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Modelo de Análise de Redes Sociais Aplicado à Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar.

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RUY ALCIDES DE CARVALHO NETO

MODELO DE ANÁLISE DE REDES SOCIAIS APLICADO

À CADEIA LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho Co-orientadora: Profª. Drª. Adelaide dos Santos Figueiredo

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Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UCB C331m Carvalho Neto, Ruy Alcides

Modelo de Análise de Redes Sociais Aplicado à Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar. / Ruy Alcides de Carvalho Neto, 2009.

186 f., il; 30cm.

Dissertação (mestrado) - Universidade Católica de Brasília, 2009. Orientação: Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho

Co-orientação: Profª. Drª. Adelaide dos Santos Figueiredo

1.Redes sociais – Análise social. 2. Agronegócio 3. Família – Economia agrícola 4.Logística agrícola. I. Lucena Filho, Gentil José de. orient., II. Título.

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Dissertação de autoria de Ruy Alcides de Carvalho Neto, intitulada “MODELO DE ANÁLISE DE REDES SOCIAIS APLICADO À CADEIA LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Gestão do Conhecimento e da Tecnologia da Informação, em 20 de março de 2009, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_____________________________________________ Prof. Dr. Gentil José de Lucena Filho (Orientador)

Universidade Católica de Brasília - UCB

_____________________________________________ Profª. Drª. Adelaide dos Santos Figueiredo (Co-orientadora)

Universidade Católica de Brasília – UCB

_____________________________________________ Profª. Drª. Janaína Deane de Abreu Sá Diniz

Universidade de Brasília - UnB

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Dedico este trabalho: à minha esposa, Maria Beatriz;

aos meus filhos Mariana, Clara, Rodrigo e André; e aos meus pais, Emmanoel Pinto da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

Ao Prof. Dr. Gentil Lucena, meu orientador, e à minha co-orientadora, Profª Drª. Adelaide Figueiredo, por me confiarem esse tema tão desafiador e me apoiarem incondicionalmente na construção dessa Dissertação.

Aos examinadores externos, Profª. Drª. Janaína Diniz (UnB) e Prof. Dr. Wilson Schmidt (UFSC), que muito contribuíram com suas reflexões e sugestões para esta Dissertação. Ao Mestre, Agrônomo e Extensionista Rural da Emater-DF, Sr. Mario Felipe de Melo (in memorian), entusiasta desta Dissertação e grande fomentador das cooperativas no Distrito

Federal.

Aos cooperados José Ibalde e Massae Watanabe do Mercado Orgânico; ao Presidente Antonio Torres, à pesquisadora Leila Porto e à Emater-DF na Copas; ao empresário Constantino Rodrigues de Freitas, à pesquisadora Marta Fogaça, ao Adilson Lunardi e ao CNPQ na Agreco, pelo apoio que recebi para a realização das pesquisas de campo.

À Paula Simas, pela tradução do resumo para o inglês, e à Sheila Oliveira pelas preciosas conversas e revisão do texto.

À Mariana Carvalho pela tradução do resumo para o francês.

À minha querida esposa, Maria Beatriz Maury, pelos incentivos, reflexões, conversas, orientações, paciência e, acima de tudo, pela confiança que tem demonstrado sempre, inclusive, neste momento especial.

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A Emmanoel e Marisa Silva, meus pais, que me deram a ‘passagem’ para a existência e por serem para mim um exemplo de viver ético, de coragem, de fé e de determinação. Agradeço também a meus irmãos Ilka, Ana Beatriz e Washington.

A toda a família Maury, especialmente aos “atores críticos” da rede: Léo Victor e Cilúlia e suas histórias de vida.

Aos meus colegas de trabalho que colaboraram direta ou indiretamente com esse produto, participando de validações de pesquisas, especialmente à Dilean Campos e ao Carlos Enrique Vallejo Brunelli por seus incentivos e provocações.

A todos os colegas do Curso, especialmente: Suely Castilho, Sérgio Samorano, Osíris Martinelli.

A todos os professores do Programa, especialmente a Eduardo Moresi, com quem ratifiquei a importância da metodologia para construir uma idéia, e ao Paulo Fresneda, por ter me apresentado a Análise de Redes Sociais e tantas outras fronteiras da Gestão do Conhecimento.

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“Se muito vale o já feito. Mais vale o que será.”

Milton Nascimento, Fernando Brant &

Márcio Borges

“Cada cooperação e vida comunal necessitam aperfeiçoamento. Ninguém pode indicar o limite da evolução. Precisamente por isso, um trabalhador se torna um criador.

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RESUMO

Referência: Carvalho Neto, Ruy Alcides. Modelo de Análise de Redes Sociais Aplicado à Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar. 2009. 186 f. Dissertação (Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2009.

O Agronegócio de Base Econômica Familiar caracteriza-se pela gestão e presença majoritária do trabalho familiar em estabelecimentos rurais, possuindo uma inequívoca relevância para a economia nacional. Embora venha se desenvolvendo em tecnologia de produção nas últimas décadas no Brasil, seu aspecto gerencial está relegado a segundo plano, e essa carência tem sido apontada como a maior fragilidade do setor. Para enfrentar a concorrência de grandes produtores, o setor necessita modernizar seus processos de gestão. Além disso, necessita desenvolver e aprofundar parcerias no âmbito de sua Cadeia Logística, posicionando-se melhor no mercado e atuando de maneira coordenada, com vistas à agregação de valor aos seus produtos, a servir melhor à sociedade e conseguir melhores resultados em termos econômico-financeiros. Dois dos principais problemas de gestão nas organizações que agregam estes atores são a precária logística e a má-coordenação de ações presentes. Este estudo propõe um modelo de Análise de Redes Sociais (ARS) aplicado à cadeia logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar para produzir um diagnóstico que apóia a gestão dessas entidades. Esse modelo foi aplicado à Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar em três organizações do setor: a Associação dos Agricultores Ecológicos da Encostas da Serra Geral (Agreco), de Santa Catarina; a Associação dos Participantes do Mercado de Produtos Orgânicos do Distrito Federal (Mercado Orgânico de Brasília) e a Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), também do Distrito Federal. O presente estudo fez um diagnóstico das redes sociais dessas organizações sob as perspectivas da análise estrutural, análise dos relacionamentos e atores críticos, identificando assim problemas e oportunidades nas redes informais dessas organizações, e usando esse diagnóstico para aumentar a eficiência das cadeias logísticas.

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ABSTRACT

The economically-based family agribusiness is characterized by management and major presence of family labor in rural establishments and has an unmistakable importance for national economy. Although these establishments have been developing production technologies in the past decades in Brazil, management has been overlooked and this deficiency has been pointed out as a vulnerable aspect of the sector. In order to face the competition of large producers, the sector needs to modernize its management processes. Besides this, it needs to develop and deepen partnerships in the scope of its supply chain, by placing itself better in the market and by having a more coordinated performance, in order to add value to its products, to better serve society and to achieve better economic-financial results. Two of the main management problems in these family organizations are the precarious logistic and the poor coordination of actions. This study proposes a model of social network analysis applied to the supply chain of the economically-based family agribusiness to produce a diagnosis that supports the administration of these entities. This model was applied to the supply chain of three economically-based family agribusinesses: the Association of Ecological Farmers of Encosta da Serra Geral (Agreco) in the State of Santa Catarina; the Association of Partakers of the Market of Organic Products in the Federal District of Brazil (Organic Market of Brasilia) and the Cooperative of Farmers and Cattle Raisers of São Sebastião (Copas) also in the Federal District. The present study made a diagnosis of the social networks of these organizations under the perspective of structural analysis, analysis of relationships and critical actors, thus identifying problems and opportunities in the informal networks of organizations and applying this diagnosis to increase the efficiency of supply chains.

