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Capítulo 1 Contextualização teórica

1.2. As redes sociais e a escola

1.2.1. O blog como recurso educativo

O termo weblog surgiu em 1997, criado por Jorn Barger, sendo que blog é o diminutivo da palavra weblog. Ao dividirmos a palavra obtemos web-log, Web refere-se à internet, enquanto que log significa diário (Fonseca, Souza, & Oliveira, 2013). Por seu turno, Cruz (2008) e Oravec (2003) afirmam que o blog é um diário na Web com links para outros sites, cuja informação se encontra estruturada em publicações, da mais recente até à mais antiga, apresentando, por vezes, um índice.

Um blog constitui um software social, apresentando três particularidades fundamentais. A comunicação, pois cada publicação consiste numa forma de comunicar com os leitores. A comunidade, dado que um blog existe para a partilha de informação com diversas pessoas que se interessem pelo assunto abordado. E, ainda, a cooperação uma vez que um blog resulta da partilha e da participação dos leitores, nem que seja a partir de um simples comentário (Bastos, 2011). Identifica-se, assim a facilidade de partilhar, enviar e receber informação (interatividade), obter outras informações (hipertexto) e trocar ideias (interatividade cognitiva) (Poveda, 2009). Para além de um instrumento de publicação, um blog consiste, também, num utensílio de comunicação, possibilitando o desenvolvimento de projetos de partilha e, ainda, de discussão de perspetivas. Por se tratar de um serviço online propicia a possibilidade de serem lidos e comentados em qualquer lugar, desde que se tenha acesso à

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Por sua vez, Escola e outros (2014), definem blog como um recurso para todos os segmentos do conhecimento, podendo ser utilizado nas mais variadas disciplinas escolares. Acrescentam ainda que, mesmo que contenha mais dados sobre uma área especifica, não se limita a esse tema.

A disseminação de ferramentas e de recursos na Web 2.0 é gigantesca, proporcionando aos utilizadores o seu uso de forma participativa e ativa (Bastos, 2011). Com estas ferramentas, sendo gratuitas e fáceis de publicar, como o blog, o professor poderá proporcionar uma aprendizagem mais genuína aos seus alunos. O seu uso, em contexto de sala de aula, desenvolverá aptidões intrínsecas à disciplina e preparará jovens mais conscientes da existência de uma comunidade em expansão. Ao mesmo tempo, os trabalhos partilhados estarão acessíveis para análise dos colegas e dos encarregados de educação, permitindo o acompanhamento do progresso dos seus educandos a nível escolar (Cruz, 2008). De facto, constituem-se como lugares de reflexão, nos quais se podem enumerar sites importantes, discutir temáticas, ajudando, assim, a construir redes sociais e redes de saberes (Carvalho, Moura, Pereira, & Cruz, 2006).

A publicação de mensagens com textos, imagens, ou vídeos tornou-se simples de executar, permitindo que qualquer indivíduo crie ou comente em blogs, quer sejam pessoais ou temáticos. Embora tal também seja possível fazer através do Facebook ou colocando vídeos no YouTube (Bastos, 2011). Por este motivo, vários professores criaram blogs que existem há alguns anos, o que se confirma através de uma pesquisa na internet, descobrindo, assim, uma grande variedade de blogs, abordando temas de todas as disciplinas escolares (Cruz, 2008).

De acordo com Gomes e Lopes (2007) não é necessário a criação de um novo blog, podem-se utilizar blogs que o professor considere de interesse e fiáveis para a realização de pesquisas. Afirmam, ainda, que a criação de um blog por parte de um grupo de professores, no qual são abordados temas relacionados com a disciplina que lecionam, proporciona, aos alunos, acesso a informação que consideram pertinente e atualizada.

Num blog, usado em contexto educativo, publicam-se, periodicamente, os trabalhos que se vão realizando, partilhando experiências e vivências do dia a dia; comunicam-se as atividades desenvolvidas no âmbito de um projeto, como por exemplo, textos, experiências, dramatizações, fotografias ou vídeos. Também se podem criar histórias interativas, inclusive a partir de ideias partilhadas pelos visitantes do blog. Desta forma, desenvolvem-se competências de leitura, interpretação, escrita e sentido crítico, ao analisarem textos

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15 publicados pelo professor, assim como, realizando tarefas de investigação propostas pelo professor através de desafios, entre outros (Bastos, 2011).

Uma abordagem diferente, centrada nas atividades que os alunos executam enquanto

bloggers, reside na orientação dos alunos para realizarem pesquisa, selecionarem, analisarem

e publicarem a informação que consideram relevante, tendo sempre presente as competências educativas a desenvolver (Gomes & Lopes, 2007).

