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Breve histórico e caracterização da rede de promoção, proteção e defesa dos

4. PERSPECTIVAS DE PROTEÇÃO E ENFRENTAMENTO DA REDE EM

4.2 Breve histórico e caracterização da rede de promoção, proteção e defesa dos

NATAL/RN

Preliminarmente, quando iniciava as indagações para este estudo, partia-se do pressuposto de que havia, sim, uma rede voltada ao tratamento da exploração sexual no âmbito municipal, dada a complexidade de demandas para esta atividade que temos no território, exaustivamente colocadas no decorrer das descrições teóricas e práticas, além da importância de contribuir com a minimização do fenômeno através dos serviços públicos municipais.

Porém, no trabalho de campo, percebeu-se que uma rede voltada diretamente para o trato da exploração sexual não existe em Natal/RN. O que existe é uma rede de serviços que, de modo generalista, pauta a promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes e que, na medida do possível, trata dos casos de exploração que chegam até ela, sendo uma rede não menos importante para a garantia de direitos e proteção, mas diferente das indagações preliminares.

Por isso, é essa a rede que será referenciada neste item daqui em diante. Ela foi identificada com a pesquisa, seus atores e instituições forneceram subsídios importantes para a construção das ponderações a serem dispostas no decorrer das próximas descrições.

Diante disso, empreende-se que a realidade de exploração sexual em Natal/RN é antiga e de conhecimento da gestão e toda a rede. É sabido que possuímos uma vasta região litorânea que serve como lócus para a disseminação da exploração sexual. Por essa razão, decidiu-se desenvolver uma síntese do histórico dessa prática na cidade, algumas instituições e serviços que tivemos, como vêm se reordenando os serviços no território para que, posteriormente, possamos compreender a configuração da rede na atualidade.

Ao longo das gestões ocorridas e das trajetórias de programas e serviços voltados à promoção, proteção e defesa ofertados pelo município de Natal/RN para a criança e o adolescente, observa-se que esse tipo de ação vem sendo desempenhada de forma secundarizada e pontual. O próprio sucateamento e extinção de serviços que existiram na cidade, deixando legados positivos, além das entrevistas realizadas com profissionais da rede para a construção deste trabalho, revelam que o serviço não se dá da forma que deveria em muitos aspectos, como a abrangência dos serviços, demandas, integração da rede, configuração das políticas e ações, dentre outros.

Mesmo com a militância e atuação significativa dos profissionais que atuam na rede, com o objetivo de garantir direitos e prestar um serviço de qualidade que ultrapasse as arenas do paliativo, é recorrente o discurso de que temos a necessidade de um serviço mais qualificado e melhor “aparelhado” para que se dê suporte às demandas recebidas pelos órgãos, instituições e serviços em Natal/RN, como se verifica na fala de uma das entrevistadas:

A rede de atendimento nessa área da exploração sexual da criança e do adolescente é muito precária para o atendimento que vá beneficiar essa adolescente que por ‘n’ questões toma essa decisão de se permitir ser explorada. Então, o primeiro enfrentamento é com a rede de atendimento, a demanda é bem maior, a realidade é bem maior do que a oferta, em termos de proteção a essa adolescente (Conselheira Tutelar da Zona Sul, 2016).

Logo, os apontamentos da conselheira demonstram que temos a necessidade, também, de um apoio mais significativo por parte da gestão no que tange a essas questões, porque apenas os profissionais não podem deter a responsabilidade de suprir a demanda encontrada, além de assegurar a qualidade e efetividade da contrapartida que a gestão deve oferecer de forma ampla para os usuários da rede.

Isso reflete a assimilação prática do que defende Inojosa (1998) acerca do papel do Estado quando admite que a forma como se organiza o aparato do governo é determinante para a qualidade dos serviços que o Estado devolve para a sociedade como resposta às suas demandas.

