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b Mudanças a partir da aparição da tecnologia digital

4.3 Apresentação dos resultados

4.3.1 Categoria I Conhecimento e uso da tecnologia digital

4.3.1.2 b Mudanças a partir da aparição da tecnologia digital

Para dar continuidade ao núcleo anterior sobre a percepção que os adultos e idosos têm sobre o uso do celular, o núcleo a seguir trata sobre as mudanças dos tempos antigos aos tempos modernos –como denominado pelos próprios alunos–. Fala-se sobre as mudanças que vieram com a inserção da tecnologia digital no dia a dia das pessoas: mudanças na inteligência, na forma de perceber o mundo e de aprender.

Para os alunos é evidente que eles são uma geração muito diferente daquela dos avós e dos pais, eles se consideram conhecedores de dispositivos móveis e da tecnologia digital. Por exemplo, neste trecho, a Aluna 2 menciona considerar-se uma ’nativa digital1’:

E já nós que nascemos em outras geracões, nós, tipo, nós já nascemos sabendo, porque mesmo a gente, mesmo tipo, nascendo e sendo peque- nininho a gente sempre via e tinha contacto com o celular (...) Então desde pequenininha fui muito acostumada com isso.

(...)

porque a gente acaba, como a gente tem bem cedo celular, a gente acaba nascendo e já aprendendo. O nosso pensamento é mais ligado a isso do que as coisas mais antigas.

(Aluna 2, Fase E)

Neste sentido,Buckingham(2006, p.30) menciona que, de modo essencialista, "as crianças tendem a ser vistas como possuidoras de qualidades inerentes, que se ligam

1 Prensky(2001) chama nativos digitais àqueles que nasceram e cresceram na era digital, que estiveram

em contato com a tecnologia digital (jogos de computador, e-mail, telefones celulares, entre outros) desde seu nascimento. Os imigrantes digitais, no entanto, não nasceram no mundo digital, mas adoutaram muitos dos aspectos das novas tecnologias na sua vida.

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de um modo único às características inerentes a cada meio de comunicação". Como se o simples fato da criança nascer em uma época em que a tecnologia digital está presente, ela contasse com qualidades inerentes, ligadas aos meios de comunicação.

Quando foi feito o mapeamento do conhecimento e uso da tecnologia digital, no primeiro encontro, foi mencionado pela maioria dos alunos que tiveram o primeiro celular por volta dos seis anos de idade e que interagiram com um, seja do pai ou da mãe, desde que tinham memória. A Aluna 2 mencionava ter mexido no computador desde que tinha aproximadamente dois anos e que, portanto, ela tinha aprendido e interagido com a tecnologia digital quase desde o momento em que nasceu.

Para eles o fato de ter contato com a tecnologia digital desde pequenos, de ter nascido no século XXI e crescido em um ambiente digital, teve mudanças grandes na inteligência dos que conformam essa nova geração. Para a Aluna 4, o simples fato de ter nascido em uma geração diferente e nova daquela dos pais e avós já implica uma inteligência maior:

E tambem por causa do que nossa geração é bem inteligente, né? Porque a gente já tem conhecimento da tecnologia, mesmo não tendo ela. (...)

Tipo, a nossa geração tem, se for falar da geração mais antiga, porque querendo ou não, eles adquiraram conhecimento porque estão vivendo em nosso século agora. E nosso século é muito mais inteligente por causa da tecnologia.

(Aluna 4, Fase E)

Ela atribui uma maior inteligência pela simples interação com a tecnologia; com a palavra ’tecnologia’ ela se refere à tecnologia digital, computadores e dispositivos mó- veis. Neste sentido, bem como diziaLévy(2010), a história das tecnologias intelectuais pode condicionar a história do pensamento e da inteligência. Vale a pena mencionar que, para o autor, todas as tecnologias intelectuais desenvolvidas ao longo da história tiveram impactos nas formas de pensar. Para a Aluna 4 foram as tecnologias digitais que trouxeram uma maior inteligência a sua geração.

A respeito dessa mudança na inteligência, o Aluno 3 diz:

De verdade, eu vou falar. Não é que acho os adultos burros, não tem nada a ver com isso. Eu acho que é porque, é por causa de que os antigos, as pessoas mais velhas, eles não tinham a tecnologia que a gente tem hoje nem tudo o que a gente tem hoje.

(...)

