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6 PROJETOS EM DESTAQUE NA FEIRA DE 2012

6.1 BIOMINERAL FOMENTO NA AGRICULTURA

Trata-se do projeto premiado na 1ª FECEES. O trabalho consiste na investigação de que a substituição do calcário pelas cinzas vegetais pode se tornar uma alternativa no desenvolvimento de uma agricultura sustentável como mostram as figuras de 11 a 15, considerando ainda, os impactos da extração do calcário no ambiente, por se tratar de um recurso mineral não renovável. Por outro lado, as cinzas vegetais são compostas principalmente de cálcio e magnésio que podem corrigir o pH do solo com a mesma eficácia do calcário, e ainda fornecer outros nutrientes. Atualmente são produzidas toneladas desse composto que são descartadas incorretamente em lugares baldios, causando a desertificação do solo e contaminando os lençóis freáticos. A temática desse trabalho é eminentemente multidisciplinar, de abordagem sociocultural e CTSA, além de desvincular-se daquele estereótipo de que trabalho apresentado em feira de ciência são somente àqueles robôs, vulcões entre outros que, obviamente, também são importantes. Em conversas com os alunos desse projeto, disseram que tinham uma preocupação com a quantidade de cinzas que era produzida na cidade tanto pela queima da ”palha” do café, quanto pela queima efetuada nas “olarias”, já que a região é grande produtora de telhas e lajotas que utiliza a queima de carvão vegetal, por exemplo, e a destinação final para as cinzas, em geral é prejudicial ao ambiente. Esses alunos, para o desenvolvimento do trabalho, utilizaram conhecimentos variados.

Primeiro, um olhar já crítico para o problema da destinação das cinzas. Segundo, iniciaram uma observação mais detida acerca da realidade que os cercava e começaram a pensar, com a mediação do professor, na proposição de alternativas que pudessem ser viáveis no âmbito da comunidade e para além dela. A sustentabilidade, os malefícios da utilização dos agrotóxicos, debates sobre alimentação saudável e saúde. Interdisciplinaridade é uma constante no trabalho, ainda que tenha sido orientado por professores das disciplinas de física e química, o projeto dialoga com algumas outras entre elas a biologia, geologia, geografia, história, sociologia, por exemplo. É possível afirmar também que o projeto aborda questões referentes à ciência, tecnologia, sociedade e ambiente, contendo os requisitos necessários, para classificá-lo como projeto de abordagem CTSA.

Também as informações do professor dão conta do interesse, da motivação, autonomia, interdisciplinaridade e aprendizagem, que se verifica facilmente. Isso é visível e pudemos “vivenciar” tal fato na observação participante efetuada nas duas edições da FECEES.

Figura 11 – Cinzas utilizadas nos experimentos.

Fonte: EEEFM Alto Jatibocas. Disponível em http://portaldealtojatibocas.blogspot.com.br. (2012)

Figura 12 – Testes elaborados com cinzas durante a pesquisa.

Figura 13 – Testes elaborados com cinzas durante a pesquisa.

Fonte: EEEFM Alto Jatibocas. Disponível em http://portaldealtojatibocas.blogspot.com.br. (2012)

Figura 14 – Uso de reagentes químicos para testes de alcalinidade.

Figura 15 – Testes elaborados com diferentes culturas durante a pesquisa.

Fonte: EEEFM Alto Jatibocas. Disponível em http://portaldealtojatibocas.blogspot.com.br. (2012)

O resultado da análise da entrevista concedida pelo professor orientador desse projeto, conforme quadro 6, nos permite inferir que a participação na 1ª FECEES, onde se sagraram vencedores, foi bastante positiva na medida em que proporcionou aos alunos atividades que, certamente, não desenvolveriam no cotidiano da sala de aula. Alcançaram conhecimentos que ultrapassam o currículo proposto, tendo em vista que o objeto da pesquisa envolveu a comunidade onde os alunos aplicaram um questionário com perguntas sobre a utilização e destinação das cinzas. Isso possibilitou que conhecessem melhor a cadeia produtiva da comunidade e os reflexos dessa produção naquela mesma, ou seja, a contextualização é marcante nesse projeto, da prática do trabalho em grupo, no desenvolvimento da comunicação, sem falar no desenvolvimento das relações interpessoais, muito importante para jovens dessa faixa etária.

Ainda, conforme o professor, a motivação na preparação das atividades, no trabalho de campo era muito grande e era desenvolvida com muito entusiasmo pelos alunos componentes do grupo, sendo essa subcategoria dos aspectos motivacionais (categoria 1) a mais citada pelo professor, seguida pela intensa curiosidade e criatividade dos alunos. Na categoria 2, podemos destacar a interdisciplinaridade, apontada pelo professor, como a característica mais marcante, tendo em vista os diversos saberes aplicados no projeto.

