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O direito à acessibilidade perpassa a questão das barreiras físicas e arquitetônicas, mas também a dimensão das barreiras sistêmicas e sociais/culturais, para que haja efetiva inclusão. Mantoan (2003) assevera que as escolas são “espaços educativos de construção de personalidades humanas autônomas, buscando constituir seres pensantes, críticos, questionadores, criativos, desenvolvendo seus talentos e preparando-os para serem melhores cidadãos”.

Os serviços assistivos se referem ao apoio às pessoas com deficiência para que possam ter autonomia, tanto para circularem no ambiente como para utilizarem algum equipamento. As escolas comprometidas com a acessibilidade proporcionam: metodologias pedagógicas adaptadas as suas necessidades, introduzindo novos recursos e meios didáticos que apoiam o processo de ensino e aprendizagem e os conteúdos curriculares; anotações de aulas para os alunos que não conseguem fazê-las sozinhos; cuidadores/monitores para acompanhar os alunos em salas de aula; recursos tecnológicos; etc.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) – diretrizes elaboradas pelo Governo Federal para orientar os educadores por meio da normatização de alguns fatores fundamentais concernentes a cada disciplina e garantir aos educandos o direito de usufruir dos conhecimentos

necessários para o exercício da cidadania (BRASIL, 1999) – elencam como elementos de apoio aos alunos com deficiência, dentre outros:

- as pessoas: familiares, amigos, profissionais, colegas, monitores, orientadores, professores (itinerantes, de sala de recursos, de apoio);

- os recursos físicos, materiais e ambientais; - as atitudes, os valores, as crenças, os princípios;

- as deliberações e decisões políticas, legais, administrativas; - os recursos técnicos e tecnológicos;

- os programas e serviços de atendimento genéricos e especializados (BRASIL, 1999).

Conforme os pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999): - Há diversas modalidades de apoio, sendo algumas mais válidas e adequadas para certos alunos e determinados contextos de ensino e aprendizagem (dependem do tipo de necessidades especiais dos alunos, das áreas curriculares focalizadas, das metodologias adotadas, da organização do processo de ensino aprendizagem, das atitudes prevalecentes com relação ao aluno, etc.). Por essa razão, as decisões sobre modalidades de apoio devem ser compartilhadas pelas pessoas envolvidas no processo ensino-aprendizagem (devendo haver consenso entre os educadores e profissionais que atendem ao aluno e adoção de critérios comuns para trabalho pedagógico e ação conjunta).

- As modalidades de apoio devem estar circunscritas ao projeto pedagógico da escola, atendendo aos critérios gerais adotados pela comunidade escolar, definindo suas funções, bem como o número de alunos a serem contemplados, tomadas de providência e definição das características dos educandos, o local e o momento onde será ministrado, bem como a sua duração e frequência (individual ou grupal, grupos homogêneos ou mistos, dentro ou fora da sala de aula, temporário ou permanente, etc.).

- Há quatro intensidades de apoio oferecido: apoio intermitente é aquele transitório, episódico, nem sempre necessário e de pouca duração (exemplo: apoio em momentos de crise, em situações específicas de aprendizagem); apoio limitado é caracterizado pelo tempo determinado que ele atua, tendo finalidade definida (exemplo: reforço pedagógico para algum conteúdo durante um semestre, desenvolvimento de um programas de psicomotricidade, etc.); apoio extensivo é aquele regular, sem tempo limitado e que atua em ambientes definidos (exemplo: atendimento na sala de recursos ou de apoio psicopedagógico, atendimento itinerante); e apoio pervasivo, caracterizado pela sua constância, alta intensidade e longa duração (ou ao longo de toda a vida), envolvendo equipes e muitos ambientes de atendimento, indicado para alunos com deficiências mais agravantes ou múltiplas deficiências.