Eu acho que hoje a gente convive muito com a tecnologia. Qualquer lugar que a gente olha, a gente vê tecnologia. Porque, estou olhando para a parede, com certeza o ser humano usou um computador para fazer essas parede. Eu acho que a vida, agora, de hoje, gira em torno à tecnologia.

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(Aluno 3, Fase E)

Neste comentário pode se evidenciar que ele também acha que houve mudanças na inteligência pelo fato de ter nascido ou de ter contato com a tecnologia digital. Ele menciona a inserção dos computadores e da Internet como fatores importantes nas mudanças do tempo antigo ao tempo moderno e conclui que a diferença radica em que a vida atualmente gira em torno da tecnologia digital, ao contrário dos tempos antigos.

No caso da Aluna 5, ela não acha que a geração de hoje seja mais inteligente. Ela simplesmente atribui à tecnologia digital mudanças nas formas de pensar. Essas mudanças não querem dizer, necessariamente, que a geração de hoje seja mais inteli- gente, apenas diferente. Portanto, conformeLévy(2010, p.3) "uma certa configuração de tecnologias intelectuais em um dado momento abre certos campos de possibilidades a uma cultura: Quais possibilidades? Na maior parte das vezes só descobrimos isto depois". Só a partir da convivência e análise dessas novas tecnologias será possível descobrir quais as mudanças nas formas de se comunicar, de conceber a coletividade e, inclusive, nas formas de pensar das gerações de hoje. Aqui o comentário da Aluna 5:

Aluna 5: Se comparar com o negócio do passado, tipo assim, com 7 anos a gente já tinha celular e no passado deles quando tinham sete anos só tinha. . .

Aluna 4: Paredes! (Fase E)

A intervenção da Aluna 4 denota uma insistência por mostrar que as coisas eram completamente diferentes no passado e, não só diferentes, mas atrasadas, pois segundo os comentários que ela faz ao longo do encontro final da coleta não existia nenhum tipo de tecnologia (se referindo à tecnologia digital) e, portanto, a inteligência era muito menor.

Aqui vale a pena mencionar a sobrevalorização que se dá muitas vezes à tec- nologia digital, considerando ela a panaceia, solução de todos os problemas sociais e educacionais, apenas por sua existência. A tecnologia digital pode ser um recurso e fator essencial para o desenvolvimento das necessidades individuais, sociais e educacionais, mas não será só ela que garantirá tal desenvolvimento.

A inserção incisiva da tecnologia digital na atualidade, bem como a inserção de outras tecnologias no passado, trouxe mudanças de caráter cognitivo, cultural, social e também na constituição como indivíduos. A respeito, Sztajnszrajber(2012, p.7) menciona:

As mudanças tecnológicas não podem se entender como se fossem uma dimensão autónoma e afastada de nossa constituição como seres

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humanos, o sujeito produz a técnica e a técnica produz e modifica o humano.

Inevitavelmente, as gerações dos pais e avós serão diferentes das dos alunos. As técnicas, com o surgimento das novas tecnologias intelectuais, foram modificadas pelo surgimento da tecnologia digital, mesma que foi desenvolvida, por sua vez, a partir de outras técnicas e outras tecnologias. "Uma inovação técnica (...) [é ]submetida à prova do coletivo heterogêneo, da rede complexa onde ela deverá circular e que ela conseguirá, eventualmente, reorganizar" (LÉVY,2010, p.116). A tecnologia digital, neste sentido, inseriu-se na coletividade e é essa coletividade que está transformando os usos dessa tecnologia, fazendo surgir novas formas de se comunicar, de agir, de aprender, de pensar.

Um outro tópico, tratado quando foram discutidas as diferenças entre as gerações, foram as vantagens e desvantagens que a tecnologia trouxe para eles na atualidade. Alguns dos alunos mencionam mais uma vez o uso excessivo do celular, ao ponto de afetar o desenvolvimento de lições e atividades de casa, bem como a falta de convivência com as pessoas ao redor.

Aqui vale a pena mencionar que os alunos, geralmente, relacionam a tecnologia com o celular e os usos que dele fazem. Entre alguns dos usos mencionados encontram- se o acesso a: redes sociais, como Facebook, Instagram e Snapchat, reprodutores de vídeo como Youtube, aplicativos como Whatsapp, navegadores para busca de informação na web, aplicativos de videogames como Minecraft, Skype e acesso a foruns, etc. Portanto, a concepção de tecnologia que eles têm se constitui pelo uso que eles fazem desses recursos que, muitas vezes, é limitado. Quer dizer, fazem uso de uma mínima parte das funções disponíveis.

