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4.3 Apresentação dos resultados

4.3.4 Categoria IV Práticas escolares e tecnologia digital

4.3.4.1 a Escola e tecnologia

A escola onde foi feita a pesquisa tem uma sala de computadores, portanto, a pesquisadora perguntou para os alunos a frequência de uso dessa sala, bem como o tipo de atividades que realizavam nela. A maioria dos alunos mencionaram que iam muito pouco para a sala dos computadores. Eles indicaram que realizavam atividades de Matemática ou iam durante a aula de Inglês:

Mas a gente só vai assistir filme por causa da professora de Inglês e a gente não consegue entender nada porque é em Inglês (sic). (Aluna 1, Fase A)

Segundo o que foi comentado, eles tiveram um outro professor de Matemática que levava eles na sala de computadores para fazer exercicíos em um dos programas ali instalados, porém, desde a mudança de professor, eles vão com menor frequência.

Nem todos os alunos da escola têm um computador, portanto, a escola fornece computadores em horários combinados para eles pesquisar e imprimir tarefas ou pesquisas:

Daí, ehem, como a gente as vezes precisava usar o computador, a pro- fessora pedia para a gente ir lá, imprimir, fazer as coisas. As vezes, a professora, se a gente pedir, porque tem pessoas na minha sala que não têm condições de ter um computador, então eles vêm aqui na escola para fazer pesquisa e essas coisas, daí eles deixam, a gente as vezes usa o computador para estudar se a gente não tem. (Aluna 2, Fase D)

Mesmo tendo esta opção, resulta difícil para alguns alunos conseguir usar a sala de computadores da escola, segundo o que o Aluno 3 menciona aqui:

Olha, de todas as pesquisas que eu tive de historia, não consegui fazer nenhuma (...) Por conta da, assim, minha tia ta viajando ano inteiro e não tenho como ir na casa dela para fazer pesquisa, eu não conheço nenhum amigo que mora perto de mim, para mim fazer, que tenha computador (sic).

(Aluno 3, Fase D)

Além do computador, também poderia ser usada a biblioteca como recurso de pesquisa para trabalhos escolares, mas quando foi perguntado para os alunos se sabiam procurar informação na biblioteca, eles mencionaram ter ido poucas vezes ou não ter ido nunca. Reflete-se sobre o papel da biblioteca e a substituição dos livros pelo infinito acervo digital que pode ser encontrado na web. Neste sentido, poderia se pôr em discussão o fato da sala de informática e seu acesso à Internet se tornar um novo espaço de consulta de múltiplas fontes de informação, substituindo o papel da biblioteca.

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O Aluno 3 tem grande dificuldade com a realização de lições de casa, espe- cialmente aquelas que requerem de um computador ou acesso à Internet para fazer pesquisas. Como mencionado por ele no trecho anterior, ele depende das outras pessoas para completar a tarefa. Ele diz ter tentando marcar uso da sala de computadores em várias ocasiões, mas os dias nunca batiam com a disponibilidade dele.

Além dos computadores, segundo o que foi comentado pela vice-diretora da escola, alguns anos atrás os alunos tiveram contato com tablets através de um programa que foi levado para a escola. Todos os alunos tinham acesso a um tablet, mas alguns dos tablets começaram falhar, outros quebraram e, além disso, o Wi-Fi que usavam era pago com verba pública e de muitos poucos Gigabytes, portanto não dava abastecimento suficiente para todos os tablets. Hoje eles pagam o serviço de Internet com verba particular, muito mais potente para abastecer a escola toda. Os alunos não falaram sobre os tablets aqui mencionados, só comentaram sobre aulas de robótica e aulas de programação que eles tiveram alguns anos atrás. Inclusive, as Aluna 1 e 2 fizeram comentários sobre outras escolas onde só usam tablets para estudar:

Que nem, não sei em que cidade que é, eles lá não usam caderno e essas coisas, só usam tablet. (Aluna 1, Fase A)

(...) tem umas escolas, eu já fui em algumas escolas, que eles, eles têm, tipo, eles dão um tablet para cada aluno, porque, as vezes quando a gente precisa fazer atividade a gente em vez de perder tempo e ficar copiando, que eu não gosto de copiar, a gente acabaria fazendo no tablet, que é mais fácil. (Aluna 2, Fase D)

