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2. EXPLORAÇÃO SEXUAL: CONCEITOS, APROPRIAÇÕES HISTÓRICAS E

2.3 Estado da arte na exploração sexual: pesquisas e desafios deste tema em outros

Dentre as inúmeras discussões e pesquisas produzidas sobre a problemática da exploração sexual de crianças e adolescentes, a criação desta seção neste estudo busca, ainda que timidamente, realizar um levantamento breve de algumas das obras, pesquisas e relatórios que já foram produzidos anteriormente no território nacional sobre o assunto17. Essa proposta se faz relevante na tentativa de esboçar de forma

mais ampliada o cenário da temática da exploração que já foi exposto, em anos anteriores, por outros autores e organizações dedicados ao estudo e à proposição de estratégias relativas à exploração sexual, seus determinantes, indicadores e formas de enfrentamento.

Acredita-se na importância da década de 1990 para as formulações acerca da criança e do adolescente, e com a exploração sexual não foi diferente, como já antes descrito. Sendo assim, em 1998 temos a produção do relatório sistematizado do seminário promovido pelo Centro de Referência, Estudos e Ações Sobre Crianças e Adolescentes (CECRIA)18. Foi uma importante publicação na área, fruto de um evento

que contou com a colaboração de professores e profissionais que estudaram o tema. As diversas palestras, abordagens e diálogos do evento, como também as trajetórias anteriores de debates e reflexões dos autores, construíram os chamados “Indicadores de Violência Intra-Familiar e Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes.” Este é o título dado à publicação produzida como resultado de tais atividades desenvolvidas, e estabeleceu importantes categorias de análise para trabalhos posteriores relativos ao tema da exploração sexual. O texto continua sendo

17 Buscou-se, neste espaço, realizar pequenas descrições e comentários sobre obras consideradas importantes pela autora para o contexto da exploração sexual no Brasil. Evidentemente, a gama de produções, acadêmicas ou não, sobre essa problemática não pode ser abordada em sua totalidade neste trabalho, de modo que se optou por um compilado breve, mas diversificado, de textos que versam sobre exploração sexual e aspectos atinentes.

18 O CECRIA é uma ONG criada em 1993 que possui reconhecimento em nível local e internacional devido à realização de inúmeras pesquisas, capacitações, estudos relevantes. Mais informações sobre a organização estão disponíveis no site <www.cecria.org.br>. Acesso em: 11 abr. 2016.

referência ainda utilizada nos estudos mais atuais porque descreve com dedicação conceitos, práticas, violações de direitos que são persistentes na contemporaneidade e que, já nos anos 1990, apresentavam contornos que requeriam expressiva atenção.

Em 1999, Romeu Gomes, Maria Cecília de Souza Minayo e Helena Amaral da Fontoura escreveram um artigo com relevante discussão para a Revista de Saúde Pública vinculada à USP que teve como título “A Prostituição Infantil Sob a Ótica da Sociedade e da Saúde.” Este artigo chama a atenção por sua vinculação com uma questão extremamente pertinente quando se trata da exploração sexual de crianças e adolescentes. Embora o termo “prostituição” tenha caído em desuso ao longo dos anos, sendo já explicitado por outros autores neste trabalho, a assertiva de que a prática da exploração da sexualidade de crianças e adolescentes precocemente pode trazer danos à saúde continua sendo relevante.

O artigo que os autores produziram foi a síntese de uma pesquisa qualitativa de nível nacional sobre questões relativas às representações sociais e relações estruturais desenvolvidas em torno da prática da exploração sexual, e a importância da saúde pública enquanto mecanismo capaz de promover um enfrentamento que ultrapassasse o discurso midiático e paliativo, com atitudes para além da construção dos indicadores.

De acordo com os autores, já naquela época havia intensas discussões sobre a exploração sexual, vista ainda segundo a terminologia de prostituição infantil, mas os resultados de pesquisa publicados eram poucos. Com isso, para realizar abordagens mais teóricas sobre o tema, era necessário fazer referência a estudos que tratavam apenas da prostituição de modo geral, e o intuito da pesquisa foi justamente o de contribuir com o incremento do arcabouço teórico, ainda escasso, quando se tratava da prática da exploração sexual no contexto infanto-juvenil. É importante destacar que em suas descrições já observavam tal modalidade de exploração como sendo uma forma coercitiva e escrava de submeter suas vítimas, para que pudessem garantir condições mínimas de sobrevivência.

