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b Habilidades metacognitivas para a realização das atividades com tecnolo-

4.3 Apresentação dos resultados

4.3.2 Categoria II.Metacognição e atividades (com tecnologia digital)

4.3.2.2 b Habilidades metacognitivas para a realização das atividades com tecnolo-

Após conhecer as habilidades metacognitivas usadas pelos alunos na realização de atividades e provas na escola, apresenta-se o núcleo de significação sobre as habili- dades ’meta’ usadas na tecnologia digital. Essas habilidades poderiam ser reproduções daquilo que se faz no meio físico, portanto, transpostas para o meio digital? Existem formas diferentes de agir nos dois meios? As habilidades metacognitivas mudam ou se transformam quando agindo no meio digital? Elas são resultado de uma experiência previa com a tecnologia digital ou as mesmas habilidades usadas no meio físico podem ser aproveitadas no meio digital?

Capítulo 4. Apresentação dos resultados e discussão 134

A seguir serão apresentados alguns exemplos que constituem os núcleos perten- centes a esta categoria. Ao analisar e dialogar com a teoria, pretende-se tentar responder às perguntas expostas previamente.

Primeiramente, aponta-se aqui qual foi o primeiro contato dos alunos com a tarefa da criação do post. Os alunos da primeira sessão chegaram na sala sem ter a mais nínima ideia de qual seria a atividade a realizar. Já o segundo grupo de alunos, especificamente a Aluna 2 e a Aluna 4, tinham informação fornecida por uma das alunas da sessão anterior, portanto, contavam com conhecimento prévio ao encontro, vantagem que não tiveram os três alunos da primeira sesssão.

A Aluna 4 conta para a pesquisadora como ela ficou sabendo o que era para fazer:

...aí a Aluna 1 falou ah, eu já sei o que vão fazer! Aí eu perguntei, o que? Aí ela falou, vocês vão fazer um póster, eu fiz o meu, a Aluna 5 fez de um capinha de celular, o Aluno 6 fez de um jogo, e eu fiz de Luan Santana. Então eu falei ah, eu vou começar pensar no que eu vou fazer, aí eu pensei (sic). (Aluna 4, Fase D)

A Aluna 1 se tornou um suporte social, em termos de conteúdo funcional nas relações (ORNELAS,1994), para as Alunas 2 e 4, pois deu informação sobre a atividade que elas fariam.

A habilidade metacognitiva aqui seria o fato de saber usar a informação obtida para ter uma vantagem ao chegar no encontro com a pesquisadora. A Aluna 4, por exemplo, diz ter pensado sobre o que ela ia escrever no post, a partir da informação que a Aluna 1 forneceu.

A Aluna 2 soube usar a informação que a Aluna 1 deu para ela, porque ela chegou no encontro sabendo do que ela ia falar:

Não, eu tinha pensado, na verdade, eu não tinha pensado em nenhum tópico. Daí, depois a Aluna 1 falou, a Aluna 1 começou falar sobre o post que ela fez, que era de Luan Santana, daí eu, hum, música, que ele canta, né? Daí eu falei é música, daí a gente fez. Eu fiz o post de música (sic). (Aluna 2, Fase D)

Quando a pesquisadora entrevistou ela e perguntou sobre o planejamento do post, ela mencionou ter planejado, desde antes de chegar na sessão, colocar seis músicas que ela gosta muito. Ela usou a informação que a Aluna 1 deu para ela e soube usar, para chegar no encontro com o tópico do post escolhido e, inclusive, com seis músicas selecionadas.

A pesquisadora reuniu informação sobre o planejamento do post, fazendo per- guntas a respeito dos passos que seguiram para completar o post, sobre as dificuldades

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que tiveram durante o processo, os recursos que usaram para resolver dúvidas, bem como suas expectativas e avaliações do resultado, quer dizer, do post publicado.

Antes da seleção do tópico do post era necessário que os alunos entendessem o que era um blog e como se fazia um post. Foram dados alguns exemplos a respeito, mas a maioria não acessou aos blogs para ter uma ideia inicial, eles foram direto para o editor com a intenção de começar a criar o post. A atividade da Fase B tinha sido de grande apoio para todos, pois tinha dado uma ideia geral do que era um blog e dos diferentes tópicos que podiam ser tratados no post. Portanto, um primeiro passo para a criação do post foi a seleção do tópico: do que falariam?