A respeito dos celulares, os alunos comentaram com a pesquisadora que não é permitido o uso de dispositivos móveis na sala de aula. A Aluna 4 respondeu que era proibido o uso de celulares e depois acrescentou, com tom irónico: "Mas tem Wi-Fi!". Algumas das consequências do uso de celular em sala de aula são comentadas pela Aluna 2:

Dependendo do aluno, deixa pegar na segunda aula. Mas se tem algum aluno muito teimoso que ja várias vezes foi levado para a direção, eles não devolvem o celular, leva suspensão. (Aluna 2, Fase A)

Alguns alunos, como visto ao longo das categorias anteriores, usam o computa- dor, o tablet e o celular para resolver dúvidas que tiveram na escola, bem como apoio para as lições de casa. O uso destes dispositivos como um recurso ou ferramenta de apoio para as lições e resolução de dúvidas é uma iniciativa própria dos alunos, bem como o uso de aplicativos educacionais como Khan Academy. Só no caso da aula de História que a professora pede pesquisas na Internet e, inclusive, dá um roteiro para os alunos pesquisarem sobre alguma cultura ou algum país. Do resto das matérias,

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segundo os alunos, os professores não pedem para eles se apoiar na tecnologia digital para resolver dúvidas ou estudar para alguma prova.

Para a Aluna 4, seria bom que os professores propiciassem aos alunos a fazer buscas na Internet que ajudassem a compreender melhor algum tópico ou para conhecer mais sobre as matérias que estudam na escola:

Mas, a gente podia, as vezes, além da professora explicar, a gente podia procurar na Internet o quê que é também, com outras palavras, porque, as vezes, não entende com a professora falando na lousa, e as vezes, já aconteceu isso comigo, o professor ta falando uma coisa de Matemática e eu não tou entendendo nada, aí eu chego em casa aí eu procurei e eu entendi as coisas. A Internet ajuda a gente entender mais, porque ela é mais específica, ela, não sei, não sei (sic).

(Aluna 4, Fase D)

Ao longo da realização da atividade no blog, e durante o encontro final, foi discutido com os alunos a implementação de atividades com tecnologia digital na escola. A maioria concordou em que seria interessante ter atividades no computador, no tablet e, inclusive, no celular. A respeito, o Aluno 3 comentou:

A escola, assim, ela tem um potencial de fazer, só que, talvez um pou- quinho mais pra frente, né? (sic) (Aluno 3, Fase B)

A inserção de tecnologia digital nas práticas escolares, pelo menos para a maioria dos alunos desta pesquisa, é ainda uma possibilidade afastada da realidade da escola. Até agora, para eles, a escola, a aprendizagem e o estudo tem a ver com a sala de aula, livros de texto e lições no caderno. Só em alguns casos, como nas pesquisas de História e nas visitas às salas de computador os alunos conseguem ter um vago contato com o mundo da tecnologia digital dentro da escola.

Entre algumas das coisas que os alunos disseram ter aprendido durante a ati- vidade estão: salvar imagens, copiar e colar links, comentar no Youtube, escrever um post, etc. A Aluna 5 menciona ter praticado a escrita no tablet e adquirido habilidades de pesquisa:

É, eu pratiquei bastante a escrita e também quando tem negócio para pesquisar, imagem alguma coisa, que tem que pesquisar no Google, alguma coisa que eu não sei, para agora já estou sabendo. (Aluna 5, Fase D)

Mesmo achando que seria interessante ter atividades no tablet, é difícil para os alunos imaginar como seriam:

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Ah, ajuda a gente, ah, não sei, é diferente. Ter atividades diferentes seria bem bacana, ter atividades diferentes. A gente também pode aprender, não sei o quê a gente pode aprender com tablet, dona. Não sei, seria uma atividade diferente, seria legal. (Aluna 4, Fase D)

A Aluna 2 imaginou o tipo de atividades que poderiam pedir, provavelmente a partir da experiência das atividades realizadas ao longo da coleta de dados. Neste sentido, ela dá sua opinião a respeito da implementação do uso das novas tecnologias na escola:

Ah, atividades na Internet, tipo, se for envolver redes sociais é mais difícil, porque, tipo, eu gosto de redes sociais, mas eu não gosto muito, porque não tem muita privacidade, então, tipo, eu vou postar alguma coisa, daí, assim, para fazer atividades em redes sociais é mais difícil. Mas para fazer atividades tipo em um blog, assim, na Internet, eu acho que é mais fácil. (Aluna 2, Fase D)

As redes sociais, para os alunos, estão identificadas com diversão, lazer e tempo livre, portanto, preferem não misturar o uso de redes sociais com atividades escolares. Porém, as atividades que podem ser desenvolvidas em um ambiente digital são tantas e tão diversas que não necessariamente têm que incluir o uso de redes sociais.

Uma das perguntas que a pesquisadora fez para os alunos foi que tipo de ativi- dades eles colocariam no tablet se eles fossem professores. Os alunos não aprofundaram muito, só falaram que eles poderiam colocar e que seria muito interessante. O único que deu uma ideia sobre o tipo de atividades a colocar em uma aula de História foi o Aluno 3:

Eu faria assim (...) Eu quero que hoje vocês pesquisem uma pesquisa sobre, ah, sei lá, sobre a primeira guerra mundial, a segunda guerra mundial, eu quero que vocês pesquisem a crise que ta tendo longe do Brasil. Seria mais fácil do que procurar num livro. Porque tipo, ai, cadê? No notebook, computador, no celular, qual é a crise, tipo, a crise mais forte do Brasil. Aí seria mais fácil (sic).

(Aluno 3, Fase E)

O Aluno 3 parece interessar-se pela infinidade de informação que pode ser achada na Internet e pensa que, se os professores solicitassem atividades desse tipo, ele gostaria muito, como menciona na Fase E da coleta.

Dentre as poucas atividades escolares que os alunos realizam na Internet encontram- se, como é mencionado ao longo da análise de dados, as pesquisas de História, nas quais são pesquisadas características de uma cultura específica. Para facilitar a busca, a professora dá um roteiro para os alunos, eles procuram na Internet, lêem a informação, escolhem a informação necessária e escrevem a pesquisa a mão:

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(...) a professora gosta que a gente pegue da Internet, mas ela não gosta que a gente escreva no computador, porque é muito mais fácil, tipo, eu pego isso daqui, colo, copio e colo lá no Word, onde você está escrevendo. Ela só pede imagem. (Aluna 2, Fase D)

O fato da professora não deixar eles usar o computador para se tornar produtores, não propicia o uso de tecnologias digitais e não ajuda desenvolver os novos letramentos que se caracterizam pela hibridização, a multiplicidade de linguagens, a produção coletiva, a ubiquidade e simultaneidade dos novos espaços nos ambientes digitais. Através das práticas exclusivas de obtenção de informação, o aluno se torna apenas um consumidor (e nem podemos dizer que um consumidor crítico). Poderia parecer que os computadores e os bancos de dados nos navegadores web têm, apenas, a qualidade de ser enciclopédias digitais. Incentivar a busca de informação tem que ir além de uma busca básica, pois precisa-se de um maior aproveitamento da quantidade e qualidade da informação disponível na Internet, através de uma análise crítica.

As práticas pedagógicas na tecnologia digital parecem ser reproduções das práticas tradicionais, sem busca de uma análise nem de uma compreensão do novo ethos, termo que utilizam Knobel e Lankshear (2007) para caracterizar a dimensão realmente ’nova’ das chamadas novas tecnologias.

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5 Conclusões

A partir da análise de dados e conforme os objetivos definidos, foram determi- nadas as conclusões a seguir.

Através dos dados coletados na pesquisa, durante as sessões, realização de atividades e rodas de conversa, foi estabelecida uma relação estreita entre o uso que os alunos fazem da tecnologia digital e as habilidades digitais desenvolvidas. Porém, os usos que os alunos fazem das tecnologias digitais limitam-se a ações restritas. Eles têm conhecimento e experiência sobre algumas das funções das novas tecnologias, especificamente aquelas que são básicas para agir nas redes sociais. Portanto, pode se concluir que não é estimulado o desenvolvimento de habilidades que permitam uma compreensão e um uso pleno e aprofundado das possibilidades que o ambiente digital oferece.