Neste trecho a seguir evidencia-se como a Aluna 2 se sente afetada pela tecno- logia digital e pelo uso de redes sociais, vídeos e aplicativos, como os mencionados acima.

A tecnologia traz alguns benefícios e ao mesmo tempo benefícios negati- vos.

(...)

E eu sou muito viciada com essas coisas, então as vezes não sobra tempo para eu fazer tanta lição e eu chego fazer correndo. Eu consigo entregar? Consigo. Não é que não fica bom, eu faço, mas não dá muito tempo. (Aluna 2, Fase E)

Para a Aluna 2, a tecnologia atrapalha no cumprimento de lições de casa que a escola pede. No que ela menciona acima, ela reduziu a qualidade das lições por usar a tecnologia digital em demasia. Por outra parte, para a Aluna 4, como mencionou

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ao longo do encontro final, a tecnologia pode apoiar as lições de casa e reforçar os conhecimentos adquiridos na escola. Porém, no comentário a seguir, pode se entrever como ela separa a tecnologia da escola, como se a tecnologia, mesmo pudendo ser uma fonte de aprendizagem, ela perjudicasse o estudo na escola. Evidencia-se também o fato de uma preferência por estudar na escola, como se a tecnologia -na concepção que ela criou- não formasse, nem pudesse formar, parte da escola.

Eu acho que a tecnologia por um lado é boa, mas por outro ela também não é boa. Assim, claro, a gente, a gente aprende na Internet também, só que você pára de fazer uma coisa, tipo, muito mais importante, como es- tudar, para ficar mexendo no celular, isso é um vício. E assim, a Internet, muitas vezes é para, para algumas pessoas é... em vez de aprender na escola, ela não aprende na escola, ela aprende tudo pela Internet, só que vai perjudicar. E sim, a tecnologia é boa, ela ensina várias coisas só que acho que o estudo na escola é melhor do que a tecnologia, porque, não sei. Eu gosto mais. (...) Eu prefiro estudar na escola do que a tecnologia e eu acho que tem que ter limite para usar isso.

(Aluna 4, Fase E)

Já o Aluno 3 comenta a respeito das vantagens e desvantagens que ele vê na tecnologia:

A Aluna 2 diz que a tecnologia tem benefícios ou pontos negativos, né? (...) Para mim, o benefício da tecnologia é o conhecimento e para mim um ponto negativo é, tipo, um trabalhador, o cara substitui o trabalhador por uma máquina.

(Aluno 3, Fase E)

Quando ele menciona a substituição do trabalhador por máquinas, ele faz refe- rência ao filme de Charlie e a Fábrica de Chocolate, onde o pai do protagonista é demitido do seu trabalho de colocar as tampinhas nas pastas de dentes; ele foi substituído por máquinas. A Aluna 2 concorda com o Aluno 3 em que a tecnologia ocasionou demissão de muitos trabalhadores, os quais foram substituídos por máquinas.

O Aluno 3, segundo o que foi dito por ele nas sessões anteriores e durante o encontro final, não tem celular, tablet, nem Internet em casa. Ele vai na casa do primo para ter acesso a Internet e para assistir o seriado de Doctor Who. Durante a conversa sobre as vantagens e desvantagens da tecnologia, e quando perguntada a função da tecnologia, ele menciona o seguinte:

O celular para mim ele nunca foi um benefício 100%, mas para mim ele funciona muito bem nos termos de comunicação, porque na minha casa, assim, ela não é nem um pouco tecnológica.

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Ele menciona que a avó dele usa o celular como meio de comunicação, para fazer ligações unicamente, e que, portanto, ele achava que em termos de comunicação a tecno- logia era favorável. O Aluno 3, ao longo do encontro final, foi muito pontual a respeito das vantagens ou possibilidades da tecnologia digital: comunicação e conhecimento.

Vale a pena mencionar que esse trecho do Aluno 3, ressaltado acima, foi uma reflexão realizada no final da coleta de dados. Na Fase B, primera fase em que ele participou (ele não esteve presente no primeiro encontro), ele teve muita dificuldade para realizar as comandas solicitadas e, no final do encontro, disse para a pesquisadora que foi difícil, que não gostaria de fazer de novo alguma coisa assim. Depois, durante a Fase C, quando realizou o post sobre Doctor Who, ele ficou animado e gostou muito da atividade. Assim, no final da coleta durante a Fase E, ele tinha mudado de ideia e estava motivado para ter atividades da escola no tablet.