Foram muitas as informações referentes aos aspectos biológicos, geológicos, químicos, físicos, ambientais e sociais entre outros, para a conclusão do projeto de forma adequada e satisfatória. Isso, de acordo com Mancuso (2006) e Hernández (1998), colabora com a aprendizagem do aluno na medida em que consegue articular os diferentes saberes disciplinares para a estruturação de um projeto. Outro aspecto importante, que podemos destacar na categoria 2, é a aproximação com o grande número de projetos apresentados na 1ª FECEES, com temas variados e o contato com tais temas poderão despertar mais interesse e curiosidade que poderão ser transformados em novos projetos, ou até mesmo, melhorias no projeto que estão apresentando.

E, por último, na categoria 3, relações interpessoais, obtivemos as maiores frequências de citações às cinco subcategorias ali elencadas. O trabalho em equipe foi citado doze vezes, o que nos permite inferir que essa subcategoria é de extrema importância para o desenvolvimento de projetos em geral, e especificamente os escolares. A seguir, com onze citações, temos a melhora na comunicação que, podemos afirmar à luz de todo arcabouço teórico que sustenta essa pesquisa, que é decorrente de toda a preparação do projeto, desde sua idealização, estruturação, viabilização e sua consequente construção, passa por inúmeros debates no interior do grupo o que faz com que o aluno exercite sua capacidade de intervenção, recepção de crítica, bem como fazê-la além, é claro, do grande momento do aluno que é a apresentação do projeto ao público em geral que, também solicitam informações e fazem questionamentos sobre o projeto.

Durante os três dias de apresentação dos trabalhos na 1ª FECEES, momento em que colocava em prática a observação participante, por meios de anotações, vídeos, fotos e gravações de áudio, era bem visível a satisfação dos alunos durante a apresentação, pois estavam ali representando seus municípios, sua escola e viam- se na obrigação de fazer a melhor apresentação possível. Achavam-se facilmente jovens dedicados e completamente compromissados com a atividade que estavam desempenhando naquele momento. “tenho que estar bem preparado para fazer a apresentação, vou representar minha escola”, aluno expositor.

Diante disso é possível afirmar que os reflexos positivos decorrentes de atividade dessa natureza na aprendizagem são inúmeros. Por exemplo, nem sempre o trabalho em grupo desvinculado de um projeto específico, surte o efeito desejado pelos professores. No entanto, quando esse trabalho está vinculado a um projeto específico, a possibilidade de sucesso é muito maior, tendo em vista o interesse e o comprometimento que os alunos demonstram acerca do projeto pesquisado. “minha escola participa sempre e é meu último ano. Tenho que deixar uma boa referência para os alunos que estão chegando. Aprendemos muito participando da feira”, aluna expositora falando sobre comprometimento com o trabalho.

Então, podemos afirmar que, nesse projeto, vencedor da 1ª FECEES estão contidos os fundamentos que direcionam essa pesquisa. Trata-se de um projeto bem estruturado que cumpriu as etapas necessárias para a construção do mesmo. Aborda um tema que está intimamente ligado à vida dos alunos e da comunidade escolar como um todo, logo, a contextualização constitui-se em elemento marcante tendo em vista a abordagem crítica com que trata o tema e a preocupação com a degradação ambiental, além da melhora na produção de alimentos. Tais elementos caracterizam o projeto como de abordagem CTSA, inclusive que se refere à interdisciplinaridade, conforme Santos e Auler (2011).

Quadro 6 – Aspectos indicados pelos docentes acerca da contribuição da 1ª FECEES para a aprendizagem dos alunos.

Categorias e subcategorias Nº de citações % de citações

1 – Aspectos motivacionais

Desperta a curiosidade/criatividade dos alunos 07 27

Motivação para preparar a atividade 08 31

Atualização de conhecimento 04 15

Conhecer a variedade de temas apresentados na feira 05 19

Desperta a criticidade nos alunos 02 08

Soma da categoria 1 26 100

2 – No que se refere ao conteúdo específico

Preparar material com linguagem diferente 04 11

Aprender a selecionar o conteúdo 04 11

Interdisciplinaridade 11 29

Atualização de conhecimento 05 13

Conhecer a variedade de temas apresentados na feira 08 21

Melhor compreensão da produção científica 06 15

3 – Relações interpessoais

Contato com os alunos de diferentes localidades 09 19

Maior interação professor-aluno 10 21

Processo de troca com o público 06 12

Trabalho em equipe 12 25

Melhora na capacidade de comunicação 11 23

Soma da categoria 3 48 100

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da entrevista com o professor, 2012.