança é um gargalo que acaba por gerar, de alguma forma, custo adicional ao sistema, e impactando a todos. Por isso, conhecer a estrutura dessa rede social, como se dão os relacionamentos e quais são seus atores críticos são informações estratégicas para possibilitar o planejamento de ações mais eficientes para alcançar os níveis adequados para um ótimo funcionamento da cadeia logística.

Porém, para alcançarmos esse desempenho, é necessário a Cadeia Logística levar em consideração quatro dos eixos norteadores da estruturação do modelo proposto por Figueiredo et al. (2007):

• Envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva (produtores e compradores) na construção do modelo e não apenas uma das partes (comprador ou vendedor);

• Construção coletiva, onde todos os atores relevantes buscam um objetivo comum e desenvolvem todo o trabalho em prol desse objetivo;

• Foco na integração da cadeia, ou seja, todos os envolvidos devem estar comprometidos com todos os processos, desde a produção até a entrega do produto ao consumidor;

• Estabelecimento de um elo de confiança e de compromisso entre todos os participantes do grupo (consolidação de redes sociais).

Figueiredo et al. (2004) afirma que, com base nessas premissas, o desenho da cadeia integrada tem como suporte da estratégia metodológica a capacidade para gestão integrada da cadeia e a preparação da auto-organização.

Como se vê, os eixos norteadores indicam a construção de uma Cadeia a partir da participação não hierarquizada de seus atores, ou seja, de relacionamentos de reciprocidade entre seus integrantes. Essas são premissas incomuns aos modelos tradicionais de Gestão e, na realidade, mais um grande desafio.

O capítulo a seguir trata dessa nova forma de gestão e participação coletiva, ou seja, a auto-organização e como ela pode ser compreendida e gerenciada a partir da Teoria da

Complexidade aplicada às organizações. Portanto, além da confiança, a auto-organização é uma dimensão que deve ser considerada para a avaliação das redes sociais das Cadeias Logísticas do ABEF.