Nos anos seguintes, entre o período de 2000 e 2001, o professor Vicente de Paula Faleiros e a professora Eva Teresinha Silveira Faleiros coordenaram uma pesquisa que resultou na formulação do livro “Circuitos e Curtos-Circuitos no atendimento, defesa e responsabilização do abuso sexual de crianças e de adolescentes no Distrito Federal”, também realizada pelo CECRIA.

Essa pesquisa trata especificamente da modalidade de abuso sexual e as formas de seu enfrentamento, porém, como o professor Faleiros destaca em algumas de suas publicações referentes à exploração sexual, o abuso sexual em si não é capaz de determinar a inserção na ótica da exploração sexual, mas pode se constituir como uma porta de entrada para tal atividade (FALEIROS, 1998). Por isso, optou-se por fazer menção a esta pesquisa no detalhamento de estudos que se busca fazer nesta seção, devido à relação que uma prática pode ter sobre a outra.

Desse modo, a pesquisa coordenada pelos professores teve como principal objetivo o de observar agências governamentais e não governamentais do Distrito Federal para analisar os procedimentos que tais organizações adotam continuamente e os que ainda precisavam ser incluídos em suas agendas quanto ao enfrentamento das situações de abuso sexual intra e extrafamiliar contra crianças e adolescentes. Outro objetivo foi o de identificar que mecanismos eram facilitadores e quais provocavam entraves para a defesa de direitos, de atendimento e de responsabilização em meio aos casos de abuso sexual intra e extrafamiliar contra crianças e adolescentes, nas fases que envolvem a notificação, investigação policial, denúncia jurídica e responsabilização.

Dando continuidade às pesquisas na área da exploração sexual, em 2002 as professoras Maria Lúcia Pinto Leal e Maria de Fátima Pinto Leal coordenaram, com o apoio do CECRIA, a pesquisa denominada de PESTRAF (Pesquisa Sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual Comercial). Acredita-se que esta tenha sido uma das maiores pesquisas sobre exploração sexual do segmento infanto-juvenil já realizada no território brasileiro, senão a maior delas, porque teve abrangência nacional e contou, inclusive, com apoio financeiro internacional. As coordenadoras afirmam que, no período, foi uma pesquisa inédita no país.

Como resultado das apreensões obtidas no decorrer da pesquisa, as professoras sistematizaram o processo em um relatório final caracterizando um período de pesquisa detalhado sobre as rotas de exploração sexual existentes em cada uma das regiões do país, bem como o perfil de pessoas exploradas e traficadas para fins de exploração sexual internacional, incluindo, ainda, o mapeamento de tais rotas estabelecidas fora do Brasil.

Para a contextualização da pesquisa, o referido relatório também caracteriza o aliciador, suas demandas, as respostas judiciais, propostas de encaminhamentos, a

dimensão jurídica e criminal, redes de promoção, proteção e defesa dos direitos, recomendações para alterar a legislação brasileira em relação ao tráfico de mulheres, crianças e adolescentes, e quais são os canais de denúncia disponíveis.

Na concepção adotada pela equipe da pesquisa, conforme descrito no relatório, a exploração sexual se configura como um fenômeno em expansão, de natureza transnacional, mas que, apesar de possuir caráter criminoso, é uma prática velada e não há como saber ao certo o número de vítimas que possam estar envolvidas, nem tampouco como operam as redes que mantém o mercado formado. O que existem são estimativas e estas já expõem números bastante altos de tráfico de seres humanos dentro e fora do Brasil. Em 2002, ano de publicação do relatório, o mesmo trouxe que a estimativa da Organização Internacional da Migração era de que os índices de tráfico humano chegavam a 4 milhões de pessoas por ano.

