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CAPITULO 4- FUNDAMENTOS, DIAGNÓSTICOS E CONTROLE DA ASMA

13. Tratamento medicamentoso

13.1. Broncodilatadores

O objetivo dos broncodilatadores é reverter a broncoconstrição, o componente da asma mais perturbador aos pacientes, pois é percebida como os sintomas de falta de ar, aperto no peito etc. Os broncodilatadores fornecem tratamento sintomático e têm pequeno impacto sobre a infl amação.

Beta2 agonistas (β2 agonistas)

Os beta2 agonistas de curta ação têm sido o eixo central na terapia broncodila- tadora. Desde os anos 60, são a forma mais comum de terapia de alívio em uso. Mais recentemente, beta2 agonistas de longa ação foram introduzidos para controle dos sintomas.

Os beta2 agonistas imitam a ação do neurotransmissor noradrenalina na divisão simpática do sistema nervoso autônomo. A estimulação do receptor beta2 causa dilatação da musculatura lisa das vias aéreas, dilatando os bronquíolos.

A redução na resistência das vias aéreas, obtida com essa broncodilatação, torna a respiração mais fácil. Essas drogas são, portanto, particularmente efetivas para o alívio dos sintomas provocados pela broncoconstrição (veja Figura 26).

Figura 26 - Ações de drogas antiasmáticas Musculatura lisa Glândula mucosa Capilar sanguíneo Agonistas beta2 e xantinas estimulam os cílios Broncodilatadores

(agonistas beta2, teofi lina e anticolinérgicos) agem sobre

a musculatura lisa

Corticoides agem sobre as glândulas mucosas, musculatura lisa e células

Os efeitos colaterais dos beta2 agonistas são dependentes da dose e estão associados aos efeitos sistêmicos indesejáveis dos beta2 agonistas sobre os receptores beta2, em outras partes do corpo, tais como o coração. Eles incluem:

Tremores, particularmente das mãos.

Palpitações e taquicardia.

Cefaleia e perturbação do sono.

Hiperatividade (agitação).

Em razão desses efeitos cardíacos, esses fármacos devem ser utilizados com cautela em paciente com insufi ciência cardíaca.

Existem dois tipos de beta2 agonistas e são classifi cados de acordo com sua duração de ação em:

Beta2 agonistas de curta ação (Short Action Beta2 Agonists –

SABAs)

Esses agentes estão em geral nas primeiras etapas da terapia e são usados para aliviar os sintomas quando eles ocorrem.

Os SABAs são administrados em geral por inalação, já que as preparações orais que existem são menos efi cazes. Eles têm início de ação de 3-4 minutos, atingindo seu efeito máximo dentro de 30 minutos, com duração de ação de 3-5 horas. Exemplos incluem o salbutamol (Aerolin®, GSK) e fenoterol (Berotec®, Boehringer).

Uma vez que os SABAs são utilizados na presença de sintomas, a quantidade de seu uso por um paciente depende da avaliação da gravidade de sua asma e/ou a resposta ao tratamento de controle da asma.

Os beta2 agonistas de curta ação devem ser prescritos para o uso conforme a necessidade, no sentido de aliviar os sintomas. Eles não devem ser usados como uma medicação regular de manutenção. O uso muito frequente de beta2 agonistas de curta ação sugere um inadequado controle da asma.

Beta2 agonistas de longa ação (Long Action Beta2 Agonists – LABAs)

Esses medicamentos atuam no controle dos sintomas e são administrados por inalação de forma regular, usualmente 2 vezes ao dia, pois têm efeito por até 12 horas. Duas preparações são disponíveis: salmeterol (Serevent®, GSK), formoterol, (Fluir®, Mantecorp; Foradil®, Novartis; Formocaps®, Aché). O início de ação do formoterol é rápido, semelhante ao dos SABAs, ao passo que o salmeterol tem início de ação em 20 minutos.

Os LABAs são úteis no controle dos sintomas da asma noturna e podem também ser usados para a prevenção de broncoespasmo induzido por exercícios físicos.

Os LABAs são recomendados como tratamento complementar naqueles pacientes não controlados por doses moderadas de corticoides inalatórios (CIs), para se evitar o aumento de dose do corticoide inalatório. Nesse caso, eles podem ser usados em dispositivos separados ou, como são frequentemente usados, em formulações de combinação fi xa, ou seja, os dois medicamentos, corticoide inalatório e broncodilatador, em um só dispositivo.

Broncodilatadores anticolinérgicos (ou antimuscarínicos)

Na via parassimpática, o neurotransmissor acetilcolina estimula receptores colinérgicos (ou muscarínicos) localizados nos pulmões para produzir broncoconstrição. Os broncodilatadores anticolinérgicos agem para bloquear a ação da acetilcolina e, dessa forma, reduzir sua atividade broncoconstritora. Além de bloquear a contração da musculatura lisa, os anticolinérgicos reduzem a secreção de muco pelas glândulas mucosas e pelas células globosas. Eles são de fato broncodilatadores relativamente fracos e, por isso, são principalmente usados em conjunto com beta2 agonistas de curta ação.

O anticolinérgico mais usado na asma é o brometo de ipatrópio (Atrovent®, Boehringer Ingelheim).

Esses agentes, considerados de segunda linha no tratamento da asma, são recomendados aos pacientes asmáticos que têm difi culdade para tolerar os efeitos colaterais dos beta2 agonistas, embora eles não sejam geralmente tão efetivos quanto os beta2 agonistas.

Xantinas (teofi lina)

Embora não completamente compreendido, o mecanismo de ação das xantinas parece ter caráter broncodilatador e anti-infl amatório, podendo também envolver os seguintes mecanismos:

Redução no número de eosinófi los presentes nas vias aéreas.

Inibição da liberação de citocinas e outros mediadores infl amatórios.

Relaxamento da musculatura lisa brônquica.

As xantinas não agem sobre receptores específi cos e estão livremente biodisponíveis e, por isso, associadas a uma maior frequência de eventos adversos.

A xantina mais comumente utilizada é a teofi lina.

A aminofi lina é uma mistura de teofi lina e etilenodiamina, o que aumenta a solubilidade da droga na água, tornando-a mais fácil para administrar por injeção/infusão durante as crises de asma mais graves de pacientes em ambiente hospitalar.

Embora a teofi lina tenha sido um agente de primeira linha para o tratamento da asma, seu uso tem declinado signifi cativamente. Isso se deve à sua fraca atividade broncodilatadora, preocupações sobre seus efeitos colaterais e a necessidade de uma monitoria do nível da droga no sangue. Essas questões tornam esse medicamento complicado e, portanto, de uso bastante limitado.

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