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2. O CURSO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA REELABORAÇÃO

2.9. AVALIAÇÃO NACIONAL DO CICLO BÁSICO

Procurando compreender como o processo de implementação do curso estava se dando em todo o país, durante a primeira oferta do Ciclo Básico, a SEED por meio da Coordenação de Avaliação do curso, concentrada na UnB, realizou uma avaliação nacional        

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do referido ciclo. Essa avaliação foi feita por módulo, sempre quando este era finalizado; isso significa que ocorreu durante toda a primeira oferta do Ciclo Básico. A coleta de dados se deu através de questionários online, que incluiu o levantamento do perfil dos participantes – coordenador de tutoria, tutor e cursista – e questionários específicos para o módulo e perfil.

De acordo com o Relatório de Avaliação do Ciclo do Básico, a intenção dos questionários era coletar dados para as dimensões seguintes: divulgação do curso, inscrições, capacitação/familiarização com o ambiente de aprendizagem, acesso e facilidade de navegação no ambiente de aprendizagem para o Módulo Introdutório, encontros presenciais; além disso, qualidade do CD distribuído, qualidade do material didático, atuação do tutor, formação de comunidade de aprendizagem e cumprimento dos objetivos do módulo – estas últimas dimensões para todos os módulos do curso. Para cada uma dessas dimensões, há um ou mais quesitos do questionário.

De acordo com o citado Relatório de consolidação dos dados levantados na avaliação, no que se refere às duas premissas básicas do curso – a integração de mídias e a pedagogia da autoria – foi detectado que a integração de mídias se dava mais entre duas mídias somente e, não, nas quatro (impressos, TV, rádio e informática) propriamente. Já com relação à pedagogia da autoria, para se chegar a esta, além das informações contidas no conteúdo, faz-se necessário o conhecimento das linguagens midiáticas para poder colocá-la em prática. Assim sendo, informar sobre a utilização pedagógica das mídias – integradas ou não – não é o mesmo que praticá-la nos materiais desse curso, ou seja, desenvolver práticas de produção nas diferentes mídias. Por exemplo, é importante informar sobre os mapas conceituais, mas também é fundamental produzi-los. Foram observadas mais informações relacionadas à pedagogia da autoria do que atividades em que os cursistas pudessem praticar a autoria (e co-autoria). A sugestão posta no Relatório da avaliação foi que nos objetivos específicos de cada módulo do curso deveria deixar evidentes as competências autorais.

Em relação aos conteúdos e as atividades de cada módulo, a pesquisa revelou, através das respostas dos cursistas, o excesso, considerando às 05 horas semanais de estudo (definidas pelo curso) – questão com maior número de reclamação. Isso poderia ser um indicador da evasão de alguns cursistas. Porém, como os cursistas evadidos não foram ouvidos na pesquisa, não há como ter precisão nesse ponto. Sendo assim, ficou evidente

pela pesquisa, a necessidade de adequação do material didático, considerando os seguintes pontos: objetivos, quantidade de conteúdos e de atividades (e, também, o tipo destas).

Sob a ótica do tutor, foram apontados, entre outros, os seguintes aspectos: adequação dos módulos de acordo com o nível de complexidade exigido para o Ciclo Básico; critérios de seleção de conteúdos e de atividades levando em conta os objetivos propostos para os módulos e o curso; equilíbrio no conhecimento técnico da mídia e sua utilização pedagógica; maiores esclarecimentos quanto à avaliação de desempenho das atividades obrigatórias (os módulos trazem, também, atividades optativas) e a validação de seus resultados. Os tutores, ainda, apontaram ser necessário haver uma articulação entre os módulos, no que se refere à integração das mídias.

Além disso, foram sugeridas algumas dinâmicas de atividades que poderiam auxiliar na leitura dos textos e estimular à reflexão: estudos dirigidos, tutoriais, perguntas, notas explicativas e glossários. Os cursistas consultados sugeriram a diversificação de atividades, uma vez que tem sido priorizado o fórum – considerado cansativo por eles. Além do mais, seria necessário colocar mais atividades para serem desenvolvidas em equipe, em detrimento das individuais.

Alguns aspectos relevantes citados merecem ser otimizados para o melhor desenvolvimento do curso, segundo os avaliadores, a saber: divulgação satisfatória do curso; seleção e qualificação dos tutores; processo de inscrição; participação obrigatória nos encontros presenciais e orientação do uso da plataforma do curso; guia do curso para tutor e cursista.

O investimento na formação do tutor e o apoio em sua atuação foram considerados fundamentais para que se possa administrar a diversidade de situações conflituosas que ocorrem no início de uma turma do Ciclo Básico. O tutor necessita tanto do domínio técnico do AVA em que o curso está hospedado, como ter o domínio da utilização pedagógica das mídias para poder ter mais segurança no apoio aos cursistas. Porém, nos questionários respondidos, alguns tutores se manifestaram dizendo não ter participado de capacitação para utilização do ambiente de aprendizagem.

Não podemos deixar de registrar as reclamações feitas pelos cursistas quanto à atuação de determinados tutores, como: ausência de retorno das atividades (comentários), demora nos retornos ou má qualidade desses retornos recebidos. Isso vai de encontro a um aspecto importante na EAD: a retroalimentação.

Entretanto, é preciso considerar outros problemas como: cursistas “retardatários” (sempre atrasados na entrega de atividades); dificuldade quanto ao domínio da informática e da plataforma; cursistas sem computador; entre outros, ocorrendo até mesmo a dependência de determinados cursistas em relação ao tutor. Tudo isso acarreta muitas tarefas, ao mesmo tempo, para o tutor.

Quanto aos encontros presenciais, foram considerados relevantes, tanto pelos tutores como os cursistas, por oportunizar “a formação de uma identidade da turma” e, também, por oferecer oficina no uso do ambiente de aprendizagem. Foi enfatizado, no entanto, que estes encontros não devem se tornar uma necessidade constante.

Discordamos desse posicionamento e defendemos que num curso de formação continuada com a carga horária de 120 horas, apenas dois encontros presenciais não são suficientes. Se o problema é o deslocamento dos cursistas que residem em municípios distantes onde ocorrem os encontros presenciais, essa situação poderia ser resolvida deslocando os tutores para atender grupos de cursistas por proximidade de municípios, se for o caso. Para que isso possa ser efetivado, outro entrave deve ser resolvido: o tempo destinado a tutoria.

Já com a plataforma do curso, passados os momentos iniciais (de familiarização), os principais problemas enfrentados pelos cursistas foram: postagem de atividades na ferramenta “Biblioteca”, inclusive arquivos audiovisuais; instabilidade na conexão; e ausência do site.

Na avaliação de todos os módulos do Ciclo Básico, houve unanimidade na respostas dos cursistas quanto a pouca disponibilidade para interagir, mesmo aqueles que dominam as ferramentas de comunicação da plataforma e que fazem uso constante do e- mail. Além disso, a qualidade da conexão ou até mesmo a indisponibilidade de computador são também fatores que atrapalham esse processo.

Podemos perceber que não foram poucos os problemas identificados logo na implementação da primeira oferta do curso, mesmo assim, quase nenhuma providência foi tomada, limitando-se a pequenas alterações em algumas atividades (já comentadas no item 2 deste Capítulo).