Historicamente, a cidade de Natal/RN contou com significativos movimentos e iniciativas que visavam à proteção e à melhoria das condições de vida do segmento infanto-juvenil que reside no município, além de parcerias, profissionais militantes de causas relativas à infância e adolescência, bem como organizações não governamentais atuantes no sentido de impulsionar mudanças significativas no cenário encontrado, dentre outras práticas. Porém, o que se verifica é que esse arcabouço de serviços e práticas foi enfraquecendo com o passar dos anos, fazendo com que a rede também sofresse impactos desse contexto.

A exemplo disso, tivemos o Programa Sentinela que foi criado pelo governo federal em 2001, no contexto da Política Nacional de Assistência Social, sendo sediado em várias capitais do país. Em Natal/RN, o serviço era de responsabilidade da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social. O programa consistia em um serviço de ação continuada, atendendo usuários de zero a dezoito anos de idade, e tinha como seu principal objetivo o de realizar o atendimento de crianças ou adolescentes e suas famílias, por meio de técnicas e procedimentos especializados, prestando esclarecimentos e lutando pela garantia de seus direitos violados em situações de violência sexual (BRASIL, 2004).

Dentre suas ações de acompanhamento, o programa visava a fortalecer vínculos familiares, bem como a superação da violação de direitos e da violência sofrida, restaurando a dignidade das famílias e do segmento infanto-juvenil que atendia, trabalhando para isso, em conjunto com outras instituições da rede de proteção (BRASIL, 2004).

Contudo, o referido programa foi extinto em 2006 sob a justificativa de aprimoramento do serviço a partir de outras vertentes do atendimento e criação de novas sistemáticas de atuação no âmbito municipal para o suprimento das demandas. Não existe, atualmente, outro programa dessa natureza que seja de contrapartida do

município para suprir a extinção do Programa Sentinela, apenas as chamadas “casas de passagem” que realizam acolhimento institucional de crianças e adolescentes31.

A extinção deste, bem como de outros programas e projetos no âmbito da Política de Assistência Social, se deu, sobretudo, a partir da criação do Sistema Único de Assistência Social, o SUAS. A criação do SUAS previa a unificação dos serviços que antes eram ofertados separadamente, de modo que eles passassem a ser oferecidos nos Centros de Referência da Assistência Social, o que trouxe um reordenamento da política como um todo e dos serviços que foram inseridos nas categorias de proteção social básica ou especial, de média ou alta complexidade. Com isso, alguns serviços foram compactados e outros extintos, como o Sentinela.

Paralelamente ao Sentinela, existia também o Programa SOS Criança. Este foi um programa com anos de existência na cidade de Natal/RN, foi criado ainda na década de 1990 e foi extinto em 2013, após muita luta e resistência dos profissionais da rede que eram contrários à extinção do órgão.

Isto porque, apesar das dificuldades e sucateamento que impunham inúmeros entraves ao atendimento adequado, o programa conseguia atuar de forma indispensável no município. Conforme lembraram alguns profissionais entrevistados, a atuação do SOS Criança era vista como sendo um amparo extremamente relevante, tanto por parte dos profissionais que atuavam dentro ou fora do programa, quanto por parte dos usuários que mencionavam os resultados satisfatórios em decorrência do tempo em que eram atendidos pelo SOS Criança.

O programa era vinculado à Fundação Estadual da Criança e do Adolescente – FUNDAC/RN32 e tinha como objetivo principal a garantia de cumprimento dos

direitos de crianças e adolescentes no município, tendo parcerias e articulações de suma importância com as instituições da rede de atendimento e proteção. Por esta razão, sua atuação era tão importante.

Mesmo nos dias atuais, em que ainda não se tem perspectiva de reabilitação do programa no município, ele ainda é lembrado pelos profissionais da rede, os mais

31 As casas de passagem existentes em Natal/RN dividem as crianças e adolescentes de acordo com sua faixa etária. Os sujeitos que são encaminhados para estes espaços possuem variadas demandas, sejam elas o conflito com a lei, a própria exploração sexual, dentre outras questões.

