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4. O CURSO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO NA VISÃO DE SEUS USUÁRIOS

4.4. ASPECTOS QUE INTERFEREM DE FORMA NEGATIVA NA OFERTA DO

4.4.4. A Necessidade do “Estar Juntos”

Num curso a distância em AVA é fundamental que haja, no mínimo, um encontro presencial de abertura do curso (e, também, um final), para que seja apresentada aos cursistas a dinâmica do curso, mas também sejam orientados a utilizarem a plataforma do curso. Porém, esses encontros representam muito mais do que isso: são momentos muito especiais do curso, pois neles percebemos o calor humano tão necessário nas relações pessoais, que só é possível quando estamos diante do outro, e por serem momentos ricos em troca de experiência, em partilha do “saber”, em conhecer, um pouco o outro, informar- se sobre sua prática pedagógica. No entanto, esses momentos, que poderiam ser um fator significativo para o bom andamento do curso, acabam sendo prejudicados pelas dificuldades técnicas e de infraestrutura.

O T6 refere-se ao primeiro encontro (de abertura do curso) enfatizando que “o ambiente virtual em manutenção, falha no acesso ao login e senha do aluno, limitação do curso no uso do computador, o tempo previsto se estende a resolver problemas técnicos de uso da máquina do que discussão teórica do assunto”. Sendo assim, parece-nos que esse primeiro momento do curso, que deve ser de contato entre cursistas e tutores bem como cursistas entre si, de exposição de expectativas dos cursistas em relação ao curso, de apropriação das informações gerais sobre o curso e de treinamento na plataforma, volta-se para as dificuldades de acesso ao ambiente virtual, desvirtuando a essência do encontro. Defendemos que questões relacionadas à plataforma do curso devem ser resolvidas antes do encontro presencial, pois o cursista que tiver esse problema, não conseguirá acessar o referido ambiente, sendo prejudicado na orientação de como realizá-lo. Assim, compreendemos que essas ocorrências se devem por falta de diálogo. Na perspectiva habermasiana do agir comunicativo, as pessoas envolvidas em determinada ação primam pelo entendimento sobre a situação e seus planos de ação.

Já o T1 relata que os encontros presenciais “São essenciais, mas deixam muito a desejar devido a fatores relacionados à falta de apoio financeiro, organização e infraestrutura”. Aqui, a responsabilidade pelas despesas do deslocamento compete a SEEC e as Secretarias Municipais de Educação, o que nem sempre acontece. Infelizmente, esses dois parceiros do curso não vêm cumprindo efetivamente com suas atribuições na execução do curso, prevista no Termo de Compromisso assinado pelo secretário estadual e

o presidente da UNDIME estadual e enviado a SEED/MEC. Os coordenadores do curso pela SEEC e UNDIME buscam estratégias junto a esses órgãos responsáveis, no sentido de favorecer a participação dos cursistas nesses encontros.

Essa situação se agrava, mais ainda, quando há uma distância muito grande entre a residência do cursista e o local onde os encontros são realizados, como bem descreve o C15:

No que diz respeito à negatividade presente nas aulas presenciais, considero apenas a viagem, uma vez que moro muito longe, o percurso é feito por estradas deterioradas, o que acaba provocando cansaço e desconforto físico e, com isso, interferindo de forma negativa na minha participação frente à aula e, consequentemente, no meu aprendizado.

Observamos que deslocar os cursistas a uma distância muito grande para o encontro presencial pode ser motivo de desistência do curso.

Embora não tenha sido citado por cursistas e tutores – participantes dessa pesquisa –, outro sério problema para a realização dos encontros presenciais está mesmo no primeiro encontro, uma vez que necessita de laboratórios de informática conectados à internet (como foi citado acima), porém os computadores disponíveis não são suficientes para o número de cursistas por turma. A SEEC e UNDIME/RN não têm atendido aos propósitos que o curso exige nesse aspecto, principalmente, porque a maioria das salas com laboratório de informática só possuem 10 (dez) computadores e as turmas são bastante numerosas, tendo, no mínimo, 50 (cinqüenta) cursistas. Vale salientar que nem sempre todos os 10 (dez) computadores estão funcionando. Nos NTE de Mossoró, Caicó e Natal, há dois laboratórios, mesmo assim não atende a todos os cursistas presentes.

Se as turmas não podem ser menores e se o número de computadores não pode ser em maior número, as duas IPES, a SEEC e a UNDIME/RN devem buscar alternativas de forma que todos os inscritos possam navegar pelo ambiente do curso, nesse primeiro encontro. Aqueles que não conseguem fazer isso terão problemas em participar do curso, por não saberem usar as ferramentas disponíveis no ambiente virtual. Isso é preocupante e motivo para que cursistas percam a motivação em participar do curso. Esse é um ponto que precisa ser repensado no curso, pois é um problema que ocorre com todas as turmas.

Os cursistas, também, citaram a necessidade de mais encontros presenciais: “Achei muito pouco apenas um encontro presencial para apresentar o curso e um para

apresentação de trabalhos no final do curso. Entendo que seria mais interessante e mais estimulante se houvesse mais encontros presenciais” (C16). Pelo visto, o cursista sente falta do contato face a face que é inerente ao ser humano e que pode se constituir num elemento motivador para sua permanência no curso. Essa “falta” pode ser em decorrência de toda a formação acadêmica do cursista, ter sido de forma presencial, mas também pode ser uma dificuldade em estudar sozinho, em não ter o ‘outro’ para discutir os conteúdos, partilhar inquietações e ter o retorno no mesmo momento, que é possível em cursos presenciais.

Portanto, favorecer a participação dos cursistas nos encontros presenciais deve ser uma atribuição das instituições envolvidas com o curso. Para isso, parcerias precisam ser firmadas: a secretaria estadual e as municipais de educação financiam o deslocamento daqueles cursistas residentes nos municípios que não são pólos dos encontros e as IPES que ofertam o curso, descentralizam os encontros, conforme já comentados, anteriormente.