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FASE CONCEPTUAL

3. OS EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

3.4. BENCHMARKING APLICADOS AOS EQUIPAMENTOS DESPORTIVOS

O Benchmarking define-se por um processo cada vez mais valorizado no âmbito do planeamento de produtos e destinos. A sua aplicação tem por objetivo a análise de boas práticas, desempenhos e estratégias organizacionais, e das formas como estas podem ser integradas com vista à definição de novas estratégias de atuação no sentido de melhorar as estruturas das organizações e destinos (Neves, 2016).

Aprender com o exemplo dos outros e com o que os outros fazem de melhor na área em estudo é um ensinamento de enorme sabedoria e conhecimento, que deverá ser aproveitado. Uma análise de Benchmarking na ótica dos equipamentos desportivos ligados à náutica de recreio, pretende aferir o que os demais realizam com sucesso, para daí extrair-se ensinamentos que possam ser úteis na integração na proposta da tese de doutoramento ao nível do planeamento e desenvolvimento do turismo náutico em Portugal, em particular no que concerne à concessão de um equipamento desportivo ligado à náutica de recreio na sub- região do Baixo Mondego na Figueira da Foz.

A seleção dos destinos e do tipo de equipamentos desportivos a analisar decorre de três critérios distintos:

a) A relevância de destinos quer nacionais quer internacionais, de desportos náuticos; b) Alguma similaridade à realidade geográfica da Figueira da Foz (cidades de mar); c) Destino que Figueira da Foz pode tomar como modelo para crescer do ponto de vista do turismo náutico em Portugal.

Foram filtrados três destinos, dois nacionais e um internacional, que se destacam pela sua componente histórica no que respeita à atividade desportiva e pela sua relação de proximidade com o tema em estudo.

Viana do Castelo - Centro Náutico de Remo Caracterização contextual

Embora numa escala maior que a do modelo de estudo do protótipo, o centro de mar no qual se integra o Centro Náutico de Remo de Viana do Castelo, localiza-se junto ao estuário do rio Lima em Viana do Castelo, em área de POOC Caminha-Espinho, integralmente direcionado para a prática da atividade desportiva de “remo”. O bem-estar e o prazer são essenciais para quem quer praticar e desfrutar de um passeio em família ou com amigos.

Este centro náutico assume-se como uma oportunidade no contacto com a natureza. Representou um investimento de 1,7 milhões e implicou a requalificação e ampliação da antiga "Fábrica das Boinas", inserida em terrenos do parque da cidade de Viana do Castelo. O referido equipamento desportivo tem a capacidade para receber 75 atletas, com pavilhões para o equipamento de remo, áreas administrativas e balneários, além de uma sala

de exposições dos troféus dos dois clubes da cidade que ali ficarão sedeados. Trata-se de oferecer uma atividade náutica que sirva como atividade desportiva, para que os visitantes aproveitem as excelentes condições naturais que oferece o estuário do rio Lima. O desporto do remo é uma atividade recreativa e de atividades na natureza e tempo livre, fruto da necessidade das pessoas irem buscar sensações de liberdade, consciência ecológica e diferenciação sobre os referentes clássicos de atividade desportiva.

Componentes do Produto

O piso térreo o edifício apresenta: um ginásio, instalações sanitárias e balneários, sala de massagem e primeiros socorros, um bar/restaurante, tanque de treino, hangar para a colocação de barcos de remo, estaleiro e oficina. O primeiro piso caracteriza-se por um espaço afeto a secretaria, sala de estudo, sala polivalente, gabinetes de treinadores, gabinete médico e sala de direção, Figura 8.

Figura 8 - Viana do Castelo - Centro Náutico de Remo

Fonte: Adaptado de Viana Remadores do Lima (2013)

O centro de remo integra o projeto âncora “Centro de Mar”, assume-se como uma aposta no desenvolvimento da náutica de recreio e dos desportos náuticos enquanto componentes relevantes para o reforço da posição de Viana do Castelo como uma “cidade da náutica do atlântico”.

Peniche - Centro de Alto Rendimento de Surf de Peniche Caracterização Contextual

O Centro de Alto Rendimento de surf de Peniche localiza-se em Ferrel - Peniche, próximo das praias de Supertubos e da Baía, do molhe Este e do Baleal. É um edifício com uma área de 1.197 m2, integralmente construído em madeira e tem como objetivo potenciar os talentos desportivos, possibilitando estágios, a investigação científica ao nível da performance desportiva, avaliação, controlo e otimização do treino, assim como o aprofundamento do desenvolvimento técnico, a monitorização dos resultados e a seleção de talentos desportivos. O referido equipamento desportivo tem a capacidade para alojar em simultâneo 30 pessoas, entre técnicos e atletas (DR, 2.ª Série - n.º 125 de 30 de junho de 2015).

