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3.3 Legislação e Políticas Governamentais

3.3.2 Brasil

3.3.2.1 Conselho Nacional de Meio Ambiente e Política Nacional de Resíduos Sólidos

Em 2002, o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) publicou a Resolução nº 307, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos gerados pelo setor, abrangendo desde a caracterização e a classificação desses resíduos, como também aspectos

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sobre sua coleta e armazenagem, até sua destinação final, definindo as respectivas responsabilidades em cada etapa. Essa resolução foi modificada por três outras (nº 348, de 2004; 431, de 2011; e 448, de 2012).

Essa resolução classifica os resíduos da construção em quatro classes, de acordo com o risco que oferecem ao meio ambiente e a viabilidade técnica e econômica de seu reaproveitamento. E possui, entre outros pontos, as definições dos principais termos e expressões relacionados aos resíduos e sua gestão.

Apesar da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), no Congresso Nacional em 2010, a Resolução CONAMA nº 307/2002 continua sendo a base normativa para tudo o que se refere aos resíduos na construção.

Os resíduos gerados na construção civil ainda não são passíveis do sistema de logística reversa, justamente por não estar listado no texto da nova PNRS. No entanto, o CONAMA antecipou o que a PNRS diz, obrigando os geradores a buscar soluções de reciclagem para os resíduos de setor de construção.

A Resolução CONAMA nº 307/2002, assim como a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina aos próprios geradores a responsabilidade pela destinação correta dos resíduos.

3.3.2.2 Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e Política Estadual de Resíduos Sólidos

No Estado de São Paulo, a Resolução da Secretaria de Meio Ambiente nº 41, de 17 de Outubro de 2002, dispõe sobre procedimentos para o licenciamento ambiental de aterros de resíduos inertes e da construção civil.

Os motivos principais considerados para a elaboração desta resolução são os seguintes:  Geração de grande quantidade de resíduos, que, se dispostos em locais inadequados,

contribuem para a degradação da qualidade ambiental;

 Os resíduos da construção civil representam um significativo percentual dos resíduos sólidos produzidos nas áreas urbanas;

 As cavas resultantes da atividade de mineração constituem degradação ambiental, além de sério risco à saúde da população, por facilitar a proliferação de vetores de doenças e provocar frequentes casos de morte por afogamento;

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 Necessidade de disciplinar o gerenciamento dos resíduos da construção civil e resíduos inertes em geral, por meio da adoção de soluções tecnicamente corretas e de ferramentas institucionais que privilegiem a ação preventiva (SÃO PAULO, 2012).

Para que os objetivos da Secretaria de Meio Ambientam sejam alcançados esta resolução define que a disposição final de resíduos da construção civil classificados como classe A e resíduos inertes fica sujeita ao licenciamento ambiental quanto à localização, à instalação e à operação (SÃO PAULO, 2012).

Os órgãos responsáveis pela fiscalização para garantir a correta aplicação da Resolução são: o DUSM - Departamento de Uso do Solo Metropolitano, o DEPRN - Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais e a CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, no âmbito de suas competências (SÃO PAULO, 2012).

3.3.2.3 Protocolo de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável no Setor da Construção Civil no Estado de São Paulo

Em 2008, o setor produtivo da construção civil, assinou junto ao Governo do Estado de São Paulo o Protocolo Ambiental da Construção Civil e Desenvolvimento Urbano, que visa adotar ações destinadas a consolidar o desenvolvimento sustentável do setor (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008).

O protocolo assinado ressalta que na concepção dos empreendimentos deverão ser considerados os aspectos do uso racional dos recursos naturais, uso de materiais, equipamentos e sistemas construtivos que causem menor impacto ao meio ambiente, durabilidade e flexibilidade na concepção de espaços e instalações prediais que permitam revitalização futura, melhor desempenho ambiental durante a operação e menor impacto no caso de sua desmobilização (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008).

