• Nenhum resultado encontrado

arqueológicas e contextuais

III. 1.1.3.3 O Blastocerus dichotomus ( Illiger,1815) é popularmente

conhecido como cervo-do-pantanal,cervo-do-pântano, veado pantaneiro, veado-do-pântano, veado-galheiro e veado-galheiro-grande.

Esse cervo está distribuído ao longo das várzeas e planícies de inundação dos grandes rios da América do Sul, a leste dos Andes, ao sul da floresta amazônica e ao norte da região dos Pampas e Patagônia, indo desde o sudeste do Peru até o noroeste do Uruguai e região do delta do rio da Prata. (HOFMANN et al., 1976; PINDER & GROSSE, 1991; TOMAS et al., 1997) apud Tiepolo&Tomaz,2006:287

O cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) é o maior cervídeo nativo da América do Sul. Os machos são relativamente maiores que as fêmeas, podendo pesar em torno de 130kg e 1,3 m de altura, possuem chifres ramificados com cerca de 8 a 12 pontas. (Ramos, 2004:1)

Fig.87 –Foto do Blastocerus dichotomus.Fonte: ver indice de ilustrações.

Esta espécie apresenta dimorfismo sexual, os machos excedem em relação às fêmeas em todas as medidas corporais, são 6% mais altos e 13% mais pesados que as fêmeas. Dentre todas as medidas biométricas analisadas, o perímetro do pescoço superou na diferença entre os sexos, sendo 20% maior nos machos (SOUZA et al., 2001). Essa diferença no perímetro do pescoço é atribuída sem dúvida à presença de chifres, que ocorrem somente nos machos (PINDER & GROSSE, 1991; REDFORD & EISENBERG, 1992). apud Ramos 2004:3

“Os chifres do cervo-do-pantanal, inicialmente são simples e se tornam mais complexos com a maturidade do animal. Nos adultos, os chifres possuem uma dicotomia próxima à base, com um ramo anterior e outro posterior em relação ao eixo longitudinal mediano. Cada ramo sofre novas ramificações, podendo atingir até 60 cm de altura e um número superior a 8 pontas

(SANTOS, 1984, PINDER & GROSSE, 1991). Um caso anômalo e raríssimo foi o registro de um exemplar abatido no rio Miranda, Mato Grosso, Brasil, que apresentou um chifre com 40 pontas (WHITEHEAD, 1993)”. Apud Ramos, 2004:3

Fig.88 – Foto Blastocerus dihotomus. Fonte: ver

indice de ilustrações. (adaptado por Ignácio, 2009)

Fig.89 – Cervídeo pintado, Toca do Varedão II ou do Juvenal

O cervo-do-pantanal é um animal morfologicamente adaptado aos ambientes alagáveis, possui uma membrana interdigital que favorece o seu sustento nos ambientes pantanosos (NOWAK, 1991; PINDER, 1996; TOMAS et al., 1997; WEMMER, 1998). Esta membrana favorece sua natação, cervos- do-pantanal monitorados realizaram consideráveis travessias entre margens opostas do rio Paraná (PIOVEZAN et al. 2001).O ambiente natural do cervo-do- pantanal compreende os pantanais ribeirinhos, várzeas, varjões, brejos, planícies naturalmente inundáveis e áreas pantanosas (AZARA, 1802; MIRANDA RIBEIRO, 1919; CABRERA, 1961; MAGALHÃES, 1939). As várzeas compreendem as planícies de inundação, são áreas marginais e baixas que apresentam oscilações do nível das águas conforme as cheias naturais, elas constituem áreas de transição entre o ecossistema terrestre e água doce. (apud Ramos, 2004:4 )

O cervo-do-pantanal possui preferência por habitat relacionado à profundidade das áreas de várzea (MAURO et al.,1995), segundo TOMAS et al. (1997) a preferência desta espécie pela lâmina d'água varia entre 20 e 60 cm. Conforme as cheias os cervos podem migrar em busca de áreas mais distantes do rio, para as planícies de sedimentação mais antigas, localizadas alguns metros mais altas. Este comportamento pode fazer com que os cervos possuam dois núcleos de atividades em sua área. (Ramos:2004:4 )

Para as espécies de clima tropical e sub tropical, a influência demarcada pelo padrão anual das chuvas parece compreender no principal fator ambiental modulador da disponibilidade de alimentos e conseqüentemente dos ciclos reprodutivos das espécies. O desenvolvimento dos chifres do cervo-do- pantanal está relacionado com a idade e a concentração de testosterona, sendo mais baixa nos animais jovens e desprovido de chifres e crescente conforme a maturidade e o desenvolvimento dos chifres (GARCIA et al. 2001). Os ciclos reprodutivos dos machos de cervo-do-pantanal, de uma maneira geral, não são bem conhecidos, aparentemente os machos apresentam uma troca de galhada individual (FRÄDRICH, 1987; TOMAS et al., 1997). Não existe influência do fotoperiodo sobre o ciclo de galhadas, não ocorre para esta espécie uma estação fixa para queda e desenvolvimento dos chifres. Machos de cervos-do-pantanal podem ser vistos com os chifres desencapados ou com velame em qualquer época do ano (CABRERA & YEPES, 1940; MILLER, 1930; TOMAS et al., 1997; WHITEHEAD, 1993; GARCIA et. al., 2001). apud Ramos,2004:16

“Esta hipótese com relação ao cervo-do-pantanal, leva em consideração as citações de MISHRA & WEMMER (1987), PUTMAN (1988) e MONFORT et al. (1993) que consideram para as espécies de clima tropical e sub tropical uma influência predominantemente demarcada pelo padrão anual das chuvas como principal fator ambiental modulador da disponibilidade de alimentos e consequêntemente do ciclo reprodutivo das espécies.” (Ramos, 2004:52)

Em função dos aspectos climáticos que influenciam na lâmina d’água das várzeas e conseqüentemente a disponibilidade de alimentos, associado

aos efeitos que a idade pode exercer, somos induzidos a imaginar o potencial territorialista que esta espécie apresenta na natureza. (Ramos, 2004:53)

III.1.2. A arte rupestre

III.1.2.1. Identificaçao das temáticas pictóricas na arte rupestre

O cervídeo era muito observado pelo homem da pré-história devido a fazer parte da vida socio-econômica , portanto era muito representado nas paredes rochosas dos abrigos, mostrando uma diversidade no repertório de temas. Destacamos os painéis onde encontramos unicamente representações de animais, alguns em grupos formando manadas, outros duplos podendo ser um casal, composto por um galheiro e um sem galhas e, outros individualmente, sendo que algumas destas figuras individuais, em relação a região onde estão inseridas, parecem ser demarcadores de paisagem . Além das figuras dos cervídeos temos cenas onde se evidencia a participação da figura humana, neste caso constituíndo composições de caça, o curioso é que quando temos instrumentos de caça, o homem aparece individualmente, quando temos a utilização de redes os homems aparecem agrupados, são varios homens em torno dos animais fazendo com que este vá em direção a rede , desta forma, a disposição das figuras em relação ao animal, nos leva a considerar a representação como um testemunho de caça.

Analisando estes motivos apresentados em composição, em grupos formados apenas por cervídeos, ou cervídeos com a presença humana, registramos uma maior complexidade compositiva, que nos permite entender uma dinâmica social e econômica de seus autores.

Para definir as temáticas pictóricas levamos em consideração a morfologia da figura, o comportamento animal tanto dos cervídeos como dos homens e, a ocupação do espaço, esta em dois níveis, o territorial – associado ao sítio arqueológico e onde este esta inserido na paisagem e, dentro do próprio espaço pictórico.