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3.2 Resíduos da Construção Civil

3.2.3 Geração e Composição dos Resíduos da Construção Civil no Brasil

No Brasil, os resíduos da construção civil representam, em média, 50% a 70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2012b). A geração dos RCC ocorre de forma difusa e sua maior parcela é composta pelo pequeno gerador, cerca de 70% do resíduo gerado, provenientes de reformas, pequenas obras e nas obras de demolição, em muitos casos coletados pelos serviços de limpeza urbana. Os 30% restantes são provenientes da construção formal (SÃO PAULO; SINDUSCON, 2012).

Como é possível verificar no Gráfico 2, os valores referentes às reformas, ampliações e demolições representam mais que a metade do total de RCC gerado no país.

Gráfico 2. Origem dos RCC em algumas cidades brasileiras, % da massa total.

Fonte: adaptado de Pinto e Gonzáles (2005).

É difícil encontrar números exatos da quantidade de RCC gerada em uma construção específica, mas estima-se que este valor corresponda a 30% do peso total dos materiais de construção utilizados em um canteiro de obras; no Brasil, esta taxa pode variar de 20 a 30% (OSMANI, 2011).

59% 20%

21% Reformas, Ampliações e Demolições

Residência nova

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Segundo Lima e Lima (2009) e Osmani (2011), a geração de RCC é ocasionada por uma variedade de causas, principalmente devido aos fatores listados no Quadro 2.

Quadro 2. Origens e causas da geração dos resíduos de construção civil.

Origens Causas

Projeto

 Ausência de definições e/ou detalhamentos satisfatórios.  Falta de precisão nos memoriais descritivos.

 Alterações de projeto.

 Especificações inadequadas / incoerentes / incorretas.  Ausência de coordenação e comunicação eficiente.

Gestão e Planejamento

 Inexistência de planos de gestão de resíduos no local.

 Planejamento inadequado em relação às quantidades necessárias.

 Atrasos na transmissão de informações sobre os tipos e tamanhos de materiais e componentes a serem utilizados.

 Falta de controle de material no local.  Falta de supervisão.

 Perdas de materiais de construção nas obras através do desperdício durante o seu processo de execução.

 Baixa qualidade dos materiais adotados e tipos de materiais que existem na região da obra.

Operação

 Acidentes devido negligência.  Materiais e produtos não utilizados.  Mau funcionamento dos equipamentos.  Baixa qualificação da mão-de-obra.  Uso de técnicas “artesanais”.

 Desconhecimento de tecnologias na área da construção civil.  Uso de materiais errados, resultando em sua eliminação.  A pressão do tempo.

 Tipo de técnica escolhida para a construção ou demolição.

 Falta ou ineficiência dos mecanismos de controle durante a execução da obra.  Falta de processos de reutilização e reciclagem no canteiro.

Recebimento, Armazenamento e

Transporte e Manipulação dos

materiais

 Danos durante o transporte.

 Dificuldade dos veículos de entrega acessar os locais da construção.

 Proteção e cuidados insuficientes durante o transporte, descarga e armazenamento.

 Restos de materiais que são perdidos por danos no recebimento, transporte e armazenamento.

 Local de armazenamento impróprio levando a danos ou deterioração.  Materiais armazenados longe do ponto de aplicação.

 Ausência de métodos de transporte e armazenamento até o ponto de aplicação.

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Quadro 2 (continuação). Origens e causas da geração dos resíduos de construção civil.

Origens Causas

Organização dos materiais

 Erros de encomenda (pedidos de itens em desacordo com a especificação).  Dificuldade para encomendar pequenas quantidades.

 Erros enviados pelos fornecedores.

 Resíduos de processos de aplicação ou corte (exemplo: excesso de preparação de argamassa).

 Embalagens.

Outros

• Tempo (chuva, vento). • Vandalismo.

• Roubo.

Fonte: adaptado de Lima e Lima (2009) e Osmani (2011).

