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Mobilização - Etapa 5 (23 e 24/09/2014)

4.1.4. Municípios

4.1.4.1. Barra do Piraí

Fundado em 1890, o município de Barra do Piraí possui extensão de 578 km² e população de 94.855 habitantes (dados do Censo do IBGE – 2010) – IBGE (2013). É em Barra do Piraí que se localiza a barragem e elevatória de Santa Cecília, que capta cerca de 2/3 da vazão do rio Paraíba do Sul, visando à transposição para a bacia do rio Guandu, que alimentará a ETA-Guandu.

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O serviço de abastecimento de água do município é efetuado pela CEDAE e conta com um sistema local (isolado), dividido em sete subsistemas, com captações nos rios Paraíba do Sul e Sacra Família, além da nascente do Horto (ANA, 2010).

A estrutura administrativa da prefeitura municipal conta com as seguintes secretarias: Fazenda; Cidadania e Ordem Pública; Planejamento e Coordenação; Trabalho e Desenvolvimento Econômico; Administração; Água e Esgoto; Meio Ambiente - SMMA; Inovação e Tecnologia da Informação; Educação; Governo; Serviços Públicos; Complexo da Califórnia; Obras Públicas; Saúde; Agricultura; Assistência Social; Habitação; Turismo e Cultura; Esporte e Lazer; Recursos Humanos; e Defesa Civil – SEMDEC (PM-BARRA DO PIRAÍ, 2013).

O Código Municipal de Meio Ambiente foi instituído pela Lei Complementar n. 2 de 13 de maio de 2009 e prevê a possibilidade de criação de Unidades de Conservação Municipal, com vistas à proteção dos recursos hídricos e edáficos (Art. 12, inciso VIII). O inciso III do Art. 43 determina que o município realize o monitoramento ambiental com o objetivo de “fornecer dados básicos para elaboração de planos de ações emergenciais para acidentes ambientais ou episódios críticos de poluição”. Com o objetivo de preservar seus recursos naturais, o município criou a APA Municipal de Barra do Piraí.

Visando preservar a qualidade ambiental e das águas, o Código Municipal de Meio Ambiente apresenta uma série de restrições e proibições, como para o lançamento de efluentes líquidos finais que contenham determinadas substâncias (Art. 121); condições para atividades que operem com lavagem de veículos (Art. 122); armazenamento de óleos lubrificantes residuais e outras substâncias líquidas contaminadas por óleos lubrificantes (Art. 123); necessidade de diques de contenção para proteger depósitos de líquidos potencialmente poluentes (Art. 124);e proibição, sob qualquer alegação, da permanência de PCB - bifenilas policloradas) (Art. 125).

O Código Municipal de Meio Ambiente prevê ainda a implementação de programa municipal de gestão de recursos hídricos (Art. 126), contemplando a articulação, com o órgão estadual de meio ambiente, do controle da poluição dos corpos hídricos. E na Seção de Parcelamento do Solo, prevê que os parcelamentos urbanos tenham como requisitos, entre outros, a proteção das áreas de mananciais, assim como suas áreas de contribuição imediata (Art. 159, inciso II).

O mesmo código dedica, no Capítulo VIII (“do Transporte”), uma seção ao transporte de Cargas, Produtos e Resíduos Perigos, com três Artigos (167 a 169), prevendo a possibilidade de remoção do veículo para local seguro, bem como o descarregamento e a transferência dos produtos para outro veículo ou para local se não forem cumpridas, dentre outras exigências, aquelas relacionadas a acidentes ou emergências:

“Art. 167. As operações de transporte, manuseio e armazenagem de cargas perigosas, no território do Município, devem atender às legislações federal, estadual e municipal.

§ 5º. Quando, por motivo de emergência, parada técnica, falha mecânica ou acidente, o veículo parar em local não autorizado pela SMMA, deverá permanecer sinalizado e sob vigilância de seu condutor ou de autoridade local, salvo se a sua ausência for imprescindível para a comunicação do fato, pedido de socorro ou atendimento médico.

§ 6º. Em caso de acidente, avaria ou outro fato que obrigue a imobilização de veículo transportando produto classificado como perigoso, o condutor adotará as medidas indicadas na ficha de emergência correspondente a cada produto transportado, dando ciência à autoridade de trânsito mais próxima, pelo meio disponível mais rápido, detalhando a ocorrência, o local, as classes e quantidades dos materiais transportados.

§ 7º. Em razão da natureza, extensão e características da emergência, a SMMA determinará ao expedidor ou ao fabricante do produto a presença de técnicos ou pessoal especializado.

