Capítulo 4 - Artesanato de Barcelos 4.1. Barcelos – património e tradição Barcelos, um território classificado pelo seu poder cultural, histórico e tradicional, possui uma riqueza patrimonial incalculável, sendo uma das principais cidades do Norte de Portugal, mais especificamente da região Minho. Historicamente, Barcelos tem um elevado grau de importância, pois, já no século XII, mais propriamente em 1177, é-lhe concedida a carta foral, pelo primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Em 1298, tornou-se o primeiro condado português, por decisão de D. Dinis que, como recompensa dos serviços prestado por João Afonso Teles de Meneses (Senhor de Albuquerque), mordomo-mor do reino e seu diplomata, o nomeou conde, dando-lhe a povoação de Barcelos como título, marcando este facto como a senhorialização do território barcelense (Almeida, 1990). Posteriormente, foi elevada a ducado por D. Sebastião, ficando a pertencer à Casa de Bragança e distinguindo-se como um importante centro da região e sede administrativa, num período que ficou marcado por grandes alterações, nomeadamente, a nível arquitetónico (Sociais, 2015). A cidade de Barcelos está constituída por vários monumentos, destacando-se logo na sua entrada a ponte de medieval, obra gótica dos meados da primeira metade do século XIV, utilizada como proteção para, o monumental Paço dos Condes de Barcelos, atualmente Museu Arqueológico, que foi erguido na primeira metade do século XV, denominando-se como Castelo Apalaçado, e que era o edifício mais rico da cidade na época, ambos constituindo a “porta da cidade”. Já na primeira metade do século XVI, a antiga vila de Barcelos teve um claro desenvolvimento arquitetónico, sendo prova disso os edifícios, como a Porta do Vale, ou os Bairros da Cruz e do Salvador (Azeredo, 1954, citado por Sociais, 2015). Geograficamente, Barcelos é uma cidade portuguesa no Distrito de Braga, região do Norte e sub-região do Cávado, sendo um dos vinte e três municípios portugueses com mais de cem mil habitantes, era o maior concelho do país com as suas oitenta e nove freguesias. Atualmente, e mesmo após o projeto de agregação de freguesias, de acordo com a Lei nº 11-A/2013, continua a ser um dos maiores concelhos do país, subdividindo-se em subdividindo-sessubdividindo-senta e uma freguesias. Com cerca de 378,9 km² de área, o município é limitado a norte pelos municípios de Viana do Castelo e Ponte de Lima, a leste por Vila Verde e por Braga, a sueste por Vila Nova de Famalicão, a sudoeste pela Póvoa de Varzim e a oeste por Esposende. Banhado por três bacias hidrográficas: a do Cávado que é, aliás, uma das imagens de marca da cidade, a do rio Neiva e ainda a do rio Este (CMB, 2017). De referir ainda o monte de São Gonçalo, o ponto mais alto do concelho com 488 metros de altitude, situado entre as freguesias de Fragoso e Feitos. Próximo de grandes centros, Barcelos, afirma-se como um dos concelhos mais empregadores em Portugal na indústria de transformação. Pólo de excelência têxtil tem neste sector um dos principais argumentos de empregabilidade, absorvendo quase metade da população ativa, embora o calçado, a agricultura, a cerâmica e o turismo tenham também um peso importante no concelho. A oferta é desmedida e para todos os gostos, para conhecer, descobrir, saborear, sentir e fruir Barcelos. Detentor de referências de identidade nacional e regional, como é o caso do Galo de Barcelos, a feira Semanal, a Rosa Ramalho e o artesanato, nem por isso ficou preso a estas marcas e evolui tornando-se numa cidade jovem, dinâmica e viva, onde a inovação é uma realidade (CMBarcelos, 2017). Os monumentos são inúmeros e retratam uma história milenar, a paisagem sublime é marcada pela harmonia da ação do homem no meio, a tradição evidente... saberes e sabores distribuídos pelas freguesias, num total de 380 km de encantos e recantos para descobrir (CMBarcelos, 2017). Figura. 2 Localização geográfica de Barcelos Fonte: http://wikipédia.pt Montagem: Elaboração própria O concelho de Barcelos é atualmente ao nível do Norte de Portugal um dos territórios com mais artesãos, distribuídos por diversas produções artesanais como a olaria, o figurado, a cerâmica tradicional, os bordados de crivo, os bordados e tecelagem, os trabalhos em madeira, os trabalhos em ferro e latoaria e ainda outras artes como o trabalho em couro e artesanato contemporâneo. Em termos brutos, são muitas dezenas de artesãos em exercício distribuídos pelas diversas produções artesanais concelhias, com preponderância natural para a olaria e figurado, que fazem do território afeto ao concelho um verdadeiro “Museu Vivo” da arte popular portuguesa e um fator de identidade de Barcelos e do nosso país no mundo (CMBarcelos, 2017). A cultura e a tradição constituem uma das mais fortes componentes identitárias do concelho de Barcelos, sendo nas festas, feiras e romarias o momento mais marcante para apreciar todo o esplendor dos usos e costumes das tradições etnográficas do concelho, o traje e o trajar que espelham a diversidade cultural deste território. Neste âmbito, as associações culturais do concelho, em particular os grupos folclóricos e etnográficos, têm desenvolvido um importante trabalho na preservação, revitalização e promoção destas mesmas tradições repletas de simbologia e que representam a riqueza do património imaterial desta terra de aguerridas tradições (CMBarcelos, 2017). O artesanato como parte integrante da cultura barcelense é uma forma de expressão inspirada nos mais variados temas, necessidades e formas do quotidiano e espelho de um sentido criativo ímpar de uma comunidade artesanal muito forte que faz deste concelho – capital do artesanato. De entre todas as artes tradicionais, a olaria tem lugar de destaque pela sua inegável ligação à terra e ao homem, a olaria de Barcelos comprova e consolida essa importância, não só pela quantidade e qualidade de peças aí produzidas, mas também pela importância económica e social que esta atividade sempre teve ao longo dos tempos. Foi assim que se construiu uma tradição regional, alicerçada na terra e moldada pelo talento dos homens e mulheres que lhe dão forma (Sociais, 2015). Cor, movimento, vida e cultura, são estas as palavras que melhor descrevem o que é um exemplo de proatividade e uma combinação perfeita entre tradição, inovação e modernidade. Barcelos é detentor de uma beleza única, a arte, a história, e, sobretudo, as pessoas fazem de Barcelos um espaço ímpar e único que se destaca por isso mesmo do contexto Minhoto onde se insere (CMBarcelos, 2017). No documento O marketing experencial como determinante na tomada de decisão do consumidor do turismo criativo: artesanato de Barcelos (páginas 50-53)