Pode-se concluir que o simples contato com tecnologia digital, mesmo fazendo uso de múltiplas plataformas como redes sociais, reprodutores de vídeo e navegadores web, por mencionar os mais recorrentemente usados pelos alunos, não garante uma apropriação de habilidades digitais que demonstrem um consumo crítico e entendi- mento da robustez da tecnologia digital. Ou seja, as crianças não são possuidoras de qualidades inerentes para agir em computadores, dispositivos móveis e no meio digital, estas habilidades precisam ser desenvolvidas e aprimoradas. Neste sentido, a escola tem um papel muito importante: estabelecer um diálogo com a comunidade escolar para explorar, compreender, compartilhar e incentivar o desenvolvimento destas habilidades que exige o meio digital.

Levando em consideração as características dos multiletramentos de intera- tividade/colaboração, hibridismo/múltiplas linguagens, pode-se estabelecer que os alunos, enquanto realizam práticas sociais de leitura e de escrita, precisam desenvolver habilidades para não serem consumidores passivos, mas consumidores críticos, bem como produtores, em concordância com as exigências dos discursos hipermidiáticos e polifônicos.

A tecnologia por si mesma não pode gerar mudanças significativas na cognição, nem nas formas de pensar, aprender, se comunicar e socializar dos indivíduos. A tec- nologia não pode mais ser vista de forma dicotómica, pensando nela como a panaceia, solução a todos os problemas, nem como a propiciadora e geradora de todos os proble- mas sociais atuais. Ao pensar que apenas por sua existência a história do pensamento está sendo transformada ou determinada é sobrevalorizar a tecnologia digital, sem ter tomado o tempo para entendê-la desde sua natureza. Neste sentido, é importante

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manusear o ambiente digital, no seu sentido mais amplo, para o ambiente digital mudar, por sua vez, ao usuário e assim continuamente. É importante manusear às tecnologias digitais de forma plena, porque, ao não fazê-lo, é fácil se tornarem reproduções daquilo que já pode ser feito na cultura do papel.

Como definido nos objetivos de pesquisa, analisam-se as habilidades metacogni- tivas envolvidas na produção escrita dos alunos do sexto ano do ensino fundamental, usando o meio digital. Pensou-se no desenvolvimento destas habilidades como empode- ramento dos alunos, tanto como usuários da tecnologia digital quanto como produtores e enunciadores. Segundo a análise das habilidades ’meta’ para a realização de atividades escolares e para a realização do post, encontrou-se que as habilidades metacognitivas usadas para realizar atividades no papel podem ser utilizadas também no meio digital. Porém, pensa-se na possibilidade dos ambientes digitais pedir ’novas’ habilidades, derivadas desse novo ethos, as quais devem ser desenvolvidas no ambiente digital para fazer uso pleno da tecnologia digital. As habilidades ’meta’ já adquiridas no meio físico poderão continuar se desenvolvendo ao usar funções diferentes no ambiente digital. A geração de experiências metacognitivas nos dois suportes, tanto na cultura do papel quanto na cultura digital, dará lugar ao desenvolvimento de um maior conheci- mento cognitivo. A partir do conhecimento adquirido, será mais fácil para o indivíduo participar de práticas de leitura e de escrita e dialogar com as duas culturas.

Para a confirmação da existência de ’novas’ habilidades será necessário não só um uso e conhecimento básico dos ambientes digitais, mas uma reflexão e aprofunda- mento das características e funções das novas tecnologias. Esse apontamento pode ser considerado como uma oportunidade para próximas pesquisas.

Dentre as habilidades para atender às características dos novos espaços encontra- se a produção de hipertextos, o qual implica uma variedade de habilidades que inclui: leitura e manuseio de múltiplas linguagens, possibilidade de produção de textos hiper- midiáticos, intuitivos e colaborativos, que possam ser acessíveis e de fácil apropriação, distribuição e compreensão.