4.3.1.3 c. Experiência e conhecimento dos dispositivos móveis e da tecnologia digital

Durante o primeiro encontro, os alunos conversaram um pouco sobre a experi- ência que eles tinham com a tecnologia digital e com os dispositivos móveis, celulares e tablets. Os usos que eles fazem dos celulares e tablets, como já mencionado, é muito pa- recido entre eles: acessam às redes sociais, assistem vídeos no Youtube, abaixam música e alguns deles jogam. Eles consideram a tecnologia digital proveitosa, especialmente pelo fato de ser divertida. Algumas outras coisas mencionadas a respeito das vantagens da tecnologia digital foram a localização geográfica com uso de GPS e a facilitação de lições de casa, segundo os comentários feitos durante essa sessão.

Para mapear o conhecimento técnico e a habilidade de usabilidade que eles tinham na tecnologia digital, foram feitas perguntas a respeito dos navegadores usados, buscas na Internet, funcionamento de aplicativos, termos de privacidade, entre outros. Esse mapeio ajuda para entender as habilidades e conhecimento que os alunos têm, os quais são fatores essenciais para a alfabetização digital, como menciona o Ceale. A respeito das buscas na Internet, a Aluna 1 mencionou dois casos em que procuraria na Internet sobre algum acontecimento com o celular dela.

Que nem quando meu primo pegou meu celular e ele tinha senha e bloqueou. Tive que ir pro Youtube para ver como resetar meu celular. (...)

Eu colocaria assim: Como arrumar ou como recuperar o celular? Ou aí dependendo do que aconteceu com ele.

(Aluna 1, Fase A)

A busca que ela faria se o celular deixasse de funcionar é muito lógica. Quer dizer, ela perguntaria para o Google como se estivesse perguntando para uma pessoa:

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"Como arrumar ou como recuperar o celular?". A Aluna 2 menciona que ela colocaria: "O que fazer se...” e terminaria a pergunta com aquilo que tivesse acontecido com o celular.

Um exemplo do tipo de buscas feitas pelos alunos na Internet é o da Aluna 5 quando procurou imagens para o post que elaborou, simplesmente colocando "imagens de capinha com renda":

Figura 3 – Filmagem de tela Aluna 5, Fase C. Minuto 42:08

Ela foi observando as imagens até achar uma que ela gostasse para ilustrar como ficaria uma capinha com renda seguindo os passos que ela descreveu no post.

A Internet oferece acesso a uma quantidade infinita de informação, portanto, interessa a esta pesquisa conhecer qual a lógica e os critérios de busca dos alunos.

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Para fins desta pesquisa vai se prestar atenção nas análises críticas da informação, porque como tinha mencionado Lemke( apudROJO; MOURA,2012), pela quantidade infinita de informação (e de possibilidades), precisa-se de um consumo crítico nas novas tecnologias.

Todos os alunos disseram usar o navegador de Google Chrome, a exceção da Aluna 4, quem diz usar Internet Explorer em algumas ocasiões. O buscador que todos usam é Google e procuram na barra que aparece no site2. O Aluno 3 menciona não saber

procurar informação na web e argumenta que talvez não dê para encontrar tudo na Internet:

Eu acho que, assim, é bom para procurar dúvidas que a gente tem, mas eu acho que a Internet seria mais eficiente. Mas, talvez, Internet não pode ter tudo o que a gente procura, então podia ser melhor procurar no livro. (Aluno 3, Fase E)

As vezes, pela falta de experiência e de habilidades na busca de informação na Internet, os alunos não conseguem encontrar o que estão procurando e se limitam à busca em poucos ou em um único site. Os algoritmos que são usados para fazer as buscas de informação na web vão mostrar alguns sites como principais, seja pelo Page Ranking que determina a posição de um site pelo número de visitas, links mostrados e conteúdo apresentado, ou pelas buscas prévias do usuário. Portanto, se os alunos consultam sempre os primeiros três sites que aparecem no buscador, os resultados corresponderão ao Page Ranking.