De acordo com o município de Peniche, a escolha desta localidade para ter um centro de alto rendimento de surf, integrado na respetiva rede nacional, está estreitamente ligado às condições naturais ímpares que o concelho oferece para a prática de desportos de deslize nas ondas, assim como à estratégia de especialização de marketing territorial que a Câmara Municipal de Peniche decidiu adotar, baseada no conceito de Peniche, a capital da onda.

Componentes do Produto

O edifício identificado como centro de alto rendimento de surf de Peniche é composto pelas seguintes instalações:

- Área administrativa, constituída por uma receção, quatro gabinetes, sala de reuniões, dois espaços para arrumos e instalações sanitárias.

- Área técnico-desportiva, constituída por uma sala polivalente, vestiários, balneários, instalações sanitárias, sauna, sala de massagens, sala de apoio médico e por um hangar para arrecadação de pranchas e outro para material náutico diverso.

- Área residencial, que dispõe de seis quartos para quatro pessoas e um quarto para seis pessoas, que são servidos de instalações de apoio coletivas, vestiários, balneários, instalações sanitárias e uma sala para arrumos.

- Área social, composta por uma sala de refeições e bar, um espaço comercial ou loja e um espaço destinado a um centro de interpretação, Figura 9.

Figura 9 - Peniche - Centro de Alto Rendimento de Surf de Peniche

Fonte: Adaptado de Centro-de-Alto-Rendimento-de-Surf-de-Peniche-Instalações (2013)

Vigo - Porto Desportivo de Vigo Enquadramento e Conceito

O Porto Desportivo de Vigo localiza-se junto à marina central de Vigo, cidade de mar com mais de 300.000 habitantes, integrado numa área global de 80.000 m2, tendo como principal objetivo o acolhimento de atividades ligadas à náutica de recreio e integração urbana. As condições naturais da ria de Vigo, aliadas à intervenção “Abrir Vigo al mar”, tornam o water

front da cidade de Vigo num espaço de grande valia para a prática da náutica de recreio,

desportivo e de lazer.

O projeto “Abrir Vigo al mar” previu a manutenção dos edifícios do clube náutica e da capitania, o tratamento do espaço público, assim como o melhoramento das suas marinas. A marina central apresenta uma capacidade para 277 embarcações e 320 pontos de amarração (Delgado, 2014). O porto desportivo de Vigo, na sua integração com o Real Clube Náutico de Vigo, detém áreas de escritórios, oficinas, armazéns e vestiários para velejadores e parceiros, uma zona de “Travel liffts” e uma marina seca.

Com o desenvolvimento do projeto de requalificação “Abrir Vigo al mar” foi definido um novo limite urbano junto ao porto desportivo, com o objetivo de criar novos espaços ao ar livre, por forma, a que fosse possível a sua utilização durante todo ano.

O Porto Desportivo do Real Clube Náutico de Vigo conta com um total de 436 amarrações, repartidos por 12 embarcadouros com água e eletricidade, uma rampa varadouro para 30 barcos, sauna, sala de exposições, ginásio, infantário, clube social, cafetaria, restaurante e escola de vela. Inclui ainda a primeira piscina coberta climatizada da Galiza, Figura 10.

Figura 10 - Vigo - Porto Desportivo de Vigo

Fonte: Puerto Desportivo de Vigo (2018)

Tipologias de Instalações Desportivas

No que respeita às tipologias de instalações desportivas, a implementação numa determinada região deverá atender à variedade das necessidades e das especificidades desse território, tendo a capacidade para estabelecer relações de equilíbrios vários entre os agrupamentos desportivos e as respetivas necessidades das populações. Para Constantino (1999), as tipologias dos espaços desportivos devem ser divididas de modo a que possibilitem a ação, e por outro lado, uma avaliação respeitante à sua funcionalidade. A Lei n.º 38/98, de 4 agosto, no artigo 3.º define as tipologias desportivas, como sendo respetivamente:

a) Complexo Desportivo - define-se como o conjunto de terrenos, construções ou instalações destinadas à prática desportiva de uma ou mais modalidades, pertencente ou explorada por uma só entidade, compreendendo os espaços reservados ao público e ao parqueamento de viaturas, bem como os arruamentos principais;

b) Recinto Desportivo - define-se como o espaço criado exclusivamente para a prática do desporto, com caráter fixo e com estruturas de construção que lhe garantam essa afetação

e funcionalidade, dotado de lugares permanentes e reservados a assistentes, sob controlo de entrada;

c) Área de Competição - define-se pela superfície onde se desenrola a competição, incluindo as zonas de proteção, definidas de acordo com os regulamentos internacionais da respetiva modalidade.