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RÉSUMÉ

L'Agro-économie de Base Familiale s’est caractérisée par la présence plus grande de la gestion et du travail de la famille dans les zones rurales, elle contribue à l'économie nationale brésilienne. Bien qu'il soit en développement de la technologie de production au cours des dernières décennies, au Brésil, il semble que la gestion est relégué à l'arrière-plan; ce déficit a été identifiée comme la principale faiblesse du secteur. Pour faire face à la concurrence des grands producteurs, l'agriculture familiale a besoin de moderniser ses processus de gestion. En outre, elle a besoin de développer et d'approfondir les partenariats au sein de leur chaîne d'approvisionnement, avec un meilleur positionnement sur le marché et un travail plus coordonnée, en vue de la valeur ajoutée à leurs produits, afin de mieux servir la société et obtenir de meilleurs résultats économiques-financier. Une mauvaise logistique et la coordination de ces actions sont deux grands problèmes de gestion dans ces organisations qui ajoutent ces acteurs. Cette étude propose un modèle pour l'Analyse des Réseaux Sociaux (ARS) à la chaîne l'Agro-économie de Base Familiale. Ce modèle a été appliqué à la Chaîne Logistique de l'Agro-économie de Base Familiale dans trois organisations: Associação dos Agricultores Ecológicos da Encostas da Serra Geral (Agreco), à Santa Catarina ; Associação dos Participantes do Mercado de Produtos Orgânicos do Distrito Federal (Mercado Orgânico de Brasília) et Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), ces deux dernier au Distrito Federal. Donc, cette étude a fait un diagnostic des réseaux sociaux de ces organisations dans une perspective de l'analyse structurale, l'analyse critique des relations et des acteurs, son objectif a été identifier les problèmes et les opportunités dans les réseaux informels des organisations et d’utiliser ce diagnostic afin d’accroître l'efficacité des chaînes logistiques.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Auto-Organização e Complexidade ...60

Figura 2. Vertentes Teóricas da Análise de Redes Sociais ...69

Figura 3. Componentes da Rede ...72

Figura 4. Ligações de Unidirecional (Sentido Único) ...72

Figura 5. Ligações de Reciprocidade (Sentido Duplo)...72

Figura 6. Tríades ...73

Figura 7. Seqüência de Passos para Realização do Mapeamento...80

Figura 8. Mercado Orgânico - Entrada ...81

Figura 9. Mercado Orgânico – Visão Interna ...81

Figura 10. Copas - Entreposto de Produtos ...83

Figura 11. Copas - Sede ...84

Figura 12. Agreco - Sede ...86

Figura 13. Caminhão da Agreco ...86

Figura 14. As Fases do Ciclo de Coordenação de Ações...91

Figura 15. Exemplos de Matrizes com os Dados de Mapeamento de Redes ...94

Figura 16. Consolidação das Redes em Dimensões...96

Figura 17. Ucinet | Transform | Multiplex Caixa de Diálogo ...97

Figura 18. Consolidação Multiplex...97

Figura 19. Matrizes Multigraph ou Matrizes de Correlações ...98

Figura 20. Consolidação de Matrizes...98

Figura 21. Transformação | Symmetrize Caixa de Diálogo...99

Figura 22. Processo de “Simetrização” pelos Mínimos...99

Figura 23. Transformação | Symmetrize Caixa de Diálogo...100

Figura 24. Processo de “Simetrização” pelos Máximos. ...100

Figura 25. Mercado Orgânico – Dimensão de Auto-Organização...107

Figura 26. Mercado Orgânico – Dimensão de Confiança...107

Figura 27. Mercado Orgânico – Dimensão Global...108

(12)

Figura 29. Mercado Orgânico – Cliques Auto-Organização ...111

Figura 30. Mercado Orgânico - Cliques Global...112

Figura 31. Mercado Orgânico – Reciprocidade dos Atores MO1, MO4 e MO5...114

Figura 32. Copas - Dimensão Global da Entidade...120

Figura 33. Copas – Dimensão Global da Diretoria...121

Figura 34. Copas – Dimensão Global dos Cooperados. ...121

Figura 35. Copas – Cliques da Dimensão Global ...124

Figura 36. Copas – Nclique da Dimensão Confiança ...125

Figura 37. Copas - Nclique Dimensão Global ...126

Figura 38. Copas – Dimensão Global ...127

Figura 39. Copas – Dimensão Global sem os Atores Críticos...127

Figura 40. Agreco – Cadeia Logística Intra-Organizacional. ...131

Figura 41. Agreco – Nova Cadeia Logística Intra-Organizacional. ...132

Figura 42. Agreco - Cadeia Logística – Agroindústrias/Administração...134

Figura 43. Agreco – Dimensão Global – Atores e Seus Papéis...136

Figura 44. Agreco – Cadeia Logística ...136

Figura 45. Agreco – Reciprocidade e Transitividade do Escritório e Agroindústrias. ....138

Figura 46. Agreco - Cliques da Dimensão Global ...139

Figura 47. Agreco – Nclique da Dimensão Global...140

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultado de Pesquisa nas Bases de Dados Scielo, Oxford Journals e Scirus.22

Tabela 2. Mecanismos de Coordenação Sistêmica...55

Tabela 3. Indicadores Quantitativos...74

Tabela 4. Mercado Orgânico - Indicadores Estruturais das Redes e Suas Dimensões...103

Tabela 5. Mercado Orgânico - Densidade das Matrizes Multigraph da Global...103

Tabela 6. Mercado Orgânico – Correlação das Redes da Auto-Organização ...104

Tabela 7. Mercado Orgânico – Correlação das Redes de Confiança ...104

Tabela 8. Mercado Orgânico – Principais Correlações entre as Redes...105

Tabela 9. Mercado Orgânico – Freqüência das Distâncias Geodésicas ...106

Tabela 10. Mercado Orgânico - Grau de Centralização nas Dimensões...106

Tabela 11. Mercado Orgânico – Reciprocidade e Transitividade ...108

Tabela 12. Mercado Orgânico -. Número de Cliques...110

Tabela 13. Mercado Orgânico – Número de Ncliques ...110

Tabela 14. Mercado Orgânico – Atores Críticos das Dimensões...113

Tabela 15. Mercado Orgânico– Numero de Bicomponents ...113

Tabela 16. Copas - Indicadores Estruturais das Redes do Mercado Orgânico...117

Tabela 17. Copas - Densidade das Matrizes Multigraph da Global ...118

Tabela 18. Copas – Identificação do Tipo de Participação dos Atores. ...118

Tabela 19. Copas - Densidade das Matrizes Multigraph da Dimensão Global...118

Tabela 20. Copas – Freqüência das Distâncias da Dimensão Global...119

Tabela 21. Copas - Grau de Centralização nas Dimensões. ...120

Tabela 22. Copas – Reciprocidade Global e Transitividade da Entidade ...122

Tabela 23. Copas - Reciprocidade Global e Transitividade da Diretoria...123

Tabela 24. Copas - Número de Cliques...124

Tabela 25. Copas – Número de Ncliques. ...125

Tabela 26. Copas – Atores Críticos das Dimensões...128

(14)

Tabela 28. Agreco - Indicadores Estruturais das Redes e Suas Dimensões...133

Tabela 29. Agreco – Freqüência das Distâncias dos Relacionamentos nas Dimensões. .133 Tabela 30. Agreco - Grau de Centralização ...135

Tabela 31. Agreco- Centralização do Escritório e da Agroindústria...135

Tabela 32. Agreco – Reciprocidade e Transitividade na Dimensão Global das Agroindústrias ...137

Tabela 33. Agreco - Número de Cliques ...139

Tabela 34. Agreco – Número de Ncliques ...140

Tabela 35. Agreco – Atores Críticos das Dimensões e da Cadeia Logística. ...141

(15)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Mercado Orgânico – Grau De Instrução...82

Gráfico 2. Mercado Orgânico – Origem...83

Gráfico 3. Copas – Grau De Instrução...85

Gráfico 4. Copas - Origem...85

Gráfico 5. Agreco – Grau De Instrução...87

Gráfico 6. Agreco –Origem ...88

(16)

