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FASE CONCEPTUAL

3. OS EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

3.2. INSTALAÇÕES DESPORTIVAS

No entendimento de Constantino (1994), as instalações desportivas traduzem-se num instrumento importante de política desportiva, quando integradas no universo das transformações culturais do nosso tempo e do desporto, contribuindo para o aparecimento de novos cenários desportivos que, por outro lado, suscitam novas tendências e expressões desportivas.

O Decreto-Lei n.º 317/97, de 25 de novembro, estabelece o regime de instalações desportivas de uso público. As instalações desportivas definem-se como sendo espaços de acesso público organizados de uma determinada forma, com vista à prática de atividade desportiva, composto por espaços naturais adaptados ou por espaços artificiais ou construídos, integrando todas as áreas adjacentes. Segundo Gallardo e Jiménez (2004), as instalações desportivas são caracterizadas como a base do desenvolvimento desportivo de um determinado país nas suas diversas vertentes.

As instalações desportivas identificam o tecido urbano, os locais preferenciais para a prática de atividades desportivas realizadas em determinados espaços confinados. Estas caracterizam o tipo de atividade desportiva que se desenvolve num dado território, muito por força da sua função, que se desempenha pela utilizada que as unidades lhe concedem. A função fundamental da instalação desportiva é de poder oferecer, de uma forma continuada, a possibilidade de realização de uma determinada atividade desportiva, num determinado local (Cunha, 2007).

3.2.1. Planeamento das Instalações Desportivas

Para se planificar equipamentos desportivos deve-se atender a um conjunto variado de necessidades existentes, definindo-se prioridades com vista à diminuição de excessos desnecessários. Para Constantino (1994), ao proceder-se ao planeamento de um determinado equipamento desportivo deve prever-se a pluralidade tipológica, de modo a satisfazer diversidades e multiplicidades das várias procuras desportivas, possibilitando assim as várias práticas desportivas, assentes em três formas distintas: formal, não formal e informal.

Ainda na esteira do mesmo autor, o planeamento dos espaços desportivos com características adequadas deve procurar atender a todas as necessidades, definindo prioridades. Nesse contexto, torna-se necessário dotar os responsáveis políticos de estudos e projetos adequados à realidade desportiva.

No entanto, existem outros autores, como por exemplo Ribeiro (2011), que considera que o planeamento de instalações desportivas envolve o reconhecimento de necessidades por forma a encontrar meios que colmatem essas necessidades, quer no tempo presente quer

no futuro. O planeamento de instalações desportivas é entendido como um processo em que as pessoas determinam como fazer a partir de uma determinada situação presente, com o objetivo de vir a atingir algo no futuro. O planeamento assume-se como uma ferramenta administrativa, que possibilita a realidade, avalia os caminhos a seguir e contribui para a construção de um referencial de futuro.

Ainda assim, o planeamento surge da necessidade de se querer conhecer o futuro, pensando ao mesmo tempo que se pode ter domínio sobre esse mesmo futuro. Como resultante desta necessidade surgem diversos processos de planeamento, formalizados para que seja possível atingir determinados objetivos a que se propõem num tempo futuro (Pires, 2007).

Há semelhança de Constantino, temos Sarmento e Carvalho (2014), que entendem o planeamento de instalações desportivas, como algo que depende de decisões políticas e de estudos de mercado, relacionando os fatores económicos, sociais, tipologias dos referidos espaços e ainda o número e tipo de utilizadores.

Quando se pretende fazer o planeamento de um novo equipamento desportivo, deve ter-se em conta alguns pontos importantes, como por exemplo, a capacidade de responder à necessidade dos populares, definindo estratégias no que respeita à sua implantação e localização e a sua relação versus integração no meio ambiente onde se insere, com vista a uma gestão sustentada (Sarmento & Carvalho, 2014).