Ao querer expressar ideias completas através de linguagem escrita é indispen- sável conhecer o sistema alfabético e formalidades do sistema linguístico, bem como manuseio de suportes da escrita. Do mesmo jeito, para elaborar um texto hipermidiático precisam-se de conhecimentos e habilidades, técnicas quanto sociais, das linguagens que o integram e do suporte em que eles se inserem. Vygostky mencionava que, ao dominar a natureza, nós nos dominamos também. Portanto, ao dominar a tecnologia digital, em todos esses sentidos mencionados, possibilita que o usuário se domine a si mesmo, enquanto sujeito de aprendizagem e sujeito histórico-social, envolvido em atividades (interativas, colaborativas, híbridas) na cultura do meio digital.

Capítulo 5. Conclusões 170

lidades metacognitivas têm um papel de grande importância. Através da reflexão a respeito dos processos cognitivos e da linguagem ou linguagens, seja qual for, o sujeito é empoderado, conseguindo conhecer e regular sua própria cognição e aprendizagem para agir em diferentes momentos, situações, suportes, através de diversas linguagens e dependendo dos objetivos definidos. A escola, como produtora de conhecimento, deve incentivar o desenvolvimento das habilidades metacognitivas (digitais) para os sujeitos adquirir e desenvolver uma maior consciência a respeito dos seus processos cognitivos, incluindo os processos de alfabetização e letramento, que permitam, em consequência, um aprimoramento na aquisicão e produção de conhecimento nos ambientes digitais.

Neste sentido, acha-se de grande importância repassar e repensar o papel da escola no desenvolvimento dos processos de alfabetização e letramento (digital).

Segundo o observado ao longo da coleta de dados, existe, na escola, uma va- lorização da linguagem escrita por cima da linguagem oral e também por cima de qualquer outra linguagem, seja visual, audiovisual, animação, gráfica ou aúdio. Ao mesmo tempo, a linguagem escrita que foja da língua padrão é desvalorizada legal e culturalmente, portanto, as convenções escritas desenvolvidas no meio digital são consideradas, pela escola, como linguagem marginalizada. É importante, para a apre- ensão do meio digital como constituinte do sujeito de aprendizagem, a valorização das múltiplas linguagens que se integram nos ambientes digitais para a construção de textos multimodais e hipermidiáticos (bem como das muitas outras possibilidades: programação/coding, criação de plataformas e aplicativos, etc.). É essencial mencionar que isto não restará importância a língua escrita e aos processos de alfabetização, mas que a inserção, valorização e estimulação das práticas de leitura e de escrita no meio digital acrescentarão as possibilidades de aquisição, afirmação e desenvolvimento de novas habilidades (metacognitivas).

A inserção da tecnologia digital na educação, enquanto se anseia manter as normas padrão da linguagem escrita (em seu caráter instituicionalizado e dominante) e de aprendizagem linear, converte a tecnologia digital em apenas uma ferramenta de suporte para a prática pedagógica e que, a maioria das vezes, torna-se apenas uma reprodução e transposição daquilo que já acontece na cultura do papel. Portanto, não existe uma verdadeira busca por tornar a tecnologia digital parte da relação dialógica sujeito-aprendizagem, sujeito-ambiente.

Ao longo da análise dos dados, foi percebido pela pesquisadora a relação dinâ- mica de quatro elementos que compõem um sistema em construção. Para entender essa relação e interação entre os elementos foi elaborada a figura a seguir.

Capítulo 5. Conclusões 171

Figura 11 – Uma relação em construção

Este sistema pode ser analisado a partir de seus papeis cambiáveis, entre seus constituintes: sujeito, objeto, contexto. Sujeito, objeto e contexto, conforme o foco, podem mudar os papéis de uma forma dinâmica e fluida, em constante reorganização.

Capítulo 5. Conclusões 172

5.1

Considerações finais

Sendo a tecnologia digital ainda pouco usada para as práticas escolares, além dos usos que reproduzem ações da cultura do papel, e com uma notória brecha digital no país, precisam-se de programas que incentivem o uso aprofundado e a apropriação da cultura digital e das múltiplas possibilidades que oferece. De igual maneira, são ne- cessários mais estudos e pesquisas a respeito das mudanças na história do pensamento que estão se derivando a partir da permeação da tecnologia digital na atualidade.

A partir do mencionado acima, vale a pena comparar as habilidades desenvolvi- das pelos alunos com um menor e um maior nível de letramento digital, em busca de