SUMÁRIO

Introdução ...17

Revisão da Literatura ... 22

Problematização e Justificativa ... 30

Objetivos do Estudo ... 31

Estrutura da Dissertação... 32

1. Agronegócio de Base Econômica Familiar...34

1.1. Necessidade do Associativismo ... 34

1.2. Agricultura Familiar ou de Base Econômica Familiar. ... 36

1.3. Cadeia Logística do Agronegócio de Base EconômicA Familiar ... 37

1.4. Integração de Cadeia Logística ... 38

1.5. Avaliação Integrada da Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar ... 41

2. Organizações no Agronegócio de Base Econômica Familiar ...45

2.1. Pensamento Sistêmico e Teoria da Complexidade... 47

2.2. Pensamento Sistêmico e Teoria da Complexidade Aplicados às Organizações... 49

2.3. Gerenciamento da Autonomia de Sistemas Complexos... 54

2.4. Pontos de Alavancagem para a Gestão de Sistemas Complexos... 57

2.5. Mudança nos Valores e no Olhar dos Gestores... 61

3. Análise de Redes Sociais ...65

3.1. Redes Sociais... 65

3.2. A Técnica de Análise de Redes Sociais ... 67

4. Metodologia da Pesquisa...77

4.1. Classificação da Pesquisa... 77

4.2. Suposições... 77

4.3. Procedimentos ... 78

5. Resultados e Discussão ...102

5.1. Mercado Orgânico... 102

5.2. Copas... 116

5.3. Agreco ... 130

5.4. Mercado Orgânico, Copas, Agreco e Outras Considerações... 145

6. Considerações finais ...146

Referências Bibliográficas ...149

Apêndice 1 – Questionário de Mapeamento das Redes Sociais...153

Apêndice 2 – Matrizes Resultantes dos Questionários – Matrizes da Copas...157

Apêndice 3 – Rotinas para Processamento de Dados no Ucinet 6. ...163

Apêndice 4 – Resultado do Processamento da Ucinet 6 - Copas / Global. ...175

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INTRODUÇÃO

“O que não é medido não é gerenciado.” Kaplan e Norton

A agricultura é uma atividade econômica que vem acompanhando o ser humano desde a pré-história. Por volta do ano de 12.000 AC, surgiram as primeiras formas de domesticação de espécimes vegetais e animais, permitindo a fixação dos aglomerados humanos e uma maior organização social em determinadas regiões geográficas, uma vez que a agricultura possui maior capacidade de produzir alimentos que a caça e a coleta.

Este é um importante acontecimento na história humana, tornando-se o marco divisório entre o Paleolítico, período da pedra lascada, e o Neolítico, período da pedra polida. Há poucas informações sobre a agropecuária exercida nesse período, mas admite-se seu desenvolvimento em várzeas e vales do Egito, da Mesopotâmia, da China e da Índia.

Desde essa época, dependendo do conhecimento tecnológico e da estrutura econômica e social da sociedade, a agricultura vem se desenvolvendo em maior ou menor grau, em diferentes partes do mundo. Entretanto, de uma forma geral, até a revolução industrial ela se distinguia por se destinar apenas à subsistência e pela utilização intensiva de força humana e animal.

Entre os séculos XVIII e XIX, na Europa, ocorreu a denominada primeira fase da Revolução Industrial. Com o crescimento da demanda por alimentos, causada pelo crescimento da população e a queda da fertilidade dos solos, passou-se a utilizar na agricultura tecnologias empregadas na indústria, tal como a energia a vapor para tratores, colheitadeiras e semeadeiras. Além disso, foram inventados novos implementos agrícolas, intensificou-se a adoção de sistemas de rotação de culturas e as atividades agrícolas e pecuárias se integraram. Com esse desenvolvimento, a agricultura ganhou em escala e deixou de ser voltada apenas para subsistência, passando a ter também um caráter comercial.

(18)

Durante o século XX, a Agricultura Industrial foi adquirindo complexidade e sua cadeia produtiva se especializando, passando a ser conhecida como Agronegócio. Esse conceito foi definido em 1957, por John Davis e Ray Goldberg, significando a soma total das operações: de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; de produção nas unidades agrícolas; do armazenamento; do processamento e da distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles (MCT, 2002).

O conceito engloba diversas etapas e atores, tais como: os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e distribuidores e todos os envolvidos na geração e fluxo dos produtos de origem agrícola até o consumidor final.

No Brasil, a história da agricultura começa com a chegada dos portugueses, no ano de 1500 DC. Antes desta data, a atividade agrícola era pequena em área e sem impacto ambiental, com a finalidade única de subsistência dos índios nativos, complementar às atividades de caça, pesca e extrativismo vegetal (MIGUEL, 2006).

A partir de 1550, inicia-se o período da economia colonial, que se estende até 1780, quando se instituiu uma agricultura baseada na empresa colonial, que se apoiava em três componentes fundamentais: a grande propriedade fundiária (latifúndios herdados das capitanias hereditárias e sesmarias), a monocultura de exportação (voltada ao atendimento de requisitos econômicos da metrópole portuguesa) e o trabalho escravo intensivo. Havia também outras formas de produção, como a pecuária extensiva e pequenas lavouras de produtos alimentícios como mandioca, milho e arroz, os quais eram atividades subordinadas à economia colonial e destinavam-se ao consumo dos escravos e ao pequeno mercado interno (MIGUEL, 2006).

No período de 1780 a 1850, a agricultura continua a ser o suporte da economia, porém, com práticas arcaicas que levam ao esgotamento do solo. Novas e extensas áreas são incorporadas ao processo produtivo, acarretando grandes impactos ambientais (MIGUEL, 2006).

(19)

Nesse período, nas duas últimas décadas do século XIX, é constituído o mercado de trabalho brasileiro com características capitalistas, formado por trabalhadores livres sem a posse dos meios de produção, ou seja, os escravos recém-libertos, os trabalhadores livres nacionais da economia de subsistência e os imigrantes europeus (OLIVEIRA, 2009).

De 1920 até hoje, no Brasil, a agricultura vem se modernizando tecnologicamente, aumentando e diversificando sua produtividade, transformando suas atividades em

agronegócio. Essa situação vem posicionando o País entre os grandes produtores mundiais.

Desse setor participam um amplo espectro de atores de diferentes portes, desde os grandes até os pequenos produtores rurais, mais voltados ao mercado interno (MIGUEL, 2006).

Quando esses produtores, conhecidos também como agricultores familiares, possuem os meios de produção, administram a propriedade e o trabalho é feito majoritariamente por sua família, a atividade é classificada como Agronegócio de Base Econômica Familiar (ABEF), possuindo, atualmente, inequívoca relevância para a economia nacional.

Em 2004, o Agronegócio de Base Econômica Familiar representava 10,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 30% da produção global da agropecuária brasileira, chegando à participação de 60% na produção de produtos básicos da dieta nacional, tais como: feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais – principalmente aves e suínos (PORTUGAL, 2004).

O segmento representa grande parte dos produtores rurais do Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, detendo 20% da área das propriedades rurais. Geram emprego e renda, principalmente nas pequenas cidades, onde tem uma participação crucial na economia e também um papel estratégico, por fixar a população nessas localidades, evitando a migração para as grandes cidades (PORTUGAL, 2004).

Apesar dessa representatividade, o segmento vem enfrentando problemas. Grande parte dos empreendimentos é considerada ineficiente em alguns aspectos, em função de um baixo nível de escolaridade, ausência de crédito, pouco acesso à informação, qualificação precária da mão–de-obra e alto grau de informalidade. Essa situação dificulta o acesso do ABEF aos seus mercados, pois os grandes produtores, atentos às oportunidades, usam sua capacidade de produção em escala para conquistarem posições tradicionais dos pequenos produtores (WILKINSON, 2003a).

(20)

renda, há também a necessidade de alcançar escala e eficiência em cada unidade operativa. Para alcançar esses níveis de exigência, é necessário avançar no associativismo (WILKINSON, 2003a).