3.2.2. Quadros Normativos das Instalações Desportivas

No que respeita ao quadro legal das instalações desportivas, as mesmas regem-se pelo disposto no Decreto-Lei n.º 141/2009, de 16 de junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 110/2012, de 21 de maio, que aprovou o RJID e que determina que as tipologias desportivas sejam definidas e aprovadas por portaria do membro do governo responsável pela área do desporto. O n.º 1 do artigoº 1.º do RJID estabelece os requisitos técnicos aplicáveis na conceção e edificação de instalações, tendo como objetivo assegurar a sua qualidade funcional técnico-desportiva, salubridade, conforto e segurança. Os projetos de arquitetura para a construção, remodelação, ampliação ou alteração de instalações desportivas, deverão agregar nos termos do n.º 1 do artigo 2.º do RJID, informação respeitante à tipologia desportiva a instalar.

A Legislação Aplicável

No que respeita à legislação aplicável temos:

a) Decreto-Lei n.º 141/2009 de 16 de junho, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 110/2012, de 21 de maio (RJID);

b) Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, republicado pelo Decreto-lei n.º 136/2014, de 9 de setembro (RJUE);

c) Decreto-Lei n.º 163/2006, de 8 de agosto, estabelece requisitos a cumprir com especial atenção no que se refere ao acesso a átrios, às áreas de prática desportiva, instalações de apoio dedicadas aos atletas, bancadas, áreas administrativas e sociais, às instalações de apoio para atletas (balneários), instalações sanitárias para espectadores;

d) Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novembro, alterado e republicado pelo Decreto- lei n.º 224/2015, de 9 de outubro (Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios - RJSCIE);

e) Portaria n.º 1532/2008, de 29 de dezembro (Regulamento Técnico de Segurança Contra Incêndios);

f) Decreto-Regulamentar n.º 34/95, de 16 de dezembro (Regulamento das Condições Técnicas e de Segurança dos Recintos de Espetáculos e Divertimentos Públicos, na matéria não alterada pelo RJSCIE);

g) Decreto-Lei n.º 79/2006, de 4 de abril (Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios - RSECE);

h) Decreto-Lei n.º 80/2006, de 4 de abril (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios - RCCTE).

Regime Jurídico das Instalações Desportivas

O disposto no artigo 2.º do Regime Jurídico do Licenciamento Municipal de Instalações Desportivas abrange a elaboração do projeto de arquitetura e os projetos de especialidades que serão exigidos para o respetivo licenciamento de uma instalação desportiva, Figura 7.

Figura 7 - Regime Jurídico das Instalações Desportivas (RJID)

As instalações desportivas devem inserir-se em áreas reservadas ou integradas em espaços verdes e de utilização coletiva para o lazer, de modo a permitirem a complementaridade com outros equipamentos coletivos. Relativamente aos critérios a ter em conta para a localização para instalação de um equipamento desportivo dever-se-á cumprir com os seguintes condicionalismos:

a) Conformidade com os planos de gestão territorial em vigor, planos diretores municipais e planos de urbanização;

b) Dimensões e configuração adequadas à correta implantação e orientação dos espaços de prática desportiva, bem como todas as áreas anexas de apoio aos praticantes e espetadores;

c) Implantação em locais que não se constituam uma fonte de perturbação relativamente à proximidade de outras construções;

d) Implantação adequada, garantindo o afastamento de fontes poluidoras (tóxicas, insalubres, geradoras de ruídos, poeiras, fumos, gases venosos);

e) É interdita a implantação de instalações desportivas ao ar livre em terrenos que se localizem sob corredores de linhas elétricas de alta tensão e quaisquer obstáculos a menos de 15 m de altura para as instalações em geral. Se tratar de pistas de atletismo, grandes campos de jogos e campos de golfe, o afastamento passa a ser de 30 m, segundo o artigoº 3.º do RJID.

Quando falamos de um projeto de arquitetura para a instalações desportivas existem outros aspetos que não poderão ser descorados, nomeadamente no que respeita a acessibilidades, estacionamento ao recinto desportivo e respetivo efetivo de ocupação. Neste contexto, as instalações desportivas devem ser dotadas de vias de acesso que permitam o acesso fácil a veículos de emergência, em cumprimento com a legislação em vigor e aplicável. Em prejuízo das normas e regulamentos municipais, e quando se trate de instalações desportivas de maiores dimensões, as áreas afetas a estacionamento devem ser cuidadosamente dimensionamentos tendo como referência o efetivo total previsto, nos termos do artigo 5.º do RJID, da seguinte forma:

- Um lugar de estacionamento de viatura ligeira por cada 20 unidades de efetivo total, à razão de 20 m2 a 25 m2 por lugar, incluindo vias de circulação e de manobra, zonas adjacentes, com um mínimo de cinco lugares e a menos de 100 m da entrada principal.

