• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II Metodológico e Analítico

II. 1.2.5 Análise dos dados

II. 2. Análise dos cervídeos da Toca do Pinga do Bo

II.2.1. Base de dados

Foi realizada uma análise detalhada de todas as figuras que morfologicamente são identificadas como um cervídeo na Toca do Pinga do Boi, código 54 da FUMDHAM/IPHAN. Um conjunto com 131 cervídeos, possíveis de serem classificados como veados e 20 figuras que, por haver dúvidas, não analisamos com os mesmos critérios adotados na ficha que será explicada a seguir, foram analisadas.

Foram elaboradas duas fichas: Base de dados - Ficha I - Caracterização do Sítio e Base de dados - Ficha II - Caracterização das figuras dos cervídeos. Na primeira estão os dados do sítio arqueológico acima citado, e na segunda, a análise detalhada dos 131 cervídeos, distribuídos em 5 painéis.

Essas fichas, que hoje compõem uma base de dados informatizada, foram feitas no programa FILE MAKER Pro 9 Advanced e realizadas para facilitar o manejo das informações analíticas com o objetivo de encontrar dados que possam ser relacionados com as pesquisas interdisciplinares existentes desde os anos 70 na região do Parque Nacional Serra da Capivara.

Nosso principal objetivo é compreender a dinâmica entre os homens e os outros animais neste caso, os cervídeos. Para isso foram observados diferentes características associadas ao caráter morfológico, evidenciado pelo detalhe do desenho, o caráter comportamental, evidenciado pelo movimento da figura observado no todo e nas partes e o caráter composicional, observado pelo agrupamento dos cervídeos entre eles, entre antropomorfos, entre figuras geométricas ou mesmo isolados, tudo distribuído em um determinado espaço, podendo inclusive haver sobreposição, determinando, por vezes, temáticas do nosso universo conhecido.

Segue a apresentação das categorias de análise e suas variáveis usadas na Ficha II, como também os resultados quantitativos e qualitativos provenientes da aplicação dessa ficha aos cervídeos da Toca do Pinga do Boi, que permitiram as relações com outros sítios que serão descritas posteriormente.

São utilizados termos da geometria para poder descrever a morfologia da figura rupestre adequadamente. As diversas características do desenho são analisadas levando em consideração parâmetros de proximidade e adequação para com essas características, lembrando que os desenhos em arte rupestre são feitos a mão livre em uma base rochosa sem a utilização de instrumentos de precisão.

Para a construção da ficha II foram observados os parâmetros de análise das seguintes fichas:

• “Morfologia dos Cervídeos”, um exemplo de Estudo sobre a representação de Cervídeos, Santana do Riacho, Minas Gerais, Brasil estudadas por André Prous e Alenice Baeta IN: GASPAR, Madu. Arte Rupestre no Brasil. Jorge Zahar ed.,2003:59 (AnexoI) • III-Tableau d’analyse dês zoomorphes IN : GUIDON Niede.

Peintures Rupestres de Varzea Grande Piaui, Brésil. Cahiers d’archéologie d’Amérique du Sud 3, Paris, 1975 :61 (Anexo II)

II.2.1.1. Ficha I

A Ficha I é constituída de três partes.

A primeira é descritiva sobre a localização geográfica do sítio arqueológico estudado, com as principais informações sobre ele, incluindo a documentação existente associada as datações. A segunda parte é composta de imagens do sítio, fotos coloridas. E a terceira parte tem a bibliografia específica do sítio em questão1

1

Esta ficha encontra-se impressa no Volume II desta tese e em formato digital no CD anexo no final deste volume.

II.2.1.1.1. O sítio arqueológico – Toca do Pinga do Boi

A Toca do Pinga do Boi, é um sítio arqueológico situado na região da Serra Branca, norte do Parque Nacional Serra da Capivara. Suas coordenadas são: UTM L 755323 e UTM N 9053573, numa altitude de 404m. É um abrigo sob rocha, com 50m de comprimento, uma orientação Noroeste – Sudeste com abertura para Sudoeste.

Fig.13 – Mapa de localização da Toca do Pinga do Boi. Fonte: FUMDHAM

A vegetação do entorno é formada por caatinga arbustiva e arbórea. O tipo de rocha do suporte pictórico é o arenito apresentando alguns problemas de conservação, tais como desplacamento e escamação. Sobre as pinturas havia cupins, maria-pobre e escorrimento de água na época das chuvas, esses problemas foram tratados, os cupins e maria-pobres retirados e o escorrimento de água foi desviado através da instalação de pingadeiras e no alto da Serra foram realizadas obras para o desvio, drenagem da água para uma cisterna. Este sítio foi escavado em 1988, 2007 e 2008 pela equipe da FUMDHAM sob a coordenação de Niède Guidon.

Fig.14 – Plano inicial em curvas de nível da Toca do Pinga do Boi. Fonte: FUMDHAM

Fig.16 – Foto da drenagem sobre a Toca do Pinga do Boi. Fonte: FUMDHAM.

Fig.17 – Foto da Toca do Pinga do Boi. Fonte: Cris Buco, 2006

II.2.1.2. - Ficha II

A Ficha II é constituída de três partes.

A primeira parte apresenta a figura que esta sendo analisada, a técnica aplicada a execução dessa figura, uma análise do tipo de traço e cor acompanhada de um desenho, com escala gráfica, da própria figura.

Foi criado um código geral da figura e para o determina-lo adotamos a letra (S) de Sítio arqueológico, com o código do sítio logo a seguir a letra (54), a letra (Z) de Zoomorfo, referente a caracterização morfológica da figura, e os últimos três dígitos correspondente ao número da figura no sítio arqueológico em questão. Exemplo: S54Z001.

Quando nos referimos ao painel pictórico no qual a figura pertence utilizamos algarismos romanos.

A segunda parte é iniciada com a análise morfológica da figura, detalhando as diversas variáveis associadas a integralidade, ao tamanho, contorno e postura. Em sequência detalhamos as partes do cervídeo, iniciando pelas variáveis do corpo associadas a forma, preenchimento, tipo de preenchimento e direcção; as variáveis da cauda_ quarto traseiro; as variáveis da cabeça associadas ao tipo de preenchimento e direcção, como de suas

partes: tipo de orelhas, tipo de galhas e quantidade de pontas, tipo de focinho e tipo de pescoço; e as variáveis dos membros dianteiros e traseiros, associadas a disposição, a forma e extremidade distal (patas).

A terceira parte está dedicada a análise composicional, apresentando, quando existe, a relação do cervídeo com outros cervídeos, ou com outras figuras, estas podendo ser antropomorfos, outros zoomorfos, ou mesmo figuras geométricas e objetos. Quando associada mostra-se um desenho dessa composição, no caso de a figura estar caracterizada como individual, não quer dizer que é única naquele painel, ou naquela área (o que também pode ser) mas devido sua cor, seu preenchimento, seu tamanho, seu dinamismo, não é possível co-relacioná-la com outras figuras.

Nessa parte também há uma breve descrição das figuras associadas e, quando há sobreposição, uma breve descrição com o desenho das figuras sobrepostas em tonalidades distintas, monocromia de preto, sendo que as mais escuras estão sobrepostas as mais claras.

Todas essas fichas estão impressas podendo ser consultadas individualmente, no volume II desta tese, e no formato digital no CD anexo no final deste volume.