Para a Aluna 1, quem formava parte da primeira turma, não foi tão fácil entender o que era para fazer no post. Ela pediu instruções mais pontuais, mas para pesquisadora era importante que os alunos deduzissem o que era um post e conseguissem criar um conceito próprio a partir do que tinham visto na Fase B e nos exemplos fornecidos.

Depois de um tempo, a Aluna 1 resolveu falar sobre o cantor Luan Santana. Quando a pesquisadora perguntou para ela como tinha escolhido o tópico, ela falou o seguinte:

Porque tinha várias ideias aqui, aí, e daí você foi dando as ideias, que podia fazer sobre música e um monte de coisas, daí eu resolvi fazer dele (...) porque isso eu tenho na mente faz muito tempo, porque eu já, eu tenho muito póster dele, aí eu tenho muita coisa gravada (sic). (Aluna 1, Fase D)

Ela pediu ajuda para a pesquisadora porque não sabia como escolher o tópico, foi complicado para ela se decidir a falar sobre Luan Santana. Ela disse: "Vou fazer um blog de emoticons... aí eu vou explicar o que é emoticons, é isso?". O conceito de post3

não era muito claro, ela não tinha construído uma ideia clara sobre o que era um blog e como ia desenvolver um post. Pode-se pensar que desconheciam o gênero textual que podia se desevolver no blog, por ser um meio com o qual não estão familiarizados.

A respeito,Ferraz(2010, p.132) menciona o seguinte sobre gêneros digitais:

Os gêneros digitais são reflexo da complexificação das esferas perante o advento da internet, cujos enunciados apresentam características tais como encurtamento dos textos, uso de links eletrônicos, uso da hipermí- dia, diferente aproveitamento de infográficos, entre outros. O desenvol- vimento acelerado e o uso cada vez maior dos gêneros digitais devem-se, entre outros fatores, à interatividade proporcionada pela velocidade de

3 Aqui vale a pena mencionar que a pesquisadora não deu uma definição ao conceito de blog ou de post,

mas nos exemplos dados sobre os tópicos a falar, ela foi criando um breve histórico da evolução dos blogs, começando pela sua essência de diário pessoal. Deu exemplos sobre tutoriais, ou seja sobre como fazer alguma coisa, que também foi uma das formas em que começaram a surgir os blogs, com exemplos e apoio para programadores. Foi sugerido falar sobre uma categoria que gostassem (música, arte, cinema, cozinha, beleza) ou um blog gamer, entre outros exemplos.

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trânsito das informações na rede que acontece não só de um internauta para com um texto, mas, também, de um internauta para outro, ou seja, entre indivíduos.

A autora também menciona a existência de dois tipos de gêneros digitais, o primeiro tipo inclui os gêneros digitais emergentes e o segundo inclui aqueles gêneros importados de outras mídias. O blog, apesar de ser uma transmutação de um gênero que poderia pertencer a outras mídias, ele pode se acessar unicamente com Internet, portanto é considerado um gênero digital emergente.

A respeito do gênero, A Aluna 2 conseguiu criar um conceito próprio sobre o que ela entendeu como post. Quando a pesquisadora perguntou o que era um post e do que se falava nos posts, ela comentou o que aparece a seguir:

De qualquer coisa que a gente gostasse, que interessasse ao público, eu fiz um post de musica (...) A gente criou um post falando de qualquer coisa para colocar neste site. (Aluna 2, Fase C)

O Aluno 3 não contava com a informação prévia, fornecida pela Aluna 1, que as colegas dele tinham sobre a criação do post. Portanto, ele só pensou sobre o tópico do post no momento. A partir da atividade anterior, na Fase B, quando fizeram algumas atividades com o post do Minecraft, o Aluno 3 criou uma concepção sobre o que era um post ou, pelo menos, do que poderia tratar um. Aqui a narração que ele fez sobre a escolha do tópico:

Eu falei assim, nossa, eu já fiz o do Minecraft, então deixa pensar numa outra. Aí veio, eu falei, ah, vou fazer dos Simpsons. Mas não fiz, que era muito complicado. Mas assim, então vou fazer do Doctor Who, aí que eu comecei a pesquisar, saber um pouquinho, até eu que gosto muito e sei bastante de Doctor Who, não sabia de algumas coisas que achei aqui (sic). (Aluno 3 , Fase D)

Tanto a Aluna 2 quanto a Aluna 4 falaram sobre música, colocando algumas das músicas que mais gostam de escutar. As duas concordam em que seria difícil fazer um post sobre algum tópico que não gostassem ou que não fosse selecionado por elas.

