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7 PROJETOS EM DESTAQUE NA FEIRA DE 2013

7.2 PROJETO KIT CAP

Entrevistamos o professor da EEEFM Catharina Chequer, localizada no Bairro Novo México, município de Vila Velha/ES, onde alunos desenvolveram o Projeto “Kit Cap”, que se constitui num boné com sensores para serem utilizados por deficientes

visuais na detecção de obstáculos na à altura da cabeça e que recebeu o prêmio “inovação do futuro” do Innova Word. Conforme o orientador do projeto:

“O Kit Cap é um projeto que vai facilitar o dia a dia dos deficientes visuais. Ajudando-os a desviar de obstáculos, deixando sua locomoção mais autônoma, sem comprometer a aparência, pois nós instalarmos 4 sensores em um boné normal e 2 em um colete. A ideia de utilizar um boné comum surgiu com a intenção de minimizar o impacto visual, fazendo com que ele, o deficiente utilize como vestimenta normal”. (professor orientador do projeto).

Ainda de acordo com informações do mesmo, os alunos estavam buscando uma ideia para apresentarem na 2ª FECEES, quando um deles, que havia visto a apresentação do Cão Guia na 1ª FECEES, no ano anterior, 2012, quando sugeriu a construção de um capacete com sensores para detecção de obstáculos à altura dos ombros e da cabeça. Nesse momento, surgiu um debate sobre a exposição a que o deficiente visual seria submetido ao utilizar um tipo de capacete, além do desconforto do peso. Neste momento, os alunos começaram a pensar no lugar do “outro”, ou seja, de que fará uso do equipamento. E, neste contexto, surgiu a ideia de fazer as adaptações em um boné e colete normais.

Neste projeto, também estão presentes os pressupostos da abordagem CTSA, haja vista que a temática está diretamente ligada à ciência e tecnologia, aliada ao contexto social e ambiental, já que os materiais utilizados no desenvolvimento do experimento são reaproveitados, além da interdisciplinaridade que permeia a construção do trabalho e, ainda que tecnologia seja explícita, a relação com as diferenças e necessidades específicas de algumas pessoas, aproxima o aluno da condição de cidadão. Os três alunos que desenvolveram o projeto são, como eles mesmos dizem, “ligados à robótica, à tecnologia e não imaginavam que, para desenvolver um projeto, teriam que aprender um pouco sobre tudo, inclusive melhorar o modo de conversar, além de respeitar a opinião dos outros.” Quando estes alunos percebem que, para desenvolver um projeto precisam juntar conhecimentos de áreas distintas, começam a consolidar o aprendizado e melhor, a contextualizá-lo. A análise da entrevista com o orientador confirma os reflexos positivos e o potencial educativo presente nesse tipo de evento, conforme os registros do quadro 9. Na categoria 1, aspectos motivacionais, a subcategoria motivação aparece com o maior número de citações, oito, que representa 27% das

mesmas. Seguida da curiosidade/criatividade com sete citações, representando 23%. Na categoria 2, conteúdo específico, a subcategoria variedade de temas apresentados na feira foi a mais citada, oito vezes, que representa 25%. E a segunda mais citada foi a subcategoria interdisciplinaridade, com seis citações, representado 25% delas. E, por fim, na categoria 3, relações interpessoais, o maior número de citações, foi da subcategoria trabalho em equipe oito vezes, atingindo 28% das mesmas. E a segunda mais citada foi a subcategoria processo de troca com o público, com 07 citações e 24%.

Quadro 9 – Aspectos indicados pelos docentes acerca da contribuição da 2ª FECEES para a aprendizagem dos alunos.

Categorias e subcategorias Nº de citações % de citações

1 – Aspectos motivacionais

Desperta a curiosidade/criatividade dos alunos 07 23

Motivação para preparar a atividade 08 27

Atualização de conhecimento 06 20

Conhecer a variedade de temas apresentados na feira 05 17

Desperta a criticidade nos alunos 04 13

Soma da categoria 1 30 100

2 – No que se refere ao conteúdo específico

Preparar material com linguagem diferente 03 09

Aprender a selecionar o conteúdo 05 16

Interdisciplinaridade 06 18

Atualização de conhecimento 05 16

Conhecer a variedade de temas apresentados na feira 08 25

Melhor compreensão da produção científica 05 16

Soma da categoria 2 32 100

3 – Relações interpessoais

Contato com os alunos de diferentes localidades 05 17

Maior interação professor-aluno 03 10

Processo de troca com o público 07 24

Trabalho em equipe 08 28

Melhora na capacidade de comunicação 06 21

Soma da categoria 3 29 100

Fonte: Elaborado pelo autor a partir da entrevista com o professor, 2013.

Ao finalizar a análise das entrevistas com os professores orientadores dos quatro trabalhos, sendo os dois primeiros da 1ª FECEES e os últimos da 2ª FECEES, a análise da observação participante levada a efeito nas duas edições (2012/13) da

FECEES, bem como a análise das video-gravações efetuadas, é possível inferir que, conforme nossa hipótese inicial e o referencial teórico que suporta esta pesquisa, os eventos dessa natureza promovem um frenesi nas escolas e nos alunos envolvidos em algum tipo de projeto a ser exposto.

Características essenciais em um projeto, tais como: criatividade, contextualização, interdisciplinaridade, da forma com propõe Hernandez (1998), são facilmente verificadas. Desde a concepção da ideia, que em regra, deve partir dos alunos, o planejamento, um cronograma, diário de bordo, tudo. Facilmente perceptíveis são àqueles benefícios/modificações identificados por Mancuso (1993) que são produzidos pelas feiras de ciências nos professores e estudantes participantes: 1) Crescimento pessoal e ampliação das vivências e conhecimentos; 2) Ampliação da capacidade comunicativa; 3) Mudanças de hábitos e atitudes; 4) Desenvolvimento da criticidade e da capacidade de avaliação; 5) Maior envolvimento, motivação e interesse; 6) Exercício da criatividade com a apresentação de inovações; 7) Politização principalmente pela formação de lideranças e visão de mundo. Também é possível identificar as principais características do movimento CTSA, nos trabalhos analisados, tendo em vista que em todos os quatro, é possível identificar uma profunda contextualização dos projetos com o cotidiano dos alunos e visam, ou de certa forma, buscam uma aproximação da ciência e tecnologia com a sociedade, facilitando o acesso.