§ 8º. Em caso de emergência, acidente ou avaria, o fabricante, o transportador, o expedidor e o destinatário do produto classificado como perigoso, darão apoio e prestarão os esclarecimentos que lhes forem solicitados pela SMMA.

§ 9°. O transportador é solidariamente responsável com o expedidor na hipótese de receber, para transporte, produtos cuja embalagem apresente sinais de violação, deterioração, mau estado de conservação ou de qualquer forma infrinja o preceituado neste Código. (...)

Art. 168. O uso de vias urbanas por veículos transportadores de produtos e/ou resíduos perigosos obedecerá aos critérios estabelecidos pelo Órgão Municipal

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de Trânsito e a SMMA, devendo ser consideradas como merecedoras de especial proteção as áreas densamente povoadas, a proteção dos mananciais e áreas de valor ambiental.

Art. 169. Os veículos transportadores de produtos e/ou resíduos perigosos só poderão pernoitar em área especialmente autorizada pela SMMA, após deliberação do Órgão Municipal de Defesa Civil”.

No âmbito do transporte de produtos perigosos o código prevê as seguintes multas em casos de infrações administrativas ambientais:

“Art. 200 (...) II. os responsáveis por fontes poluidoras que não comunicarem imediatamente à SMMA e à Defesa Civil a ocorrência de qualquer acidente, que represente riscos à saúde e ao meio ambiente, incorrerão em multa de R$ 4.855,50;

XIX. não portar rótulos de risco e/ou painéis de segurança nas operações com produtos classificados como perigosos implicará multa de R$ 323,70;

XX. a manutenção de painéis de segurança e/ou rótulos de risco em veículos que transportam cargas perigosas, quando se encontrarem vazios, resultará em multa de R$ 64,74;

XXI. o transporte de produtos, classificados como perigosos, junto com animais, alimentos ou medicamentos, implicará multa de R$ 323,70;

XXII. o transporte de produto diverso em tanque de carga específico para o transporte de produtos classificados como perigosos, implicará multa de R$ 161,85;

XXIII. a evasão e a ausência do condutor de veículo de transporte de produto classificado como perigoso do local onde tenha ocorrido avaria ou acidente envolvendo seu veículo e/ou sua carga o sujeitará a multa de R$ 161,85; XXIV. a não adoção imediata das medidas preconizadas na ficha de emergência estabelecida pela norma vigente para cada tipo de carga perigosa, pelo condutor de veículo de transporte de produto classificado como perigoso, em caso de avaria ou acidente envolvendo seu veículo e/ou sua carga, o sujeitará a multa de R$ 161,85;

XXV. a falta de diligência, como comparecimento ao local de acidente ou falta de apoio a providências necessárias decorrentes de acidentes envolvendo

veículos de transporte de produtos classificados como perigosos, implicará, para fabricantes, transportadores, expedidores e destinatários, multa de R$ 647,40;

XXVI. a falta de Certificado de Capacitação para transporte de produtos classificados como perigosos, a falta de ficha de emergência estabelecida pela norma vigente ou a inabilitação do condutor do veículo ensejará multa de R$ 161,85;

XXVII. realizar carga ou descarga de produto classificado como perigoso sobre passeio público ou em qualquer lugar sem a devida sinalização estabelecida na norma vigente ou fora do horário estabelecido pela SMMA, implicará multa de R$ 647,40;

XXVIII. o pernoite, a limpeza e o tráfego de veículo de transporte de carga perigosa em áreas, locais, vias ou condições não autorizadas previamente pela SMMA, implicará multa de R$ 323,70.”

Em caso de grave ou iminente risco para vidas humanas ou recursos, o código prevê que o Prefeito Municipal é autorizado a determinar medidas de emergência, a serem especificadas em regulamento, a fim de evitar episódios críticos de poluição ambiental ou impedir sua continuidade ambientais (Art. 227).

Apesar de a legislação municipal apresentar grande quantidade de temas, direta ou indiretamente atrelados ao Plano de Contingência, e apesar de prever ações de prevenção a acidentes ambientais e proteção de mananciais, atualmente, nem a Secretaria do Meio Ambiente, nem a de Defesa Civil de Barra do Piraí contam com equipamentos ou recursos para o atendimento a emergências, nem equipe treinada para tal atividade.