No ano de 2003, tem-se o livro de Maria Lúcia Pinto Leal intitulado “Globalização e Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes.” O livro representa a síntese de um estudo realizado pela autora que busca abordar a exploração sexual em sua relação com três categorias pré-estabelecidas, sendo elas: a globalização, a sexualidade e a violência. Desse modo, infere-se que, a partir desses aspectos a serem analisados, Leal tem como principal proposta nesse trabalho a de desvendar o impacto que a globalização gera para o contexto da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, além de identificar o fenômeno em questão como sendo expressão da questão social que, em sua perspectiva, precisa ser racionalizada de forma multidimensional.

Em suas análises, ela caracteriza a globalização como sendo um fenômeno dotado de múltiplos significados, apresentando, por isso, diversas interpretações. Dentre elas, são citadas a de que a globalização é o resultado do aprofundamento da dependência internacional e torna-se, assim, um tema de interesse global, tendo foco na questão dos direitos humanos. Outra alternativa é a globalização vista sob sua ótica mais economicista, sendo capaz de contribuir no aprofundamento das desigualdades e riscos existentes entre países ricos e em desenvolvimento. No entanto, Leal deixa claro que essa multiplicidade de abordagens e classificações tem obtido separações cada vez menos nítidas na vivência em sociedade.

No âmbito da exploração sexual, isso não deixa de ser percebido, visto que, nas apreensões realizadas por ela, existem inúmeras relações construídas e constantemente transformadas pela vigência da globalização na vida em sociedade.

Por esta razão, a exploração sexual é entendida em seu estudo como sendo uma relação de mercantilização do corpo de crianças e adolescentes sustentada principalmente pelo poder, a exploração e a oferta de serviços que se dá com a manutenção desse cenário, constituindo de fato um mercado que se organiza em redes de comércio estabelecidas em nível local e global e que, por sua vez, contam com expressiva demanda.

Leal aponta que as medidas de ajuste neoliberal fizeram com que os países periféricos e semiperiféricos aumentassem o seu déficit social, o que provocou o acirramento da crise entre capital e trabalho, impactando diretamente no trabalhador que tem os contratos sociais estabelecidos sendo quebrados e a perda de direitos, vendo-se obrigado a vivenciar experiências de sobrevivência que tendem a criar e recriar novas e velhas formas de precarizar o trabalho no capitalismo. Neste espaço, ela afirma, então, que tal processo de flexibilização atinge todos os indivíduos, inclusive as crianças e adolescentes, porque estes sujeitos passam a ter sua mão de obra incluída precocemente em sistemas informais e precários, sistemas clandestinos e do crime organizado, sendo expostos a situações de vulnerabilidade e risco social.

Em 2008, Glória Diógenes coordena, em Fortaleza, uma pesquisa relacionada à exploração sexual que resulta na produção sistematizada do livro “Os Sete Sentimentos Capitais: Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes.” A pesquisa e monitoramento realizados tinham como uma das metas a de contribuir com a qualificação da construção de políticas públicas para crianças e adolescentes no município, tendo como ponto de partida o enfrentamento da violência, abuso, exploração sexual e o tráfico de crianças e adolescentes como eixos estratégicos de atuação.

Neste sentido, o livro produzido relata que os pesquisadores contaram com a parceria da Secretaria Especial de Direitos Humanos, fazendo com que fosse possível identificarem, em conjunto, a necessidade de se traçar de forma detalhada o perfil das crianças e adolescentes inseridos nas redes de exploração sexual em Fortaleza, bem como caracterizar suas variadas histórias de vida, conhecendo de maneira mais sistemática esse campo específico de atuação.

