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4. O CURSO MÍDIAS NA EDUCAÇÃO NA VISÃO DE SEUS USUÁRIOS

4.4. ASPECTOS QUE INTERFEREM DE FORMA NEGATIVA NA OFERTA DO

4.4.2. Dificuldades com o AVA

Nesse aspecto, um dos grandes problemas apontados, especialmente, pelos cursistas e tutores da UERN tem sido a instabilidade da plataforma e-proinfo (por isso não é um problema, também, da UFRN). Há momentos em que não é possível o acesso, porque a página se encontra indisponível; outras vezes, o acesso até é possível, porém não completa o tempo de postagem das atividades. O C11 diz que

[...] por determinados momentos não consegui abrir o ambiente de aprendizagem tanto para realizar as leituras dos módulos como também não consegui enviar algumas atividades. Teve momento que passei até uma semana para poder postar algumas atividades. Seguia correto todos os procedimentos para postá-las, no entanto não conseguia, o sistema caía. Na verdade, perdia tempo e ficava constrangida, por ter que enviar atividade atrasada.

Percebemos na fala desse cursista, como os problemas com o ambiente virtual interferem de forma negativa na oferta do curso, porém, mesmo existindo, esses problemas não deveriam perdurar por muito tempo. Não podemos esquecer, também, que para os cursistas, o curso disponibilizado em AVA é uma novidade, gerando muitas expectativas, ansiedade, que é próprio quando estamos diante do desconhecido, chegando até mesmo a causar insegurança aos participantes. Ao disponibilizar um curso em AVA, as universidades precisam dispor de uma equipe de técnicos em informática (denominado “suporte técnico”) para resolver os problemas que surgem com a plataforma do curso. Essa situação apresentada pelo C11 pode ser motivo para levá-lo a perder o interesse em freqüentar o curso.

A falta de assistência de um técnico nos problemas do AVA foi, também, apontada pelo T6: “Na minha experiência de tutoria, assumi pendências técnicas que muitas vezes não se resolviam por desconhecer certas configurações pertinentes a informática e, nesse caso, cabia ao monitor técnico [...]”. Situações dessa natureza devem ser resolvidas por profissionais especializados, pois mesmo que o tutor queira, não tem como resolver os

problemas técnicos relacionados ao sistema e, na maioria das vezes, estes demoram a ser resolvidos.

Os problemas de instabilidade da plataforma e-proinfo tem sido motivo de discussão nas reuniões nacionais realizadas pela SEED/MEC e esta, por sua vez, já aperfeiçoou o referido ambiente, porém ainda não o disponibilizou para as universidades que o utilizam. Esse problema, ainda, vem persistindo nas ofertas em execução e, sendo assim, não seria o caso da universidade utilizar outro ambiente virtual?

Nas duas universidades (UFRN e UERN), há cursistas que apontam como maior dificuldade a navegação pelo ambiente virtual, em decorrência da falta de conhecimentos básicos em informática. Uma situação dessa natureza é relatada pelo C14:

[...] confesso que a princípio enfrentei turbulências, uma vez que não tinha domínio de uso do computador. Então, essa falta de familiaridade com a máquina e com o ambiente de aprendizagem interferiu de forma negativa no meu desempenho frente ao curso, é tanto que gastei um bom tempo para aprender a navegar no espaço reservado ao curso, a manusear algumas ferramentas dentro do próprio ambiente [...].

Para alguns, freqüentar o curso significa conviver com a instabilidade da plataforma, adquirir conhecimentos básicos em informática e aprender a utilizar o ambiente virtual do curso, concomitantemente. Sendo assim, se forem tomadas medidas nesses aspectos, no sentido de favorecer a frequência do cursista no curso, o problema de navegação pelo ambiente, devido à falta de conhecimentos básicos em informática, seria minimizado.

Porém, o problema de navegação pelo ambiente virtual vai mais além do exposto, conforme aponta o T2:

Um problema é que os ambientes são muito labirínticos e cheios de recursos desnecessários que poderiam facilmente serem reunidos em poucos [...]. Há, inclusive, alunos que não fazem as atividades justamente porque não conseguem encontrá-las em um ambiente esteticamente confuso.

Precisamos nos atentar para a forma como os AVA estão organizados: uma variedade de ferramentas que, muitas delas, não são utilizadas e só dificultam a navegação do cursista pelo curso. Assim, parece que há uma preocupação com a quantidade de ferramentas e, não, com a sua utilização. Ao organizar uma plataforma de curso a

distância, utilizando ferramentas desnecessárias, demonstra que não houve preocupação, por parte de seus idealizadores com os principais usuários desta plataforma, que são os cursistas, no sentido de favorecer sua navegação pelo curso. Rayol (2009) recomenda que a plataforma para cursos a distância online deve ser fácil de acessar e possua uma interface amigável, pois disso vai depender o bom desenvolvimento de cursos em AVA.

O T2, ainda, acrescenta:

Esse primeiro problema ocorre justamente porque há um outro: devido a deficiências na formação dos educadores, os profissionais de informática e webdesigners são deixados praticamente sozinhos na preparação visual e estética dos ambientes. Só que esses profissionais na maioria das vezes não têm nenhuma formação pedagógica [...]. É preciso que os pedagogos tomem as rédeas dos projetos de ambientes de educação a distância [...].

Pelo visto, não há um trabalho de parceria entre os profissionais de informática e os pedagogos no momento da construção da plataforma do curso, o que é preocupante. O cuidado com a estética do ambiente é necessário, mas não deve ser maior do que a preocupação com o uso que devemos fazer das ferramentas nas atividades pedagógicas.

Concordamos com Schlemmer (2005) ao defender que, para se utilizar um AVA, primeiramente, é necessário verificar o critério didático-pedagógico do software. Esse é considerado o critério mais importante, uma vez que, quando se vai desenvolver um produto para educação, não se pode esquecer que este deve ser permeado com uma concepção epistemológica que evidencia como o aluno aprende.

Dessa forma, como fica a situação, diante do fato de que, na equipe que prepara o ambiente virtual, não há um pedagogo? Evidentemente, essa é uma questão que deve ser vista pelas IPES que ofertam os cursos a distância, para que os cursistas não tenham prejuízo ao participarem desses cursos. Para Almeida (2003), realizar cursos a distância, em AVA, é necessário a preparação de uma equipe interdisciplinar, que seja constituída por educadores, profissionais da área de design, de programadores e desenvolvedores de ambientes virtuais para cursos de EAD.