Neste protocolo de cooperação, um dos membros é o SindusCon-SP, o qual possui a responsabilidade de orientar os empreendedores associados cumprir a legislação ambiental vigente no Estado de São Paulo e a introduzir, sempre que viável técnica e economicamente, critérios socioambientais, em seus empreendimentos. Essa capacitação ocorre por meio de seminários e treinamentos (SINDUSCON-SP, 2008).

A não geração de resíduos também é tratada no protocolo. Secundariamente, é proposta a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final adequada e acordo com a legislação. Entre

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outras diretrizes propostas, consta o combate à informalidade na relação com funcionários, fornecedores e governo, bem como o estímulo a atividades de educação ambiental, coleta seletiva de resíduos, gestão de água, energia e outras (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008). Por se tratar de um protocolo, a participação é voluntária. Entre as organizações que se comprometeram estão: Secretaria do Meio Ambiente, Secretaria da Habitação, Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Aelo (Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano), Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas), Asbea (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2008).

3.3.2.4 Legislação Municipal de Limeira sobre RCC

A cidade de Limeira possui a Lei nº 4.812, de 14 de outubro de 2011 que regulamenta a coleta, triagem, reutilização, reciclagem, reservação ou destinação, disposição e o transporte de resíduos da construção civil e de resíduos volumosos, de acordo com o previsto no Estatuto das Cidades, Lei nº 10.257/01, e na Resolução CONAMA nº 307/2002.

Esta lei diz que os resíduos da construção civil e os resíduos volumosos não podem ser dispostos em áreas de “bota fora” como encostas, corpos d’água, lotes vagos, áreas não licenciadas e áreas protegidas por lei. Desse modo, devem ser destinados as áreas indicadas, visando à triagem, reutilização, reciclagem, reservação ou destinação mais adequada, conforme a legislação federal específica (PML, 2011).

Outro ponto importante são as definições dos geradores, a classificação do volume em grande e pequeno e a descrição dos receptores e transportadores dos resíduos:

Geradores de Resíduos da Construção Civil: pessoas físicas ou jurídicas, proprietárias ou responsáveis por obra de construção civil ou empreendimento com movimento de terra, que produzam resíduos da construção civil.

Geradores de Resíduos Volumosos: pessoas físicas ou jurídicas, proprietárias, locatárias ou ocupantes de imóvel em que sejam gerados resíduos volumosos.

Grandes Volumes de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos: aqueles contidos em volumes superiores a um metro cúbico (1m³).

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Pequenos Volumes de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos: aqueles contidos em volumes até um metro cúbico (1m³).

Receptores de Resíduos da Construção Civil e de Resíduos Volumosos: pessoas jurídicas operadoras de empreendimento cuja função é o manejo adequado de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos em pontos de entrega, áreas de triagem, áreas de reciclagem e aterros, entre outras.

Transportadores de Resíduos da Construção Civil e Resíduos Volumosos: pessoas físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte remunerado dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação.

Também foi definido que os pontos de entrega para pequenos volumes, atuais Ecopontos, receberão de munícipes e pequenos transportadores cadastrados, descargas de resíduos de construção e resíduos volumosos, limitadas ao volume de um metro cúbico por descarga, para triagem obrigatória, posterior transbordo e destinação adequada dos diversos componentes.

Estes locais podem, sem comprometimento de suas funções originais, serem utilizados de forma compartilhada por grupos locais que desenvolvam ações de coleta seletiva de resíduos secos domiciliares recicláveis.

No entanto, é vedado aos pontos de entrega para pequenos volumes receber a descarga de resíduos domiciliares não inertes oriundos do preparo de alimentos, resíduos industriais e resíduos de serviços de saúde.

Nos termos da legislação municipal, os geradores de grandes volumes de resíduos da construção civil cujos empreendimentos requeiram a expedição de alvará de aprovação e execução de edificação nova, de reforma ou reconstrução, de demolição, de muros de arrimos e de movimento de terra, devem desenvolver e implementar Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.

Nesta mesma lei constam as responsabilidades e disciplinas dos geradores, transportadores e receptores, incluindo as regras para todas essas etapas e penalidades quando necessário.