Segundo Diógenes, Fortaleza possui intenso fluxo turístico e os dados oriundos da pesquisa realizada no município são capazes de promover análises representativas e elucidativas para todo o país. Fortaleza foi vista pela equipe da pesquisa como sendo uma cidade que crescia de forma veloz e desordenada, com

concentração de renda, segregação social e pobreza. Além disso, o Relatório do Programa Sentinela em 2007 identificava que, no Ceará, cerca de 37% das crianças e adolescentes faziam parte de famílias com renda inferior a um salário mínimo, justificando a importância da pesquisa. Em relação a esse panorama, ela comenta:

O fenômeno da exploração sexual, como poderemos identificar ao longo desse estudo, embora seja perpassado por vetores de ordem econômica e privação material, tem seus ritos de iniciação marcados também por muitas outras zonas de vulnerabilidade e processos de fragilização. O estigma de ser morador da periferia, a dificuldade de acesso a equipamentos e serviços, as rupturas e violências no âmbito da casa, mesmo configurando um desenho de vínculos e de estrutura familiar, expressa uma Fortaleza ainda excludente e hostil em relação aos que são considerados “desviantes”. Por tais razões, percebemos que temos muitas Fortalezas dentro de uma só cidade (DIÓGENES, 2008, p. 15).

Desse modo, portanto, a pesquisa em questão contou com uma etapa preparatória que realizou o mapeamento de pontos diversos de ocorrência da exploração sexual em Fortaleza, as dinâmicas e relações estabelecidas nos locais, como bares, ruas, motéis, boates, praias e outros espaços. Em seguida, a pesquisa foi incrementada a partir da presença da equipe dos pesquisadores nesses locais na tentativa de identificar os discursos presentes, os hábitos, os atores envolvidos e sua frequência. Assim, conforme salienta a autora, conseguiu-se produzir conjuntamente um outro mapa da cidade de Fortaleza, no qual se tem as formas e locais em que a exploração sexual se reproduz continuamente.

Posteriormente, em 2010, Diógenes foi convidada pelo Serviço Social da Indústria (SESI) e pelo próprio Projeto ViraVida a escrever de forma sistematizada sobre a história do projeto, o que deu origem ao livro intitulado como “VIRAVIDA: uma virada na vida de meninos e meninas do Brasil.” O livro19 aborda a exploração sexual

e a importância de se combater essa problemática a partir da história do projeto, desde a sua concepção pelo idealizador Jair Meneguelli, até a implementação de fato de um projeto com abrangência nacional e sedes em diversas capitais brasileiras que apresentam considerável demanda de casos de exploração sexual de adolescentes e jovens até os 21 anos de idade.

19 A versão digitalizada do livro para consulta encontra-se disponível no site oficial do projeto: <www.viravida.org.br>.

A autora realiza, no livro, uma descrição detalhada do formato e critérios previstos pelo projeto ViraVida que, por sua vez, corresponde a uma iniciativa de natureza privada que tem o objetivo de resgatar jovens da exploração sexual e inseri- los no mercado de trabalho formal, concedendo-lhes a chance de construírem novas possibilidades de vida que não estejam vinculadas à exploração sexual.

Com a história do projeto, percebe-se que o ViraVida se constitui como uma importante ferramenta no combate à exploração sexual em nível nacional pela magnitude que adquiriu a iniciativa do SESI, bem como em âmbito local, porque consegue fortalecer a rede de enfrentamento nos municípios em que se instala, colaborando com dados, pesquisas, seminários, rodas de conversa, dentre outras ações que contribuem com a materialização de um enfrentamento mais sólido e qualificado do problema.

Também no ano de 2010, foi realizada a revisão do Plano Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual Infanto-Juvenil, que existia desde 2000. O processo de atualização do plano teve início em 2003, mas o documento final teve publicação oficial apenas em 2010.

O Plano Nacional, após sua revisão, prevê metas a serem implementadas até o ano de 2020 no âmbito da infância e adolescência, assim como aplicação das alternativas propostas de forma transversal, visando ser um instrumento de fato norteador de políticas públicas na área, defendendo intransigentemente os direitos, sobretudo, o direito fundamental de desenvolvimento de uma sexualidade segura e saudável.

No período correspondente aos anos de 2011 a 2014, a Childhood Brasil20

firmou um acordo de cooperação com a Polícia Rodoviária Federal para a construção de Mapeamentos de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras, formulando o 5º e o 6º mapas, respectivamente, no período descrito, com vigência de dois anos para cada um dos documentos produzidos.