Devido à existência de vários fatores, as características dos RCC estão relacionadas a parâmetros específicos da região geradora do resíduo e à variação ao longo do tempo (JOHN, 2001). Sandler (2003) publicou a porcentagem dos materiais que compreendem os resíduos da construção civil, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1. Estimativa da composição dos resíduos da construção civil.

Material Quantidade (%)

Concreto e caliça 40 – 50

Madeira 20 – 30

Gesso cartonado 5 – 15

Telhas e mantas asfálticas 1 – 10

Metais 1 – 5

Tijolos 1 – 5

Plásticos 1 – 5

Fonte: Sandler (2003).

A composição e a quantidade dos resíduos também são afetadas pela diversidade de matérias-primas e técnicas construtivas, assim como, a metodologia de amostragem e o local de coleta da amostra, canteiro ou aterro, também podem influenciar a composição do entulho (JOHN, 2001; OLIVEIRA et al., 2011). A Tabela 2 apresenta a composição de RCC de algumas cidades brasileiras e o Gráfico 3 contém a média da composição entre os materiais das cidades apresentadas.

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Tabela 2. Composição dos RCC de algumas cidades brasileiras.

MATERIAL (%)

ORIGEM

Maceió (AL)1 Natal (RN)2 Distrito Federal (DF)3 Porto Alegre (RS)4 Ituiutaba (MG)5 São Carlos (SP)6 Fortaleza (CE)7 Concreto 19 40 10 18 5 19 15 Argamassa 28 28 44 23 8 38 Pedra - 6 - - 10 - Rochas - - 1,8 - - 3 Solo - - 44 - - 9 - Areia - - - 9 9 Cerâmica 48 30 13 36 56 26 13 Cerâmica Polida 3 - 0,1 7 14 11 Madeira - 15 - - 0,5 7 - Fibrocimento - - - - - 2 - Rochas - - - 1,8 - - 3 Tijolo - - - - - - 5 Metais - 7 - - - 2 - Gesso - - 0,2 - - 1 4 Plástico - 8 - - - 1 - Vidro - - - - 1 - Outros 2 - 0,5 - - - 2

1 Vieira (2003); 2 Silva Filho (2005); 3 Rocha (2006); 4 Lovato (2007); 5 Tavares (2007); 6 Marques Neto (2009); 7 Oliveira et al. (2011).

Gráfico 3. Cálculo médio da composição dos RCC das cidades brasileiras citadas na Tabela 2.

Fonte: elaborado pelo autor baseado em Vieira (2003);Silva Filho (2005);Rocha (2006); Lovato (2007); Tavares (2007); Marques Neto (2009); Oliveira et al. (2011).

45,11 % 10, 14 % 36, 73% 3,21% 0,29%0,69% 0,71% 1,29 % 0,74 % 1,43 % 0,64 % Concreto/Argamassa/Pedra/Rochas Solo/Areia/Finos Cerâmica/Cerâmica Polida Madeira Fibrocimento Rochas Tijolo Metais Gesso Plástico e vidro Outros

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Em relação ao manejo dos RCC, na maioria dos casos os transportadores privados são responsáveis por até 80% dessa atividade. Deste modo, para o levantamento de números confiáveis sobre estes resíduos é indicada a busca de informações diretamente com agentes externos à administração pública. É importante consultar caçambeiros, carroceiros e outros coletores autônomos para concluir um bom diagnóstico (BRASIL, 2012b).

A quantificação dos resíduos volumosos deve ser diagnosticada em conjunto com os resíduos da construção, pois estes são manejados pelo mesmo tipo de transportador. Dados adicionais podem ser obtidos junto aos municípios que organizam campanhas de “cata treco”, os quais conseguem indicar o percentual do volume composto por este tipo de resíduo. Os inventários de alguns municípios divulgaram taxa de geração de 30,0 kg anuais per capita (BRASIL, 2012b).