Mas tem alguns posts que não é fácil, tipo, se eu fosse falar sobre estudo, outras coisas, teria que pensar um pouco mais para ver o que falar. Seria um pouco difícil. (Aluna 2, Fase D)

Sim, porque aí eu não ia conhecer o conteúdo, aí eu tinha que pesquisar o que que é, como que é, perguntar para uma pessoa, aí eu tinha que entender para fazer. (Aluna 4, Fase D)

Neste sentido, como será visto mais adiante, a motivação tem um papel muito importante. Quando os alunos gostam do que estão fazendo e se sentem a vontade, eles

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têm muita maior motivação e, portanto, as percepões do realizado e os resultados são mais satisfatórios.

A Aluna 5 menciona ter ajudado a prima dela a pensar em tópicos para o blog. Portanto, ela já tinha uma ideia do que era um blog, bem como que tipo de coisas poderiam ser colocadas. No caso do post que ela fez, ela associou o blog com um canal de Youtube. Ela pensou em fazer um tutorial como os que ela assiste, só que "por escrito" como menciona no trecho mostrado a seguir:

Por causa que eu vejo muito vídeo no Youtube sobre como fazer capinha, esses negócio, e nunca vi por escrito, geralmente vejo por vídeo, com as pessoas falando. Daí eu decidi, tipo assim, já que é um blog, eu vou fazer sobre isso, só que pelo escrito.

(Aluna 5, Fase D)

Após a seleção do tópico, os alunos colocaram o título, imediatamente. Todos deixaram o título que colocaram no começo com exceção da Aluna 4, quem mudou de #Hó Sofrença para MUSICAS [com quatro corações]. A Aluna 5 hesitou um pouco para colocar o título e perguntou para a pesquisadora: "Realmente esse negócio, tipo título, tenho que fazer um título que vai ficar permanente ou sobre o que eu vou falar?" (Aluna 5, Fase C). A pesquisadora explicou para os alunos que tudo o que escrevessem podia ser modificado posteriormente, vantagem das publicações na web.

A respeito da possibilidade de fazer modificações e atualizações no post, a Aluna 1, ao contrário dos outros alunos, publicou o post e continuou fazendo atualizações das mudanças que ia fazendo. O resto dos alunos publicaram até o final, quando consideraram que o post estava pronto. A Aluna 1 colocou os links das redes sociais após a publicação pela primeira vez. Depois ela foi colocar a imagem destacada e atualizou mais uma vez. Ela entendeu que o post podia ser modificado mesmo tendo sido publicado. Isto demonstra conhecimento a respeito da flexibilidade do hipertexto. Entre os princípios que Lévy (2010) usava para definir o hipertexto encontra-se o princípio de metamorfose, referindo-se ao texto em rede, em constante construção e continuamente modificado. No momento em que a Aluna 1 coloca os links das redes sociais, ela está aumentando a rede, pudendo ir de um texto a outro, de uma rede a outra, de uma informação a outra. Essa ligação de recursos digitais na hipertextualidade cria um diálogo, no sentido bakhtiniano.

A pesquisadora, ao longo da entrevista individual, perguntou para os alunos qual tinha sido o processo de desenvolvimento do post, se eles tinham uma ideia de como ia ficar, como foram desenvolvendo essa ideia e se a expectativa foi cumprida.