O município não dispõe de bancos de dados consolidados digitais com informações ambientais. Além do secretário, compõem a equipe da Secretaria do Meio Ambiente: um engenheiro agrônomo, um engenheiro ambiental e servidores administrativos. Dispõe de quatro viaturas, um barco motor, dois GPS, três motosserras, entre outros equipamentos, que podem ser utilizados no atendimento a emergências ambientais, apesar de não possuir equipe treinada e disponível para apoiar ações de resposta a acidentes ambientais.

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A Secretaria Municipal de Defesa Civil (SEMDEC) foi criada pela Lei Municipal n. 2.230, de 14 de junho de 2013, cujo organograma é apresentado na Figura 4.20.

Figura 4.20 – Organograma da Secretaria Municipal de Defesa Civil (SEMDEC).

Fonte: PM-BARRA DO PIRAÍ (2013).

A SEMDEC dispõe de um veículo, uma caminhonete, uma caminhonete cabine dupla e um GPS veicular, que podem ser utilizados para apoiar o atendimento a emergências ambientais, mas não conta com nenhum equipamento específico para o atendimento a emergências químicas.

A SEMDEC tem com uma de suas obrigações legais, comunicar aos órgãos competentes quando a produção, o manuseio ou o transporte de produtos perigosos puser em perigo a população (Art. 3, inciso VI - Lei Municipal n. 2.230/2013).

Atualmente, se acionadas em casos de acidentes ambientais, a SMMA e a SEMDEC deslocam-se para o local para realizar vistoria e levantar informações iniciais, para acionar em seguida o INEA, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária e outros órgãos competentes, de acordo com a situação encontrada.

O atendimento e apoio dados ao município no caso de emergências químicas são realizados pelos atores listados no Quadro 4.7 (DRZ, 2013).

Quadro 4.7 - Instituições ou órgãos competentes responsáveis por atendimento e apoio ao município de Barra do Piraí na ocorrência de emergências químicas.

Entidade Contato

CBMERJ: Destacamento de Bombeiro Militar

DBM 1/22 - Barra do Piraí

Telefones: (24) 3399-8825 / (24) 24427080 / (24) 24426587 / (24) 24426721 / (24) 24431093

Vinculado ao 22º GBM - Volta Redonda

BPRv/PMERJ: Sede 3ª Cia (P3) Telefones: (24) 3601-6966 / 3601-7011

Polícia Civil: 088ª DP – Barra do Piraí

Rua Paulo de Frontin, 132 Plantão: (24) 2443-2508 / 2128

/2440/2128/3019/2714 Fax: (24) 2443-3019

Entidade Contato

PRF: Posto 3 - BARRA DO PIRAI – KM 274 Posto 2 - BARRA DO PIRAI - KM 235

BR-393, km274 Telefone: (24) 3337-5711

BR-393, km 235 Telefone: (24) 3337-5711

Acciona Rodovia do Aço

Serviço de Atendimento ao Usuário SAU 5 – km 268. Fone: 0800 28 53 393 (24

horas)

INEA

Superintendência Regional Baía de Sepetiba – SUPSEP

SR II - Bacia do Guandu

Superintendência Regional do Médio Paraíba do Sul – SUPMEP SR III - Bacia do Médio Paraíba do Sul

Endereço: Rua Gal. Bocaiúva, 441 Centro, Itaguaí. CEP: 23.815-310 Tel.: (21) 2687-1599/1590 / Fax: (21) 2687-1229

E-mail: supsep@inea.rj.gov.br

Av. Almirante Adalberto Barros Nunes, 5.900. Belmonte, Volta Redonda.

CEP: 27.273-011

Tel.: (24) 3338-9913/3339-9036/3345-8324 Email: supmep@inea.rj.gov.br/

Fonte: DRZ (2013).

O município não aloca recursos financeiros especificamente para acidentes ambientais; quando estes ocorrem, os recursos disponibilizados saem de alguma rubrica qualquer, por decisão na ocasião pelo próprio prefeito e secretários. Além disso, há um Fundo Emergencial de Defesa Civil já previsto na legislação municipal, mas ainda demanda regulamentação para ser implementado.

Dados obtidos nos levantamentos da Etapa 2 do Plano de Contingência apontam as fontes potenciais de poluição acidental de corpos d’água no município de Barra do Piraí listadas no Quadro 4.8.

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Quadro 4.8 – Fontes potenciais de poluição acidental em corpos d’água - Barra do Piraí.

Tipo Fontes potenciais de poluição acidental

Fonte fixa

* Indústrias:

- Distrito da Califórnia (banhado pelo Paraíba do Sul): Rolth do Brasil - produz peças pré-moldadas utilizando escória de aciaria; Servoeste - autoclavagem de resíduos de saúde; 1 unidade do Grupo MBP; Lavadores de caminhão e carros

que trabalham com retífica.