- Um lugar de estacionamento de autocarros por cada 200 unidades de efetivo total, à razão de 50 passageiros por veículo e 80 m2 por lugar, incluindo vias de circulação e de manobra, zonas adjacentes à distância máxima de 100 m da entrada principal.

De acordo com o exposto no ponto 3 do artigo 5.º do RJID, o efetivo total (E) de uma instalação desportiva é o número máximo estimado de pessoas que pode ocupar, de acordo

com as condições aplicáveis a cada tipologia desportiva. Assim, o efetivo total determina-se pelo somatório das parcelas.

O cálculo do efetivo total (E) deverá respeitar os parâmetros acima expressos tendo em conta a especialidade desportiva a que se direciona. O Efetivo Total não pode ultrapassar o valor que se obtenha para a capacidade total de evacuação do recinto, resultante do somatório das capacidades parciais de evacuação das diferentes áreas de instalação, em cumprimento com o regulamento de segurança contra incêndios, ponto 4 do artigo 5.º do RJID, Quadro 5.

Quadro 5 - Cálculo do Efetivo Total (E) Cálculo do Efetivo Total (E) = ∑(U + T + S + N)

Efetivo Útil ou Utência Máxima (U)

Corresponde à capacidade de utilização desportiva, definida pelo número máximo de praticantes admissíveis nas áreas de atividade desportiva.

Efetivo de Enquadramento Técnico (T)

Corresponde ao número máximo de treinadores, monitores, juízes, e técnicos que enquadram a realização das atividades desportivas.

Efetivo de Serviço (S)

Corresponde ao número de funcionários, pessoal auxiliar e outras pessoas, cuja presença possa ocorrer em simultâneo com as das outras categorias de ocupantes da instalação.

Efetivo de Público ou Lotação (N)

Corresponde ao número de pessoas admissíveis nas zonas reservadas ao público espetador e é determinado pelo somatório, das seguintes parcelas:

- Números de lugares sentados;

- Números de lugares sentados em tribunas com bancadas corridas, à razão de duas pessoas por ml de cumprimento de bancada;

- Número total de lugares em tribunas, cabines e camarotes reservados à comunicação social, à razão de quatro pessoas por m2 das respetivas áreas ou pelo número de assentos fixos.

Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico das Instalações Desportivas (2013)

De uma forma esquemática, as áreas funcionais que normalmente integram as áreas desportivas, variando com as exigências tipológicas e os objetivos previstos para cada espaço desportivo, nos termos do ponto 6 do artigo 5.º do RJID, Quadro 6.

Quadro 6 - Áreas Funcionais das Instalações Desportivas Áreas Funcionais das Instalações Desportivas

Áreas de Atividade Desportiva ou Áreas de Prática.

Corresponde a campos de jogos, pista ou áreas aquáticas, incluindo zonas adjacentes de proteção.

Áreas de Serviços de Apoio.

Corresponde Instalações de apoio: vestiários, instalações sanitárias para praticantes, treinadores e juízes, locais de primeiros-socorros, de apoio médico e de controlo antidopagem e arrecadações de material desportivo.

Instalações de Administração e Serviços Gerais.

Corresponde a receção, controlo e vigilância, secretaria, administração, instalações para funcionários e pessoal de manutenção.

Instalações Técnicas.

Corresponde a Instalações de águas, aquecimento, climatização, energia elétrica, segurança, sinalização, alarme e combate a incêndios.

Áreas do Público e da Comunicação Social.

Corresponde a bilheteiras, tribunas para espectadores. Instalações de comunicação social que compreendem lugares específicos nas tribunas, cabines de reportagem de rádio e TV.

Áreas Subsidiárias.

Corresponde a parqueamento para praticantes, técnicos, juízes, funcionários e espectadores, espaços verdes de proteção e vedações. Podem ainda ser definidos outros locais, tendo em conta a especificidade dos usos previstos.

Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico das Instalações Desportivas (2013)

3.2.3. Localização e Standards de Qualidade

De acordo com a legislação em vigor, nomeadamente o exposto no ponto 4 do artigo 7.º do RJID, as áreas desportivas devem dispor dos seguintes standards de qualidade:

a) Aproveitamento da luz natural, no sentido de favorecer a redução do consumo energético;

b) Sistemas de iluminação ajustados ao tipo de atividade desportiva;

c) Requisitos ambientais (qualidade do ar, térmica, recurso utilização de meios passivos);

d) Conforto acústico;

e) Adequação dos pavimentos ao tipo de atividade desportiva.

Segundo a legislação em vigor, no que respeita aos balneários e vestiários é particularmente direcionada para espaços desportivos com uma dimensão considerável,

artigo 8.º do RJID, ainda assim, cada instalação desportiva deverá adequar-se à sua realidade

versus necessidade funcional. De uma forma mais pormenorizada, interessa-nos perceber,

de acordo com os artigos 8.º e 20.º do RJID, quais as regras afetas às instalações desportivas especializadas, em particular no que respeita aos desportos náuticos, Quadro 7.

Quadro 7 - Áreas de Vestiários e Balneários nas Instalações Desportivas Áreas de Vestiários e Balneários das Instalações Desportivas

Cada Instalação Desportiva

- Deve prever áreas para vestiários e balneários integrados para praticantes, treinadores e juízes. Os acessos deverão estabelecer-se através de percursos exclusivos e sem cruzamento com áreas públicas. Variando consoante o tipo de atividade desportiva.

Blocos de Vestiários/Balneários desportivos

- A organização dos vestiários e balneários, devem diferenciar as áreas secas das áreas húmidas, por forma a garantir as condições de higiene e limpeza necessárias.

Acessibilidades a Vestiários/Balneários desportivos

- Localização em zonas de boa iluminação e ventilação;

- Pé-direito médio de 3 m, podendo em casos opcionalmente ir para 2,70 m. - Paredes divisórias em arestas vivas, até 2 m de altura em materiais impermeáveis e resistentes à ação de desinfetantes e detergentes.

Equipamentos, aparelhos e acessórios Vestiários/Balneários desportivos

- Toda a tubagem (cabos e fichas elétricas, tubagens várias) deverão estar devidamente protegidos de modo a não colocarem em risco a segurança das pessoas.

- Os vestiários devem ser equipados com cabides fixos e assentos individuais ou bancos corridos, à razão de 0,40 m de largura de banco por utente. Zona de cacifos guarda-roupa, área de balneário com zona de duches com 0,80 m x 0,80 m, compostos com água quente e fria.

- Os vestiários/balneários devem ser dimensionados de acordo com os requisitos específicos de cada tipologia desportiva, e com Utência máxima, com um mínimo de dois blocos de serviço por cada um desses grupos.

- Instalações sanitárias com um mínimo de um lavatório e uma cabine de sanita. - As instalações desportivas deverão dispor de espaço para prestação de primeiros socorros com uma área para tratamento não inferior a 10 m. Variando em função dos requisitos específicos de cada tipologia desportiva.

- Nas instalações especiais para o espetáculo desportivo devem ser previstos postos devem ser previstos postos de primeiros socorros aos espectadores, na proporção mínima de uma unidade por cada 10.000 espectadores.

- Nas instalações desportivas que recebam público, com lotação inferior a 1000 espectadores, admite-se que o local de primeiros socorros dos praticantes desportivos sirva também o público.

Seguidamente, expressamos uma síntese das regras que devem conter as instalações desportivas de apoio à prática desportiva, particularizando os desportos náuticos, em integral cumprimento com o exposto no artigo 25.º do RJID. As instalações desportivas de apoio à prática de desportos náuticos devem localizar-se em locais abrigados dos ventos, e se possível de fácil acesso ao plano de água onde se realizam as atividades desportivas, permitindo, assim, melhor acesso aos veículos de transportes de embarcações e outros, ao cais de parqueamento ou acostagem, sempre que necessário. Contudo, estas regras poderão variar em função do tipo e dimensão da instalação desportiva a instalar, Quadro 8.