Os alunos mencionaram ter lições de casa nas quais fazem pesquisas. É na aula de História na qual elaboram maior quantidade de pesquisas, sobre alguma cultura ou algum país. Quando perguntado como procuravam a informação necessária para essas pesquisas, estas foram algumas das respostas:

Assim, você coloca China e aparecem as coisas ali. (...) Aparece assim, tipo, você procura roupa, comida, festas, dança da China. (Aluna 4, Fase A)

Eu coloco, por exemplo, "comidas típicas da China". (Aluna 2, Fase A)

Ao procurar frases ou palavras-chave aparece uma lista de resultados. Eles dizem abrir a primeira opção, a qual geralmente é Wikipédia ou o Portal Sua Pesquisa. A Aluna 1 e o Aluno 6 dizem ler mais de um site, mas o resto diz consultar unicamente nessas páginas:

Eu leio muitos. (Aluna 1, Fase E)

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Eu uso a página da Sua pesquisa (...) Eu só uso a Sua Pesquisa para a escola. (Aluna 2, Fase A)

Eu leio a Sua Pesquisa. Eu, tipo, ou na Sua Pesquisa ou na Wikipédia, só. (Aluna 4, Fase E)

Para as pesquisas de História eles têm que procurar imagens. A maioria busca no Google diretamente ou em Google Images colocando palavras-chave do que está sendo procurado. A Aluna 2 menciona o seguinte: "É que assim, o site tem imagens, então quando você clica na imagem você pode imprimir ela"(Aluna 2, Fase A). A Aluna 1 diz clicar nas imagens de Wikipédia e imprimir elas.

Após a busca de informação na Internet, os alunos tem que escrever a pesquisa a mão, questão que será retomada na Categoria IV. A pesquisadora pergunta para eles como selecionam a informação a escrever. A Aluna 4 diz: "Mas também não pode colar e imprimir, tem que ler"(Aluna 4, Fase A). A Aluna 1, quem mencionou consultar mais de um portal ou enciclopédia na Internet, diz pegar os primeiros três sites que aparecem no Google, ler e resumir para escrever a pesquisa. A habilidade de usar diferentes fontes de informação e selecionar a informação importante para a realização de uma tarefa é considerada uma habilidade metacognitiva dos escritores eficientes, como mencionam

Flower e Hayes(1981). Neste sentido, alguns dos alunos têm desenvolvido esta habili- dade mais do que outros ao consultar informação em maior ou menor quantidade de sites para a realização das tarefas da escola.

Eles mencionam ter conhecimento a respeito dos termos de privacidade, bem como estar cientes dos acessos que pedem os aplicativos. Geralmente abaixam um aplicativo que todo mundo usa e não prestam atenção àquilo que está escrito, como menciona aqui a Aluna 4:

Se for um aplicativo que eu conheço, tipo um aplicativo normal, eu sei que vai usar a câmera, as coisas do celular. Agora, se for assim outro aplicativo que eu não conheço, tipo Dubsmash, eu tive que ler, porque apareceu um negócio esquisito e aí eu li. Mas geralmente não leio. (Aluna 4, Fase A)

É evidente que os alunos fazem uso da tecnologia digital através dos celulares e em menor medida dos tablets. No trecho a seguir a pesquisadora pergunta sobre os principais motivos de uso dos celulares. Os alunos concordam em que o lazer é o principal motivo de uso e tentam, sem muito sucesso, falar sobre outros usos que eles fazem dos disposivitos móveis:

Aluna 1: Lazer, não, não só lazer. Aluno 3: Para diversão.

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Aluno 3: Para distração.

Aluna 2: Para mim não é só diversão, para mim é. . . Aluno 3: Pra que?

Aluna 2: Para tudo, para tudo.

Aluno 3: Pra gente se comunicar, tipo. . .

Considerando o mencionado pelos alunos e o demonstrado ao longo das ativi- dades, os alunos sabem como fazer muitas coisas através da Internet, nas redes sociais e alguns aplicativos. Neste sentido, tendo em conta o conceito de letramento digital definido por Soares(2002) : "estado ou condição que adquirem os que se aproriam da nova tecnologia digital e exercem práticas de leitura e de escrita na tela", poderia se dizer que os alunos, participantes desta pesquisa, são letrados digitais. No Glossário CEALE(2014) a definição é acrescentada dizendo que o letramento digital representa o uso de textos no computador ou em outros dispositivos, bem como uso de emails