Produtores, intermediários, fornecedores e atacadistas, cada vez mais exigentes, desejam que suas necessidades e conveniências sejam atendidas e até antecipadas, inclusive quanto aos aspectos de prazos, qualidade dos produtos e dos serviços agregados. Um entendimento cada vez mais consolidado é que, de forma isolada, os produtores do ABEF pouco podem fazer para expandir suas atividades ou sobreviver nesse ambiente competitivo e de grande eficiência econômica dos grandes produtores (FIGUEIREDO et al., 2007).

O setor necessita, portanto, modernizar seus processos de gestão operacional e aprofundar suas parcerias com vista a integrar seu processo produtivo para diminuir custos, ganhar escala de produção, identificar oportunidades e agregar valor através da diferenciação de seus produtos. Só assim o ABEF, com planejamento e organização, poderá participar sustentável e economicamente desse mercado controlado pelas grandes empresas de atacado. Esse problema já é conhecido pelos pesquisadores e sua solução ultrapassa uma compreensão conceitual.

Portugal (2004), analisando as variáveis tecnológicas e político-institucionais, demonstra que há dois fatores fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar: a) a massificação de informação organizada e adequada, usando os modernos meios de comunicação de massa (TV, rádio e internet) e, b) a melhoria da capacidade organizacional dos produtores com o objetivo de ganhar escala, buscar nichos de mercado, agregar valor à produção e encontrar novas alternativas para o uso da terra como, por exemplo, o turismo rural.

As entidades e associações do ABEF buscam a coordenação de ações para aumentar sua eficiência e se incluírem em nichos de mercado. No entanto, talvez por não entenderem, ou não se darem conta, de que a coordenação de ações é eminentemente humana, ainda relegam a segundo plano as pessoas, suas necessidades e relações, deixando de identificar uma rede de interações, que possibilitam a troca e disseminação de conhecimentos, para aumentar a sinergia do sistema como um todo.

(21)

associativismo aberto às mudanças adaptativas necessárias para atingir objetivos comuns. Não é fácil, porque o sucesso desse processo depende não apenas de compreender as entidades como sistemas vivos, mas também de administrá-las, levando-se em consideração a complexidade em que estão inseridas.

Quem são as pessoas-chaves desse processo? Com quem elas se relacionam dentro da organização? Como é a qualidade dessas relações? Para um melhor entendimento da coordenação de ações dentro de organizações, os gestores devem buscar respostas a essas perguntas. Apesar de parecerem evidentes, essas perguntas auxiliam a dissipar percepções errôneas, fornecendo informações mais consistentes para tomada de decisões.

Algumas metodologias têm sido utilizadas para responder a essas questões, entre elas a Análise de Redes Sociais (ARS) que disponibiliza indicadores quantitativos para verificar as relações em um grupo, em um departamento, em uma empresa ou entre nações. Seu objetivo é fornecer um diagnóstico dos relacionamentos estabelecidos sob diversas perspectivas das redes sociais, como: fluxo de informação, confiança entre os componentes e cooperação nas organizações. A ARS disponibiliza também informações que possibilitam a gestão da integração do grupo, por meio da identificação de atores críticos, resistências e fragilidades, entre outros aspectos.

Nesse contexto, a Análise de Redes Sociais aplicada a associações do Agronegócio de Base Econômica Familiar pode contribuir de maneira significativa para o diagnóstico das relações inerentes a essas entidades. A partir da informação sobre os relacionamentos estabelecidos entre os componentes desta rede, é possível elaborar um planejamento que considere a realidade desses atores contribuindo para uma gestão mais integrada, participativa e eficiente dos processos inerentes a sua cadeia logística.

A presente Dissertação, desenvolvida no âmbito do Mestrado em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação na Universidade Católica de Brasília, tem então,

como objetivo, propor um modelo de Análise de Redes Sociais aplicada às Associações do Agronegócio de Base Econômica Familiar.

Para isso, desenvolveu-se uma pesquisa aplicada junto a três organizações do setor: a

Associação dos Agricultores Ecológicos da Encostas da Serra Geral (Agreco), de Santa

Catarina; a Associação dos Participantes do Mercado de Produtos Orgânicos (Mercado Orgânico de Brasília) e Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), ambas do

(22)

Na seção a seguir, estão descritos de forma sucinta os modelos teóricos adotados nesta Dissertação, os quais serão apresentados em maior profundidade no decorrer dos capítulos.

REVISÃO DA LITERATURA

Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizado um levantamento bibliográfico contemplando obras da literatura acadêmica e artigos em periódicos relevantes e atuais, em âmbito nacional e internacional.

A pesquisa da literatura examinada abrange o período de 2006 a 2009, e as temáticas analisadas foram relacionadas aos temas propostos: Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar; Complexidade e Organizações e Análise de Redes Sociais.

A fim de verificar o ineditismo e a relevância do trabalho, buscaram-se referências nas bases de dados dos sítios da Internet Scielo1, Oxford Journals2 e Scirus3, o que resultou em

uma estatística de artigos que certificaram a necessidade desse trabalho. O resultado dessa pesquisa está sintetizado na Tabela 1. Ressalta-se que nenhum dos artigos do levantamento foi utilizado como referência bibliográfica.

Tabela 1. Resultado de pesquisa nas bases de dados Scielo, Oxford Journals e Scirus.

Palavras Chave Scielo

(em Português) Oxford Journals (em inglês) (em inglês) Scirus

Analise de Redes Sociais (SocialNetwork Analysis )

4 169 3.118

Logística (Logistics) 88 22.277 43.233

Agricultura Familiar (Family farming) 42 73 618

Base Econômica Familiar

(Base Econômica Familiar or Agrobusiness Family)

0 0 0

Agricultura Familiar + Logística 0 5 20

Análise de Redes Sociais + Logística 0 19 79

Análise de Redes Sociais + Agricultura Familiar

0 0 1

Análise de Redes Sociais + Agricultura Familiar + Logística

0

0

0

Fonte: elaborado pelo autor.

(23)

A pesquisa revelou que, em todos os sítios pesquisados, o tema mais publicado é “Logística”. Verificou-se que no Scielo, biblioteca eletrônica brasileira, o segundo tema com

mais publicações foi Agricultura Familiar, enquanto os sítios internacionais apresentaram predominância de matérias sobre Análise de Redes Sociais.

Quando a pesquisa foi conjugada, encontrou-se significativamente um menor número de resultados. Por exemplo: no Scirus, quando se pesquisou pela palavra-chave “Logística”,

foram encontradas 43.233 referências e, ao se pesquisar “Logística + Agricultura Família”, o resultado obtido foi de vinte artigos. Quando se pesquisou “Logística + Análise de Redes Sociais” o número foi 79, e, finalmente, ao se pesquisar “Logística + Análise de Redes Sociais + Agricultura Familiar”, não se encontrou qualquer referência.

Como o padrão se repete nos demais sítios, é possível inferir que neles não existem artigos relacionando aos três temas Agronegócio de Base Econômica Familiar, Análise de Redes Sociais e Cadeia Logística. Ao procurar no sítio Google4, pela mesma combinação dos

três temas e o Ucinet (software), encontrou-se a Dissertação de Mestrado com o título

“O processo de institucionalização da soja transgênica no Brasil nos anos de 2003 e 2005: A partir da perspectiva das redes sociais”, defendida em 2006 na Universidade Federal Rural do

Rio De Janeiro, por Biancca Scarpeline de Castro; e uma Tese de Doutorado com o título “O movimento do comércio justo e solidário no Brasil: entre a solidariedade e o mercado”,

defendida em 2007, também na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, por Gilberto Carlos Cerqueira Mascarenhas. Após análise, verificou-se que os dois trabalhos não estão diretamente relacionados ao tema, mas usam as palavras-chaves da pesquisa no corpo do texto.

É importante destacar que não foram encontrados trabalhos que tratem do estudo de redes sociais na logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar, o que torna esse estudo uma relevante contribuição para o segmento. De acordo com a combinação dos temas apresentados, realiza-se a seguir um breve relato das principais referências bibliográficas consultadas para este trabalho.

