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BENEFÍCIOS DA RELAÇÃO ENTRE CÃES E HUMANOS

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.5 BENEFÍCIOS DA RELAÇÃO ENTRE CÃES E HUMANOS

De acordo com Pereira (2007), os seres humanos convivem com animais há milhares de anos e são mantidos pelo homem devido aos mais variados motivos. Por sua vez o relacionamento terapêutico homem animal é também antecedendo a própria história. Escritos antigos e mitos de Roma falam sobre o poder da cura divina através de cães sagrados. Animais domésticos têm um papel importante na vida do homem por milhares de anos. Foi encontrado no norte de Israel um esqueleto de um cão enterrado com um homem. Assim acreditava-se que o primeiro registro da associação entre o homem e o cão foi há 12.000 anos. Esse vínculo cresceu com o passar do tempo a ponto do animal tornar-se um elemento terapêutico para o homem.

Dotti (2005) comenta que desde 1792, na Inglaterra, já existiam estudos que mediam os benefícios da relação mais estreita com os animais, a começar com os doentes mentais. O então chamado York Retret, um centro de tratamento para pacientes com alterações mentais, utilizava a jardinagem, exercícios e vários animais domésticos para encorajar pacientes a viver a vida deles com mais ânimo e entusiasmo.

Dois médicos da África do Sul, Prof. Johannes e a Dra. Susan Lehmann, obtiveram ótimas respostas sobre a relação entre seres humanos e animais. Tanto humanos como os cães sofrem uma mudança hormonal benéfica nas endorfinas dentro de uma interação positiva de 15 minutos. A liberação dessas substâncias químicas não somente faz as pessoas felizes, mas também diminui o hormônio do estresse, que é o cortisol. O estudo realizado por Érika Friedmann e Sue Thomas, 1995, identificou que proprietários de cães tinham sobrevida maior depois de um ataque do coração do que não proprietários.

Cães são ótimos companheiros para crianças: podem ajudá-las a desenvolver maior habilidade nas relações sociais, além de responsabilidade e respeito ao próximo. Algumas pesquisas da Universidade de Melbourne - Austrália - apontaram que as crianças que tiveram algum tipo de animal até a idade de cinco anos, posteriormente se tornaram mais resistentes a algumas doenças. Enquanto isso, aquelas que não tiveram a experiência de ter um animalzinho de estimação, estavam mais propensas a desenvolver alergia e infecções de ordem respiratória. O fato de respirar o pó de casinhas de cachorros e até pelos, demonstraram que o

organismo humano desencadeia uma proteção natural conta o

vírus RSV, responsável por diversas infecções e problemas respiratórios. Alguns benefícios que os animais podem trazer às crianças são o desenvolvimento do senso de responsabilidade, ter um animal requer cuidados e estes cuidados, orientados pelo adulto, estimulam a autonomia e a responsabilidade. Cuidar da limpeza do bichinho e do seu habitat, cuidar da sua alimentação, medicá-lo quando necessário, também favorece o desenvolvimento do vínculo afetivo e a lidar com os mais diversos sentimentos, da frustração à alegria e até a morte. E nesta relação entre a vida e a morte que o animal de estimação tem um papel muito importante, a criança aprende a lidar com a perda, com a dor. Outro benefício é o relacionamento, a partir da convivência com animais, a criança aprende a se relacionar com as outras pessoas, desenvolvendo a sensibilidade, a observação, a compreensão e os

sentimentos de solidariedade, generosidade, zelo, afeto, carinho e respeito. Os animaizinhos também podem ser fortes aliados no desenvolvimento físico das crianças através de brincadeiras e exercícios. Os cães, por exemplo, exigem caminhadas diárias, isso pode incitar a criança a fazer passeios e jogos ao ar livre.

Além do afeto, os animais também podem produzir outros benefícios para a saúde. As Terapias Assistidas por Animais, TAA são capazes de promover melhoras físicas, sociais, emocionais e cognitivas humanas. Os animais são indicados para pessoas com deficiências sensoriais (visual e auditiva), dificuldades de coordenação motora (ataxia), atrofias musculares, paralisia cerebral, autistas, portadores de

Síndrome de Down, distúrbios comportamentais e outras afecções. (SOS CASAS

DE ACOLHIDA, 2013).