Por outro lado, Carvalho e outros (2006), apontam outras aplicações dos blogs, como elaborar um caderno diário eletrónico, gerido pelos alunos, no qual publicam, comentam e avaliam o trabalho dos restantes elementos da turma. Criar um portefólio ou, ainda, um fórum, neste caso, dinamizado pelo professor no qual os alunos participam comentando, para o que necessitarão, por vezes, de pesquisar na internet ou em outras fontes.

O professor, ao criar um blog como extensão às atividades em sala de aula, pode publicar as tarefas, os questionários, as fotografias de visitas de estudo, propor trabalhos de investigação ou, mesmo, colocar avisos. No caso de um professor de Matemática, apresentar a resolução de exercícios, partilhar demonstrações geométricas ou algébricas no Geogebra, sendo sempre permitido a participação dos alunos através de comentários (Cruz, 2008).

Quando o aluno tem a possibilidade de criar, publicar e comentar, o professor utiliza o

blog para dar um feedback ao aluno, apontando o que deve ser corrigido e a melhor forma de

o fazer. Desta forma, o professor interage, mais facilmente, com o aluno, estimulando-o a raciocinar e solucionar problemas (Escola et al., 2014).

Uma das funcionalidades essenciais dos blogs, em sala de aula, consiste na possibilidade de uma autoria múltipla, assumindo-se vários utilizadores como autores do blog, permitindo, assim, colocar publicações próprias e comentar as de outros elementos (Gomes & Lopes, 2007). Um blog conduz, os alunos, numa jornada de introspeção, permitindo-lhes a partilha de conhecimento, e promovendo valores de cooperação, reflexão e partilha (Kang, Bonk, & Kim, 2011).

Destaca-se, ainda, a redução do núcleo de trabalhos copiados, em virtude de os professores publicarem materiais, dicas de trabalho e explicações, tendo, os alunos, a possibilidade de expor as suas dúvidas a qualquer momento (Akbulut & Kiyici, 2007).

Além da possibilidade de contacto permanente com os colegas e os professores, os

blogs permitem a inclusão de links para sites, nos quais encontrarão informação dos materiais

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Ao permitir a colaboração de diversos alunos e professores, quer sejam da mesma escola ou de outras escolas, um blog possibilita a realização de projetos diversificados, inclusive a nível internacional (Akbulut & Kiyici, 2007; Gomes & Lopes, 2007; Wagner, 2003).

Existem outras utilizações possíveis de um blog no ensino, sendo que estas centram-se essencialmente nos professores, tais como, refletir sobre experiências pedagógicas, descrever recursos e metodologias, relatar dicas e ilustrá-las, partilhando desafios profissionais. Permite ainda, criar um espaço que reúna obras, trabalhos como um portefólio, bem como, noutra perspetiva, partilhar informação relacionada com o ensino, como calendários, eventos, recursos, contactos e avaliações (Tzotzou, 2013).

Em algumas implementações dos blogs na formação de professores, estabeleceu-se uma comunicação constante, inclusive para membros que não estivessem presentes em sessões da formação, auxiliando-os a obterem os materiais e acompanhar a formação (Poling, 2005).

Por sua vez, B. Ray e Coulter (2008), apontam para a ajuda que os blogs oferecem aos professores recém-formados, pois poderão procurar conselhos de outros professores. Além disso, os blogs encorajam os professores a criarem uma sociedade que ampare a prática profissional uns dos outros, proporcionando orientação e diversas perspetivas num meio livre e amigável.

Quando um blog é usado pelo professor também funciona como um meio de comunicação entre os pais e os professores, como recurso instrucional, instrumento colaborativo e, obviamente, como um portefólio para trabalhos de estudantes. Para além disso são mais eficazes na divulgação de informação do que os anúncios impressos tradicionais, eliminando os esquecimentos por parte dos alunos, ou a confusão que possa, eventualmente, surgir na transmissão de uma dada informação (J. Ray, 2006). Desta forma, os pais não terão de ir, obrigatoriamente, à escola, evitando, assim, a incompatibilidade de horários. Além disso, os pais ficarão informados dos trabalhos realizados em sala de aula, da existência ou não de trabalhos de casa e, até mesmo, o progresso escolar dos filhos (Patrikakou, 2015).

Caso pretendam, os professores poderão disponibilizar livros didáticos online, sites educacionais, vídeos, entre outros recursos, para que os pais participem, ativamente, na aprendizagem dos seus filhos, acompanhando-os na realização dos trabalhos de casa (Olmstead, 2013).

Salienta-se que o professor poderá experimentar e otimizar outra ferramenta que utilize, como um blog ou uma página no Facebook, no entanto, estes recursos, também, constituem

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17 uma distração para os alunos, portanto devem ser sempre mediados por um adulto, quer seja a professora ou os encarregados de educação (Carvalho et al., 2006).

Desta maneira, incrementa-se o leque de oportunidades de envolver os pais na educação dos seus filhos, responsabilidade partilhada entre os pais e a própria escola (Olmstead, 2013).

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