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Formação Continuada de Professores em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

1. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL A PARTIR DOS ANOS DE 1990:

1.4. OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO A

1.4.3. Formação Continuada de Professores em Ambientes Virtuais de Aprendizagem

A contemporaneidade nos revela a necessidade dos profissionais dos mais diversos setores, estarem em constante processo de formação, em especial os professores que devem ser transformados em aprendizes permanentes. Esse fato demonstra que toda profissão tem seu percurso permeado por mudanças, decorrentes do desenvolvimento técnico e científico. A profissão de professor precisa seguir essa mesma lógica. Estar em sintonia com essas mudanças exige dos professores uma preparação sistemática possibilitada pelos cursos de formação continuada.

Assim sendo, ressaltamos que a formação continuada de professores é uma conseqüência do desenvolvimento da sociedade e vem sendo realizada com um percentual significativo na modalidade a distância. Desta forma, possibilita que os professores a realize em serviço, uma vez que não há a exigência de deslocamento para espaços específicos com o intuito de participarem dos cursos, nem tão pouco se ausentem das atividades pedagógicas. Nessas formações, é preciso que os professores pensem na realidade em que trabalham, seus anseios, suas expectativas, suas dificuldades, suas habilidades, pois tudo isso é pertinente ao processo de formação continuada.

Para compreendermos melhor o processo de formação continuada, apoiamo-nos nas idéias defendidas por Nóvoa8 ((NÓVOA, 2001, p.1):

       

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É algo, que se estabelece num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, que continua nos primeiros anos de exercício profissional. Os primeiros anos do professor – que, a meu ver, são absolutamente decisivos para o futuro de cada um dos professores e para a sua integração harmoniosa na profissão – continuam ao longo de toda a vida profissional, através de práticas de formação continuada. Estas práticas de formação continuada devem ter como pólo de referência as escolas. São as escolas e os professores organizados nas suas escolas que podem decidir quais são os melhores meios, os melhores métodos e as melhores formas de assegurar esta formação continuada. Com isto, eu não quero dizer que não seja muito importante o trabalho de especialistas, o trabalho de universitários nessa colaboração. Mas a lógica da formação continuada deve ser centrada nas escolas e deve estar centrada numa organização dos próprios professores.

Nessa perspectiva, os professores têm a oportunidade de redimensionarem sua prática, a partir dos novos estudos, da troca de experiência com os outros participantes e da construção de novos conhecimentos. Como vemos, somente, a formação inicial não dá conta de preparar o professor para o exercício da docência. A formação continuada é extremamente importante por possibilitar ao professor a reconstrução de seus saberes docentes.

Aqui vale ser ressaltado que a expansão e consolidação da formação continuada passam a se dar através dos AVA, ao passo que esses ambientes estão construídos e são reconstruídos. Por outro lado, é necessário admitirmos que haja uma mudança metodológica em relação aos cursos de formação continuada oferecidos em outros ambientes, como os cursos em que eram utilizados somente material impresso enviado via Correios ou aqueles através da TV, auxiliados por material impresso, os quais antecede a disseminação dos cursos em AVA. Assim, é preciso considerar tanto os aspectos estruturais do curso, mas também o perfil dos cursistas, principalmente, quando é a primeira vez que estão participando de um curso nesses moldes. Fazemos essa afirmação no sentido de que os AVA não sejam tidos como “vilões” – quando os participantes sentem dificuldades para acessá-los –, pois a intenção de sua construção é proporcionar um espaço dinâmico de aprendizagem e, por isso, no momento inicial do curso, a atenção do tutor deve se voltar mais para a orientação da navegação pelo ambiente do curso.

Queremos destacar que, a partir de 2005, os AVA vem sendo utilizados frequentemente na realização de cursos de formação continuada para professores. O curso Mídias na Educação pode ser citado como exemplo de utilização dos AVA na formação continuada de professores. Este curso tem como principal objetivo oferecer aos

profissionais da educação básica uma formação adequada para utilizar pedagogicamente as TIC, de forma que estes sejam capazes de produzir nas diferentes mídias e, consequentemente, estimular seus alunos a, também, produzirem, de forma crítica e criativa.

Ressaltamos que o tema desse curso tem grande relevância no contexto atual, ganhando destaque, inclusive, no Documento Final da CONAE (2010), no Eixo IV que trata da “Formação e Valorização dos/das Profissionais da Educação”. Ao fazer referência às implicações de uma política nacional de formação continuada e valorização dos professores do magistério, pautada numa concepção de educação enquanto processo construtivo e permanente, um dos pontos destacados foi: “Promoção, na formação inicial e continuada, de espaços para a reflexão crítica sobre as diferentes linguagens midiáticas, incorporando-as ao processo pedagógico, com a intenção de possibilitar o desenvolvimento de criticidade e criatividade.(DOCUMENTO FINAL/CONAE, 2010, p. 81). Acreditamos que essa decisão seja posta em prática nos cursos de formação de professores nas diversas unidades públicas existente no Brasil.

Assim, o curso Mídias na Educação é destinado preferencialmente a professores e gestores da educação básica. Ao seu término, é esperado que os professores participantes (os cursistas) tenham adquirido autonomia para criar e produzir, nas diferentes mídias, programas, projetos e conteúdos educacionais; sejam capazes de refletir a respeito de sua prática, bem como do papel das tecnologias na criação de um novo ambiente educacional; reflitam crítica e criativamente sobre as diferentes linguagens; e sejam capazes de utilizar as diferentes mídias de acordo com a proposta pedagógica que orienta sua prática.

Nessa perspectiva, concordamos com Almeida (ALMEIDA, 1999, p. 02) quando afirma que:

Há necessidade de que o professor seja preparado para desenvolver competências, tais como: estar aberto a aprender a aprender, atuar a partir de temas emergentes no contexto e de interesse dos alunos, promover o desenvolvimento de projetos cooperativos, assumir atitude de investigador do conhecimento e da aprendizagem do aluno, propiciar a reflexão, a depuração e o pensar sobre o pensar, dominar recursos computacionais, identificar as potencialidades de aplicação desses recursos na prática pedagógica [...].

Consideramos que a formação continuada e em serviço – como é a realidade – oportuniza que haja reflexão na ação. Desta forma, em contato com a prática docente, os

professores reelaboram seus saberes, constroem novas teorias, enxergam novos ângulos para questões antigas, empreendem uma nova marca em seu percurso de ensinar e de aprender.

Isso significa que, cursos destinados a formar e aperfeiçoar professores, oferecidos em AVA, pode ser uma excelente estratégia de, ao mesmo tempo, construir conhecimento, dominar tecnologias, desenvolver competências e habilidades que beneficiarão os alunos desses professores. Nesta direção, vislumbramos que o curso Mídias na Educação, realmente, possibilite que os professores consigam compreender a necessidade de utilizar as mídias no processo ensino-aprendizagem e coloquem em prática essa compreensão. Para conhecermos melhor o referido curso, faremos todo o seu detalhamento, a seguir.

2. O CURSO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA REELABORAÇÃO