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Conforme destacado no início deste estudo, apesar de o Agronegócio de Base Econômica Familiar possuir relevância para a economia nacional, grande parte de seus empreendimentos vem sendo considerada ineficiente em função de uma ausência de modelos de gestão que avancem em seus propósitos de cooperação.

Essa ineficiência é refletida com a perda de mercados tradicionais do ABEF por simples incapacidade de alcançar os níveis de qualidade, volume e preço requeridos. Isso tem levado o segmento a procurar alternativas e, entre elas, estão o associativismo e o cooperativismo.

Porém, a simples associação com outros produtores não garante o alcance dos níveis de eficiência na Cadeia Logística, necessários para a resolução destes problemas, nem haverá agregação de valor aos produtos para atrair novos clientes ou simplesmente manter os atuais.

Para isso é necessário que as entidades associativas desenvolvam uma gestão coerente com sua natureza de sistema complexo adaptativo e, com isso, possa valer-se das experiências compartilhadas de seus integrantes e criar uma Cadeia Logística sinérgica que use plenamente o potencial do grupo e uma visão de futuro que possa ser compartilhada como propósito.

Embora os problemas associados ainda sejam extensos, percebem-se nas organizações estudadas iniciativas e a realização de novas práticas que conduzam a um aprimoramento da sua produção. Essas práticas prevêem a adoção de metodologias, técnicas e equipamentos, além da realização de estudos e pesquisas e o envolvimento dos atores sociais com o objetivo de trocar experiências e aprimorar seu processo produtivo.

Além de criar um Modelo de Mapeamento e Análise de Redes Sociais na Cadeia

Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar, este estudo também visa a contribuir

para o setor, identificando os tipos de redes relevantes para Análise de Redes Sociais da Cadeia Logística do ABEF.

Também como resultado da pesquisa, criou-se e validou-se o modelo de questionário para mapeamento das redes; identificaram-se indicadores para acompanhamento das iniciativas, compreendendo métricas individuais e de grupo e analisaram-se as redes sociais na Cadeia Logística em foco.

A partir do estudo da Interação da Cadeia Logística e da Teoria da Complexidade, foram identificadas duas dimensões de redes sociais fundamentais para a dinâmica das interações existente nas redes sociais:

• Dimensão da Auto-organização: formada pelas redes de relacionamento, informações e propósito.

• Dimensão Confiança na coordenação de ações: formada pelas redes de

confiabilidade, competência, sinceridade e assertividade.

Além disso, foram identificadas mais duas redes para complementar o diagnóstico das entidades. A primeira foi a rede de mais comunicação, que identifica dificuldades na comunicação, e, a segunda, a rede de fluxo da produção, que identifica a Cadeia Logística presente nas entidades.

Para o mapeamento dessas redes foi criado um instrumento de pesquisa com nove questões, referentes a cada uma das redes que foi identificada como necessária à eficiência da Cadeia Logística. Essas questões foram validadas durante o processo de levantamento de dados. A partir de pesquisas bibliográficas e consultas ao Ucinet Users Group, foi identificado um conjunto de indicadores que possibilitam um diagnóstico sistêmico das redes estudadas: indicadores para análise estrutural, análise relacional e identificação de atores

críticos.

Na metodologia foram detalhados os cinco passos necessários para aplicação desse Modelo de Análise de Redes Sociais na Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar. Esse modelo pode vir a ser utilizado para complementar os estudos de redes sociais no âmbito do molelo Agrolog, citado na página 39.

Do levantamento dos dados nas três organizações: Mercado Orgânico, Agreco e Copas, analisaram-se os resultados dos indicadores e evidenciaram-se alguns desafios a serem vencidos, principalmente: o propósito, a troca de informação, a criação de cadeia logística interna e a descentralização dos relacionamentos no Mercado Orgânico; maior participação dos cooperados de maneira formal e informal na Copas; e, finalmente, a consolidação da confiança na coordenação de ações e a troca de informações na Agreco.

Este estudo não esgota o assunto, pois, à medida que seu modelo for sendo aplicado, novos aperfeiçoamentos podem ser realizados, ampliando-se novas perspectivas de trabalhos, como:

• Narração das “histórias de aprendizagem” que ocorrerão nas reuniões de

feedback, correspondentes ao quinto passo da metodologia, com as

• Aplicação nas entidades pesquisadas da avaliação completa do Agrolog, utilizando a metodologia qualitativa atual e a metodologia quantitativa de Análise de Redes Sociais;

• Aplicação no modelo proposto por este trabalho em entidades já avaliadas pelo Agrolog;

• Aplicação do modelo atual em novas entidades que necessitam do diagnóstico resultante da Análise de Redes Sociais para promover mudanças.

Conforme destacado no decorrer deste estudo, sistemas teóricos como os da

Complexidade e da Visão Sistêmica demonstram que as organizações são sistemas vivos,

trocando recursos (materiais e não-materiais) com o mundo e renovando-se continuamente. Por isso, na gestão de organizações seria mais adequado substituir paradigmas de comando e controle pela Auto-organização, característica de sistemas vivos abertos e adaptativos.

Também, a visão sistêmica e a complexidade ratificam como as organizações associativistas não são comunidades fechadas. A cooperação, baseada na lei da natureza, contém em si mesma o elemento da confiança e auto-organização. O intercâmbio de trabalho e assistência mútua não impõe limitações convencionais. Ao contrário, a cooperação abre as portas para todas as possibilidades: organizações interligadas e uma ampla rede de trabalho cobrindo todo o mundo.

Não é possível pré-determinar que formas de cooperação devam ser desenvolvidas. Essas formas devem surgir naturalmente da experiência e participação na busca dos objetivos comuns. Tudo pode ser melhorado pela cooperação. As pessoas devem ser estimuladas a se juntarem para a cooperação, em combinações completamente novas. Promover mudança nas organizações significa que as pessoas envolvidas nos mais diversos processos precisam ser motivadas a descobrir, de maneira conjunta, a mudança que deve ser feita para alcançar os objetivos compartilhados.

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