Bibliografia Consultada

O Agronegócio de Base Econômica Familiar encontra-se em um momento de transição com pouca margem de manobra: ou ele sucumbe frente à concorrência dos grandes

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produtores comerciais ou se moderniza e alcança níveis satisfatórios de volume e qualidade de produtos, buscando paralelamente novos nichos de mercado. Para compreender melhor as relações estabelecidas no decorrer desse processo, este estudo buscou informações em autores que descrevem o setor de forma mais aprofundada.

Em sua Tese de Doutorado, Brasil (2004) mostra que Agricultura Familiar vem se caracterizando por intensas e sucessivas mudanças estando sob a influência dos contextos social, econômico, político, cultural e ambiental. Diante de modificações político-sociais e político-ideológicas, a relação entre o Estado e a agricultura familiar no Brasil migrou de uma situação inicial de extrema fragilidade, na década de setenta, para o estabelecimento de uma relação diferenciada de aproximação, com a crescente criação de ações do Estado voltadas exclusivamente para o setor familiar da agropecuária brasileira, sobretudo a partir de meados da década de noventa. Ações de governo, como Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf, e, regionalmente, Programa de Verticalização da Produção do Distrito Federal, tem beneficiado o setor com políticas específicas.

Portugal (2004) concorda com a idéia de que o setor encontra-se fortalecido politicamente, porém, analisando as variáveis tecnológicas e político-institucionais, o autor considera que há dois fatores fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar: a) a massificação de informação organizada e adequada usando os modernos meios de comunicação de massa (TV, Rádio e internet) e, b) a melhoria da capacidade organizacional dos produtores, com o objetivo de ganhar escala, buscar nichos de mercado, agregar valor à produção e encontrar novas alternativas para o uso da terra como, por exemplo, o turismo rural.

Muitas entidades associativas do ABEF já existem e vêm servindo ao seu propósito de servir de canal para viabilização de negócios do setor. Porém, na sua grande maioria, são geridas seguindo os modelos tradicionais de administração com hierarquia, sob esquemas de gestão típicos à base do já considerado obsoleto “comando e controle” e sem levar em conta a natureza sistêmica e complexa da cadeia de abastecimento que lhes dá sustentação.

(25)

Ao analisar o cenário econômico do ABEF, Wilkinson (2003a) concorda com a idéia da necessidade de maior organização quando afirma que, apesar de todo esforço político e acadêmico, o setor enfrenta grande problema concorrencial, devido a sua pequena escala de produção e eficiência econômica. Muitas pesquisas comprovam o conseqüente declínio de renda e emprego agrícola nesse segmento rural. A solução, segundo o autor, está relacionada a novas formas de associativismo que levem em consideração, além da escala, a integração logística; a aquisição e a troca de conhecimento para dar eficiência; a agregação de valor e qualidade aos produtos; e, também, busquem novas oportunidades de negócios.

Existem muitos exemplos de re-inserção de grupos de pequenos produtores com base em inovações organizacionais e tecnológicas. Por outro lado, a transição para uma “economia de qualidade” cria um “prêmio”, que pode ser aproveitado, para valores diretamente associados às tradições da pequena produção, como: atividades artesanais, produtos “naturais”, a organização familiar de atividades econômicas, bem como associações positivas entre a pequena produção e o meio ambiente e o rural. Além disso, o choque entre noções de sustentabilidade e a valorização de recursos genéticos a partir dos avanços da biotecnologia reposiciona a pequena produção como guardiã central de uma biodiversidade colocada em risco (WILKINSON, 2003b).

Lourenzani; Silva (2004) fizeram uma pesquisa no Estado de São Paulo, comparando a eficiência logística do serviço tradicional de suprimento de produtos hortículas representado pelas Centrais Estaduais de Abastecimento Sociedade Anônima (Ceasa) e as Centrais de Compras alternativas, onde a aquisição é feita diretamente de produtores rurais e atacadistas especializados. Os resultados da pesquisa demonstraram que as cadeias de suprimentos que optam pela distribuição por meio das Centrais de Compras apresentaram melhor desempenho competitivo. O estudo apontou, sob uma visão sistêmica, que o principal entrave para ambos os canais de distribuição é que o desigual poder de negociação entre varejistas e produtores aumenta a rivalidade vertical e permite comportamentos conflitantes.

As autoras concluem que, do ponto de vista da eficiência da cadeia como um todo, esse comportamento consiste numa importante barreira para iniciativas de colaboração entre os diferentes agentes. Sugere-se a investigação de possíveis práticas não-competitivas seguidas por grandes redes varejistas, de forma a amenizar esse problema (LOURENZANI; SILVA, 2004).

(26)

empresas dessa rede e não buscam atingir redução de custos e maximização de lucros à custa de seus parceiros de rede de abastecimento. Ao invés disso, buscam tornar a rede mais competitiva como um todo. Dessa forma, o emprego de uma gestão eficiente e colaborativa pode ajudar seus agentes a melhorar a competitividade da rede de abastecimento.

Figueiredoet al. (2004) analisam os fatores críticos que influenciam o desempenho da

cadeia de suprimento de produtos hortifrutículas do Distrito Federal, com vistas a integrar o produtor rural de economia familiar ao mercado e garantir maior eqüidade na apropriação do lucro gerado ao longo da cadeia produtiva. Os autores afirmam que, além de toda a eficiência de uma cadeia logística necessária, a confiança entre os agentes dessa cadeia é um fator estratégico para a sua integração.

Figueiredo et al. (2007) analisam o tema da Cadeia Logística aplicada ao Agronegócio

de Base Econômica Familiar por diversas abordagens, como os conceitos, os principais indicadores de custos e qualidade, os problemas atuais das cadeias de abastecimento de hortaliças no Brasil. O livro fornece uma visão ontológica das cadeias logísticas e sugere os estudos sobre aprendizagem, empreendedorismo e auto-organização – relacionamentos, troca de informação e propósito, e por fim apresenta dois estudos de casos.

Nesse livro, Figueiredo et al. (2007) apresentaram o Agrolog, um modelo para

avaliação da logística integrada na cadeia de abastecimento de frutas e hortaliças. Esse modelo propõe parâmetros para avaliação do planejamento da produção como: qualidade, eficiência dos processos, etc. Além disso, recomenda a consideração de outros fatores como aprendizagem, empreendedorismo e formação de redes sociais, quando se realizar uma avaliação sistêmica da evolução da cadeia.

Segundo Chopra; Meindl (2003, apud Figueiredo et al., 2007), um bom

relacionamento entre agentes dentro da cadeia impacta diretamente nos custos das transações que ocorrem em diferentes etapas da produção. O bom relacionamento é fruto da construção dos elos de confiança entre os atores. Essa confiança, além de gerar menor custo, aumenta a satisfação do grupo e, com isso, diminui a rotatividade de seus membros.

(27)

também identificar as lideranças e outros atores importantes para manter o dinamismo da entidade e, conseqüentemente, da sua cadeia logística inerente no processo produtivo.

A metodologia mais apropriada para esse diagnóstico é a Análise de Redes Sociais. Segundo Cross; Parker (2004) essa metodologia pode identificar várias dimensões dos relacionamentos de uma organização, tais como colaboração, compartilhamento de informações, inovação, e ainda revelar quais são as pessoas centrais nas redes sociais. Eles afirmam ainda que o gestor que busca a inovação procura obter o engajamento dessas pessoas como agentes de transformação, em função da habilidade desses indivíduos em disseminar informação e influenciar os demais.

Wasserman; Faust (2008) registraram em uma obra extensa e detalhada de métodos as aplicações para Análise de Redes Sociais. Essa obra referencial apresenta as principais definições, os indicadores e sua forma de cálculo, além de indicar como usá-los e suas restrições.

Borgatti; Everett; Freeman (2002) desenvolveram o software Ucinet, mundialmente

conhecido e utilizado no processamento de dados para a apuração dos principais indicadores para a Análise de Redes Sociais. Todas as dissertações e os principais trabalhos analisados a esse respeito fazem uso dessa ferramenta.