32 A FUNDAC/RN data da década de 1970, mas, com esse nome, atua desde 1994. É uma entidade com autonomia administrativa, financeira e patrimonial e regida por estatuto próprio. A fundação executa em nível estadual a política de atendimento dos direitos e defesa de crianças e adolescentes autores de ato infracional que estejam sob medida judicial de privação ou restrição de liberdade. Suas ações são pautadas pelo ECA e pelo SINASE. Maiores informações podem ser encontradas no site: <http://www.fundac.rn.gov.br>.

antigos, devido à importância de seu trabalho e pela lacuna deixada na rede com a sua extinção. Esse contexto salienta a necessidade de ampliação e aprimoramento da rede, favorecendo o seu fortalecimento de forma continuada.

Assim como o Programa Sentinela, o SOS Criança foi fechado sem que houvesse outro programa de natureza semelhante, de responsabilidade do município, para atender as necessidades deixadas por ele.

Em Natal/RN, existia, ainda, o denominado Programa Canteiros, que também já foi extinto. Esta era uma proposta que trabalhava com a população em situação de rua na cidade, sendo jovens, mulheres, crianças, adolescentes, idosos. Realizava-se, então, a busca ativa por esses indivíduos nas áreas vulneráveis do município. Quando encontrados, os sujeitos eram encaminhados para acompanhamento na rede para identificação de suas necessidades e no que era possível contribuir.

Atualmente, em Natal/RN não existem mais serviços que realizem busca ativa diretamente nas ruas. O que ocorre é um acompanhamento das famílias referenciadas pelos CRAS de seus bairros, quando estas buscam o contato e os serviços. O CREAS tem um acompanhamento ainda mais restrito, atua com as demandas de média e alta complexidade, desde que encaminhadas pelas demais instituições da rede ou através de denúncias, realizando visitas domiciliares apenas e quando necessário.

Sentindo a necessidade de haver um reforço no que se refere à atuação dos profissionais e sua articulação para o atendimento, a qualidade dos serviços e reflexões sobre as demandas apresentadas, diversas instituições, por meio de representantes, uniram-se em torno do combate à violência sexual cometida contra crianças e adolescentes e, no ano de 2004, em Natal, é criado o chamado Comitê Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual contra Criança e Adolescente33.

O Comitê continua em atuação desde então, com constantes articulações com outras instituições no município e em todo o Estado, além das ações de enfrentamento dos casos de violência que ocorrem, do controle social, mobilização e ações de efeito multiplicador no âmbito da defesa, proteção e promoção dos direitos do público infanto-juvenil.

As secretarias de saúde, do estado e do município, contam com profissionais designados para tratarem das questões relativas às violências cometidas contra

33 As informações sobre o Comitê dispostas neste item foram absorvidas durante a entrevista realizada com a representante da ONG CEDECA – Casa Renascer, que é também um dos membros ativos do referido Comitê.

crianças e adolescentes, realizando os encaminhamentos necessários para as demais instituições da rede que realizam atendimento e acompanhamento dos casos.

Destaca-se, ainda, que Natal/RN é uma das cidades atendidas pelo serviço do Disque 100, o Disque Direitos Humanos ou Disque Denúncia Nacional. O serviço está centralizado em Brasília, mas atende inúmeros municípios brasileiros, colhendo informações e denúncias sobre violências praticadas contra a criança e o adolescente, inclusive a violência sexual. Os dados oriundos das denúncias são encaminhados para a rede local para que as averiguações sejam realizadas.

No que diz respeito ao contexto acadêmico, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte conta com o Observatório da População Infanto-Juvenil em Contextos de Violência, o OBIJUV. O Observatório é um grupo de estudos, pesquisa e extensão, mas também de constante militância, acompanhamento e exercício de controle social diante dos casos de violência cometidos contra crianças, adolescentes e jovens, inclusive os que envolvem violência sexual.

O grupo é coordenado pela Professora Doutora Ilana Lemos de Paiva, do Departamento de Psicologia da UFRN, bem como conta com o apoio e participação massiva de discentes de diversos cursos da universidade, como Psicologia, Serviço Social, Ciências Sociais e outros.