Durante o desenvolvimento do post, a Aluna 4 decidiu, junto com a Aluna 2, fazer um vídeo para colocar no post. Quando a pesquisadora perguntou para ela como tinha surgido essa ideia entre as duas alunas, ela falou:

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Fui eu que dei a idéia. Eu tava escrevendo o negócio de, por exemplo alguém que você ama ou uma pessoa que você odéia ou uma pessoa que você gosta muito, aí eu coloquei entre aspas amigas. Aí eu falei, ah, acho que eu vou gravar um vídeo para caracterizar esse, essa frase que eu coloquei, uma pessoa que você gosta muito, amiga, aí eu fui colocar o vídeo meu e da Aluna 2 cantando aquela música. (Aluna 4, Fase D)

Nenhuma das duas alunas tinha pensado em gravar um vídeo. Foi durante o desenvolvimento do post que surgiu a ideia de gravar e colocar o vídeo no post, portanto, o tempo que levaria fazer e tentar colocar no post não foi considerado pelas alunas. Como parte da regulação da cognição encontra-se o monitoramento de uma tarefa ao longo da sua realização (JACOBS; PARIS,1987). Neste sentido, a pesquisadora perguntou para os alunos como eles tinham monitorado o tempo da atividade para conseguir completá-la. Ao monitorar o progresso de uma atividade, levando em conta o tempo de realização e os objetivos de dita atividade, os alunos poderiam modificar seus planos e estratégias para conseguir terminar no tempo estipulado.

O grupo que demorou mais para completar a atividade foi o da sessão 2 da Fase C: Aluna 2, Aluno 3 e Aluna 4. Portanto, a pesquisadora perguntou se tinham percebido o passo do tempo e quais as estratégias usadas para completar a atividade.

A Aluna 2 menciona ter percebido que o tempo estava acabando e começou correr para terminar:

Percebi [que o tempo estava acabando](...) No finalzinho quando a gente estava gravando o vídeo, porque, eu olhei no relógio, aí, tipo, ai meu deus está acabando o tempo. E ela não terminou e eu estou aqui gravando o vídeo, daí a gente começou fazer correndo para dar tempo. (Aluna 2, Fase D)

A Aluna 4 teve que ir embora porque o pai dela foi pegar ela mais cedo. A estratégia da Aluna 4 foi pedir para a Aluna 2 terminar o post por ela:

É, eu falei para a Aluna 2 copiar os links para mim e colocar o vídeo. Aí ela foi e falou assim para mim, mas que links? Ai, coloca os links da música que eu gosto, aí ela foi e colocou, porque ela sabe a música que eu gosto; que indicaria as características, tipo, uma pessoa que você ama, ela colocou da Ludmilla e da pessoa que você odéia, ela colocou da Anita. E de amigas ela colocou meu vídeo com ela. (Aluna 4, Fase D)

Para a Aluna 4, a Aluna 2, amiga dela, se tornou o suporte social de assistência (ORNELAS,1994), pois ajudou ela a completar a atividade.

A respeito do tempo, o primeiro grupo da sessão 1 disse não ter prestado muita atenção às horas. Quando a pesquisadora perguntou para eles por que, a Aluna 1 respondeu: "Ah, não sei, porque eu estava bem concentrada, né?"(Aluna 1, Fase D). A Aluna 5 disse: "Ah, eu não olhei pro relógio, eu fui fazendo aleatoriamente (sic)" (Aluna

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5, Fase D). Vale a pena mencionar que o primeiro grupo terminou muito mais rápido que o segundo e os alunos tiveram muita menos interação. Teve intervalos de silêncio de 2, 4 e até 9 minutos enquanto eles trabalhavam nos posts. O segundo grupo não teve esses intervalos de silêncio, interatuaram tempo todo, com a pesquisadora, entre eles, cantando, falando em voz alta.

ParaBakhtin(2004) a linguagem é ideológica, social, dialógica. Evidencia-se o caráter dialógico da linguagem tanto nas conversas entre os alunos que formam parte da sessão, bem como nos diálogos que se criam entre os alunos e o ambiente digital. As linguagens presentes, a palavra, a música, os vídeos, as fotos, criam interlocuções entre os alunos. Na segunda sessão da Fase C, os alunos tiveram uma maior curiosidade e tiveram maior iniciativa para a produção de linguagen audiovisual. Através das conversas e dos diálogos gerados entre os alunos nessa sessão, surgiu grande interesse por procurar e compartilhar informação e imagens, bem como por criar de forma colaborativa. A Aluna 2 e a Aluna 4 produziram um vídeo falando sobre uma música que elas gostam muito e até cantam uma parte dela. Neste sentido, o fato de dialogar durante a sessão permitiu uma troca de informações e de ideias; os alunos se constituiram como sujeitos sociais, tanto no contexto físico quanto no contexto digital.