Para apoiar o uso do Ucinet, Hanneman; Riddle (2009) escreveram um tutorial para o

software e o disponibilizaram na Internet. O manual oferece apoio para a compreensão dos

relatórios de saídas das rotinas de processamento dos indicadores e também dá demonstrações práticas de como localizar as rotinas específicas para os indicadores selecionados, indicando os tipos de dados adequados para o processamento.

Outro facilitador para aquisição de informações sobre a metodologia é a participação pela internet da rede de colaboração: Ucinet Users Group5. Em fevereiro de 2009, o grupo contava

com cerca de 1.700 pesquisadores em todo o mundo e seu propósito é a troca de informações e de apoio técnico sobre o uso dos softwares (UCINET, NetDraw e qualquer outro) bem como a

análise dos indicadores, gráficos e dados de rede sociais.

Esse arcabouço teórico, juntamente com softwares e as trocas de informações, criaram

um contexto propício para o desenvolvimento da pesquisa e a disseminação de conhecimento na área de análise de redes sociais.

(28)

Este estudo se apóia também nesse contexto para propor um modelo para a avaliação da rede social ligada às Cadeias Logísticas do Agronegócio de Base Econômica Familiar. Portanto, utiliza-se como metodologia a Análise de Redes Sociais, cuja técnica interdisciplinar permite a leitura dinâmica das interações sociais, propiciando uma alternativa à interpretação “estática” do papel social do indivíduo ou grupo dentro de um contexto.

A maior contribuição da Análise de Redes Sociais é transformar em números percepções muitas vezes pouco fundamentadas dos relacionamentos das redes sociais que materializam as organizações, os grupos etc.

Este trabalho seleciona indicadores quantitativos que podem ser utilizados para diagnosticar e acompanhar a evolução das redes sociais nas entidades selecionadas. Essa metodologia pode se transformar em um importante instrumento de gestão, à medida que os resultados são empregados como apoio na tomada e acompanhamento do resultado das decisões para a criação de elos de confiança para a integração das cadeias logísticas.

Seguem alguns autores que corroboram a idéia da importância das Redes Sociais, não apenas para a integração das cadeias logísticas, mas também como um novo componente, antes relegado, que deve ser considerado a todo o momento na gestão das organizações. Como ressalta Capra, a seguir:

[...] na era da informação – na qual vivemos – as funções e processos sociais organizam-se cada vez mais em torno de redes. Quer se trate das grandes empresas, do mercado financeiro, dos meios de comunicação ou das novas ONGs globais, constatamos que a organização em rede tornou-se um fenômeno social importante e uma fonte crítica de poder. (CAPRA, 2005)

Krackhardt; Hanson (1993) revelam que as pessoas, além de discutirem sobre questões técnicas no escritório, também conversam sobre política durante o almoço, o que significa que grande parte do trabalho real, em qualquer organização, é feito por meio de redes informais, que atravessam funções e departamentos. Segundo os autores, os gestores podem aproveitar esse conhecimento e agir de forma a utilizar as dinâmicas das redes para atingir suas metas, estabelecer confiança, compartilhar conhecimento.

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Cross; Parker (2004) também destacam a importância e o poder das redes sociais na gestão das organizações, e apontam como seu estudo pode auxiliar os gestores a descobrirem como pessoas se comunicam e colaboram, informalmente, para obter resultados, melhorando o desempenho das organizações. Os autores apresentam um modelo de Análise de Redes Sociais, com base no estudo 60 Redes Informais, que foi adotado por esta Dissertação.

Castells (1999) busca esclarecer a dinâmica econômica e social da nova era da informação. Baseado em pesquisas feitas nos Estados Unidos, Ásia, América Latina e Europa, o autor procura formular uma teoria que dê conta dos efeitos fundamentais da tecnologia da informação no mundo contemporâneo.

Por outro lado, para gerir organizações a partir da perspectivas das redes sociais, Agostinho (2003) propõe uma abordagem gerencial construída com base na Teoria da Complexidade. A autora apresenta de maneira objetiva as características da Teoria, como auto-organização e autonomia, e propõe um modelo de gestão de redes apropriada para organizações que apresentam características de sistemas complexos adaptativos. A partir de um caso real brasileiro, a autora demonstra como os conhecimentos da complexidade podem, de fato, contribuir para o desempenho organizacional.

Wheatley (2006) também aborda esse problema de gestão ao apresentar as organizações como sistemas vivos que podem funcionar de maneira criativa e organizada. Para que isso ocorra, é necessária a integração de três aspectos da auto-organização: Identidade, Informação e principalmente Relacionamento, que a autora considera como os caminhos que levam inteligência ao sistema.

A seguir, um resumo de alguns trabalhos estudados, com o intuito de melhor dar a conhecer a aplicação da metodologia e a análise dos resultados.

Silva (2003) analisa três redes informais existentes em um grupo de operadores e técnicos da empresa Air Products do Brasil Ltda, em Camaçari – BA. São elas redes de

companheirismo, confiança e informação. Ele segue o modelo proposto por Waserman; Faust (2008) e divide a análise em três etapas: estrutural, dos relacionamentos e dos atores críticos. Com base no mapeamento foram feitas intervenções com o objetivo de expandi-las e também de aproximar a estrutura formal da empresa aos resultados do mapeamento.

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Lago Junior (2005) estudou as redes sociais informais intra-organizacionais em processos de mudança em uma empresa de tecnologia da informação. Outro trabalho estudado foi a Dissertação de Beneti (2006), que relaciona Análise de Redes Sociais na perspectiva da gestão por competências. Além desses, para verificar a aplicabilidade da metodologia proposta por Cross; Parker, (2004) foi feita a leitura do estudo de Guimarães; Melo (2005), que visa diagnosticar por meio da Análise de Redes Sociais, o fluxo do conhecimento tácito dentro das organizações.

Marteleto (2001) discute a aplicação da metodologia de Análise de Redes Sociais nos estudos do fluxo e transferência da informação, a partir da apresentação dos resultados de pesquisa desenvolvida junto a movimentos sociais organizados nos subúrbios de Leopoldina, na cidade do Rio de Janeiro.

Neiva; Brito (2008) fizeram um estudo com o objetivo de descrever e analisar a estrutura social e as reações dos indivíduos durante a implantação de uma associação de produtores rurais do Distrito Federal. Os resultados indicaram que as reações à mudança foram de desconfiança e temor, e que o grau de confiança do grupo no indivíduo que propõe a introdução das mudanças e as experiências anteriores com outras associações foi determinante para a participação do produtor. Os resultados das redes sociais indicaram ainda redes com pouca interação e possibilidade de crescimento. O estudo também indicou atores importantes para melhor estruturação das redes.

Esses trabalhos demonstram a eficiência da aplicação da metodologia de Análise de Redes Sociais para o desenvolvimento deste trabalho, e serviram de referencial para algumas decisões, como a definição da Análise das Redes Sociais mapeadas em três etapas: análise estrutural, análise relacional e atores críticos.

A solidez do referencial teórico, os trabalhos de aplicação da metodologia e o grupo de discussão na internet demonstram a maturidade que a Análise de Redes Sociais vem alcançando.

PROBLEMATIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

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trabalhar de maneira solitária, os produtores do segmento devem se unir associativamente em ambiente de relacionamento de confiança e colaboração, a fim de alcançar seus objetivos.

Porém, a falta de um ambiente de confiança e colaboração entre os participantes dos grupos de ABEF para se tornar efetiva sua organização e inserção no mercado, ou seja, a coordenação de interesses individuais em função de um propósito do grupo é percebida como um importante desafio a ser sobrepujado. Esse é um problema muito debatido no âmbito da Administração de Empresas e se agrava quando produtores buscam se tornar autônomos, sem estabelecer vínculos entre eles. As amálgamas que podem unir essa rede de relacionamento devem ser: o propósito, a troca de informações e, à medida que os laços se aprofundam, a confiança.