O 6º Mapa produzido descreve que, em 2013, segundo dados do Disque Denúncia Nacional, o DISQUE 100, foram registradas 124.079 denúncias de violações

20 A Childhood Brasil é uma organização brasileira e faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), uma instituição de nível internacional criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia para proteger a infância e garantir que as crianças sejam crianças. Desde então, a organização participa do enfrentamento ao abuso e exploração sexual, apoiando projetos, desenvolvendo programas regionais e nacionais, influenciando políticas públicas, ou por meio de projetos próprios.

de direitos de crianças e adolescentes. Segundo o mapa, dentre os 13 tipos de violações registradas pelo serviço de denúncias, a violência sexual ocupava o 4º lugar, sendo correspondente a 26% do total das denúncias realizadas. Corrobora-se com o texto quando afirma que este número não corresponde ao número real de casos que ocorrem, mas dá uma ideia do tamanho do problema. Isto porque inúmeras denúncias não são realizadas, ou não são apuradas da forma como deveriam no território nacional, não alcançando, assim, a resolutividade que precisam e não chegando a compor as estatísticas nacionais.

Em 2013, o Conselho Nacional do SESI publica um segundo livro relacionado ao Projeto ViraVida, mas desta vez trata das histórias de sucesso de adolescentes e jovens que passaram pelo projeto e tiveram suas conjunturas de vida modificadas radicalmente, com estímulo à resiliência, superando a condição de exploração sexual infanto-juvenil na qual estiveram inseridos. A publicação é fruto do projeto Memória, Histórias de Vidas Transformadas, executado em 2012 e, como livro, recebeu o título de “VIRAVIDA: Histórias de Vidas Transformadas”, trazendo diversas entrevistas com relatos de jovens, famílias, profissionais da equipe do projeto e instituições parceiras que participaram ativamente da história do projeto desde a sua criação e ajudam a contar essas histórias, preservando as memórias e conquistas do ViraVida ao longo dos anos.

Assim como o projeto ViraVida possui publicações próprias relativas à exploração sexual direta ou indiretamente, em Natal/RN, e em outras capitais do Brasil, existem os chamados Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, os CEDECA’s. Em Natal existe o CEDECA Casa Renascer21 que possui extensa atuação

no enfrentamento ao abuso e exploração sexual no município, com atuação prática na promoção e defesa dos direitos, bem como através de estudos e pesquisas relevantes, que resultam em publicações que dispõem sobre casos emblemáticos ocorridos no município, encaminhamentos, ações de enfrentamento e defesa, além de outras questões pertinentes ao segmento da criança e do adolescente que tem seus direitos violados.

21 O CEDECA Casa Renascer é uma entidade civil, sem fins lucrativos, que atua principalmente na defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes e garantia de proteção jurídico-social nos casos onde haja situação de violência sexual. As publicações, livros, cartilhas da entidade e outras informações sobre sua atuação no município podem ser encontradas em: <http://www.cedecacasarenascer.org/apresentacao>. Acesso em: 12 Abr. 2016.

É de suma importância a produção de materiais desse porte no Brasil, pois as cooperações em torno da construção de instrumentos dessa natureza auxiliam significativamente no incremento de discussões, propostas, pesquisas, acadêmicas ou não, traduzindo em números e promovendo reflexões qualitativas acerca da realidade do país. Trabalhos assim possuem efeito multiplicador, concedem maior visibilidade às causas para as quais os profissionais e pesquisadores chamam atenção.

Do ponto de vista da exploração sexual de crianças e adolescentes, essas iniciativas são ainda mais relevantes porque este é um assunto que não possui ainda a abrangência massiva que pressupõe. Desse modo, entende-se que esta é uma das principais semelhanças entre as publicações aqui mencionadas, porque cada documento, relatório ou livro, à sua maneira, revela a gravidade do problema da exploração sexual, o quanto se faz necessário refletirmos sobre o tema de forma profunda e buscarmos o seu enfrentamento urgente.

Sobretudo no que diz respeito à violação de direitos dos sujeitos que estão inseridos, unindo esforços de inúmeros atores e militantes dos direitos humanos e