Dotti (2005) afirma que crianças mais jovens desenvolvem mais rapidamente a cognição e se tornam até mais espertas, com aumento considerável em seus pontos de QI. Podem desenvolver mais rapidamente sua coordenação motora, campo visual e sua inter-relação com o mundo exterior. Alunos que têm um envolvimento maior com os animais têm maiores índices de liderança e de altruísmo e menores índices de problemas comportamentais e menos ansiedade. Há programas nos quais as crianças leem para o cão. Um desses foi criado em 1999

nas escolas de cursos básicos na cidade de Salt Lake City – E.U.A. – e realmente

funcionou. Alguns cães foram treinados para essa tarefa, cada criança tinha 20 minutos com o cão: 2 minutos para cumprimentá-lo, 15 minutos de leitura e um pouco mais para despedir-se. O que ficou claro foi um ambiente de relaxamento e de descontração que proporcionou aos primeiros participantes (Figura 20).

Figura 20: Projeto “Reed to a dog”, ou “Leia para um cão” Fonte: Autoria própria, imagens coletadas da internet (2015)

Os animais podem prover distração, conforto e ter um efeito positivo sobre as crianças. Em hospitais e clínicas psiquiátricas, os pacientes hospitalizados têm nos

animais um catalisador para interações que ajudam no tratamento. Diminuem a

ansiedade e servem como uma recreação terapêutica.

Já com os idosos, os benefícios da relação com os animais vão desde a melhora na socialização, no cuidado com a própria saúde para poder cuidar do animal, até redução do estresse, pressão sanguínea, açúcar e outros (Figura 21).

Figura 21: Benefício Do Cão Para Idosos

Em 1962, Boris Levinson, considerado precursor da Terapia Assistida por Animais descreveu o uso destes animais na prática da psicologia e aos efeitos benéficos obtidos no tratamento. No Brasil a médica e psiquiatra Nise da Silveira foi a precursora da TAA. Ela realizou diversos estudos com pacientes esquizofrênicos no início nos anos 50. (PEREIRA, 2007). Esse tipo de terapia ainda é pouco difundido aqui no Brasil, porém países como Estados Unidos, Austrália, outros europeus e até mesmo o Egito já utilizam a TAA. Em algumas metrópoles brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro já contam com a visita de animais em centros de tratamento ou também asilos hospitais e escolas. A TAA também pode ser definida como uma terapia onde o animal faz parte do tratamento, com objetivos claros e dirigidos. Pode ser realizada em grupo ou individual. A premissa da Terapia Assistida por Animais é promover a saúde física, emocional e social (Figura 22). (INAATA4, 2015)

Figura 22: Terapia Assistida por Animais

Fonte: Autoria própria, imagens coletadas da internet (2015)

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INAATA - Instituto Nacional de Ações e Terapia Assistida por Animais é uma organização não governamental fundada em 2008 com o objetivo de proporcionar a idosos e crianças doentes melhoria na saúde física, emocional e mental através dos benefícios terapêuticos da relação homem-animal.

Martins (2011) em um estudo recente, publicado na edição de março do Journal of Physical Activity and Health, afirma que quem tem cão terá uma probabilidade menor de sofrer de obesidade, mas não só. Num desses trabalhos, realizado por uma equipe de investigadores australianos foi verificado que os donos de animais apresentavam a pressão arterial e os níveis de colesterol mais baixos – independentemente de fatores como tabagismo, dieta, índice de massa corporal ou rendimento.

Além destes benefícios para a saúde física, outros estudos têm documentado cientificamente benefícios para a saúde mental, tais como uma diminuição da frequência cardíaca, redução dos sentimentos de abandono e de desesperança, um maior otimismo e uma menor tendência para a depressão.

A constatar a importância dos animais para a saúde emocional, uma pesquisa analisou os benefícios da terapia com animais de estimação, ao ajudarem na recuperação de doentes submetidos a cirurgias. Nesse estudo, da Universidade Loyola, nos EUA, os cientistas verificaram que os pacientes submetidos a cirurgia de substituição total da articulação, aqueles que efetuaram terapia com cães treinados necessitavam 50% menos medicamentos para a dor, comparados àqueles que não participaram na terapia. Além destes benefícios, a ciência tem vindo a aproveitar as potencialidades dos cães para ajudar a diagnosticar certas doenças, incluindo certos tipos de câncer.

Por tudo isto, não é de estranhar que o cão seja considerado o melhor amigo do homem. E se no início da domesticação, o cão ajudava o homem na caça e na segurança das tribos, tendo em troca alimento e abrigo; a relação cresceu de tal modo que leva muitos especialistas a afirmar não existir registro de amizade tão forte e duradoura entre espécies distintas.

3 PROJETO

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