- Distrito de Dorândia (ribeirão das Minhocas, que é afluente da margem esquerda do rio Paraíba do Sul): BR Foods - produtos alimentícios lácteos (construindo); Metalúrgica Schioppa - rodas e rodízios (construindo); Reluz Logística Reversa - reaproveitamento dos transformadores da LIGHT; algumas fábricas de embutidos;

Frangos Rica (granja de criação).

- Sede: Gráfica Lima (BR 393); BR Metals - produz peças de veículo pesado - gera areia furânica contaminada, que é transportada para o aterro de Barra Mansa

(resíduo classe IIA); Grupo Metalúrgica Barra do Piraí (Grupo MBP) - produz painéis e telhas termoacústicas - utilizam poliol e isocianato (possui unidades

sublocadas para outras atividades, por exemplo, a WFernandes, que produz plástico).

- A jusante da barragem de Santa Cecília (rio Paraíba do Sul): Quimvale - produz carbonato de cálcio ultrapuro; Royalpack - produz plástico filme para alimentos;

Svilli - fábrica de produtos alimentícios dietéticos. * Área contaminada (listagem – INEA): BR Metals.

* Postos de combustível. * Lançamento de esgoto doméstico.

* Cemitérios.

Dutos - Transpetro – ramal do OSVOL-GASVOL/OSRIO de Pinheiral a Vassouras, que atravessa o rio Piraí na área do sistema de transposição.

Rodovias

Transporte de produtos perigosos: Rodovia Federal: BR-393.

Rodovias Estaduais: RJ-137, RJ-141 (cruza o rio Paraíba do Sul / Vargem Alegre), RJ-145. Menciona-se ainda o recente Contorno Rodoviário, com nova ponte sobre

o rio Paraíba do Sul (a montante da barragem de Santa Cecília)

Ferrovia

Óleo diesel dos vagões.

Ferrovia – concessionária MRS – atravessando o centro do município e passando ao lado da barragem/captação/elevatória de Santa Cecília.

Fonte: FIRJAN (2011); DRZ (2013); INEA (2013f).

Em consulta efetuada junto às Secretarias de Meio Ambiente e de Defesa Civil de Barra do Piraí, constatou-se que (DRZ, 2013):

 A função institucional em situação de emergência acaba sendo mais de verificação e acompanhamento das ocorrências, isolamento do local, e acionamento das empresas/instituições competentes (transportador/causador ou envolvido, INEA, CBMERJ, CEDAE, LIGHT, polícia rodoviária etc.), pois não dispõe de equipes treinadas e equipamentos específicos.

 Principais carências observadas:

o dificuldade em entrar em contato com representantes da CEDAE e do Comitê Guandu fora do horário comercial e em casos de emergência;

o na ocorrência de acidentes no rio Paraíba do Sul em que é interrompida a transposição para a bacia do rio Guandu, acaba prejudicando parte do sistema de abastecimento do município;

o falta de estrutura técnica efetiva para elaboração de projetos.

Quanto aos procedimentos e ações de emergência, o Quadro 4.9 apresenta os praticados (atualmente) e sugeridos (a implantar) pelo município (DRZ, 2013).

Quadro 4.9 – Procedimentos e ações de emergência, praticados e sugeridos – P.M. Barra do Piraí.

Situação Procedimentos e Ações

Praticados Sugeridos

Prevenção

O município realiza o licenciamento ambiental das atividades poluidoras de potencial mínimo e criou a APA Municipal de Barra do Piraí visando a preservação de recursos naturais.

Não foram sugeridas ações de prevenção.

Monitoramento

Monitoramento da qualidade de água nas ETAs e em minas d'água

feitos pela Secretaria Municipal de Água e Esgoto.

Implantação de pontos de monitoramento de qualidade de água

nos seguintes pontos:

- A montante da transposição: na divisa entre Barra do Piraí e Volta Redonda;

em Vargem Alegre; a montante da represa de Santa Cecília. - A jusante da transposição: no rio Sacra Família (afluente do rio Piraí); e

na divisa de Barra do Piraí com Vassouras.

Resposta

Vistoria visual e acionamentos dos órgãos competentes do município e

do Estado.

Precaução: disponibilização de barreiras de contenção e mantas absorventes na Secretaria de Defesa

Civil.

Recuperação

O INEA acompanha a recuperação e o poluidor é responsável pela recuperação. O município realiza

apenas o acompanhamento do processo.

Não foram sugeridas ações de recuperação.

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