Os discentes subdividem-se em núcleos que se dedicam a estudos, diálogos, reflexões, formações e debates sobre os mais variados tipos de violência, violações de direitos humanos e políticas públicas para a juventude. Dentre algumas das principais bandeiras defendidas pelo grupo estão a luta pela superação das violências cometidas no acolhimento institucional, no sistema socioeducativo, na própria violência sexual, seja ela abuso ou exploração, no racismo, na questão de gênero, além de muitas outras.

Neste espaço, é válido abordar mais precisamente, ainda que de forma breve, sobre a força e a importância da participação e militância exercida pelos profissionais no município, cada um em sua medida e em sua área de atuação, seja na saúde, na assistência social, nas organizações não-governamentais, nos conselhos tutelares e de direitos, delegacias, centros de referência, etc.

Conforme já mencionado, os profissionais que se encontram na base do Sistema de Garantia de Direitos, como os que atuam em Natal/RN, constituem uma rede restrita de atendimento, promoção, proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes, haja vista que a luta é árdua e é considerada de suma importância para

esses membros da rede34. Logo, isso faz com que esta seja uma rede na qual, por

vezes, temos um profissional representando mais de um serviço ou instituição, levando discussões e debates para ambas e todos os demais profissionais da rede que conhece, pois o comprometimento é bastante significativo. Vale destacar, aqui, a importância de todo esse engajamento, porque dessa conjuntura partem alternativas extremamente relevantes para o aprimoramento da gestão e minimização da violência em todas as suas formas.

Essa representatividade de profissionais ocorre, também, impulsionada pela atuação das organizações não-governamentais em Natal/RN. Dentre as ONG’s atuantes no município, estão o CEDECA – Casa Renascer, o Projeto ViraVida – SESI/RN e a Plan Internacional Brasil. Essas organizações fazem parte da rede e atuam no enfrentamento da exploração sexual, direta ou indiretamente, estando próximas do segmento infanto-juvenil mais vulnerável na cidade, isto é, os jovens em situação de risco ou vulnerabilidade e que são oriundos de regiões periféricas, bairros como o de Mãe Luiza, Passo da Pátria, Rocas, Vila de Ponta Negra e outros.

Na realidade, o papel das organizações não-governamentais é de fundamental importância para a rede, tanto do ponto de vista das articulações, parcerias, diálogos entre os profissionais e militância, quanto do ponto de vista do trabalho que é desenvolvido de fato, no incremento que é dado à rede com a sua participação ativa na mesma.

Com as ONG’s que participaram deste estudo, foi possível identificar que elas ofertam muitas das ações e serviços que, em linhas gerais, não existem no âmbito do serviço municipal e público disponível para a população em Natal/RN, principalmente quando consideramos o fechamento de serviços que existiam antes no município e auxiliavam no fortalecimento da rede, conforme posto acima. Esse quadro evidencia as lacunas existentes, assim como o papel cada vez maior que as organizações não- governamentais vêm ocupando no contexto das falhas do Estado, à medida que são direcionadas para suprir necessidades das quais os usuários não encontram respostas na ótica do Estado.

34 Com essa assertiva, não se quer afirmar que em outros municípios os profissionais da rede não sejam engajados, militantes e participativos ou que não considerem a infância e adolescência como bandeira de luta. Entretanto, o estudo realizado forneceu propriedade e subsídios para discutirmos a abordagem de profissionais centralizada em Natal/RN e não nos demais municípios brasileiros. Por isso, trataremos de focar nossas análises no corpo técnico lotado em Natal/RN.

Partindo desse pressuposto, é preciso realizar, aqui, uma caracterização das organizações e instituições que contribuíram em larga escala com este trabalho e, tratando da exploração sexual de crianças e adolescentes, pode-se dizer que Natal/RN conta com uma organização não-governamental importante para o enfrentamento dessa questão, dedicada diretamente ao objetivo de proporcionar melhores condições de vida para os sujeitos vítimas desta modalidade de exploração: o Projeto ViraVida do SESI. Em entrevista realizada com a profissional representante do ViraVida, ela falou sobre o projeto, o andamento, critérios de inserção e permanência, a equipe, e diversas questões.