Já o Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de novembro, estabelece o regime de instalação e funcionamento das instalações desportivas de uso público, no seu artigo 2.º o conceito geral. O Decreto-Lei n.º 309/2002, de 16 de dezembro, aborda o conceito de instalações desportivas, a regulação da instalação e funcionamento dos recintos de espetáculos e de divertimentos públicos, nomeadamente nos seus artigos 4.º e 5.º do referido diploma legal.

No que respeita aos recintos desportivos com diversões aquáticas, o Decreto-Lei n.º 65/97, de 31 de março, estabelece a noção de recinto de diversões aquáticas. No seu artigo 2.º define que:

“(…) São recintos de diversão aquática os locais vedados com acesso ao público, destinados ao uso de equipamentos recreativos, cuja utilização implique o contacto com os utentes com a água, independentemente de se tratar de entidade pública ou privada e da sua exploração visar ou não fins lucrativos. Não são considerados recintos com diversões aquáticas aqueles que unicamente disponham de piscinas de uso comum, nomeadamente as destinadas à prática de natação, de competição, de lazer ou recreação”.

Seguidamente, no Quadro 9, apresenta-se as tipologias desportivas em quatro grandes grupos, sendo respetivamente, as instalações desportivas de base recreativas e formativas; as instalações desportivas especializadas ou monodisciplinares; as instalações especiais para o espetáculo desportivo; espaços naturais de recreio e desporto (Cunha, 2007).

Quadro 9 - Tipologias de Instalações Desportivas

Instalações Desportivas de Base

No entendimento de Cunha (2007), as instalações desportivas caracterizam-se por tipologias recreativas e formativas, distinguindo-se da seguinte forma.

a) Recreativas: - Pátios desportivos;

- Espaços elementares de jogo desportivo;

- Espaços localizados em áreas urbanas para evolução livre com patins ou bicicletas de recreio;

- Espaços de animação desportiva informal (turística e outros);

- Espaços de dimensões não normalizadas para iniciação aos pequenos jogos desportivos, espaços de aprendizagem e recreio;

- Piscinas cobertas e ao ar livre para fins recreativos, com área total de plano de água inferiores a 166 m2.

b) Formativas:

- Grandes campos de jogos para futebol, râguebi e hóquei em campo; - Pistas de atletismo regulamentares;

- Salas de desporto e pavilhões polivalentes;

- Instalações normalizadas de pequenos jogos desportivos, campos de ténis e rinques de patinagem ao ar livre;

- Piscinas de aprendizagem, piscinas desportivas e piscinas polivalentes, ao ar livre ou cobertas.

Como características destacam-se: educação desportiva de base com polivalência de utilização e elevado grau de adaptação e integração no ensino e na formação desportiva, no quadro do associativismo.

Instalações Desportivas Especializadas ou Monodisciplinares

No que respeita às instalações desportivas especializadas ou monodisciplinares, caracterizam-se da seguinte forma:

a) Salas de desporto equipadas exclusivamente para uma modalidade desportiva. b) Instalações de tiro com armas de fogo;

c) Instalações de tiro com arco; d) Campos de golf;

e) Pistas de ciclismo;

f) Picadeiros, campos de equitação e pistas hípicas de obstáculos; g) Instalações para desportos motorizados;

h) Pistas de remo, canoagem e outras instalações para desportos náuticos.

Instalações Desportivas Especiais para o Espetáculo Desportivo

Relativamente às instalações desportivas para o espetáculo desportivo destacam-se: a) Estádios integrando campos de grandes jogos e pistas de atletismo;

b) Hipódromos; c) Velódromos; d) Autódromos; e) Motódromos; f) Cartódromos;

g) Estádios aquáticos e complexos de piscinas para competição; h) Estádios náuticos e instalações de remo e canoagem.

Estas instalações possuem como características:

a) Expressiva capacidade para receber público e meios de comunicação social; b) Usos associados a altos níveis de prestação desportiva;

c) Alta incorporação de recursos materiais e tecnológicos.

Espaços Naturais de Recreio e Desporto

Os espaços naturais de recreio e desporto são locais com condições naturais para a realização de certas atividades recreativas e desportivas sem que se imponha a sua especial adaptação ou arranjo material.