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3.3 Legislação e Políticas Governamentais

3.3.1 União Europeia e Outros Países

A Diretiva 2006/12/CE, de 5 de Abril de 2006, foi criada pelo Parlamento Europeu para pressionar os Estados-Membros a realizar melhorias relacionadas à produção e gestão de resíduos. Esta Diretiva define conceitos-chave, como os de resíduo, valorização e eliminação, e estabelece os requisitos essenciais para a gestão de resíduos, principalmente a obrigação de um estabelecimento ou uma empresa que efetue operações de gestão de resíduos ser licenciada ou registrada e a obrigação de os Estados-Membros elaborarem planos de gestão de resíduos.

Também define princípios fundamentais, como a obrigação de tratamento dos resíduos de uma forma que não tenha impactos negativos ao ambiente e à saúde humana, a hierarquia dos resíduos e, de acordo com o princípio do “poluidor-pagador”, a exigência de que os custos da eliminação dos resíduos sejam suportados pelo seu detentor atual, pelos anteriores detentores dos resíduos ou pelos produtores do produto que deu origem aos resíduos (EUROPEAN PARLIAMENT, 2006).

No entanto, a Diretiva 2008/98/CE determinou a necessidade de rever a Diretiva 2006/12/CE, de modo a clarificar conceitos-chave, reforçar as medidas que deveriam ser tomadas em matéria de prevenção de resíduos, introduzir uma abordagem que levasse em conta todo o ciclo de vida dos produtos e materiais e não apenas a fase de resíduo, e ainda evidenciar a redução dos impactos ambientais da geração e gestão de resíduos, reforçando assim o seu valor econômico.

Além disso, deveria ser incentivada a valorização dos resíduos e a utilização dos materiais resultantes dessa valorização, a fim de preservar os recursos naturais. Por uma questão de clareza e legibilidade, a Diretiva 2006/12/CE deveria ser revogada e substituída por uma nova diretiva.

A hierarquia dos resíduos apresentada nesta nova Diretiva se aplica por ordem de prioridades: 1) Prevenção e redução; 2) Preparação para a reutilização; 3) Reciclagem; 4) Outros tipos de valorização, por exemplo, a valorização energética; e 5) Eliminação.

O produtor ou o detentor de resíduos deve proceder ele próprio ao tratamento dos resíduos ou deve confiá-lo a um comerciante, estabelecimento ou empresa. Os Estados-Membros podem cooperar, se necessário, com vista à constituição de uma rede de instalações de eliminação de resíduos. Esta rede deve permitir a independência da União Europeia (UE) em matéria de tratamento de resíduos.

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Os resíduos perigosos devem ser armazenados e tratados em condições de proteção do ambiente e da saúde. Não devem, de modo algum, ser misturados com outros resíduos perigosos, devendo ser embalados ou rotulados de acordo com as normas internacionais ou comunitárias.

Qualquer estabelecimento ou empresa que pretenda efetuar o tratamento de resíduos deve obter uma licença junto as autoridades competentes que determinam, nomeadamente, a quantidade e o tipo de resíduos tratados, o método utilizado, bem como as operações de acompanhamento e controle.

Qualquer método de incineração ou co-incineração destinado a uma valorização energética deve efetuar-se apenas se apresentar uma eficiência energética elevada.

As autoridades competentes devem estabelecer um ou vários planos de gestão destinados a abranger todo o território do Estado-Membro em questão. Estes planos incluem, especificamente, o tipo, a quantidade, a origem dos resíduos, os sistemas de coleta existentes e os critérios de localização.

Devem igualmente elaborar planos de prevenção de forma a dissociar o crescimento econômico dos impactos ambientais relacionados com a produção de resíduos. Estes planos são notificados à Comissão Europeia pelos Estados-Membros (EUROPEAN PARLIAMENT, 2008).

França

Na França, a legislação sobre resíduos prevê um plano nacional de prevenção de resíduos, além de planos regionais, inter-regionais, de departamento e interdepartamentos. O gerenciamento de resíduos está sob a responsabilidade das autoridades locais ou entidades por elas autorizadas. A eliminação dos resíduos domiciliares é de responsabilidade das autoridades locais, enquanto a eliminação dos resíduos industriais, de transporte e da construção civil é de responsabilidade do produtor dos resíduos (JURAS, 2012).

Portugal

Em Portugal, o Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, emitiu o Decreto-Lei nº 46/2008 que aprova o regime da gestão de resíduos de construção e demolição.

O decreto-lei estabelece o regime das operações de gestão de resíduos de construção e demolição (RCD), compreendendo a sua prevenção e reutilização e as suas operações de coleta,

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transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação. A gestão dos RCD é de responsabilidade de todos os intervenientes no ciclo de vida, desde o produto original até o resíduo produzido (PORTUGAL, 2008).

A elaboração de projetos e a respectiva execução em obra devem privilegiar a adoção de metodologias e práticas que:

 Minimizem a produção e periculosidade dos RCD, através da reutilização de materiais e da utilização de materiais não suscetível de originar RCD contendo substâncias perigosas;  Maximizem a valorização de resíduos, por meio da utilização de materiais reciclados e

recicláveis;

 Favoreçam os métodos construtivos que facilitem a demolição orientada para a aplicação dos princípios da prevenção e redução e da hierarquia das operações de gestão de resíduo (PORTUGAL, 2008).

Condicionando a disposição de RCD em aterro a uma triagem prévia, o decreto-lei pretende contribuir para um incremento da reciclagem ou de outras formas de valorização de RCD e, concomitantemente, para a minimização das quantidades depositadas em aterro. Destaca-se ainda a introdução de uma taxa de gestão de resíduos específica para inertes de RCD (PORTUGAL, 2008; MARTINS; GONÇALVES, 2008.).

Japão

No Japão, a lei relativa aos resíduos da construção civil, determina que, para construir ou demolir edificações: o proprietário deve apresentar à prefeitura, previamente, um plano relativo à separação e reciclagem dos resíduos; o construtor deve separar os resíduos e reciclar materiais específicos (madeira, concreto e asfalto), e informar ao proprietário. A lei também exige que as empresas de demolição sejam registradas junto à prefeitura (JURAS, 2012).