Dada sua relevância, essa rede de relacionamentos, denominada rede social, precisa

ser considerada como um fator crítico de sucesso para que a associação atinja seus objetivos. Já não há mais dúvidas quanto ao poder das redes, dentro e fora das organizações, porém, como afirmam Kaplan; Norton (1997): “o que não é medido não é gerenciado”.

Esta Dissertação busca contribuir ao mapeamento e identificação, no contexto da Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar, das principais características de suas redes sociais, utilizando-as como informações para gestão e processos de mudanças.

Para isso, a pesquisa lançou mão da Análise de Redes Sociais, metodologia que torna tangível os relacionamentos de maneira quantitativa trazendo à luz elementos importantes para sua compreensão, possibilitando ações mais objetivas para criar um ambiente de confiança e colaboração nas entidades do ABEF e suas cadeias logísticas. Com isso, o estudo preenche uma lacuna e contribui para a otimização dos processos de gestão do setor, auxiliando no aprimoramento e modernização de sua tecnologia de produção, fortalecendo a posição do ABEF diante da concorrência de grandes produtores.

OBJETIVOS DO ESTUDO

Geral

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Específicos

• Identificar os tipos de redes relevantes para Análise de Redes Sociais da Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar;

• Identificar indicadores para acompanhamento das iniciativas, compreendendo métricas individuais e de grupo;

• Analisar as redes sociais internas das seguintes entidades: Associação dos Agricultores Ecológicos da Encostas da Serra Geral (Agreco), de Santa Catarina; a Associação dos Participantes do Mercado de Produtos Orgânicos do Distrito Federal (Mercado Orgânico de Brasília) e a Cooperativa Agropecuária de São Sebastião (Copas), também do Distrito Federal.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta Dissertação está estruturada em seis capítulos. A Introdução apresenta um breve

histórico da agricultura no mundo e no Brasil, contextualiza o Agronegócio de Base Econômica Familiar e seus desafios. Apresenta a problematização, a justificativa, a metodologia empregada e os objetivos geral e específicos.

O primeiro capítulo, Agronegócio de Base Econômica Familiar, apresenta os

conceitos de Agronegócio de Base Econômica Familiar, de Cadeia Logística e a importância da Confiança para sua eficiência, discorrendo sobre a necessidade do associativismo como

uma alternativa para o setor.

O segundo capítulo, Organizações Complexas no Agronegócio de Base Econômica Familiar, trata do conceito de Organizações Complexas, abordando suas principais

características associadas às entidades associativas da ABEF e tratando os principais aspectos que devem ser considerados no processo de gestão sob o ponto de vista da Complexidade.

O terceiro capítulo, Análise de Redes Sociais, apresenta esta metodologia fazendo um

breve histórico; sua importância para gestão nas organizações; e os indicadores utilizados neste trabalho.

O quarto capítulo, Metodologia, descreve em detalhes os cinco passos necessários para

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O quinto capítulo, Resultados e Discussão, apresenta e discute os resultados da

pesquisa realizada em cada organização, seguindo a seguinte seqüência: Análise Estrutural, Análise Relacional e Atores Críticos e o modo do processamento de dados. Por fim, apresenta-se um comparativo entre as organizações.

As Considerações Finais encerram o trabalho, trazendo as conclusões, contribuições e

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1. AGRONEGÓCIO DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR

Conforme já destacado na Introdução, o Agronegócio de Base Econômica Familiar

possui grande importância econômica para o País e enfrenta os grandes desafios que podem ser sanados por meio do associativismo. Este capítulo aprofunda a discussão apresentada, consolidando conceitos de: agricultura familiar, base econômica familiar, cadeia logística e o modelo de avaliação da cadeia logística.

1.1.NECESSIDADE DO ASSOCIATIVISMO

Embora o tema do ABEF esteja permeado de questões políticas, sociais e econômicas, a presente Dissertação o abordará pela perspectiva da gestão da produção, ou seja, sob o enfoque administrativo que, a despeito de sua importância, tem sido pouco abordado ou analisado pelo setor.

Apesar de a produção de origem familiar representar um terço do valor da produção agropecuária brasileira, grande parte dos empreendimentos de base econômica familiar é marcada por baixos investimentos de capital, precária qualificação de mão-de-obra e alto grau de informalidade. A essas características acrescentam-se ainda um baixo uso de tecnologias e dificuldades de gestão (MARCHESNAY; FOUCARDE, 1996; WAACK; MACHADO FILHO, 1999 apud FIGUEIREDO, 2007).

Além disso, os grandes produtores estão avançando nos nichos de mercado tradicionais do ABEF, como nos mercados de commodities de milho, soja, aves e suínos e no

varejo de hortifrutigranjeiros. Pesquisas comprovam o conseqüente declínio de renda e emprego agrícola neste segmento rural (WILKINSON, 2003b).

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produtos está condicionado ao atendimento de diversos requisitos, como transporte próprio; qualidade; pontualidade e preço competitivo.

Abramovay (2003) observa também que, para reduzir os riscos de desabastecimento, os supermercados preferem trabalhar com um número grande de produtores, entretanto, a necessidade de volume de produção e a falta de organização limitam a participação dos produtores com menos recursos. Dessa forma, a menos que estejam organizados, Figueiredo et al. (2007) afirmam que a produção dos produtores menores é destinada somente aos pequenos mercados locais e/ou às centrais de abastecimento, com menor remuneração.

Wilkinson (2003a), analisando cenários como esses, afirma que os níveis mínimos de escala e os elevados padrões de qualidade apontam para formas de associativismo como pré-condição de entrada no mercado. Figueiredo et al. (2007) verificaram que há um grande número de produtores familiares se organizando em associações ou cooperativas. As autoras ressaltam a importância da logística como disciplina central para a estruturação de relações produtivas e para viabilizar economicamente essas entidades.

A coordenação da cadeia logística é um elemento importante para a eficiência e sucesso dessas organizações, fazendo com que elas se mantenham em pé de igualdade com os grandes do agronegócio. Cadeias coordenadas conseguem suprir o mercado consumidor com produtos de qualidade, de forma competitiva e sustentável no tempo. Cadeias não coordenadas, com conflitos não negociados entre os componentes, fragilizam-se e perdem competitividade e sustentabilidade (CASTRO et al., 1998).

No centro desse processo estão o produtor e a qualidade de suas relações com fornecedores, intermediários, outros produtores, atacadistas, consumidores, fornecedores de serviço etc. Essas relações constituem o principal canal para o fluxo de recursos e de informação. Para entender melhor sua dinâmica de cooperação, é necessário desenvolver instrumentos que avaliem a cadeia logística sob diversos aspectos, inclusive suas relações.

Portanto, além de alcançar eficiência operacional e qualidade na propriedade, outro desafio é coordenar a cadeia logística para alcançar os níveis de escala requeridos pelo mercado. Porém, os modelos de gestão geralmente utilizados por entidades associativistas se fundamentam nos padrões encontrados no mercado, ou nas empresas privadas, e muitas vezes são aplicados incondicionalmente a essas organizações.

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estabelecimento de valores, muitas vezes opostos aos encontrados nas associações, que buscam cooperação e compartilhamento, por exemplo, e não mera competitividade ou lucratividade, isso para citar apenas alguns exemplos de ações paradoxais. Não deve haver concorrência interna na Cadeia, pois qualquer maximização de lucro entre os integrantes acaba por impactar a rentabilidade total da Cadeia.

Por isso a importância da organização do ABEF em entidades associativas, como propósito de compartilhar visões e discutir em ambiente de confiança todos os detalhes da cadeia produtiva, visando a ganhar a sinergia, que se materializa no preço e na qualidade dos produtos originados em sua Cadeia Logística. A gestão dessas entidades passou a ser chave para o futuro do segmento.

1.2.AGRICULTURA FAMILIAR OU DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR.

Quanto à propriedade dos meios atualmente disponíveis, há diferentes relações de trabalho no campo. Para um melhor entendimento da questão, é necessário se reportar à condição de propriedade, ou não, dos meios de produção, sobretudo, a terra.