Outro indicador aqui apresentado é a busca de informação, de imagens, de vídeos, de resolução de problemas e dúvidas na Internet. Aqui interessa quais as estratégias de busca e de análise de informação nas novas tecnologias.

Durante a entrevista, foi perguntado aos alunos o que foi necessário procurar para fazer o post e o tipo de buscas realizadas. Além de apresentar aqui algumas das respostas dessas entrevistas da Fase D, achou-se importante descrever alguns trechos da filmagem das telas durante a criação do post na Fase C.

O Aluno 3 mencionou ter começado a pesquisar e ter percebido que tinha muitas coisas que ele ainda não sabia sobre Doctor Who. Ele percebeu que, mesmo sabendo muito sobre a série, assistindo a temporada toda e escutando informação sobre ela na televisão, tinha ainda muita informação que não conhecia e que podia buscar na Internet. Ele procurou os nomes de todos os atores que tinham interpretado a Doctor Who e, enquanto isso, foi descobrendo coisas interessantes: "Procurei e achei algumas coisas, tipo que tardise não era um time de futebol... mas de futebol americano".

Ele procurou "coriosidades sobre a serie doctor who", como apresentado na imagem a seguir:

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Figura 5 – Filmagem de tela Aluno 3, Fase C. Minuto 51:40

Evidencia-se o fato do tablet procurar palavras próximas às escritas. Neste caso, Google mostra resultados com a palavra "curiosidades", mesmo que o Aluno 3 tenha escrito ela com ’o’.

Figura 6 – Filmagem de tela Aluno 3, Fase C. Minuto 51:53

Por sua vez, a Aluna 2 mencionou algumas das ações que ela realizou para conseguir terminar a atividade:

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Quando eu estava fazendo esse post, eu tive que procurar algumas imagens para colocar naquela foto grandona e também procurei as músicas, né? Porque tem muitos cantores que regravam as músicas, daí eu tinha que achar a certa, para não pegar uma música diferente. E a gente tinha que procurar, tipo, procurei as músicas, fui no Youtube, procurei para pegar o link, assim, várias coisas.

(Aluna 2, Fase D)

Dentre as ações que os alunos foram realizando, tiveram algumas dificuldades, as quais foram mencionadas por eles, bem como a solução que acharam. As dúvidas geradas foram resolvidas pelos alunos de jeitos diferentes: uma simples pergunta ao colega ou à pesquisadora, uma reiteração para ter certeza de estar agindo corretamente, uma narrativa sobre o processo realizado para retomar a atividade, etc.

A maioria das dúvidas geradas durante a fase de criação do post são de caráter técnico, a respeito de como fazer coisas específicas no tablet, no navegador e editor de texto. Serão mencionadas algumas das dúvidas que surgiram, porque o que mais interessa aos objetivos de pesquisa é como elas foram resolvidas pelos alunos. Aqui se listam algumas das ações sobre as quais tiveram dúvidas: sobre o caminho a seguir para abrir um aplicativo; sobre a realização de ações simultâneas, tais como escutar música no Youtube e editar o post no editor de texto de Wordpress onde estava publicado o blog; como fazer ações específicas como copiar e colar um link dos sites ou redes sociais; ações dentro do editor de texto como adicionar imagens e vídeos; usar o cursor adequadamente (para adicionar um novo parágrafo, voltar para corrigir a letra de alguma palavra, selecionar uma palavra ou uma frase).

Pode-se ressaltar que, apesar dos alunos estarem acostumados a mexer no celular, há ações técnicas relacionadas à chamada usabilidade com as quais eles não estavam familiarizados. A respeito disto, oGlossário CEALE(2014) menciona que

Essas operações provocam efeitos nos escritos e na tela e, consequente- mente, no conhecimento sobre o funcionamento mais técnico do novo instrumento de escrita. Esse tipo de alfabetização digital é um dos com- ponentes do letramento digital, e ambos precisam ser ensinados na escola.

As operações vão desde saber usar o teclado do tablet, saber abrir o navegador, ir de um programa a outro, copiar e colar links, saber como salvar imagens, até filmar vídeos e saber compartilhar um comentário, um link, uma imagem, um vídeo. Neste sentido, os alunos têm um certo nível de alfabetização digital, porque há muitas ações técnicas que eles desconhecem ainda. Isto pode ser atribuído a que os usos que eles