O projeto é de natureza privada e de âmbito nacional, com sede em diversas capitais brasileiras como Natal/RN, Salvador/BA, Recife/PE, Fortaleza/CE, Belém/PA e outras. A ideia do projeto foi idealizada pelo presidente do Conselho Nacional do SESI - Serviço Social da Indústria, Jair Meneguelli, mas foi viabilizada a partir da noção de responsabilidade social empresarial apresentada pelo Sistema S, juntamente com diversas parcerias, sejam elas de cunho público ou privado.

Indagada sobre o aspecto do trabalho em rede, a entrevistada afirma que, desde o início, o projeto conta com suas interlocuções com a rede, pois é ela que realiza os primeiros encaminhamentos dos possíveis candidatos para o projeto, haja vista que os jovens devem ser encaminhados, em sua maioria, pelos Centros de Referência35 e pelos Conselhos Tutelares quando apresentam o perfil do ViraVida. O

CEDECA – Casa Renascer, também encaminha alguns poucos candidatos e tem a demanda espontânea daqueles jovens que, por iniciativa própria, buscam o projeto.

A equipe do projeto realiza visitas e diálogos com os profissionais da rede, informando o período de inscrições, os critérios, e solicita os encaminhamentos dos jovens com o perfil. A entrevistada do ViraVida destaca que:

A cada etapa que ocorre no ViraVida as equipes que estavam na rede, geralmente, não são mais as mesmas. Então a nossa equipe precisa

35 O CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) é apontado por ela apenas como um parceiro secundário, visto que eles não atendem diretamente os casos de violência sexual. Quando eles ocorrem, o CRAS recebe a demanda e imediatamente a encaminham para o CREAS (Centro de Referência Especializada da Assistência Social), por se tratar de demanda de proteção social especial que é prerrogativa dos CREAS para atendimento. Logo, o CRAS é um parceiro porque está mais próximo da comunidade e conhece famílias e demandas, podendo encaminhar candidatos ao projeto, mas não por atendê-los diretamente. Acrescenta-se que, por esta razão, pelo fato de apenas receber a demanda e realizar o encaminhamento, não lidando diretamente com a questão, optou-se por não realizar entrevista com o profissional do CRAS, apenas com o do CREAS, uma vez que é neste espaço que trata das questões relativas à violência sexual.

visitar novamente as instituições da rede, os Conselhos Tutelares, os CRAS e CREAS, para informá-los sobre o que é o projeto, o público- alvo, as formas de inserção e fechar as parcerias novamente, realizando novamente todo aquele processo de sensibilização em relação à exploração sexual (Assistente Social do Projeto ViraVida, 2016).

Acredita-se que os aspectos relatados pela entrevistada repercutem negativamente no desenvolvimento do projeto no município, pois a cada ano é necessário revisitar os locais e realizar novamente uma mobilização para que o público chegue até o projeto, caracterizando um entrave importante na rede porque o ciclo de mobilização e sensibilização, que é fundamental no trato da questão da exploração sexual, é sistematicamente rompido, quando deveria ser fortalecido. Essa é uma das dificuldades que se considera estarem presentes no quadro contraditório de prática da intersetorialidade que é de difícil consolidação, assim como defendem Mioto e Schutz (2010).

Quando a demanda chega até o ViraVida, os adolescentes e jovens, com idade de 16 a 22 anos, passam por um processo de profissionalização com os cursos que são ofertados, com duração de aproximadamente um ano. Posteriormente, são realizados encaminhamentos para o mercado de trabalho formal. Além disso, é ofertada uma bolsa mensal destinada aos jovens enquanto estes estiverem inseridos no projeto.

Os cursos profissionalizantes ofertados aos adolescentes e jovens são escolhidos conforme o nível de escolaridade e potencial dos mesmos e, principalmente, considerando as demandas do mercado de trabalho, a fim de facilitar a inserção deles em uma atividade profissional remunerada que os possibilite sair da condição de exploração sexual da qual são vítimas.

Para a escolha das opções de cursos profissionalizantes a serem