Nesse sentido, um importante serviço assistivo consolidado pelo paradigma da inclusão é o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Trata-se de Salas de Recursos Multifuncionais, espaços que oportunizam atendimento educacional especializado e se constituem como fator imprescindível de suporte aos alunos com deficiência que frequentam as classes regulares, promovendo condições adequadas para que possam ter acesso ao currículo. Segundo Alves (2006), constituem a “parte diversificada do currículo dos alunos com necessidades educacionais especiais, organizadas institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns”.

2.2.1. Tecnologia Assistiva

As novas tecnologias trouxeram diversas aplicações para os alunos com deficiência, visando sua maior independência e configurando avanços que proporcionam enormes benefícios à educação. Assim, a Tecnologia Assistiva (TA) vem dar suporte para efetivar o novo paradigma da inclusão na escola e na sociedade.

A Tecnologia Assistiva (TA) é uma área do conhecimento que se propõe a promover ou ampliar habilidades em pessoas com deficiência, composta por recursos e serviços, sendo estes últimos destinados a avaliar, prescrever e orientar a utilização da TA. Cita-se como exemplos e modalidades da TA:

- Os recursos que favorecem a comunicação; - A adequação postural e a mobilidade; - O acesso independente ao computador; - A escrita alternativa;

- O acesso diferenciado ao texto;

- Os projetos arquitetônicos para acessibilidade;

- Os utensílios variados que promovem independência em atividades como alimentação, vestuário e higiene;

- O mobiliário e material escolar modificado (MEC, 2005)

O Comitê de Ajudas Técnicas (CAT) da área da Pessoa com Deficiência7 considera a Tecnologia Assistiva como a área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de

7 Integra a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, órgão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

vida e inclusão social, citando como exemplos de TA na escola: os materiais escolares e pedagógicos acessíveis, a comunicação alternativa, os recursos de acessibilidade ao computador, os recursos para mobilidade, localização, a sinalização, o mobiliário que atenda às necessidades posturais, entre outros (BRASIL, 2007).

No Brasil, existem diversas terminologias que se apresentam como sinônimos da TA, por exemplo, “Ajudas Técnicas”, “Tecnologia de Apoio’, “Tecnologia Adaptativa”, “Adaptações”. O “Portal de Ajudas Técnicas” do MEC (www.mec.gov.br) oferece conhecimento e ideias práticas da TA aplicada à Educação. A introdução desses conhecimentos e recursos no âmbito da escola brasileira é fundamental à educação de muitos de seus alunos, como já acontece com Braille e com o ensino de LIBRAS, seguramente mais populares em nosso meio (MEC, 2005).

Nesse contexto, Bersch (2013) enfatiza que

Fazer TA na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para que o aluno realize o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa “fazer” de outro jeito. É valorizar o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação, a partir de suas habilidades. É conhecer e criar novas alternativas para a comunicação, escrita, mobilidade, leitura, brincadeiras e artes, com a utilização de materiais escolares e pedagógicos especiais. É a utilização do computador como alternativa de escrita, fala e acesso ao texto. É prover meios para que o aluno possa desafiar-se a experimentar e conhecer, permitindo assim que construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e atribuir-lhe a função de ator.

Em relação às barreiras comunicacionais, que se constituem em dificuldades geradas pela falta de informações a respeito do local, em função dos sistemas de comunicação disponíveis (ou não) em seu entorno, quer sejam visuais (inclusive em braille), lumínicos e/ou auditivos, pode-se dizer que também são barreiras comunicacionais a falta de sinalização urbana, deficiência nas sinalizações internas dos edifícios, ausência de legendas e audiodescrição na TV, entre outras, aspectos que se refletem diretamente no desenvolvimento das atividades escolares.

Nesse sentido, a Audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução intersemiótica, criada com o objetivo de tornar materiais como filmes, peças de teatro, espetáculos de dança, programas de TV, etc., acessíveis a pessoas com deficiência visual. Segundo Silva (2012), a audiodescrição “consiste na transformação de imagens em palavras para que informações- chave transmitidas de modo essencialmente visual não passem despercebidas”.