Quadro 8 - Critérios das Instalações Desportivas de apoio à prática de Desportos Náuticos Instalações Desportivas de Apoio Prática Desportos Náuticos

Cada instalação desportiva de apoio prática de desportos náuticos - deve ter em conta

- Rampas de acesso espelhos de água devem estar orientados com o seu sentido ascendente contrário aos dos ventos dominantes. A sua inclinação deve ser igual ou inferior a 8%, podendo em casos excecionais ir aos 10%. - Vestiários/Balneários para os praticantes com Utência máxima (U) com mínimo de dois blocos independentes, cada um com 10 m2 a 15 m2 de área de vestiário, balneário com cinco pontos de duche, dois lavatórios e duas cabines sanitárias. Contudo, estes valores poderão variar em função do tipo e dimensão da Instalação desportiva.

- As instalações desportivas direcionadas para o treino e formação devem (em particular nas modalidades de remo e canoagem) incluir um espaço de aquecimento e musculação com um mínimo de 50 m2. Contudo, estes valores poderão variar em função do tipo e dimensão da Instalação desportiva. - Os espaços e serviços auxiliares, devem possuir:

a) Parque de embarcações adjacentes ao cais, com recinto vedado;

b) Armazém de embalamento, em comunicação com caís e com área mínima de 30 m2;

c) Armazém para aprestos náuticos com 20 m2;

d) Possuir Instalações para o pessoal de serviço do cais.

Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico das Instalações Desportivas (2018)

Applebaum (1966) estabelece diferentes níveis para a localização de instalações desportivas:

I - Através de uma primeira macro análise, com uma abordagem a nível regional, selecionando uma determinada região e, dentro dela, pré-selecionando algumas áreas que o autor denomina como seleção da área de mercado;

II - Uma microanálise ou análise da área de mercado, onde demarca a seleciona o aglomerado urbano ao qual ela se destina e, dentro dele, a seleção específica da localização;

III - Avaliação do local.

No entendimento de Cunha (2007), a localização geográfica de instalações desportivas obedece a duas linhas diferenciadoras, mas que são complementares e que explicam lógicas subjacentes a este processo, nomeadamente:

a) Uma lógica de homogeneização, que tem por objetivo fundamental oferecer uma situação mínima de aplicação de critérios de igualdade no acesso dos cidadãos ao desporto e às correspondentes instalações;

b) Uma lógica de diferenciação, que permita, por outro lado, ao cidadão ou grupos de cidadãos que não se revêm nas práticas propostas, decidirem pelo consumo de atividades e instalações alternativas, desenquadradas dessas situações mínimas.

3.2.4. A Servidão Desportiva

A Servidão Administrativa define-se como um recurso que deverá ser disponibilizado em prole do desporto, quer tenha estatuto legal público ou privado. Uma qualquer instalação desportiva pode ser parte integrante de um plano urbanístico de uma determinada localidade ou circunscrição administrativa, dado o valor atrativo que o desporto representa. Em suma, a servidão desportiva não é mais do que uma figura legislativa que se destina a proporcionar às populações este tipo de benefícios (Cunha, 2007).

A Lei de Bases Desportiva, Lei n.º 1/90, de 13 de janeiro, no seu artigo 37.º, define o conceito de servidão desportiva ao determinar que os planos diretores municipais e os planos de urbanização devem reservar zonas nos seus planos para a prática desportiva. Por outro lado, e de acordo com o ponto 3 do mesmo artigo, os espaços e as infraestruturas que sejam licenciadas com vista a serem consignados à prática da atividade desportiva não podem, independentemente da sua prática, ter um estatuto público ou privado, ser alvo de um outro destino ou função diferente durante o plano de vigência onde se integram.

3.2.5. Imperativos Éticos de Arquitetura

Face à diversidade de legislação respeitante ao licenciamento de instalações desportivas, torna-se essencial abordarmos alguns aspetos importantes que se prendem com esta temática. Nesse contexto, iremos focalizar o nosso estudo nos procedimentos de licenciamento e respetivo procedimento administrativo respeitante ao licenciamento.