Ao longo do tempo, diversos conceitos foram empregados para definir as atividades rurais praticadas por pequenos produtores. Segundo Brasil (2004), no processo de desenvolvimento do setor agropecuário do País, os termos usados para designar essa parcela da população correspondem às distintas fases: surgimento, predomínio e declínio de uma nova categoria teórica. Campesinato (de 1950 a 1970), pequeno produtor (de 1970 a 1990) e agricultor familiar (a partir da década de 1990).

Segundo Brasil (2004), há uma idéia predominante de que agricultura familiar é um conceito genérico, recentemente aceito como termo hegemônico, e que representa um modo específico de produzir e de conviver em sociedade, daqueles que simultaneamente reúnem sob o domínio da família, em seu espaço produtivo, o trabalho e os meios de produção. Sobre este conceito, Wanderley (1999, apud Brasil, 2004) reforça a importância do caráter familiar, que dá sentido a uma lógica própria de seu agir econômico e social, ao mesmo tempo em que estrutura sua produção:

(37)

familiar não é um mero detalhe superficial e descritivo, ou seja, o fato de uma estrutura produtiva associar família-produção-trabalho tem conseqüências fundamentais para a forma como ela age econômica e socialmente. No entanto, assim definida, essa categoria é necessariamente genérica, pois a combinação entre propriedade e trabalho assume, no tempo e no espaço, uma grande diversidade de formas sociais (WANDERLEY, 1999, apud BRASIL, 2004).

Abramovay (2003) concorda com o conceito, ao definir como familiares “aquelas

unidades onde a gestão, o trabalho e a propriedade dos principais meios de produção (mas não necessariamente da terra) pertencem ao produtor direto”. Assim, a agricultura familiar é caracterizada pela gestão e presença majoritária do trabalho familiar no estabelecimento. (FIGUEIREDO et al., 2007).

Nesta Dissertação, usaremos o conceito Agronegócio de Base Econômica Familiar

que, para Figueiredo et al. (2007) é mais abrangente, pois, além de incluir agricultura familiar, considera outros tipos de atividades e empreendimentos familiares, como as agropecuárias. O termo considera também a existência de diferentes realidades dentro do universo dos produtores e também soluções diversificadas, como: artesanatos, laticínios, hortaliças, extrativismo e turismo, entre outros. Ao unir os termos Agronegócio e Base Econômica Familiar, considera-se o segmento do Agronegócio, no qual os produtores de Base Econômica Familiar estão inseridos.

1.3.CADEIA LOGÍSTICA DO AGRONEGÓCIO DE BASE ECONÔMICA FAMILIAR

Este item tem como objetivo mostrar o conceito de Cadeia Logística como uma

conjugação dos conceitos de Cadeia Produtiva e Logística, os quais são apresentados a

seguir. Posteriormente, discute-se a sua integração.

Para Castro et al. (apud Figueiredo et al, 2007) Cadeia Produtiva é o conjunto de

componentes interativos, incluindo os sistemas produtivos, fornecedores de insumos e serviços, indústrias de processamento e transformação, agentes de distribuição e comercialização, além de consumidores finais. Para Cesar da Silva (2009), Cadeia Produtiva,

ou supply chain, pode ser definida como um conjunto de elementos (“empresas” ou

(38)

O Council of Logistics Management6 (CLM) define Logística como o processo de

planejar, implementar e controlar, eficientemente, a custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias-primas; o estoque durante a produção e produtos acabados; e as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, visando a atender aos requisitosdo cliente.

Cesar da Silva (2009), consolidando vários conceitos, inclusive o do CLM, afirma que

Logística é um conjunto de métodos de controle contábil, tributário, financeiro e operacional

dos fluxos de matérias-primas e produtos acabados, desde os pontos de fornecimento até os pontos consumidores, envolvendo fatores, como estruturas de armazenagem; plantas de pré-beneficiamento, pré-beneficiamento, ou de transformação; estações de transbordos; modais de transporte e meios de comunicação.

Cesar da Silva (2009) acrescenta que, ao serem analisados os conceitos de Logística e Cadeia Produtiva, pode-se concluir que estes são indissociáveis, uma vez que logística

implica promover a dinâmica entre os elementos de uma cadeia produtiva, de forma a estabelecer tráfegos de informações, recursos financeiros, matérias primas e produtos acabados.

Assim, a partir da união dos conceitos, define-se a Cadeia Logística do Agronegócio de Base Econômica Familiar como o conjunto de componentes interativos que fazem a gestão dos compromissos sobre os fluxos físicos, financeiros e de informações, desde o ponto de origem até o ponto de consumo. Para ser de base econômica familiar, é necessário que os

componentes da cadeia sejam produzidos em unidades cuja gestão e os principais meios de produção sejam feitos diretamente pelo produtor e pelos demais integrantes do seu núcleo familiar.

1.4.INTEGRAÇÃO DE CADEIA LOGÍSTICA

Tanto o avanço tecnológico quanto as mudanças sociais e econômicas estabeleceram um agronegócio globalizado. Segundo Cesar da Silva (2009), nesse cenário as relações entre fornecedores e clientes estão fortemente pautadas em requisitos de padrões de qualidade física, sanitária e nutricional para os produtos do agronegócio. Desse modo, empreendedores

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do agronegócio são obrigados ao contínuo aprimoramento de práticas que objetivam: (i) analisar e otimizar os fluxos operacionais, (ii) eliminar as atividades que não agregam valor, (iii) reduzir custos, (iv) reduzir os prazos de entrega, (v) melhorar o fluxo de informação entre os componentes da cadeia produtiva, e (vi) ofertar produtos de qualidade .

Nesses termos, para o cenário proposto, o empreendedor individualmente possui grandes dificuldades em alcançar esses padrões de requisitos impostos pelo mercado. Por outro lado, o que é um agravante, seus concorrentes estão vinculados a cadeias logísticas devidamente estruturadas e gerenciadas. Sendo assim, paradigmas quanto aos preceitos da competição vêm sendo alterados, pois, para um empreendimento gerar resultados financeiros positivos, ele necessita estar inserido em uma cadeia produtiva organizada e apoiada em um sistema logístico eficiente (CESAR DA SILVA, 2009).

Essa inserção dos empreendedores em cadeias logística se traduz em maior competitividade e benefícios para todas as partes envolvidas, em termos de utilização mais eficaz dos recursos aplicados no cumprimento das metas de serviço ao consumidor final. Fazem essa integração por meio, principalmente, da otimização das relações entre os membros da rede de abastecimento, maior precisão na planificação e controle no fluxo de materiais e informação de fornecedores a usuários finais, redução nos inventários da rede de abastecimento, diminuição e economia de prazos e tempo.

Integrar a cadeia logística significa aperfeiçoar e otimizar seus custos, aumentando sua competitividade no mercado. Uma das vantagens da integração da cadeia logística na comercialização de produtos de base econômica familiar é que os fundamentos encontrados no conceito de logística integrada corroboram a prática coletiva da organização, onde um dos fatores de sucesso está relacionado com a construção de um elo de confiança entre os vários integrantes da cadeia. (FIGUEIREDO et al., 2007).

A globalização da produção vem fazendo com que os mecanismos de coordenação entre organizações dentro de cadeias se tornem críticos. É por isso que, depois da arrumar a própria casa, as empresas estão se preocupando também em arrumar a casa dos outros, buscando para tanto soluções adequadas ao gerenciamento de sua cadeia logística. Com isso, está surgindo um novo conceito, unindo ainda mais fortemente Cadeia Logística a planejamento, conhecido pelo mercado como Supply Chain Management (SCM).

Imagem

Tabela 1.  Resultado de pesquisa nas bases de dados Scielo, Oxford Journals e Scirus.
Figura 2.  Vertentes teóricas da Análise de Redes Sociais   Fonte: Adaptado de Scott (2000)
Gráfico 4.  Copas - Origem
Gráfico 6.  Agreco –Origem  Agreco - Origem Santa Catarina 88% Rio Grande do Sul8%Paraná4%
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